Gente, o capítulo esta enorme. Porque não estou conseguindo postar o 3. Fala que já foi postado. Então ta aqui. O 3 e 4
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Jake estacionou em frente à loja de roupas para casamento. Saltou do caminhão e abriu a porta para Caleb. Os rapazes da família Braga sempre foram extremamente bem-educados.
— Cuidado — disse ele, agarrando-o pela cintura. — O chão está escorregadio.
As mãos de Jake se demoraram nos quadris de Caleb enquanto o olhar dele descia até a sua boca. Eles permaneceram assim por um longo momento. Caleb então pousou os pés no chão e colou os lábios ao dele.
— Eu não estou jogando com você — cochichou ele. — Estava louco para beijá-lo novamente.
— Eu sei o que você quer dizer — respondeu Jake.
Ele o enlaçou pela cintura, puxando o corpo dele contra ele. Tomou depois o rosto dele entre as mãos enquanto retribuía o beijo. O som de uma gargalhada, porém, deu fim àquele prazer momentâneo. Caleb se virou e viu duas adolescentes em meio a uma guerra de neve.
— Não é ninguém — sussurrou ele com a respiração quente.
— Não podemos deixar que ninguém saiba disso — disse Caleb.
— Eu não sou do tipo que sai contando as façanhas por aí.
— Eu estou falando sério. Isso tem que permanecer entre nós. E tem que ser apenas sexo, nada mais.
— Uma amizade colorida? — Perguntou ele.
Caleb assentiu.
— Eu volto já — disse ele, olhando para a loja.
— Vou entrar e esperar por você — disse Jake.
— Acha que seria prudente? — Perguntou ele.
— Eu não vou seduzi-lo num lugar público — disse ele. — E não acho que a Srta. Belle vá sair correndo para contar tudo aos nossos pais.
Ele o seguiu até a porta e o conduziu com a mão em suas costas. Estava aproveitando toda e qualquer oportunidade para tocá-lo. A proprietária da loja cumprimentou a ambos, para então acompanhar Caleb ao provador, nos fundos. Ela se deteve por um instante, no caminho, e perguntou a Jake.
— Você vem também?
— Oh, não — disse Caleb. — Ele não é o meu, bem, ele é só um... Eu não creio que ele esteja interessado.
— Estou indo — disse Jake, sorrindo para Caleb.
— Eu estou muito interessado.
Caleb entrou no provador e começou a tirar a roupa. Embora não parecesse grande coisa no cabide, o smoking havia lhe caído muito bem. O tecido aderia aos músculos do seu corpo. Caleb puxou a cortina e saiu do provador. Jake estava sentado num banco. Assim que o viu, ele se levantou, arfando levemente.
— Uau! — Exclamou ele. — Isso é que é um Smoking.
Caleb alisou o tecido sobre os ombros.
— Bonito, não é?
A senhorita Belle lhe estendeu uma caixa de sapatos.
— Coloque os sapatos para que eu possa marcar a bainha da calça.
Caleb calçou o sapato meio que se apoiando em Jake.
— Perfeito — disse a lojista. — Eu volto já.
A senhorita Belle correu para atender o telefone, deixando Jake e Caleb a sós, nos fundos da loja.
— Perfeito — repetiu Jake.
— Pare de me dizer essas coisas — murmurou ele. — Você dá a sensação de estar jogando comigo.
Ele balançou a cabeça.
— É do nosso feitio, Caleb. Nós sempre fomos assim.
Ele virou de costas e voltou ao provador, e Jake o seguiu! Caleb tentou fechar a porta ao entrar, mas ele se esgueirou e se recostou sobre a porta depois de fechá-la.
— Durante todo esse tempo, alguma vez menti para você? — Perguntou Jake.
Caleb olhou para as próprias unhas. Até aquela noite do 18º aniversário, ele sempre havia podido contar com a honestidade de Jake.
— Acho que não.
— Quem foi que lhe disse para tirar o papei higiênico da cueca naquela noite do baile de Independência, no parque? Quem lhe disse para não sair com Jeff Wilson porque tudo o que ele queria era se aproveitar de você?
— Foi você — disse Caleb. — Mas eu saí com Jeff mesmo assim. E é claro que ele tentou passar a mão em mim.
— Viu?
— Só porque você nunca mentiu para mim, não quer dizer que não possa me machucar.
Jake deu um passo na direção dele e acariciou lhe a bochecha.
— Isso dói?
Caleb respirou ofegante. Como era bom ser tocado por ele, sentir a ponta dos dedos dele passando sobre a pele dele. Ele balançou a cabeça. Não tinha a intenção de facilitar as coisas novamente para Jake. Desta vez ele resistiria.
Ele deu mais um passo, suspirou profundamente e beijou-lhe a testa com suavidade.
— E isso? É bom?
Ele engoliu em seco e arfou enquanto ele beijava-lhe a têmpora. Será que ele seria suficientemente forte para resistir aos encantos dele?
— Sim — disse Caleb. — Muito bom.
Ele ergueu o queixo de Caleb com um dedo, olhou-o no fundo dos olhos e então o beijou, provocando os lábios dele com a língua antes de invadir lhe suavemente a boca. Não foi um beijo como aquele no caminhão. Este era um beijo mais lento e sensual, destinado a fazê-lo se desmanchar por inteiro. Caleb enroscou as mãos no pescoço de Jake e se rendeu, deleitando-se com o calor que atravessou-lhe o corpo.
As mãos dele deslizaram da cintura dele até os quadris, passando então a acariciar as costas por baixo da camisa. A mente de Caleb começou a girar enquanto ele tentava gravar na mente cada detalhe do beijo. Jake parecia determinado a lhe provar que era o homem que melhor sabia beijar na face da Terra. Caleb gemeu quando a mão dele seguiu em direção a sua bunda. Ele acariciou o seu buraquinho com polegar, fazendo-o piscar . Caleb foi arrastado por uma onda selvagem de prazer. Quando Jake finalmente se afastou, ele estava atordoado de excitação. Sua respiração estava ofegante, e o pulso acelerado ecoava em seus ouvidos, seu pau estava tão duro que chegava a doer.
— Se isso por acaso deixar de ser bom, é só me avisar que eu paro — sussurrou Jake.
Ele beijou a ponta do nariz dele e saiu do provador, fechando a porta.
Caleb se recostou na parede espelhada. Tocou os próprios lábios com os dedos trêmulos e sentiu um sorriso crescer neles. Era difícil de acreditar que as fantasias com Jake estavam se realizando depois de todos aquele anos. Havia algo de muito poderoso entre eles e nenhum dos dois parecia ser capaz de detê-lo, o que tornava tudo ainda mais excitante e perigoso.
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— O campeonato de futebol americano no gelo dos Brardi começa em 15 minutos! — Gritou Brett.
Jake e Sam se viraram na direção do irmão e lhe fizeram um aceno.
— Estaremos prontos — gritou Jake.
