Primeiramente queria pedir imensas desculpas pela minha demasiada demora, aconteceram milhares de coisas nessa semana que quase me enlouqueceram, mas enfim consegui concluir o capítulo, que não, não será o ultimo, mas vou logo avisando que está um pouco longo rs pra compensar essa ausência. Respondendo algumas perguntas: Não terá nova temporada, até porque já estou há mais de um ano com essa história, tá parecendo dramalhão mexicano rsrs prefiro investir em outras histórias, essa será finalizada normalmente, não estou abandonando, está tudo no roteiro rsrs. Em relação ao casal Faque (Fagner + Caique. Inventei agora, então não reparem kkk) Não aparecerem muito, é porque nessa temporada decidi focar mais no casal protagonista e nos seus dramas familiares. Obrigado mesmo gente pelo apoio, a cada capitulo sou ainda mais surpreendido por vocês, leio cada comentário várias vezes e me apaixono por cada um, alguns me fazem rir, outros me fazem pensar e muitos me expiram a dá continuidade a história. Eu só tenho a agradecer esse carinho.
Desde já peço desculpas pelos erros contidos logo abaixo.
LOUCO AMOR TP2 CP12 – Um pouco, basta.
_ Acho que isso não está dando mais certo.
_ Só foi uma briga, não é pra tanto. – argumentei sentindo meu coração apertar. Apesar de tudo, ainda o amava muito.
_ Não foi só uma briga, eu acho que não sinto por você o que eu sentia lá atrás, eu conheci outra pessoa há alguns meses atrás, eu tentei Lucas, tentei não continuar com um lance que parecia ser de apenas uma noite, mas foi mais forte que eu e acabei por deixar rolar outras vezes.
A raiva que eu senti dentro de mim foi mais forte do que várias bombas nucleares explodindo ao mesmo tempo, eu poderia mata-lo ali sem me preocupar em sentir remorso ou culpa depois, mas ao invés disso mantive o controle.
_ Dezessete anos, Dezessete anos juntos Caio, e pra quê? Pra você virar pra mim e dizer que me traiu e me enganou por meses? – as lagrimas teimavam em cair mesmo eu não querendo. – Foi tudo em vão o que passamos pra ficar juntos?
_ Claro que não! Eu te amava com toda minha alma, eu fiz aquilo por que naquele momento eu só queria você e mais ninguém, faria tudo de novo se fosse preciso e não me arrependo... você se arrepende?
_ Amargamente. – eu não tinha certeza, eu estava com raiva e queria bater onde mais dói, nós sentimentos dele. – Talvez Tereza ainda estaria viva, talvez Aquiles fosse uma pessoa melhor ao lado da mãe e do pai numa família “normal” – disse fazendo sinal de aspas com a mão no normal. – Talvez tivesse sido mais feliz com...
_ Com... – ele quis saber.
Hesitei por um momento, mas decidi completar a frase.
_ Talvez tivesse sido mais feliz com Fagner.
Ele apenas balançou a cabeça meio sem acreditar no que eu havia dito. Engoliu em seco. Acho que eu havia conseguido o meu objetivo com aquilo.
_ Acho que sim. – ele disse. – Você merece coisa melhor mesmo.
Nunca pensei que ele fosse concordar comigo, aquilo me deixou totalmente sem palavras, desarmado, a vontade de chorar pareceu duplicar junto a outra vontade, a de abraça-lo forte e me humilhar se fosse preciso.
Vendo minha fragilidade e minha luta contra o choro ele se aproximou de mim já abrindo os braços para me abraçar, mas indo contra as minhas vontades, eu coloquei a mão em seu peito, fazendo-o parar.
_ Pode ir parando aí mesmo!
_ Eu sinto muito Lucas.
Eu balanço a cabeça.
_ Você é nojento.
Dito isso me virei, abri o guarda roupa e comecei a catar minhas roupas e as jogar em cima da cama, fazia isso com o máximo de raiva que eu poderia demonstrar naquele simples ato, era um lembrete para ele não se aproximar, mas também era uma forma de eu enganar a tristeza.
_ Pra onde você vai? Essa fazenda também é sua. – ele disse.
_ Era de seus pais e agora é sua!
_ E sua! Não preciso de papeis pra saber disso.
Eu parei um pouco, respirei fundo e voltei a olhar pra ele.
_ E você quer que eu fique aqui vendo você e ela juntos?
_ Eu não vou traze-la pra cá Lucas, se quiser eu saio daqui...
_ Não faz sentido eu continuar aqui sem você. – agora foi minha vez de deixa-lo sem palavras. Em seguida, ele se sentou na cama e baixou a cabeça enquanto eu peguei uma das malas em cima do guarda-roupas e passei a guardar tudo para poder finalmente sair dali, de vez em quando ele me olhava de soslaio, mas eu fingia não ver. Por fim havia um calção meu preso em baixo dele, quando fiz menção em puxar, ele segurou de forma repentina em meu pulso, meu coração pulou do peito, por um momento pensei que ele fosse me pedi uma nova chance... Talvez eu daria, só talvez, mas ele não falou nada, pareceu pensar melhor e me soltou logo em seguida, demorei um pouco com a mão ainda na mesma posição enquanto processava o que havia acontecido e também no que não havia. Acabei por nem pegar o calção, fechei a mala e fui em direção a porta, parei na entrada quando algo me passou pela cabeça.
