A Ilha - Cap 1

Um conto erótico de LuCley
Categoria: Homossexual
Contém 1931 palavras
Data: 01/07/2016 00:16:44
Assuntos: Gay, Homossexual

Voltei!! Espero que gostem e comentem. Obrigado pelo carinho de sempre. ;)

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— será que você pelo menos pode me deixar explicar?

— pai, não importa. Eu não vou! Simples assim.

— você as vezes é tão teimoso.

— sou igual a você. A mamãe sempre falava.

Ele ficou em silêncio. Eu não deveria ter falado da mamãe. Era difícil pra ele. Eu já havia superado a perda, mas ele ainda não.

Meu pai era gerente de um Banco no Continente e acabara de ser promovido. Nossa discussão era por ele querer me arrastar como se eu fosse uma mala, mas eu não queria ir, não dessa vez.

Desde os meus quinze anos fui obrigado a fazer tudo que ele mandava e desde a morte da minha mãe, nessa mesma época, passamos a morar cada ano em um lugar diferente.

Eu tinha acabado de fazer vinte e três anos. Arrumei emprego em um escritório de advocacia e tinha acabado de me formar. Eu estava feliz com minha vida, feliz com o fato de não precisar mais depender do meu pai, mas ele sempre dava um jeito de me levar pro seu lado.

— Éric, você é a única pessoa que eu tenho nessa vida.

— pai (suspirei) você não tem o direito de fazer isso comigo. Não faça chantagem.

— tudo bem. Faça como quiser.

— já se passaram oito anos, pai. Você precisa superar... saí dessa depressão.

— assunto encerrado.

Ele virou as costas e saiu. Era o quê ele sempre fazia todas vezes que eu mencionava seu estado depressivo.

Fiquei sem saber o quê fazer. No fundo eu tinha medo de deixá-lo sozinho.

Fui até seu quarto e bati. Ele me deixou entrar, mas disse que se fosse pra falar da minha mãe era melhor eu desaparecer. Prometi nunca mais tocar no assunto, desde que ele me prometesse tomar uma atitude sobre sua vida.

— o senhor tem o poder...

— que poder?

— de mandar em mim.

— eu não mando em você, só quero você por perto. Só isso. Você vai?

— sim, eu vou. Mas terei que arrumar outro emprego... que droga isso.

— não precisa. Eu mexi alguns pauzinhos e tem um escritório te esperando na Ilha.

— ah, que ótimo.

— isso foi sarcasmo! Estou vendo na tua cara. — ele começou a rir e eu também.

— foi, mas eu agradeço que tenha pensado nisso de uma forma proposital. Você já tinha até me arrumado emprego...

— não fique assim...eu amo você, quero seu bem, mas não quero ficar longe e preocupado.

— e se eu tivesse um namorado aqui no Continente?

— eu o levaria também. Você sempre teve uns namorados bem legais.

— é...sempre tive. Sorte a minha.

Nos mudamos para a Ilha no final de agosto. O Banco custeava o aluguel da casa que morávamos e isso favorecia bastante meu pai. Além de não precisar pagar aluguel, meu pai ainda recebia todo o mês uma boa quantia pelo aluguel da nossa casa no Continente.

Consegui o emprego que ele havia deixado engatilhado e trabalhava das sete da manhã às cinco da tarde.

O horário era excelente. Eu saía do escritório e corria na praia antes de ir pra casa.

Com o tempo a Ilha foi me conquistando e pude perceber o quão cinzento era o Continente. Até minha renite tinha melhorado com o ar mais puro da Ilha. Meu pai também estava começando a se adaptar e seu humor melhorando bastante, ainda bem.

Cheguei em casa por volta das sete da noite e meu pai preparava o jantar. Lavei as mãos e fui ajudar a preparar a salada quando ele disse que era pra eu procurar outra coisa pra fazer. Ele odiava quando eu me intrometia em sua busca por novos sabores. Eu adorava vê-lo cozinhando com tanto carinho e isso o fazia bem. Me sentei na banqueta giratória e ele abriu uma garrafa de vinho de sei lá...uns cem anos (brincadeira).