Jake se sentou ao lado de Sam, na escada que conduzia ao lago.
— Quer dizer então que você vai se casar.
Sam sorriu enquanto desenhava na neve com um pedaço de pau.
— Foi o que eu ouvi dizer.
— Eu tenho que confessar que fiquei surpreso quando soube que você havia ficado noivo de Emma, mas fiquei um pouco chocado quando soube que vocês iam se casar tão rapidamente. Um noivado de um mês e meio é muito curto, você não acha?
— Talvez.
— Quanto tempo vocês dois realmente passaram juntos?
Sam deu de ombros.
— Três verões, aqui na casa do lago. Depois eu a visitei em Boston no dia de Ação de Graças. Depois nos encontramos no Natal, em Chicago, e decidimos que não queríamos mais ficar separados.
— E por que vocês não vão viver juntos, então? — Perguntou Jake. — Por que não se dão um pouco mais de tempo?
— Porque Emma quer se casar — disse Sam.
— E o que você quer?
— Por que tantas perguntas? — Indagou Sam, com uma ponta de irritação.
— Faz parte da minha função como padrinho me assegurar de que você está fazendo as melhores escolhas.
— Eu quero o que Emma quer. Quero fazê-la feliz — disse Sam.
Jake achava Sam jovem demais para dar um passo tão grande. Ele havia passado os últimos dez anos trocando constantemente de parceira, desfrutando de toda espécie de prazeres em suas camas, mas foi apenas no ano anterior que compreendeu o que realmente precisava num relacionamento e qual era o tipo de mulher com quem ele queria passar o resto da vida. Sam mal havia começado a jornada e já estava se amarrando. Como é que alguém podia saber se estava realmente apaixonado naquela idade? Nem Sam, nem Emma tinham experiência para isso.
— Vocês nem sequer terminaram a faculdade — murmurou Jake.
— Emma se forma na primavera e acabou de se inscrever em alguns cursos, de modo que passará mais tempo em Chicago. Eu vou me formar em no Ensino Médio no Natal do ano que vem e estou pensando em cursar Direito. Ela vai poder me apoiar enquanto eu estudo.
— Vocês podem fazer isso tudo sem se casar — disse Jake.
Sam resmungou e então se apoiou nos cotovelos, Olhando para a paisagem do lago.
— Eu devia ter convidado outra pessoa para ser meu padrinho.
— O casamento é um grande passo, Sam. É uma decisão que precisa ser tomada pelas razões certas.
— E quais seriam elas?
— O fato de você não poder imaginar a sua vida sem ela, porque cada vez que a olha, você tem de tocá-la simplesmente para se assegurar de que ela é real e sua. O fato de que ela é a primeira coisa na qual você pensa de manha quando levanta e a última, antes de dormir.
Jake respirou fundo. Aquilo era tudo o que ele sabia sobre ser feliz para todo o sempre ao lado de alguém. Era o que ele havia concluído que o faria se decidir a ficar ao lado de alguém pelo resto dos dias e, por mais estranho que parecesse, Caleb parecia preencher todos aqueles requisitos. Um arrepio percorreu lhe a espinha. Eram as mulheres que costumavam confundir amor e desejo, não os homens. No entanto, não havia como ignorar os próprios sentimentos. As coisas não eram mais como anos atrás. Havia algo de mais profundo se delineando entre ele e Caleb agora. Ele olhou para Sam.
— Eu odiaria saber que você está fazendo isso para agradar à mamãe e à Sra. Lombardi. Nós podemos formar uma única e grande família, mesmo sem estarmos formalmente ligados.
— Não é nada disso — disse Sam.
— Do que é que se trata, então?
— Nós simplesmente queremos começar uma vida juntos.
— Sam, esse tipo de desejo não dura. Nem tudo se resume a sexo — disse Jake. — É preciso haver algo mais.
— Nós ainda não fizemos sexo — disse Sam. — Emma quis esperar até o casamento.
Jake se surpreendeu.
— Vocês não... Eu quero dizer, nem um pouco?
— Bem, um pouco, mas não fomos até o fim, - Jake enterrou o rosto nas mãos.
— Como é que você pode tomar uma decisão dessas sem nem sequer saber se vocês são compatíveis na cama?
— Muitas pessoas esperam — respondeu Sam. — Eu já tive relações sexuais e Emma também. Só não o fizemos juntos.
— Bem, talvez vocês devessem — disse Jake.
Droga. Ele próprio nunca havia sequer tentado refrear o desejo e desde que Caleb tinha chegado à cidade, Jake mal conseguia controlar a libido e seu desejo. Como é que um rapaz tão jovem podia simplesmente colocar esses sentimentos na geladeira? Será que já não estava cientificamente comprovado que a abstinência fazia mal ao corpo masculino? Esse menino não ler uma revista? Jake respirou fundo.
— Por que vocês não esperam um pouco mais? Não faria mal.
— Eu a amo — disse Sam. — E ela a mim.
— Eu também a amo — disse Jake. — E também a Caleb, Teddy, Adam e Evan. O Lombardi são como a nossa própria família.
Jake suspirou suavemente, procurando outro argumento que fizesse sentido. Quem era ele para tentar explicar o que acontecia entre um homem e uma mulher? Ele estava louco de desejo por um homem.
Jake se levantou e estendeu a mão para o irmão mais novo.
— Vamos. Se eu conheço o Brett, ele vai querer traçar uma estratégia antes do jogo. Da última vez que jogamos com os Lombardi eles acabaram com a gente. Eles agora contam com a esposa de Evan, que é dura na queda. Teve três filhos de parto normal.
— E Caleb jogo bem pra caralho — disse Sam.
— Não se preocupe com Caleb. Eu posso lidar com ele. Cuide de Emma.
Sam sorriu.
— Até nos casarmos, ela ainda será uma Lombardi, o que significa o inimigo.
Ambos caminharam até o gramado, agora coberto de neve. Pouco depois, todos os jogadores estavam reunidos no centro do campo. Jake fez um aceno para Caleb que lhe retribuiu a saudação com um sorriso hesitante. Ele estava tão lindo todo encasacado que Jake não precisou de muito para começar a fantasiar em tirar lentamente cada uma das peças de roupa que ele estava usando. Respirou fundo então e fechou os olhos. Aquele não era o momento para isso!
— Sejam todos bem-vindos — disse Brett. — Nós decidimos trazer de volta o nosso tradicional troféu. Ele exibiu um desentupidor de banheiro e todos riram e bateram palmas, surpresos por ver o troféu depois de tanto tempo.
Jake atravessou a multidão lentamente enquanto Brett repassava as regras, até se deter atrás de Caleb. O olhar dele se fixou em Sam e Emma.
— Eles parecem felizes — murmurou Jake. — O que você acha?
Caleb olhou para eles.
— Concordo — respondeu Caleb. Brett deu início ao jogo.