_ Eu acho que mereço saber quem é. – disse sem olha-lo.
_ Você não conhece.
_ Adeus. – disse com coração pesado.
_ Tchau. – ele respondeu antes que eu saísse.
Fui ao quarto de Vinicius que quando me viu de malas prontas se assustou um pouco, me encheu de perguntas e eu respondi, contei toda a história.
_ Eu sinto muito tio. – ele disse visivelmente triste por mim.
_ Eu também Vini.
_ Vai pra onde agora?
_ Casa dos meus velhos. – disse com um leve sorriso.
Ele também sorriu.
_ Irei vê-lo toda semana. Prometo.
_ Não quero atrapalhar seus estudos Vini.
Ele segurou em minhas mãos e com um olhar fraternal disse:
_ O senhor é a minha família!
Aquilo acabou com a pouca barreira que eu havia criado até ali para não chorar, não como uma criança. Ele me abraçou e acolheu minha tristeza, foi inevitável não desejar que Aquiles fosse assim também.
_ Eu tenho certeza que esse lance do tio Caio não vai durar, e quando isso acontecer, ele vai se dá conta da burrada que fez e irá implorar pra você voltar.
_ Duvido muito. – disse saindo do abraço.
_ Se isso não acontecer, tenho certeza que logo arrumará alguém que goste de você.
_ Acho que não vou ter cabeça pra isso nem daqui a cem anos.
_ Normal pensar assim agora, mas tio?
_ Sim?
_ E o Aquiles? Descobriu algo? – perguntou de forma bem curiosa.
_ Irei saber quando chegar na cidade, com toda essa confusão nem tive oportunidade de perguntar.
_ Me mantém informado então?
_ Sim meu anjo. – disse acariciando sua bochecha. – Agora eu tenho que ir. – disse me levantando da cama, ele fez o mesmo.
_ Posso lhe acompanhar até lá fora?
_ Claro.
Ele pegou a mala e mesmo eu dizendo que não precisava a levou para mim até o carro. O abracei uma ultima vez e já ia entrando no carro quando avistei Caique de longe vindo correndo até mim.
_ Pra onde você vai?
_ Não sou mais bem vindo aqui.
_ Como assim? Do que tá falando?
_ Pergunta ao seu irmão. – disse antes de entrar no carro e bater a porta, sair praticamente cortando pneu dali.
Pelo espelho retrovisor pude avista-lo ainda indagando para mim com os braços o que havia acontecido, antes de sobrar para vini que estava do seu lado com os braços cruzados a função de lhe informar. Não quis ser grosso com ele, eu só queria fugir dali, sair de perto da visão das pessoas para poder desabar em paz, chorar, gritar e demonstrar fraqueza, mais alguns minutos e eu não teria conseguido continuar segurando essa represa de tristeza. Após dezessete anos, eu estava deixando aquele lugar onde eu fui tão feliz, após pensar que o nosso amor ultrapassaria a morte. Talvez as coisas boas não foram feitas para durar para sempre; talvez isso é que os torna ainda mais doce, a temporalidade delas. Talvez eu só estou tentando me fazer melhor. Está funcionando, um pouco. Um pouco basta, por ora.
Horas depois estava estacionado em frente a casa de meus pais, sã, salvo e todo destroçado por dentro, chorei praticamente o caminho todo, a casa era a mesma onde cresci e criei junto a Caio, Aquiles, pelos menos os primeiros meses. Pensando nessas coisas agora, vejo que não seria um dos melhores lugares para esquecer a pessoa que mudou minha vida, mas por outro lado eu precisava de meus pais, queria deitar no colo de minha mãe e ouvi-la sussurra: “Vai ficar tudo bem querido” enquanto meu pai ia de um lado a outro esbravejando: “Eu vou matar aquele caipira de merda”. Tudo para me sentir amado novamente. E foi movido por essa carência/sentimento que eu abri a porta do carro e saí, mas uma cena me fez parar, um cara do outro lado da rua tratava uma criancinha, provavelmente seu filho, de um arranhão causado por um tombo de bicicleta que se encontrava caída perto do mesmo, na mesma hora meu coração apertou, meu menino precisava de mim, naquela hora me senti egoísta, meus sentimentos podiam, não, eles deviam esperar. Entrei no carro e acelerei até a casa dos pais de Teresa, não sei por que, mas algo me dizia que eles sabiam de algo.
_ Olha Lucas, Aquiles fez coisa errada, ele tem que aprender uma lição, se fomos passar a mão na cabeça dele sempre, ele vai crescer sabendo que pode fazer o que bem entender. – a mãe de Tereza disse depois de mentir bastante que não sabia de nada.
