Cap.20
A mãe dele olhou para ele, para mim, e sorriu.
-Eu sabia ! - falou, sorrindo – pela primeira vez na sua vida você se apaixona por alguém, não é Elias ? Sempre um homem de muitas mulheres, que nunca se apegava a nenhuma, enfim se apaixonou por alguém – dizia ela, olhando para ele. Em seguida, dirigiu o seu olhar na minha direção – e eu estou muito feliz que seja por você Renato, que é uma pessoa boa, um homem de cárater. Espero que vocês dois alcançem a felicidade... - sorri ao ouvir aquilo. Foi um alento, pois ali eu percebi que ao menos, das pessoas mais importantes nós teríamos apoio.
-Obrigado ! Não quer tomar café com a gente ?
-Ah claro, e assim aproveitamos para conversar...
MINUTOS DEPOIS
Sentados na mesa, nós quatro comíamos e conversávamos.
-Mas porquê você não me avisou que ia para Búzios homem de Deus ? - a mãe dele perguntava.
-Ah mãe... Na hora eu nem lembrei...
-Mas, e porquê você foi para lá ?
-Para pensar... E descansar também. Tava me sentindo muito confuso, de modo que preferi sair um pouco desse mundo e viajar...
-Mas, e o que foi que fez você mudar o seu pensamento assim ? - André agora perguntou.
-Bem... Eu já vinha pensando nisso a algum tempo. O fato de eu sentir muita falta do Renato e aquilo que aconteceu não sair da minha cabeça me deixava ainda mais confuso. De modo que, quando eu cheguei em Búzios, conheci um homem.
-Um homem ? - eu indaguei.
-É... Que tem uma história idêntica a nossa. Só que, ele não teve tempo de voltar atrás, como eu. Pois o rapaz que ele se apaixonou tinha um tumor no cérebro e morreu horas antes.
-Nossa, que trágico...
-É... Só então eu me toquei que não conseguiria viver sem o Renato, e então voltei correndo – falou ele, beijando o meu rosto.
TEMPO DEPOIS
Todos já tinham ido embora, inclusive o Elias. Me preparei para trabalhar. Tomei banho, arrumei, peguei minha mochila, o jaleco, e então parti para o hospital. Logo lá cheguei. Começei a andar em direção a ele, e bastou para eu entrar na sala de entrada, para um médico me parar.
-Renato ? Renato ! - ele estava ofegante, como se tivesse corrido uma maratona.
-O que foi homem ? Porquê está assim ?
-É que... Um dos seus pacientes, morreu ?
-Morreu ? Quem ?
-O Seu Jefferson... - arregalei os olhos.
Jefferson, ou Seu Jefferson, era um homem que tinha uma rara doença e portanto não podia se ausentar do hospital. Ele estava na minha lista de pacientes, ou seja, diariamente eu ia visitá-lo, ver o seu estado e definir a medicação. Então, fui imediatamente ver o que tinha acontecido com ele. Quando cheguei lá, duas enfermeiras viam o corpo.
-O que foi que houve ? - perguntei, entrando na sala
-Eu não sei doutor – uma delas respondeu - Ele estava normal esta manhã. Eu administrei o remédio que o senhor receitou e, quando voltei, ele estava assim, morto – cheguei perto, conferi, ele realmente estava morto.
-Qual remédio você administrou ?
-Esse – falou ela, me mostrando no Prontuário que eu havia assinado alguns dias antes
-Já avisaram a família ?
-Sim...
-Chamem o IML. Quero que seja feita uma autópsia nele já...
-O senhor desconfia de algo doutor ?
-Não... A doença que ele tinha pode ter matado, mas ele estava estável. Se fosse a causa, ele deveria tido uma crise a algum tempo... É muito estranho isso...
TEMPO DEPOIS
Aquela morte mexeu comigo. Não que eu tivesse algum vínculo com o morto, mas a forma como ele morreu foi estranha. Estava completamente normal em um momento, e no outro está morto. A doença que ele tinha não o mataria rapidamente. O remédio que eu receitei era realmente o remédio que devia ter sido receitado. Eu não conseguia encontrar um motivo para a morte dele.
-Lindo ? - ouvi, quando atendi o meu celular. Era o Elias – quer jantar no meu apartamento hoje de noite ?
-Ah... Quero, quero sim...
A NOITE
Passei o dia pensando no acontecido. Não conseguia entrar na minha cabeça aquela morte.
-Oi – falei, entrando no apartamento dele logo depois que ele abriu a porta.
-Tá tudo bem ? - ele perguntou.
-Não, não está... Lembra do Seu Jefferson...
-Lembro... Queria até te dar os parabéns, o caso dele melhorou... - o interrompi.
-Ele morreu...
-Morreu ? Mas como ?
-Morreu oras...
-Sim, eu sei né... Mas e o motivo ?
-Eu não sei... Eu cheguei no hospital hoje e me avisaram que ele tinha morrido. Fui ver, e não tinha nada de anormal. A enfermeira me disse que ele estava bem até poucos minutos antes dela encontrá-lo morto. Que tinha administrado um remédio...
-Você conferiu o remédio ?
-Sim, foi o que eu receitei...
-Mas você não viu ela aplicando... Será se ela errou ?
-Acho difícil. Até porquê eu costumo separar os remédios para os enfermeiros, justamente para evitar esses erros. Eu receitei o remédio certo, uma intoxicação não pode ser. Só a autópsia vai poder dizer... Mais parece que alguém foi lá e matou ele... Porquê eu não encontro um motivo plausível para ele ter morrido...
Continua
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