Jake pegou a bola e começou a correr. Viu Caleb vindo na direção dele, mas em vez de fugir, decidiu esperar por ele, diminuindo o passo até que ele o alcançasse. Depois então, virou para a esquerda, e então para a direita, mas Caleb o surpreendeu opondo-se aos movimentos dele. Quando percebeu que não conseguiria driblá-lo, ele o agarrou pela cintura e o carregou em direção ao gol com ele. Caleb, contudo, conseguiu tirar a bola das mãos de Jake enquanto ele corria.
Teddy, que estava bem atrás deles, pegou a bola e disparou em direção ao outro gol. Jake largou Caleb na neve para correr atrás de Teddy, mas ele agarrou-lhe a perna e o derrubou. Depois montou em cima dele e observou Teddy marcar um ponto para a própria equipe. Ele comemorou o feito do irmão meio que rebolando e aquele movimento causou uma ereção imediata em Jake. Ele rolou e o jogou no chão, para então esfregar um punhado de neve no rosto dela.
— Você não tem o menor espírito esportivo — gritou Caleb, jogando uma bola de neve nele também.
Ele o prendeu pelos braços.
— Beije-me — murmurou ele.
— Aqui não. Todo o mundo vai ver.
— Onde então? Quando?
— Mais tarde — disse Caleb. — Depois do jantar.
— Encontre-me na casa dos barcos — disse Jake.
Caleb balançou a cabeça e então se levantou, correndo de volta para a equipe. Depois se virou mais uma vez para ele e sorriu, provocando-o.
Os Lombardi acabaram ficando com o troféu, graças a um ponto de Evan, num passe no último minuto para a esposa dele, Marianne.
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O jantar era sempre um acontecimento ruidoso quando aquelas duas famílias se encontravam na casa dos Bragas. Jake e Caleb se juntaram a Sam e Emma depois do jantar para jogar Banco imobiliário, mas Caleb mal estava conseguindo se concentrar. Jake havia começado a brincar com os pés na frente de sua calça por debaixo da mesa. Ele manteve o olhar fixo no tabuleiro, tentando controlar o coração e sua ereção.
— Park Place — disse Sam quando Emma caiu na propriedade dele. — Isso vai lhe custar 1.200 dólares.
Jake riu, olhando para o montante acumulado por Sam.
— Parece que você já tem quase o suficiente para comprar aquela motocicleta.
Sam lançou um olhar gelado para o irmão. Emma franziu a testa.
— Que motocicleta?
— Sam vai comprar uma motocicleta depois que vocês se casarem — disse Jake, ajeitando os cartões.
— Nossa mãe não permitiria uma coisa dessas, mas depois que vocês se casarem ela não poderá dizer mais nada, pois é você quem vai estar no comando — disse Jake, olhando fixamente para ela.
Caleb estranhou o rumo daquela conversa. Fez uma cara feia para Jake, que apenas sorriu e começou a contar o dinheiro.
— Você não pode comprar uma motocicleta — disse Emma. — É muito perigoso. Eu não vou deixar.
— Mas seria tão prático. Nós não podemos manter dois carros.
— Não — disse Emma teimosamente. — Eu não vou permitir.
Sam endireitou-se na cadeira.
— O que você quer dizer com "eu não vou permitir"? Você não é a minha mãe.
— Sam deve tomar as próprias decisões — murmurou Jake. Pegou então o dinheiro que havia ganhado e o passou a Caleb. — Eu vou sair do jogo.
Caleb percebeu que ele havia dado início àquela discussão de propósito.
— Eu também — disse Caleb.
— Jake está certo — disse Sam. — Eu sou adulto. Posso fazer o que bem entender.
— E quem vai pagar por esta motocicleta? — perguntou Emma. — Eu é que não. E se você está pensando em usar o dinheiro que vamos receber de presente de casamento, é melhor ir tirando o cavalinho da chuva.
Caleb seguiu Jake até a cozinha.
— Vou descer até a casa de barcos e ver se consigo ligar o aquecedor — gritou ele para os pais, que jogavam cartas com os pais de Caleb.
— E eu vou voltar para o hotel — disse Caleb.—Vejo vocês amanhã.
A saída de ambos não provocou maior interesse de ninguém. Quando chegaram lá fora, ele agarrou a mão de Caleb e o puxou para junto de si, em direção ao caminho que dava para o lago.
— Jake, talvez nós devêssemos... Para onde é que estamos indo?
— Para a casa dos barcos. Eu preciso de ajuda para fazer o aquecedor funcionar. Você pode segurar as minhas ferramentas.
Caleb riu e acertou o passo com o dele. Ele nunca havia se considerado um homem impetuoso. Sempre tinha sido capaz de controlar o próprio desejo, mas com Jake, ele parecia constantemente ligado em sexo.
Era bom se deixar levar, sentir algo tão intenso a ponto de consumi-lo daquela maneira. Ele não se sentia assim desde aquela noite com Jake na praia, há 11 anos. Ao menos agora, ele já possuía idade suficiente para conseguir distinguir entre desejo e amor. Saberia controlar as emoções caso se rendesse à atração física que sentia por Jake.
Ele não estava assustado, mas sim livre. Podia finalmente ceder ao desejo e ver até onde aquilo o levaria. Não tinha mais de fingir. Ele o desejava, e ele a ele, e nenhum deles tinha mais de negar isso.
A casa dos barcos estava completamente mobiliada, uma vez que era constantemente utilizada para hospedar convidados. Havia uma cama, um sofá, uma pequena cozinha e um banheiro.
Caleb olhou para trás, vendo as pegadas marcadas na neve.
— Eles vão saber que nós viemos juntos para cá.
— Eu só pedi para você me dar uma mãozinha — disse Jake.
Caleb respirou ofegante e cerrou os punho dentro do bolso da jaqueta. A simples ideia de passar as mãos pelo corpo dele fez a mente dele girar. Ele sabia o que ia acontecer quando eles estivessem sozinhos e não estava com medo. Tudo que sentia era uma enorme expectativa.
Jake fechou a porta e tomou imediatamente o rosto de Caleb nas mãos. Os lábios dele encontraram os dele e um momento depois eles estavam perdidos num beijo profundo e avassalador.
— Eu pensei em você o dia todo — sussurrou Jake contra a boca de Caleb.
— O que foi que você pensou? — Perguntou ele, ofegante.
— No que aconteceria quando ficássemos sozinhos outra vez.
— Conte-me.
Ele não conseguia enxergar nada naquela escuridão, mas podia sentir o calor do corpo dele contra o dele e a respiração quente em sua bochecha. A falta de visão parecia aguçar ainda mais os outros sentidos. Ele tremeu ao sentir os lábios dele roçarem-lhe levemente o rosto frio.
— Eu imaginei que você ficaria na minha frente e eu tiraria as suas roupas lentamente para poder finalmente tocá-lo, eu iria me abaixa e te chupar até você gritar pedindo para mim te fuder duro. Você então teria chance de descobrir se isso era realmente tão bom quanto eu sonhei que seria.