Estávamos em frente a sua casa.
_ O que foi que ele fez, aliás? – perguntei impaciente e até com um pouco de arrogância.
_ Ele...
_ Quem está aí mulher? – alguém gritou de dentro de casa, pela voz era o irritante do Keverson. – O que esse viado quer? – perguntou assim que aparece na porta e me viu.
Revirei os olhos.
_ Olha, obrigado por nada. – disse para a mãe de Teresa antes de dás as costas para os dois e correr para o carro, só estava perdendo meu tempo ali.
Quando acelerei só me restou pensar no que iria fazer sem muitas informações.
_ Claro! – disse batendo a mão no volante.
Havia me lembrado que vini tinha me falado sobre reformatório e que Caio ainda chegou a confirmar, claro, como eu posso ser tão burro, só existe um na cidade. Só de pensar que poderia ter evitado ir lá naquela casa, dá raiva de mim mesmo. Quase infligindo todas as placas de transito corri para lá. Eram duas horas da tarde quando estacionei em frente a um portão grande de ferro, era praticamente uma prisão, muros altos, arames farpados no topo e tudo mais, só de pensar que meu menino poderia está ali, meu ser todo estremece, pior ainda foi a angustia de imaginar o que ele fez para tá ali. Na guarita ao lado pedi mais informações ao guarda, que me disse que eu só poderia entrar no horário de visitas, dali a uma hora, insatisfeito voltei para o carro e esperei, dez minutos antes do horário eu já avistava bastante gente também querendo entrar, a maioria; mulheres, assim que o portão abriu entrei junto a elas, fomos encaminhados pelos guardas até uma sala, uma espécie de recepção onde um por um teve que dá os nomes, se estivesse na lista entrava, se não, era posto pra fora, antes da minha vez vi um cara se descontrolar por não poder ver o filho, foi praticamente enxotado dali pelos guardas. Aquilo me deu um medinho.
Na minha frente tinha um senhor, ele parecia simpático.
_ Oi.
_ O.. Oi. – ele disse se virando um pouco pra mim.
_ Essa lista de visitas é feita pelo infrator ou por alguém da família?
_ Pelo responsável do menor.
Porque algo me dizia que meu nome não estaria ali?
_ Eu acabei esquecendo meu celular em casa, tem como o senhor me emprestar o seu? É urgente, prometo ser rápido.
A verdade era que havia perdido o meu em algum lugar, provavelmente na escola, no dia anterior.
_ Ah sim. – ele disse tirando o celular do bolso e o dando a mim.
_ Obrigado. – agradeci antes de fazer a coisa que pensei não fazer nem tão cedo, ligar para o ex.
Na terceira chamada, ele atendeu.
_ Alo?
Aquela voz, como era... gostosa de se ouvir.
_ Alô. – ele insistiu do outro lado.
_ É eu Caio. – disse com a cabeça um pouco baixa e os olhos fechados.
_ Lucas? De quem é esse número? Está tudo bem?
_ Onde está nosso menino Caio?
Ele suspirou do outro lado.
_ Na fundação casa.
Dessa vez foi minha vez de respirar fundo.
_ O que ele fez para tá nesse lugar?
_ Ele foi atuado por tentativa de...
_ Tentativa de quê Caio, pelo amor de Deus, me fala, não aguento mais as pessoas escondendo as coisas de mim. – falei com a voz chorosa, era impressionante eu ainda ter lágrimas para por pra fora. Ao meu redor as pessoas já me olhavam curiosas.
Narrado por Aquiles:
>>>Um dia antes.<<<
Era onze e cinquenta da noite quando me aproximei do ponto marcado, de onde eu estava já dava para vê-los em um beco escuro no outro lado da rua que se encontrava deserta, dois deles estavam encostados na parede e o outro estava de frente pra eles gesticulando algo, foi ele quem me viu e acenou para mim, ao me aproximar vi que era Pedro, o mesmo com quem havia falado ao telefone mais cedo.
_ E aí pessoal. – disse cumprimentado um por um com apertos de mão e tapinhas no ombro.
_ E aí, tá pronto para diversão? – disse Pedro, um cara loiro, alto, forte e provavelmente o mais velho de todos nós, uns trinta anos no máximo.
_ Mais ansioso impossível. – disse com um sorriso de satisfação enquanto estralava os dedos.
_ Olha para o novato, cheio de marra. – disse Alex, um cara totalmente oposto a Pedro, Baixo, rechonchudo e com pele clara cheia de sardas, era provavelmente o mais novo de nós, depois de mim, claro. Dezenove anos no máximo.
_ E como novato ele tem direito a ficar com a maior parte da diversão não é Pedro? – disse Jorge, o moreno com cabelos de dred, mal encarado, alto e bem forte, vinte e cinco anos no máximo.
_ É isso aí novato, será que tem saco pra isso?
_ Com certeza. – falei confiante.
