Inacreditavelmente, a voz nada mais era do que a do homem ao qual, horas antes o segurava pelo braço no banheiro da faculdade. Mas nem morto eu entro nesse carro, pensou ele.
- Entra rapaz! A chuva está cada vez pior.
Ele pensou: que cara maluco! Quase me agrediu e agora se faz de bondoso? Eu hein!
Mas naquelas circunstâncias, ele não tinha muita escolha, pois a chuva só piorava. Resolveu aceitar e deu a volta sobre o carro, sentando no banco da frente, com a roupa molhada e as gotas de água escorrendo por seu rosto angelical.
Os dois se olharam em um breve silêncio...
- Prazer, meu nome é Nicolas! – ele estendeu a mão.
- Prazer, Eduardo!
Ele ainda não sabia se tinha feito a coisa certa em ter aceitado a carona do outro. Seus pensamentos se confundiam ao mesmo tempo em que ele observava cada detalhe do Nicolas. Jamais tivera feito uma análise tão minuciosa de alguém, mas não sabia explicar o porquê, daquele homem lhe causar um efeito intrigante.
- Você não precisava ter se incomodado. Eu agradeço a gentileza, mas não quero atrapalhar o seu trajeto. – disse ele olhando para frente.
- Você não está atrapalhando, e afinal de contas, não podia ficar naquele ponto de ônibus, numa chuva dessas... – Qual é a sua idade? – Nicolas se virou para encará-lo.
- Não acha que esta pergunta é um pouco íntima demais? Há poucas horas você me ameaçou no banheiro da faculdade, e agora quer saber a minha idade? Afinal, quem é você? Porque eu nunca te vi por lá! – Eduardo era esperto, audacioso e não se deixava enganar fácil.
- Para um garoto que deve ter no máximo 20 anos, você é bem birrento. – ele respirou fundo. – Eu sou o novo coordenador do curso de Direito e pelo visto, é o curso que você faz, não é mesmo?
Ele ficou sem resposta! Coordenador? Como assim? – perguntou-se. Nicolas poderia acabar com o sonho dele em se formar como Advogado, pois ele havia o mandado se ferrar, entre outras coisas mais.
- Ai meu Deus! Você é o novo Coordenador? Digo, o senhor?
- Calma! Não precisa fazer esta cara de espanto. Sei que no primeiro momento, tivemos uma desavença, mas nada que não possa ser corrigido, não é mesmo?
- Sim, claro! Olha, eu fui mal educado, eu devia ter ajudado com os papéis... Mas é que se eu perdesse mais um minuto do meu tempo, eu não faria a prova. Por isso que saí feito um louco e só consegui te pedir desculpas... – ele baixou a cabeça e seu tom de voz era sereno.
- Eu acredito em você. Como eu havia dito pra você, fiz uma pesquisa sobre a sua ficha na Faculdade e vi que você é um rapaz exemplar e com notas altas... Parabéns!- os olhos castanhos claros do Nicolas brilhavam com a pouca luz do tempo, e ele lançou um sorriso largo que ressaltava ainda mais a sua beleza... – Amigos?
- Amigos! – Eduardo sorriu meio sem jeito e ainda envergonhado por ter xingado o seu coordenador.
Eles enfrentaram alguns engarrafamentos no trânsito, e o Nicolas fez questão de levá-lo até a sua casa.
- Não precisa se incomodar. Eu já consigo ir a pé daqui. Não quero atrapalhar o senhor, pois vai demorar a chegar em casa, e a sua mulher pode não gostar.
- Primeiro meu caro Eduardo, me chame de Nicolas ou você. Segundo, eu moro sozinho, quer dizer, eu e minha empregada, pois sem ela eu não seria ninguém.
Ambos riram.
- Você me parece ser bem novo. Jamais passaria pela minha cabeça que seria um coordenador. – Eduardo por um momento, hesitou em olhar para ele, pois dentro de si, ao estava conseguindo manter o equilíbrio emocional, e não sabia explicar tal sensação.
- Você me acha novo? – Por mais que ele não quisesse ao menos o Nicolas fazia questão de encará-lo a todo o momento. – Tenho 30 anos, e com essa barba, as pessoas devem achar que tenho 40. – ele sorriu de forma sexy.
- Não exagere! Seu rosto é de um homem novo. – eles iam se aproximando da casa do Eduardo. – Mais uma vez te peço desculpas e nem sei como te agradecer pela carona. Confesso que já estava ficando com fome, parado naquele ponto. – ele riu. – Quer entrar e almoçar com a minha família? – ele se mostrou educado.
- Obrigado! Fica para uma próxima. Me lembra de recomendar à vocês alguns livros ótimos sobre Direito. Bom, está entregue. Juízo hein rapaz...
- Pode deixar! Tchau. – ele desceu do carro e ficou observando o outro partir.
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- Olá família. Mãe que cheiro bom é esse? Seu filho está faminto. – ele passou na cozinha, deu um beijo carinhoso na mãe, que estava a beira da pia, cortando legumes.
- Estou fazendo uma comida especial para o seu pai. Ele vem almoçar em casa hoje.
- Que ótimo mãe! Eu vou tomar banho e ficar no quarto. Quando estiver pronto, a senhora me chama?
- Claro meu amor! Vá se refrescar um pouco.
E assim ele o fez. Jogou a mochila na cama, e tirou a roupa, para um banho demorado. Eduardo, por ser tão afastado das pessoas, não tinha muita experiência sobre sexo, nem na teoria e nem na prática, o que fazia ser diferente dos outros. Mas ele não sentia vergonha disso. Nunca foi de seguir opiniões alheias e sim, formas as suas próprias opiniões...
Ele mergulhou seus longos cabelos loiros debaixo do chuveiro e sentiu cada gota de água, expulsar toda tensão que a prova lhe causara. Por uns instantes o rosto do Nicolas lhe veio à memória e junto a ele, uma excitação que o deixou arrepiado. Aos poucos ele ia se tocando, deixando-se envolver pela voz, pelo sorriso, pelo corpo do Nicolas... Era uma sensação única e que estava lhe fazendo bem. Iniciou uma masturbação debaixo do chuveiro, e com os olhos fechados, pensava somente no homem que acabara de conhecer. As tensões iam aumentando e desesperadamente ele pôs para fora todo o seu sêmen, num gemido alto e perturbador.
- O que está acontecendo comigo? – ele se perguntava ao mesmo tempo em que as suas energias se perdiam com a água.
CONTINUA...