Caleb tirou a jaqueta a deixou cair no chão. Puxou depois o suéter e o jogou longe. Ele estava usando uma camiseta fina por baixo de tudo, que mal servia para protegê-lo do frio. Estranhamente, porém, ele não fez caso da temperatura. O coração estava batendo tão rápido que a pele nem ficou arrepiada.
Jake acariciou o braço desnudo, para depois tomar a mão dele e beijar o centro da palma.
— Espere aqui — sussurrou ele.
Ele desapareceu em meio à escuridão e Caleb se apoiou na porta, com o coração acelerado. Ouviu-o então remexer desajeitadamente em alguma coisa até que uma chama se acendeu, lançando sombras dançantes sobre as paredes. Ele havia acendido um lampião que deixou sobre o criado mudo. Virou-se então para ele, chamando-o para perto com um gesto. Caleb esfregou os braços, tomando consciência repentinamente do frio e da tensão que o assolava.
As coisas estavam mais fáceis no escuro. Era como um sonho: dois corpos ligados um ao outro apenas pelo toque. Agora que ele podia ver a cama e olhar nos olhos do Jake, tudo havia se tornado muito real.
— Deixe-me ver se consigo acender o aquecedor. Ele se inclinou para dentro do armário e mexeu num interruptor. Pouco depois, debruçou-se sobre o radiador e disse, com um meneio de cabeça:
— Funciona.
Jake seguiu na direção dele, tirando a própria jaqueta no caminho. Lá estava o rapaz que ele já conhecia há tanto tempo. O cílios e sobrancelhas escuros, os penetrantes olhos azul-claros, o nariz reto e a boca sensual, aquela covinha deliciosa quando ele sorria. Aquelas características haviam se tornado ainda mais atraentes com a idade e Caleb simplesmente não conseguia tirar os olhos dele.
Ele começou a desabotoar a camisa de Jake, deixando-lhe a pele exposta ao toque.
— O que é que nós estamos fazendo aqui? — Murmurou ele, pressionando os lábios contra o peito dele.
— Eu não tenho a menor ideia, mas não quero parar.
Jake acariciou as costas dele, fazendo-o tremer.
— isso não vai dar certo — disse ele, esfregando o rosto no pescoço dele.
— Por que não daria? — Ele o puxou para a cama. — Tudo o que acontecer aqui vai ficar apenas entre nós, eu prometo.
— Isso pode mudar tudo entre nós — disse Caleb ao beijar o pescoço dele.
Jake o agarrou pela cintura e ambos caíram sobre a cama.
— Eu estou contando com isso.
Caleb correu os dedos pelo cabelo escuro de Jake e sorriu.
— Sabe, eu realmente acho que nós não devíamos fazer isso. Você não está preparado e eu acho que não seria correto. Eu simplesmente não penso em você dessa maneira.
Ele franziu a testa, recuando.
— Acha mesmo?
— Eu só não sinto a mesma coisa por você, Jake — murmurou Caleb deixando a voz mais grave para evidenciar a imitação.
Ele viu um sorriso se formar lentamente no rosto de Jake. Aquelas eram as palavras que ele havia lhe dito há 11 anos, na praia.
— Eu menti — disse ele. — Eu sentia o mesmo por você. Aquela confissão o deixou atordoado.
— Verdade?
— Durante muito tempo.
— Quanto tempo?
— Lembra-se daquela cueca vermelha listrada que você tinha? Você estava com 14 anos naquele verão.
Caleb assentiu.
— Desde então. Eu o vi naquela cueca e fiquei pensando em você depois, no seu corpo, na sua pele macia, na sua bundinha empinada e, então, bem, eu... Você sabe.
— Sei?
— O que é? Você quer que eu diga? Eu me toquei como os adolescentes costumam fazer. Homens crescidos também o fazem. — Ele deu uma risadinha.
— Ficar ao seu lado, desde então, passou a ser uma verdadeira tortura.
Caleb sorriu, satisfeito com aquela admissão. Sua louca paixão não era platônica, afinal.
— No que mais você pensou naquela época?—perguntou ele, enquanto traçava uma trilha de beijos pelo peito dele .
— Eu não tinha muita experiência. Ainda era tecnicamente virgem, mas fiquei imaginando como seria vê-lo nu.
Jake levantou a camiseta dele e seguiu beijando-o desde a barriga até pouco abaixo dos Mamilos. Caleb se levantou e montou sobre os quadris dele para então, lentamente, tirar a própria camiseta. Ele havia feito o mesmo há 11 anos. Naquela época, porém, estava tão nervoso que o coração quase tinha saltado pela boca. Ansiar pelo toque e oferecer-se a ele agora parecia a coisa mais natural do mundo.
Jake pegou um dos mamilos e apertou levemente. Depois se levantou rapidamente, passando os braços ao redor da cintura dele e pressionou a boca contra o pescoço. Ele beijou a clavícula e desceu em direção a barriga, para tomar o mamilo enrijecido na boca.
Caleb arqueou as costas, prendendo a respiração. Ele agarrou a camisa dele e abriu os botões restantes, puxando-a pelos ombros até o peito dele ficar completamente nu. Depois afastou-se um pouco e, olhando-o nos olhos. Os dedos seguiram languidamente a linha de pêlos que ia do peito até a barriga de Jake. Ele agora era um homem formado. Tinha os ombros largos, o corpo esguio e rijo, um corpo que só um homem poderia apreciar.
Caleb se inclinou sobre ele e pressionou um beijo sobre o seu peito, para então, suavemente sugar-lhe o mamilo. O que começou como uma curiosidade foi se transformando num sentimento muito íntimo. Ele gemeu suavemente e então murmurou o nome dele. Um tremor atravessou a pele exposta de Caleb. A respiração ficou presa na garganta.
— Você está com frio?
— Não — mentiu Caleb.
Ele riu baixinho, agarrando-o pela cintura, unindo os corpos num abraço quente. Eles se beijaram por longo tempo, saboreando-se mutuamente, enquanto as mãos exploravam o corpo um do outro. Aquilo era tudo o que ele sempre havia esperado e um pouco mais. Não era apenas sexo, mas também confiança.
Jake correu as mãos pelo cabelo dele e então pressionou a testa contra a dele.
— Passe esta noite comigo.
— Não aqui.
— Onde então?
— No hotel. Teremos mais privacidade lá.
— E quanto a Emma?
— O quarto dela fica no segundo andar e o meu no terceiro. Há uma escada nos fundos. Eu deixarei você entrar e ninguém saberá que esteve lá.
Jake beijou-lhe a testa com os lábios quentes e úmidos.
— Você já conversou com Emma a respeito do casamento?
Caleb balançou a cabeça.
— Não. Eu combinei de almoçar com ela amanha.
— Você acha que eles estão prontos para isso?
— De jeito nenhum, mas achei que eu era a única que estava preocupado.
Caleb cruzou os braços e o olhou nos olhos.