Ele sorriu satisfeito com a resposta e então levantou um pouco a manga longa da camisa de frio que usava e olhou a hora, se inclinou um pouco para baixo e pegou uma mochila no chão próximo a parede e disse:
_ Essa é a hora gente. Aquiles, você vai com o Pedro pela calçada enquanto eu e Jorge vamos seguir em frente pelo beco, não se preocupe, ele vai lhe explicar o passo a passo. E, garoto – segurou em meu ombro e olhou fundo nos meus olhos. – Não estrague tudo.
Concordei com a cabeça e ele também antes de se virar e desaparecer na escuridão do beco junto com Jorge.
_ Vamos logo novato. – Pedro chamou, me fazendo apresar os passos para acompanha-lo.
_ Qual vai ser o plano? – perguntei.
_ Calma.
Um pouco mais a frente, avistei um guarda vindo pela mesma calçada que nós, instantaneamente minha mente começou a viajar, pensei que ele nós revistaria, que encontraria algo e que saberia pelo nosso tom de voz ou pelo nosso nervosismo tudo que estávamos prestes a fazer, me vi levando um tapa na cara e sendo algemado para logo em seguida seguir em uma viatura direto para um presidio, e tudo isso fez meu coração saltar no peito e minha garganta secar, iria começar a correr a qualquer segundo sem olhar para trás.
_ Fica frio novato, vai dá tudo certo, não faça besteira, continue andando. – Alex disse, como se tivesse lido a minha mente.
Respirei fundo e segui seu conselho: continuei andando. A cada passo um pouco mais perto dele que não desviava o olhar de nós. Era obrigado a reprimir vários pensamentos de medo para não sair correndo e estragar tudo. Ele estava prestes a passar por nós e não dava sinal de que ia parar, eu torcia por isso.
“Por favor, continue andando, continue andando.”
Quando finalmente cruzou nosso caminho, o fez entre nós dois, olhei um pouco de lado e para baixo e vi Alex lhe passando algo que parecia ser dinheiro, foi tudo muito discreto e rápido.
Olhei para trás assim que ele saiu de nossa cola, o olhei de cima até em baixo e senti vergonha de mim mesmo por ter tido aquele ataque de pânico, ele não passava de um guarda de rua, com um uniforme mais largo que ele e com uma lanterna presa no cós da calça, não poderia ter nós revistado e muito menos ter nós colocado em uma viatura rumo a um presidio, no máximo ter nós indagado o que fazíamos aquela hora no meio da rua. Quando ele apitou avisando que estava cumprindo seu trabalho aos demais moradores, eu me virei para frente.
_ Sabe, geralmente em nossos esquemas não esbarramos com guardas de rua. – ele disse entrando em um beco, parou na entrada e continuou o que estava dizendo. – mas quando isso acontece, noventa e nove por cento deles são compráveis, primeiro pelo fato de não terem onde caírem mortos e segundo por também não gostarem de você sabe o que. Então eles não nós atrapalham.
_ E os outros um por cento? – perguntei enquanto ele abria uma lata de lixo e pegava uma mochila de lá.
_ Nada que uma boa ameaça não resolva. – disse sorrindo enquanto colocava a mochila nas costas.
Ele se virou e começou a caminhar para dentro do beco, eu o segui.
_ Qual é a da mochila dentro do lixo?
_ Não podemos correr o risco de andar com isso no meio da rua.
_ Com uma mochila? – perguntei confuso.
_ Não a mochila, mas o que tem dentro dala novato.
_ E o que tem dentro dela? – perguntei sentindo a curiosidade aumentar.
_ Logo, logo você vai descobrir.
Ao chegar na outra extremidade do beco, ele olhou cauteloso para os dois lados da rua como se quisesse que ninguém o visse, recuou um pouco e se agachou, fiz o mesmo. Ele abriu a mochila e de lá tirou algo metálico, sem me dizer nada, a passou pra mim.
_ Soco inglês? – sussurrei surpreso. – Pra quê isso?
_ Não acha que vamos machucar nossas mãos com aqueles lixos humanos não é? – disse com um olha severo para mim.
Em resposta fiquei calado, olhei para aquilo em minha mão e pensei o quanto deve ser doloroso levar um soco com aquela coisa, toda a minha pele se arrepiou só de pensar em alguém machucado por aquele instrumento por minha causa.
_ Toma isso também. – ele disse empurrando algo no meu peito, ao pegar vi que era uma faca pequena.
_ Pra... Pra quê isso? – perguntei, já com medo da perguntar. – pensei que fossemos apenas assusta-los.
Ele de repente parou de remexer a bolsa, olhou fixo pra frente, suspirou impaciente e me olhou.
_ Acho que viemos aqui para brincar com aqueles maricas?
_ Não, mas...
_ Mas o que? Em? Se amarelou, poder ir, mas saiba que não vamos esquecer que tivemos que refazer todo um plano por causa de um bebesão. – disse firme. Engoli em seco aquelas palavras.