Ele nos serviu. Queria saber porquê eu ainda estava em casa em uma sexta-feira a noite. Perguntei o mesmo pra ele.

— não me devolva a pergunta, mal educado.

— hahah, ta...okay...É que não vejo sentido eu sair sozinho. Sabia que eu sou o único gay daquele escritório?

— e o quê tem isso haver?

— nossa, pai. Eu só conheço o pessoal de lá e não tenho intimidade com ninguém ainda. Eles me respeitam e tal, mas sempre tem o "Mas".

— odeio o Mas.

— eu também. Talvez ninguém queira sair com um cara que goste de "bater cabelo" por aí.

— você é um cara incrível, sabia? — ele sempre arranjava um jeito de dizer que eu era importante.

— obrigado, pai. Talvez eu saia...só pra conferir o quê a Ilha tem de bom.

— tem uma boate no centro. Sempre passo em frente quando vou pro Banco. Vai lá. Se quiser, eu te levo.

— tudo bem. Não quer entrar comigo?

— talvez na próxima.

— tá prometido.

Jantamos e fui tomar banho. Assim que terminei de me arrumar meu pai apareceu no meu quarto e perguntou se eu tinha dinheiro.Disse que pouco e me deu mais um tanto, agradeci a gentileza e ele me levou.

Tinha uma fila enorme em frente a boate e me arrependi em ter ficado. Meu pai já tinha sumido no fim da avenida e fiquei ali, parado feito uma estátua, esperando algum segurança ir com a minha cara e me jogar pra dentro.

Depois de meia hora eu estava cansado de esperar quando vi o Mauro, filho de um dos sócios do escritório e também advogado, vindo em minha direção. Nos cumprimentamos e disse que estava indo embora pois a "casa" estar lotada. Ele sorriu e pediu que eu esperasse.

Depois de cinco minutos ele voltou e me chamou pra entrar.

Até que o lugar era bacana e a música era boa. Ele me convidou a beber e agradeci. Fomos pro bar e umas garotas vieram até ele e acabei o deixando sozinho com as garotas e fui beber.

Pedi uma dose de tequila. Fiquei olhando o pessoal dançar e tinha uns carinhas bem bonitos conversando num canto. Pensei em ir até eles, mas o Mauro apareceu e pedi uma dose pra ele também.

— primeira vez aqui né? — ele disse aos gritos por conta da música alta.

— sim. Até que é animado.

— bom que gostou. A "casa" é da minha família.

— hahah, sério? Que bom que gostei, mesmo.

— hahah, imagina...tem nada haver. Eu não gosto. Venho pra dar uma checada, ver se não está cheia demais.

— é importante...por causa da segurança do pessoal.

— é, mas me diz aí... está gostando do escritório? Já faz um mês, né?

— estou gostando sim. O pessoal é gente boa. Me respeitam muito.

— e porque não haveria de respeitar?

Ou ele não sabia que eu gay, ou ele queria ter certeza. De qualquer forma, eu respondi sem titubear. Eu tinha orgulho de quem eu era e não era vergonha alguma.

— eu sou gay. Entende?

— ah, sim...eu já sabia. Bom, não que eu fique especulando, mas o pessoal comenta.

— comenta?

— sim, mas calma...não falam mal de você. Só comentaram que você era gay e que veio do Continente.

— hum...tudo bem...eu não ligo.

— qual sua idade?

— vinte e três e você?

— quarenta.

— jura? — disse com a voz meio afetada.

— rsrs, sim. Qual o espanto?

— não... nada...é...que..bom, você está muito bem...digo, fisicamente...

— obrigado. Você também... é...muito bonito.

Nessa hora eu fiquei sem palavras e ele também. Pedi uma dose a mais pra cada e ficamos em silêncio por um tempo.

Tocava uma música e eu adorava e perguntei se ele queria ir dançar e muito e educadamente ele disse que não, mas que era pra eu ir.

Fui pra pista e me enturmei com um grupinho animado e fui me soltando aos poucos. Eu estava até que gostando e começando a ficar cansado.

Olhei em direção ao bar e o Mauro não estava mais lá. Fiquei chateado, me senti um idiota por tê-lo deixado sozinho.