— Você começou aquela discussão entre eles de propósito, não foi?
— Alguém tem que botar um pouco de juízo na cabeça deles. Acho que nós precisamos traçar um plano para convencê-los a esperar mais um pouco.
— Eu não acredito que eles aceitem esperar. Eles não querem decepcionar as nossas famílias.
Jake afastou o cabelo dele da têmpora.
— Eu conversei com Sam esta tarde. Ele disse que vai fazer as coisas do jeito que Emma quer.
Caleb arfou.
— Você acha que ela o convenceu a isso?
— Talvez. Que rapaz em seu perfeito juízo ia querer se casar aos 21 anos?
— Bem, foi ele quem a pediu em casamento.
— Ela deve tê-lo pressionado — disse Jake.
Caleb se desvencilhou do abraço, atordoado com aquele comentário, disposto a defender a irmã.
— Emma não faria uma coisa dessas.
— Eu só estou dizendo que são as mulheres quem costumam pressionar os homens para se casar.
— E como foi que você adquiriu todo esse conhecimento? — perguntou Caleb um pouco inciumado.
— Todas as mulheres que eu conheci queriam se casar. O casamento é chamativo para algumas pessoas ... Você já pensou em eu e você ...
Caleb saiu impetuosamente da cama. Eles nunca poderia casar, e ele não queria.
— Acho que isso foi um erro — murmurou ele.
Pôs-se então a procurar a camiseta pelo chão.
— Você não precisa ficar tão bravo. Eu não quis insinuar que...
— Eu compreendo — disse ele enquanto se vestia.
— Você achou que eu queria alguma coisa mais do que apenas sexo.
Ele respirou fundo, ofegante, enfiando o celular no bolso de trás.
Caleb catou o suéter do chão e o vestiu.
— Eu tenho que ir.
Jake se endireitou na cama e estendeu a mão na direção dele, que evitou o toque.
— Vamos, Caleb. Eu só estava provocando. Não tive a intenção de dizer nada mais sério.
Ele balançou a cabeça.
— Eu concordo com você a respeito de Emma e Sam. Eles são muito novos. Nós mesmos não sabemos o que queremos. Como eles poderiam saber?
Jake agarrou a mão dele.
— Eu sei o que quero.
Ele olhou para os próprios dedos, entrelaçados aos dele. Lutou contra a tentação de arrancar as roupas outra vez e deixar as lágrimas e os temores para trás.
— Eu vou conversar com Emma.
— Quando eu o verei novamente?
— Você me verá durante toda a semana.
— Você sabe o que eu quero dizer. Caleb mordeu o lábio inferior.
— Eu não sei. Talvez devamos esquecer isso. Só vai complicar ainda mais as coisas.
— Eu não sei se vou conseguir.
— Tente, Jake — murmurou ele. Caleb foi até a porta e se virou para olhá-lo mais uma vez. — Faça um esforço.
Merda. Ele estava apaixonado por Caleb. Mais com certeza a reciproca não era verdadeira.
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Jake seguiu pela estrada a caminho da prova de seu smoking. O caminhão derrapou e ele tirou o pé do acelerador, despertando dos devaneios. Ele não queria morrer. Havia dormido apenas umas duas ou três horas na noite anterior, tendo passado o restante do tempo tentando compreender como ele havia conseguido estragar tudo com Caleb. Cada vez que se aproximava dele, Jake se flagrava perdido em meio a uma nova fantasia sexual. Será que aquilo era apenas uma aventura da qual ele iria se desvencilhar facilmente sem criar nenhum vínculo? Não, ele sabia que Caleb jamais se resumiria a um parceiro sexual eventual na vida dele. Fazer sexo com ele tinha que significar alguma coisa, mas o quê?
A verdade, porém, era que seduzir Caleb parecia ser a coisa mais natural do mundo para Jake no momento. Há quanto tempo ele vinha procurando por uma mulher como com a personalidade dele, com quem pudesse se sentir completamente à vontade?
A imagem de Caleb montado sobre ele, arrancando a própria camiseta, tomou-lhe a mente . Os dedos de Jake contraíram-se ao se lembrar da sensação da bunda dele sob seu pau duro, do sabor salgado da pele, do perfume do cabelo. Ele arfou e tentou afastar aquela imagem da cabeça e focar a atenção em outra coisa.
Notou então um carro à frente e desacelerou, mas o veículo não se moveu.
Assim que o viu, Caleb balançou a cabeça.
— Nem comece — resmungou ele.
— Quem foi que o ensinou a dirigir?
Um sorriso relutante rompeu-lhe no rosto.
— Você. Levou-me para passear naquela lata velha e passou a aula inteira gritando comigo.
— Pelo jeito você se esqueceu de tudo o que eu lhe ensinei, gafanhoto — provocou ele, passando o dedo pela bochecha dele.
Jake conteve o desejo de beijá-lo e foi para frente do carro examinar a situação.
— Como é que você pretende fazer esse carro voltar para a estrada? Simplesmente com a força do pensamento?
— Você podia me ajudar.
Jake enfiou as mãos nos bolsos. Precisou usar todas as forças para não tocá-lo. Como é que ele tinha conseguido dizer não a ele naquela noite fatídica? Ele balançou a cabeça.
— Você vai precisar cavar durante uma hora com mais dois ou três rapazes para sair desse banco de neve. Eu posso voltar para casa e arranjar uma corrente para ver se consigo rebocar você. Ou então chamar Teddy e meus irmãos para cavarmos e empurrarmos.
— Meu herói — disse Caleb com um sorriso irônico.
O sorriso de Jake murchou. Ele tinha dormido pouco e estava cansado daqueles joguinhos. Por que tudo sempre tinha de se transformar num desafio entre eles?
— Você acha mesmo? Eu achei que você não gostasse mais de mim depois do que aconteceu ontem à noite.
Caleb se contorceu.
— Eu gosto de você. Nada vai mudar isso.
— Eu não deveria ter dito aquilo sobre sua irmã.
Ele respirou fundo e suspirou, tocando-lhe o braço, como que para assegurar que estava tudo bem.
— Eu vou almoçar com ela mais tarde. Espero compreender melhor o que está se passando.
— Você sabia que eles ainda não tiveram relações sexuais?
Caleb piscou, atordoado com a revelação.
— É verdade? Os dois são virgens?
— Não. Ambos já fizeram sexo, mas não um com o outro. Resolveram se guardar para o casamento.
— Isso muda tudo — disse Caleb, com os olhos arregalados. — Eu acho isso admirável, mas ainda assim, preocupante. O sexo é uma parte muito importante de um relacionamento. E se eles forem incompatíveis na cama?
— Talvez devêssemos intervir um pouco nessa história.
— Mas nós não temos nenhuma autoridade para falar desse assunto com eles. Nenhum de nós jamais noivou ou se casou. Por que eles nos dariam ouvidos?
— Nós também não tivemos relações sexuais — disse Jake. — Pelo menos, não um com o outro.