Onde eu fui me meter? Onde eu estava com a cabeça quando resolvi fazer parte daquilo?
_ Eu... Eu não vou... Não vou a lugar algum... Relaxa, tá tudo ok. – disse morrendo de medo.
_ Para o seu próprio bem, assim espero. Agora guarda essa faca! De preferencia em um lugar que dê pra saca-la rápido.
A guardei na parte de trás, entre minha calça e cueca. Ele continuou a revirar a mochila, tirou de lá outra faca e outro soco inglês, pressuponho que agora para ele, guardou a faca no mesmo lugar que eu, o soco simplesmente o jogou no bolso da frente, fiz o mesmo, já que a mesma ainda se encontrava em minha mão.
_ O plano é o seguinte novato: a qualquer momento, Pedro que está do outro lado vai nós dá um sinal pelo celular assim que as maricas passar por eles, os manos vão segui-los discretamente e nós vamos pela frente, iremos andar de uma forma descontraída, falando e rindo alto, nada de agir estranho para eles não se assustarem, eles tem que verem que somos amigáveis e assim baixar a guarda, quando estivemos próximos, atacamos, nada deixa-los escaparem.
Engoli em seco a parte do “Atacar”
_ Tem que dá murros, pontapés, é pra machucar ao máximo mesmo, mandar para o hospital todo quebrado. – ele continuou.
_ Tá, mas como seria essa parte do agir naturalmente?
_ Vou te demonstrar, vem, levanta. – ele se pós de pé novamente e eu fiz o mesmo.
_ A gente pode improvisar um assunto, é só falar com naturalidade, ri e dá um soquinho de leve no ombro. – ele demonstrou em mim. – Isso ajuda bastante a disfarçar.
Nervoso assenti.
_ Mas isso não vai dá ruim pra nós?
_ Ninguém vai nós pegar se é isso que quer saber, acha que isso é a primeira vez que faço isso?
_ Não.
_ E outra, se te pegarem, o que vai rola? No máximo um serviço comunitário, afinal você é de menor não é?
_ Sou. – falei sem muita confiança no que ele dizia.
_ Então relaxa. – ele disse apertando meu ombro.
_ Tá, mas como vocês tem certeza que algum marica vai passar por essa rua, á essa hora?
_ Há alguns quarteirões daqui tem uma boate de cheia de viados, todo final de semana sempre passa alguns voltando para casa por essa rua. Nós sabemos, observamos o lugar em questão previamente, não somos amadores.
O celular dele vibrou no bolso e ele o pegou para ver o que era.
_ Droga! – ele exclamou ao ler o conteúdo da mensagem.
Por um momento pensei que o esquema tinha melado e que eu não mais precisaria fazer aquilo, meu coração se alegrou.
_ O que foi? – perguntei animado.
_ Só tem dois maricas. – ele disse com cara de desprezo e decepção.
_ Então não vamos mais precisar fazer isso?
_ Claro que vamos.
_ Atá – disse sentindo a alegria se esvair de mim.
_ Precisamos ir agora. Já sabe né, agimos da forma que ensaiamos, já que só são dois, eu fico com um e você com outro. Vem.
_ Espe... – tarde demais, ele já tinha ido. Olhei para trás numa ultima tentativa de criar coragem pra ir embora, mas eu estava com medo e sabia do que eles eram capaz.
_ Vamos novato! – Alex gritou de longe fazendo me sobressaltar de susto.
Pressionado, acelerei os passos até o alcançar, mais dois passos a frente e avistamos dois rapazes, meu coração logo palpitou no peito, era agora! Eles viam de mãos dadas, mas assim que nos viram, soltaram.
_ Eu sabia que você iria perder a aposta! – Alex disse dando um pulinho e socando o ar. – Quero os cinquenta amanhã.
_ Do que você está falando? – perguntei confuso.
_ Ah, não vai dá uma de bobo né. – disse se agitando todo. No final piscou discretamente pra mim.
_ Aaaah. – disse tomando consciência do que ele estava fazendo. Era parte do plano, olhei para frente e vi os rapazes ainda vindo na mesma calçada que nós, pareciam mais relaxados, conversavam baixo e sorriam.
_ Seu time de bosta perde e você não se lembra? Tá na hora de virar a casaca. Não acha? – disse rindo. Parecia um verdadeiro ator, me perguntava onde estava as câmeras.
_ Que nada. – disse rindo sem graça. Não estava enganando ninguém.
Eles já estavam a menos de cinco passos de nós, um a menos era igual a uma nova explosão de nervos em mim. Eu não iria consegui!
Agora três... Alex colocava a mão no bolso pronto para “calçar” o soco inglês, fiz o mesmo, minhas pernas e mãos tremiam.
Um...
_ Agora!
O que aconteceu a seguir foi tão rápido que mal pude registrar, Alex avançou para cima do mais alto que se assustou com o repentina ataque de fúria, tentou correr, mas não conseguiu, foi derrubado no chão e socado com os pés de Alex que lhe atingiram as costelas e parte da cabeça, enquanto mesmo se encolhia no chão tentando se proteger. Atingi o mais baixo com o soco inglês em punho direto em seu estomago, ele se encolheu grunhindo de dor e caiu no chão.
_ Acaba com esse marica cara. – Alex me incentivava enquanto mais a frente Jorge e Pedro nos observava.
Me sentei em cima da barriga do cara em que havia acertado e então ergui o punho para lhe acertar no rosto. Ele viu o objeto metálico na minha mão e fez o que eu não queria que ele tivesse feito.
_ Por favor, não faz isso, por favor, nós deixa em paz, não estamos fazendo nada. – ele gritava chorando enquanto se debatia em baixo de mim para poder sair.
_ O que está esperando novato? – Jorge gritou de longe, roubando minha atenção.
Olhei de volta para o cara chorando embaixo de mim e não tive coragem, meu punho aos poucos foi se desfazendo, iria deixa-lo fugir, mas na hora ouvi um barulho de sirene de policia, olhei assustado para a fonte daquele ruído e fui derrubado pelo cara que antes eu iria agredir, caído no chão, vi Jorge, Pedro e Alex começarem a correr, levei um golpe na barriga e fui imobilizado no chão.
_ Aqui, Aqui! Ajuda, por favor. – gritava o cara que me segurava, o filha da mãe pelo qual tive pena minutos antes. – Aguenta firme amor. – ele disse ao outro cara caído no chão todo ferido e aparentemente desacordado. – Você vai pagar por isso atrás das grades seu homofóbico de merda.
Meu estomago doía por causa do soco e eu tentava a todo custo me desvencilhar dos seus braços antes que eu fosse pego, o total desespero tomou conta de mim quando um carro parou abruptamente perto onde estávamos, as luzes giravam em um show de cores por todos os lados e eu sabia que aquilo não era um bom sinal, foi ali, no ultimo segundo que consegui derrubar o cara e me preparar pra correr, mas logo fui novamente derrubado no chão junto a várias palavras de ordem.
_ Me solta, me solta! Socorro! – gritava desesperado.
_ Socorro? Você não é a vitima aqui. – disse o policial enquanto me algemava.
Com a ajuda de outro policial fui levantado e jogado ainda me debatendo em pânico no porta-malas. Colei meu rosto no vidro assim que fecharam a mesma e vi o cara desacordado sendo posto sentado com a ajuda do que parecia ser seu namorado e por um dos guardas que havia me segurado. Seu rosto estava todo inchado e sangue escorria por toda parte, Alex havia usado a faca em pelo menos três lugares diferentes.
“O que eu havia feito da minha vida?” – foi o que me perguntei quando a realidade das coisas enfim clarearam a minha mente. – Ele não pode está morto, não pode.
O cara que antes me segurara, agora chorava cabeça com cabeça do amado desacordado enquanto lhe apertava a mão, o policial ao lado checava o pulso e falava pelo rádio, provavelmente chamando uma ambulância.
_ Por favor, não morre, não morre. – balbuciava enquanto deixava as primeiras lagrimas caírem.
Só saímos de lá quando uma ambulância chegou e o levou ainda desacordado, no caminho ainda apavorado tentei argumentar com os policias, mas de nada quiseram saber. Ao chegar lá fui tirado do carro e jogado ainda algemado na sala do delegado, antes no percurso todos olhavam pra mim, se auto indagando o que eu havia feito, foi horrível aquela humilhação.
Sentado a minha frente um cara gordo e careca, vestido com camisa social listrada lia atentamente alguns papeis em cima da sua mesa como se não houvesse mais ninguém na sala. Não demorou muito para aquele silencio começar a mexer comigo, olhava de um lado a outro e sempre respirava impaciente na tentativa de lhe chamar a atenção. Até que funcionou, digamos que lá pela décima tentativa. Ele juntou os papeis e entregou a um guarda próximo a mim.
_ Está certo, pode encaminhar. – disse para o guarda. – o que o rapaz aqui aprontou? – perguntou sem nem ao menos olhar pra mim.
_ Eu e o Leo estávamos passando pelo bairro *** quando um mendigo nós avisou que em uma determinada rua daquele mesmo bairro estava rolando um briga feia, ao chegarmos lá avistamos o meliante imobilizado por uma das vitimas, ele estava acompanhado por outros três que infelizmente conseguiram fugir, a outra vitima diferente da primeira foi conduzido a um hospital, com ferimentos graves. A suspeita é de homofobia.
_ Obrigado, pode nós deixar a sós agora.
O policial seguiu até a saída, acompanhado com os olhares do delegado que apenas se dirigiram a mim quando a porta se fechou.
_ Eu posso explicar. – disse já me sentindo indiferente com tudo a minha volta, eu estava exausto, tanto fisicamente como emocionalmente.
_ Tem quantos anos?
_ dezesseis.
_ Hum. De menor então. – ele então juntou as mãos, baixou um pouco o olhar e então voltou a me encarar. – Que tal me dizer onde posso encontrar seus amigos?