— Mas somos mais velhos e mais maduros que eles. Isso deve valer de alguma coisa.
Jake avaliou o dilema.
— Nós dois crescemos no mesmo lar, com os nossos irmãos. Você não acha que, se o sexo for bom entre nós ele provavelmente também o será entre Sam e Emma?
— Está sugerindo que façamos sexo para podermos usar a nossa experiência com eles? E se for realmente bom?
— Oh, eu tenho certeza de que será — disse Jake.
— Por quê?
— Por causa do que sinto quando você me toca e do modo como reage ao meu toque. Seria maravilhoso. Talvez Sam e Emma também tenham essa mesma sensação.
Jake tomou o rosto dele entre as mãos, acariciando o lábio inferior com o polegar. Caleb fechou os olhos e jogou a cabeça para trás à espera do beijo. Ele se conteve, como se quisesse provar alguma coisa. Inclinou-se então, roçou os lábios nos dele.
— Está vendo? Basta eu beijá-lo para você amolecer todo.
Caleb sorriu para ele, deslizando a mão pelo seu peito dele até chegar à cintura, e roçou os nós dos dedos no zíper do jeans apertando levemente.
— E você, então? Basta eu tocá-lo para acontecer justamente o contrário.
Jake gemeu.
— Eu não penso em outra coisa a não ser levá-lo de volta para a minha cama desde a noite passada. Se eu tivesse que esperar mais um dia para poder tocá-lo outra vez, acho que abriria um buraco no gelo e pularia dentro d'água.
— Não faça isso — provocou Caleb. — A água está muito fria. Acabaria encolhendo. Seria uma pena.
A gargalhada de Jake ecoou por entre as árvores.
— Você sempre fala com os seus homens desta maneira?
— Nesse momento, você é o único homem da minha vida. Eu me sinto à vontade com você. — Ele respirou fundo. — Nós não nos vemos há 11 anos e é como se nada tivesse mudado. E, ao mesmo tempo, tudo mudou.
— Eu sei — disse Jake. — Mas isso não é tão mau assim. — Ele o beijou novamente. — Quer dizer que não estamos mais brigados?
— Eu não consegui dormir ontem à noite — disse Caleb, recostando-se no capo do carro.
— Eu também não. — Jake pousou as mãos na cintura dele e o fitou nos olhos. — Você sabe que não pode viver sem mim.
— Eu sei é que não vou conseguir tirar o meu carro da neve sem você.
Jake deu um passo para trás e avaliou com cuidado a tarefa que tinha à frente. O som de outro carro se aproximando, porém, chamou-lhe a atenção. Uma viatura de policia parou do outro lado da estrada.
— Achei mesmo que era você — disse o policial — O que houve, Caleb?
— Olá, Jeff— disse ele, acenando para ele. — Eu não estou acostumada com a neve. Derrapei na curva e, quando vi, estava atolada no banco de neve.
— Eu tenho uma corrente no carro. Vou tirar você daí num instante.
Caleb lançou lhe um sorriso deslumbrante.
— Isso seria realmente maravilhoso.
— Eu estou aqui para servir — disse Jeff com um sorriso malicioso. Depois olhou para Jake e fez um meneio de cabeça. — Pode ir embora, amigo. Eu vou ajudar a senhor.
Caleb voltou-se para Jake.
— Isso vai nos poupar bastante tempo. Foi muita sorte ele ter aparecido, não é?
Jake sentiu uma onda de ciúme atravessar-lhe o corpo e ficou atordoado. Lembrou-se de ter sentido a mesma coisa quando era mais jovem, quando o vira olhar para outros rapazes, mas achava que já havia superado isso.
— Vocês se conhecem?
— Esse é Jeff Wilson. Você também o conhece. Ele trabalhava na marina. É chefe de polícia agora.
— Jeff Wilson?
Wilson era considerado o Casanova da escola. Os garotos se jogavam aos pés dele e, de acordo com os boatos, ele normalmente os deixava de lado depois de leva-los para a cama para seguir em busca de novas conquistas.
— Sim, eu me lembro dele.
— Ele me parou na noite em que eu cheguei. Eu estava falando ao celular. Ele me liberou apenas com uma advertência.
— Você não pode sair com ele.
Caley arfou.
— Ele não me convidou para sair.
— Mas pretende. Posso ver isso nos olhos dele. E você não pode sair com ele. Ele é um sedutor.
— Eu não preciso mais dos conselhos que você me dava quando éramos mais novos, Jake. Já estou bem grandinho agora e posso cuidar da minha vida sozinho.
— Eu fazia isso porque você era ingênuo demais para perceber o que os rapazes realmente queriam de você.
— Não é de admirar que eu tenha permanecido virgem até entrar para a faculdade. Eu já estava ficando complexado. — Ele se deteve. — Agora sei exatamente o que você também quer. Está vendo como eu aprendi a lição? Ele balançou a cabeça. — Primeiro você tenta me convencer a ir para a cama com você, e depois age como se fosse o meu irmão mais velho.
— Eu não quero ser o seu irmão mais velho.
— Então pare de me dizer como eu devo me comportar.
— Bem, pelo que vejo, você não precisa mais de mim, nem dos meus conselhos. O oficial Jeff pode cuidar de todas as suas necessidades, tanto as automotivas, quanto as demais.
— O que é isso? Você está com ciúmes?
A acusação doeu, apesar de verdadeira. Jake tomou o caminho da estrada e Caleb o seguiu, tropeçando num buraco. Ele o agarrou pela cintura e o ajudou a caminhar pela neve.
— Eu tenho que experimentar o meu smoking, Vejo-o depois. Boa sorte com Emma.
— Jake, eu...
— Nos falamos depois — repetiu ele.
Ele entrou no caminhão e seguiu na direção da cidade. O que será que ele via de tão fascinante em Caleb Lombardi que o fazia ir contra tudo o que acreditou a vida toda? Ele parecia eternamente disposto a exasperá-lo. Ele definitivamente não queria agir como um irmão mais velho! Tinha interesses muito mais carnais em relação a ele e queria que ele o enxergasse como homem. Não desejava que ele se esquecesse do passado comum entre ambos, afinal era aquilo que tornava as coisas tão fáceis entre eles. Só esperava que ele percebesse que eles não eram mais crianças. Que as coisas tinham mudado. Que ele mudara e estava pronto para dar a ele tudo o que ele tinha desejado dele, anos atrás.
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— Aonde ele vai com tanta pressa? — Perguntou Jeff.
Caleb ficou olhando para o caminhão de Jake que rugia pela estrada coberta de neve.
— Ele tem um compromisso na cidade — murmurou ele.
Jeff franziu atesta.
— Jake está correndo muito. Tem sorte de eu não sair atrás dele para lhe aplicar uma multa. — Jeff, então deu a volta no carro e prendeu a corrente no para-choque traseiro. — Você e ele estão...
— Juntos? Não — disse Caleb. — Somos apenas... bons amigos.
— Você sabia que ele ameaçou me dar uma surra se eu tentasse alguma coisa com você no nosso encontro?
— Parece que você não tinha tanto medo dele assim, afinal.
Jeff sorriu.
— Eu sabia muito bem por que você tinha saído comigo. Não era difícil perceber o que acontecia entre você dois. Ele deixou tudo muito claro.
— Nunca houve nada entre nós. Ele era apenas uma espécie de irmão mais velho.
— Pois eu acho que não. Tenho certeza de que ele estava apaixonado por você.
A revelação deixou Caleb atordoado. Como é que ele poderia ter concluído tanta coisa com apenas um aviso? Jake tinha admitido a mesma coisa, mas ele havia achado que ele só o estava provocando. E se os sentimentos de Jake fossem muito mais profundos do que ele jamais tivesse suspeitado?
Jeff enganchou a corrente na caminhonete e foi movimentando o veículo lentamente. Pouco depois, o carro de Caleb começou a se mover enquanto era gradualmente puxado de volta para a estrada.
— Ótimo! — gritou ele.
Jeff estacionou e caminhou até a frente do carro alugado para examiná-lo.
— Nenhum estrago — disse ele.
— Obrigada. Eu tive muita sorte por você ter aparecido.
— Há uma ótima banda tocando amanhã à noite no Tyler's. Nós podíamos jantar juntos e depois ir para lá. Quero dizer, isso se você não tiver nenhum compromisso com a sua família. Eu prometo que não tentarei nenhuma gracinha.
Caleb hesitou. Não havia absolutamente nenhuma faísca entre ele e Jeff, e ele não queria lhe dar falsas esperanças.
— Eu estou tentando passar algum tempo com a minha irmã.
— Sim, ouvi dizer que ela vai se casar. Sua mãe me contou quando eu a encontrei na cidade ontem.
— Talvez Emma e eu passemos por lá — disse ele. Uma saída com a sua irmã talvez fizesse com que Emma reconsiderasse a ideia do casamento. O Tyler's era conhecido como o paraíso das mulheres e dos gays solteiros.
— Eu conheço o segurança de lá. Basta que você lhe diga o seu nome que ele o deixará entrar.
Caleb olhou pelo retrovisor enquanto se afastava. Jeff Wilson era um rapaz atraente. Ele devia ter ficado lisonjeado por ter atraído a atenção dele, mas o fato é que ele não mexia nem um pouco com seu coração.
Seu celular tocou, mas ele decidiu não atendê-lo. Pela primeira vez em toda a vida profissional, Caleb não quis pensar em trabalho. Tudo o que queria era ser deixado em paz, ao menos por um dia. O trabalho podia esperar.
Ele voltou a pensar em Jake. E se eles fizessem sexo e aquela fosse a experiência mais maravilhosa que pudesse ter? E se ele se apaixonasse por ele novamente? Caleb estava muito mais forte agora, mas Jake tinha a capacidade de fazê-lo perder o contato com realidade e a razão.
Ele respirou ofegante. Embora fosse atemorizante, o poder que ele tinha sobre ele era também libertador. Quando estava ao lado dele, ele se soltava e se divertia. Pela primeira vez, desde a adolescência, Caleb se sentia ansiosa para levantar na manhã seguinte. Jake sempre tivera um peso nas escolhas que ele havia feito. Estudara na Universidade de Nova York porque achava que isso o impressionaria, e conseguira um emprego como relações públicas porque ele lhe havia dito "certa vez" que ele era bom em resolver problemas.
E onde é que aquilo tudo o havia levado? Caleb suspirou. Exatamente ao ponto de partida, só que, desta vez, ele também o queria e ele detinha o controle da situação.
Já era quase meio-dia quando ele chegou no hotel. Não havia ninguém na recepção, mas Emma o esperava no salão, à mesa, com uma pasta aberta nas mãos.
— Seu mano chegou — disse Caleb, puxando uma cadeira.
Emma ergueu os olhos, sorrindo.
— Que bom. Estou precisando de alguém que me fale de outra coisa que não flores, música e velas!
Caleb sentou-se e tomou a pasta das mãos da irmã dando uma olhada na lista de afazeres.
— Quanto à música... O que você acha de "Ode à alegria" para a cerimônia? Acho que rosas vermelhas ficariam excessivas com o seu buque. Branco seria mais apropriado. As velas poderiam ser aquelas com perfume de baunilha que a mamãe adora. Pronto, foi fácil.
Emma piscou, surpresa.
— Caleb Lemos Lombardi! Você não pode decidir as coisas assim tão rapidamente. Tudo isso tem de ser discutido.
— Com quem? Sam? Ele não se importa.
— Era por isso que nós queríamos fazer uma coisa simples. Algo de que eu pudesse dar conta. Mas eu não quero tomar nenhuma decisão apressada só para me livrar do problema. Quero que este casamento seja perfeito. Assim como Sam também quer.
— Quer dizer que você tem que discutir tudo com ele?
— Não. Ele deixou os detalhes por minha conta.
— Que estranho. Você sabe como são os rapazes da família Bragas. Todos uns mandões, querendo controlar tudo.
Caleb viu que Emma estava ficando preocupada. Ela continuava olhando para os papéis, como se todas as respostas estivessem contidas ali. Caleb não pôde deixar de sentir-se um pouco culpado. Aquele casamento, porém, ia mudar a vida de Emma e ele precisava saber se a irmã estava preparada.
— Se a cerimônia não for perfeita, o casamento não dá certo.
Emma franziu a testa.
— É verdade? Essa é alguma superstição que eu não conheço?
— Você está se casando com o rapaz perfeito, portanto o restante vai ficar perfeito também. Vocês já resolveram a questão da motocicleta? Eu não cederia quanto a isso. Se o fizer, ele tirará proveito da situação e pensará que pode controlá-la.
— Ele não quer conversar sobre isso. Disse que a decisão é dele.
— Emma, as coisas só vão piorar depois que vocês estiverem casados. — Caleb estremeceu. Era doloroso ter de dizer aquilo, mas talvez fosse essa a razão de ele não estar casado. Talvez houvesse mesmo alguma verdade naquilo que ele mesma havia dito. Caleb tomou a mão de Emma entre as suas. — Você está realmente preparada para isso?
— Eu pensei em adiar, mas acabei desistindo. Todo mundo ficaria muito decepcionado.
— Isto só diz respeito a você, e não ao papai ou à mamãe — disse Caleb.
— Mas como é que eu posso ter certeza? O que eu devo sentir?
— Paixão, felicidade, expectativa. Você vai passar o resto de sua vida com este homem. Tem que saber que, daqui a 30 anos, quando você olhar para Sam do outro lado da mesa, ele terá sido e será o único homem no mundo para você. — Caleb recostou-se na cadeira. — Emma, se você decidir cancelar a cerimônia eu o apoiarei e o ajudarei a explicar tudo ao papai e à mamãe. Emma se forçou a sorrir.