_ Primeiro: eles não são meus amigos e segundo: eu não sei.
_ E você quer que eu acredite nisso?
_ Olha, eu conheci o líder daquilo tudo há uns dois meses, ele morava ao lado da casa da minha avô, uma vez eu tinha ido até a padaria e ele estava lá, ele me reconheceu e puxou papo, parecia querer socializar, viemos o caminho conversando e em certo momento eu deixei passar pra ele que odiava gays, foi um sinal verde para ele me falar sobre o hobby preferido dele. Mas eu juro que essa foi minha primeira vez.
_ Onde fica essa casa?
_ Com certeza ele não foi pra lá.
_ Onde fica? – repetiu de forma impaciente.
Eu disse o local e logo se agitou, se levantou da cadeira e correu até a porta, gritou algumas coisas que eu não fiz muita questão de prestar atenção e depois voltou a se sentar na minha frente.
_ Mais alguma coisa?
_ Sim, o número de um responsável.
Tremi na base só de pensar em alguém me vendo ali naquele lugar, e pior, descobrindo o que eu havia feito.
_ É realmente preciso?
_ Se não quiser ser encaminhado ao conselho tutelar agora mesmo, sim, é preciso.
Após um longo suspiro e alguns segundos em silencio, optei pelos meus avós, uma porque estavam pertos e segundo por não serem meu pai, não sei qual seria a reação dele nessas horas mas tenho certeza que não seria das melhores, o interessante foi que nessa hora eu lembrei de Lucas, ele era um exemplo de mãe protetora – comparação essa que me embrulhou o estomago – ele talvez me pouparia as broncas e os castigos, isso não séria má ideia.
_ Senhor delegado. – disse enquanto ele esperava que meus avós atendessem.
_ Sim?
Estava prestes a manda-lo ligar para Lucas, ao invés de meus avós, mas um pensamento acabou passando na ultima hora por minha cabeça.
“Ele vai pensar que ainda o acho relevante em minha vida.”
_ Não, nada, deixa pra lá.
Ele iria abrir a boca pra falar algo, mas sua atenção no momento se voltou para a ligação, me livrando assim de uma explicação, minha avó ou meu avô haviam enfim atendido. Ficaram atônitos quando descobriram o que eu fiz, evidentes nos vários pedidos de calma do delegado a cada trinta segundos, eu estava totalmente ferrado. Por fim ele viriam ao meu encontro, fui escoltado até a “recepção” onde fui colocado em uma cadeira encostada a parede com o meu braço preso a cadeira, graças a algema, aquela posição meio curvada estava horrível, mas ninguém me deu ouvidos quando reclamei. Em apenas um hora sentado ali eu pude ver de tudo o que aquela realidade pode nós proporcionar, vi pessoas sendo presas, mães gritando e chorando ao saber que o filho estava sendo preso, vi também pessoas olhando torto para mim como se eu fosse uma aberração, ali me indaguei profundamente se era realmente aquilo que eu queria para mim, não, não era, então jurei que quando saísse dali nunca mais me meteria em algo daquele tipo.
Estava pensando no cara ensanguentado entre a vida e a morte enquanto sentia um peso enorme na consciência quando vi meus avós já fazendo escanda-lo da entrada, revirei os olhos e desejei profundamente avançar toda aquela cena de uma vez, ainda mais quando vi meu pai vindo logo atrás, só consegui me indagar; como foi que ele chegou ali tão rápido.
Ao se aproximar de mim foi logo me dando uma tapa na cabeça.
_ O que está acontecendo moleque?
Mal consegui responder, eles haviam me cercado e ao mesmo tempo começaram a me fazer perguntas, dá sermão e ainda brigarem entre si. Um policial que passava por ali viu a confusão e a interrompeu – graças a Deus, eu já estava ficando louco – quando identificado como meu pai, ele rapidamente foi chamado na sala do delegado enquanto meus avós se sentaram um de cada lado e se encarregaram de encher meu saco com aquele discurso pronto de evangélico após eu contar o que havia acontecido.
Quando meu pai saiu da sala, saiu com uma cara estranha, olhava para o chão e tinha a mão na boca, não parecia triste ou zangado, parecia ainda processar o que haviam lhe dito. Ao contrário do que pensei, ele passou direto por mim, num impulso imediato me levantei, mas fiquei em uma posição esquisita por causas das algemas.
_ Pai. – o tom da minha voz pareceu mais desesperado do que eu realmente estava. – Aonde o senhor vai? Me tira daqui.
Ele parou ao me ouvi, ficou um tempo de costas, olhou um pouco para cima, suspirou e então veio ao meu encontro com uma cara zangada, tentei recuar mais não deu, por instinto fechei meus olhos e levantei o braço livre numa posição de defesa, pois pensei que fosse apanhar ali mesmo.
_ Quem ti criou assim em? – ele disse jogando meu braço pra baixo.
_ Desculpa, eu posso te explicar...