— É isso que você faz para ganhar a vida, não é? Passar uma bela fita em torno dos desastres e fingir que eles nunca existiram.
— Isso não seria um desastre, — insistiu Caleb — mas um divórcio em dois ou três anos, sim. As famílias iam ser obrigadas a tomar partido e isso destruiria para sempre uma amizade tão antiga.
Emma balançou a cabeça.
— Não seja ridículo. Eu não vou cancelar nada. Só estou um pouco nervosa. Por que você não pede o nosso almoço? Eu vou dar um pulo no meu quarto e pegar a pasta do florista para escolhermos os buquês. Preciso dar uma resposta a ele ainda esta tarde.
Emma saiu apressada e Caleb balançou a cabeça lentamente. As dúvidas dele ainda não tinham sido dissipadas. Na verdade, só haviam aumentado. Emma não estava pronta para se casar, mas também não era suficientemente forte para tomar a decisão de cancelar tudo por conta própria. Jake teria de conversar com Sam para convencê-lo a tomar a decisão.
Caleb pegou a pasta de Emma e a abriu novamente. Estava repleta de recortes de revistas. Era óbvio que Emma vinha planejando aquele casamento há muito mais do que um mês e meio. Algumas fotos tinham pelo menos uns cinco anos. Será que Emma havia escondido uma paixão secreta por Sam durante todos aqueles anos? Se fosse esse o caso, tentar convencê-la a esperar seria muito mais difícil do que ele havia previsto. Caleb fez um gesto para a garçonete e se levantou.
— Será que você pode avisar a minha irmã que eu tive que resolver uma emergência e que estarei de volta à tarde?
Ele teria de trabalhar de forma coordenada com Jake. Caleb já estava com o celular na mão quando se deu conta de que nem sequer tinha o numero de Jake.
Correu então até o alfaiate, onde ele deveria estar experimentando o smoking. Havia apenas um lugar na cidade que os Irmãos Braga alugavam roupas. Caleb olhou para o carro estacionado em frente ao hotel e decidiu que seria mais rápido ir a pé. Ao chegar, estava esbaforido. Foi até o fundo da loja e encontrou um senhor idoso com uma fita métrica ao redor do pescoço.
— Jake Braga está aqui? — Perguntou ele.
— Ele está se trocando. Vai sair já, já.
Caleb foi até o provador, abriu a porta e entrou, decidido. Jake estava de cueca em frente ao espelho, vestindo apenas uma camisa social. Ele sorriu ao vê-lo pelo espelho.
— Você tem um ótimo quarto no hotel e eu estou muito bem instalado na casa dos barcos. Por que então continuamos a nos encontrar em lugares tão impróprios?
— Precisamos conversar.
Ele se virou lentamente, fazendo-o perder o fôlego A camisa estava parcialmente desabotoada, deixando entrever o peito musculoso. Os dedos de Caleb se contraíram ao imaginar como seria sentir aquela pele quente outra vez.
Jake o agarrou pelo pulso e colocou a palma da mão dele sobre o próprio peito.
— O que há de tão importante?
Ele arrastou a mão de Caleb até a barriga, e então a pousou perto do cós da cueca.
Ele passou o polegar até o quadril, por baixo da tira azul. Caleb passou as mãos novamente pelo peito de Jake, vendo a ereção despontar cada vez maior. Ele o puxou para perto de si e o beijou, agarrando-lhe sua bunda e puxando-o para esfregar em sua ereção. Ele então tomou o pau dele na mão, fechando os dedos em torno dele, Ele mudou seus quadris, deslizando seu pênis mais-que-interessado contra a coxa de Jake.
— O que você está fazendo?
— Não sei ao certo — disse Caleb.
E não sabia mesmo, apenas seguia instintos.
— Como ficou? — perguntou o vendedor.
— Encaixou muito bem — respondeu Jake, com os olhos fechados, e não estava falando das roupas.
— Posso ver?
— Não! — disseram ambos.
Jake olhou para ele com olhos apaixonados e sorriu.
— Foi para isso que você veio aqui? Para me atormentar?
— Eu vim conversar sobre Emma — admitiu ele, dando-se conta do quão longe tinha ido.
Caleb continuou passando a mão no membro de Jake, apertando a ponta.
— Não — cochichou ele, roçando os lábios nos dele. — Eu sinto muito por ter agido como um idiota mais cedo. Estava fora de mim. Você me desculpa?
— Por quê?
— Pelo que eu disse. Pela maneira como agi com você. Por ter sido um idiota e ter deixado você na estrada com Wilson. — Ele respirou fundo e gemeu. — Se você continuar fazendo isso, eu vou acabar perdendo o controle.
— Desculpe — disse Caleb. — Podemos continuar mais tarde?
— Talvez seja o melhor a fazer. Não quero que a nossa primeira vez aconteça num provador.
Ele olhou para baixo.
— Isso, definitivamente, vai afetar as medidas das roupas.
Caleb riu. Ele nunca havia conseguido se soltar de verdade entre quatro paredes. O sexo sempre fora algo tenso, cheio de expectativas, diversas delas jamais saciadas. Mas havia a certeza de que com Jake seria diferente.
— Devo ir embora?
— Não, eu só preciso de alguns minutos para focar minha atenção em outra coisa.
— O nosso plano — disse ele. — Eu conversei com Emma e não acho que ela esteja pronta para dar um passo tão grande, mas ela não vai conseguir cancelar o casamento.
— Eu não quero falar sobre eles. Quero conversar sobre nós. Que tal esta tarde? Eu tenho uma coisa para mostrar a você.
Caleb baixou os olhos e então os revirou.
— Você só pensa em sexo.
— Não é verdade. — Ele o agarrou pelos ombros e o virou. — Deixe-me cuidar disso primeiro.
Ele abriu a porta do provador e o colocou para fora.
O vendedor fez uma careta de desaprovação.
— Eu vou esperar lá na frente — disse-lhe Caleb com um sorriso forçado, mas a expressão do homem não se alterou.
Jake o encontrou na frente da loja, pouco depois. Segurou a mão dele e seguiu em direção à rua. Caleb se virou para ele.
— Você tem que parar de me fazer agir assim — disse ele.
— Mas você sempre foi tão ousado — respondeu ele. — O que aconteceu?
— Eu cresci — disse Caleb. — Para onde é que estamos indo?
— Eu pensei melhor — provocou Jake. — Você perdeu sua coragem. Não sei se este Caleb vai ser capaz de fazer o que eu tenho em mente.
Ele sorriu e jogou os braços ao redor do pescoço de Jake, beijando-o profundamente. Á língua deslizou por entre os lábios dele.
— Eu só estou um pouco destreinado — disse ele. —A única ousadia que tenho cometido ultimamente é comer chocolate todos os dias.
Jake o beijou outra vez e então o puxou para o caminhão.
Caleb iria ser a sua perdição
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