_ Eu não quero sua explicação, já ouvi o bastante.
_ O lado deles (policias) não o meu. Me tira daqui vai, a gente conversa em casa, se quiser me bater eu deixo, mas por favor, eu não aguento mais esse lugar. – disse deixando as lágrimas cair.
_ Depois do que fez acha que você vai sair livre daqui?
_ Por que não? Posso lhe dá várias razões.
_ Vai passar uma semana na fundação casa. – ele disparou.
_ Quê? Onde?
_ Tem que aprender uma lição.
_ Você não pode fazer isso comigo! – disse com o coração a todo vapor – Vô, por favor!
Ele pareceu pensar, tinha quase certeza que ele iria me ajudar, pois ele não perdia a chance de contrariar meu pai.
_ Acho que seu pai está certo.
Ham? Meu pai está certo? Eu tinha que viver pra ouvir isso da boca dele.
_ Isso é ridículo! Vocês estão agindo como se eu vivesse infligindo a lei.
_ Estou fazendo isso para seu bem.
Balancei a cabeça.
_ Vó? – a supliquei com a cara mais sofrida que eu já fiz na vida. Até que não foi difícil, dada a situação.
_ Não acha isso muito radical Caio? – ele perguntou temorosa.
_ A decisão já foi tomada, é apenas um projeto, o delegado me explicou como funciona, uma semana num estante passa, vai ser fichinha comparado ao que você fez.
_ Eu não fiz... – sabia que ele era uma mula empacada quando colocava algo na cabeça, já havia me humilhado demais para eles. – Esquece.
_ Eu venho sempre te visitar. – disse minha avó.
_ Não venham, pois não serão recebidos. – disse com raiva. Com as costas da mão livre já começava a limpar as lagrimas.
_ O delegado quer falar com ele antes dele ser levado. – comunicou um policial, meu pai balançou a cabeça e o policial tirou minha algema.
Ainda pensei que pudesse ser apenas um susto, mas depois daquilo que o policial falou, vi que ele estava falando sério, apesar do medo duplicar e minha decepção ser evidente, me segurei para não me humilhar mais, se era assim que queriam, era assim que iria ser. O que o delegado queria era apenas retratos falados, foi o que dei, quer dizer, com algumas pequenas alterações propositais.
_ Para sua sorte, o cara agredido, não corre mais risco de vida.
Era o que faltava para me sentir um pouco melhor, e um pouco, por hora, já bastava.
Narrado por Lucas:
Enfim ele me contou tudo, sinceramente custei a acreditar, meu coração doeu em saber daquilo, eu sabia que ele era um homofóbico em potencial, mas chegar aquele ponto? Nunca imaginei, nem nós meus piores pesadelos.
_ Lucas? Está aí? – ele perguntou quando viu que eu demorava para responder.
_ Estou... Estou na fundação casa ****. É onde ele está não é?
_ Sim, é.
_ Quero meu nome na lista de visitantes.
_ Já está.
_ Como você teve coragem de fazer isso com nosso menino Lucas, já viu esse local? Se ele tiver precisando de nós? Já ouvi histórias horríveis desse local.
_ Não exagera Lucas.
_ Não exagera? Não exagera? Que tipo de pai é você?
_ Você tem noção do que ele fez? Aqueles dois rapazes agredidos poderiam se nós há alguns anos atrás Lucas.
Aquilo havia me deixado perturbado, não tinha pensando por aquele lado, mas enfim, o senhor estava precisando do celular naquele momento, então o deliguei e o devolvi dizendo obrigado, o próximo a dá o nome para poder entrar seria eu, o friozinho na barriga bateu quando fui encaminhado por um corredor extenso, não sabia como iria encontra-lo, como iria se portar comigo e nem mesmo eu sabia como iria se portar com ele depois que soube o que aconteceu.
_ Você tem trinta minutos. – o guarda disse quando chegamos em um pátio aberto, bonito até, era arborizado e tinha uma quadra ao fundo. Ali havia vários adolescentes reunidos com suas famílias, mas nada dele até então, andei um pouco enquanto olhava para tudo que era lado, já estava ficando aflito quando o vi em um banco de concreto debruçado sobre uma mesa também feita de concreto, o lugar era bem afastado, de onde eu estava há pouco jamais tinha conseguido o ver, era uma espécie de praça, uma arvore dificultava a visão. Não perdi tempo e fui ao seu encontro, nervoso e ansioso demais para pedi com licença, fui logo me sentando ao seu lado, ele imediatamente levantou o rosto e me analisou por alguns segundos antes de olhar para frente, suas expressões eram vazias, parecia não dormir a dias.
_ Veio aqui para rir da minha cara? Vai em frente.
_ Aquiles... você realmente acha que eu tenho vontade de fazer isso? Você realmente acha que eu não te amo?
Os olhos dele se encheram de lágrimas e da sua boca ecoou um pedido que parecia ser do fundo da alma.
_ Então me tira daqui. Me tira daqui, Lucas.
Continua...