Fui pagar a conta e o bar man disse que minha consumação aquele dia era por conta da casa. Perguntei pelo Mauro e ele, enfiando a mão no bolso, me entregou um pedaço de papel. Abri com cuidado e comecei a ler.

" foi um prazer conversar contigo. Nos vemos. Um grande abraço. Mauro".

Pedi mais uma dose de tequila ao bar man e guardei o bilhete no bolso do casaco. Resolvi ir embora de repente e peguei um táxi.

Chegeui em casa e meu pai dormia no sofá da sala. Reclamou por eu ter chegado tão cedo, mas não liguei e me sentei com ele no sofá.

— não gostou de lá?

— gostei. É bem legal, mas não estava tão afim.

— conheceu alguém?

— é...conheci, mas não se empolgue porque não rolou e nunca vai rolar.

— muito novo?

— hahaha...quarenta.

— que isso... o cara tem quase a minha idade. Digo...eu tenho quarenta e sete, mas ta na casa dos quarenta.

— qual o problema? Eu me sinto muito mais seguro com um homem mais velho.

— tudo bem...mas você nunca namorou ninguém a sério com essa idade.

— mas já fiquei.

— como assim? To gostando disso não...

— hahaha. Pare, pai...eu vou dormir.

— boa noite, meu filho.

— boa noite.

Domingo bem cedo fiz uma caminhada pela Ilha. Fui até a praça do Três Reis e voltei pelo mesmo trajeto até a Banca do Seu Adolfo. Comprei o jornal. Fiz uma pequena prece pelas vitimas de um acidente de ônibus que trafegava pelas rodovias do Continente e depois me permiti tomar uma água de coco no quiosque do Amadeu.

Eu olhava o mar. Estava completamente distraído me enchendo de ar quando ouço uma batida. O estrondo me despertou de imediato e olhei para trás. Corri em direção aos carros. Seu Amadeu me seguiu e disse que o carro branco havia furado o sinal e acertando em cheio o carro preto. Vi quando os motorista só carro vermelho saiu cambaleando e caindo no chão. Peguei o celular e liguei para a emergência. Seu Amadeu foi socorrer o cara que parecia estar bem, mas tinha algumas escoriações.

A Ilha inteira parecia deserta na manha de domingo. Quase não se via pessoas nas ruas. Notei que o outro motorista não havia saido do carro e corri até ele. Os vidros eram escuros e não podia se ver ao certo quem estava no volante, mas seja quem era, estava desacordado. Arrisquei abrir a porta e por sorte estava destravada.

Eu gelei, meu coração acelerou e entrei em desespero quando vi o Mauro com o rosto no volante. Ele estava sem o cinto de segurança e ouvi a ambulância chegando. Foram rápidos. Eu gritei, disse que o Mauro estava desacordado e perguntaram se eu conhecida a vítima. Disse que sim, mas eles não me deixaram terminar de falar e me enfiaram ambulância adentro.

Liguei para o meu pai e expliquei toda a situação.

— pra onde vocês estão indo?

— pro Hospital São Rafael.

— estou indo pra lá.

— obrigado, pai.

Assim que chegamos me mandaram assinar uma papelada. Levaram ele e o médico de plantão perguntou quem eu era. Um amigo, disse e pediu que eu esperasse que logo me dava notícias.

Peguei meu celular e com o maior jeito do mundo, liguei para o pai do Mauro, meu chefe. Ele atendeu e perguntou o que eu queria em uma manhã de domingo que não podia esperar até segunda.

— não é assunto de trabalho Seu Ivan. Eu preciso que o senhor me escute e que fique calmo.

— o que aconteceu? Você está nervoso...

Contei o ocorrido. Disse onde o Mauro estava e ele disse que já estava a caminho.

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Continua...

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Comentários

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Lucley,adorei essa nova postagem. Vc escreve muito bem. Sobre os contos Meu chefe e Destino, terão mais capítulos? Rsrs. Abraço!

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Ja amei o primeiro capitulo. que venha o proximo

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Tens muito jeito para escrever ;)

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Gostei, parece mais um conto promissor teu. Abraços.

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Gostei muito!! Gosto de suas histórias, nada de adolescente em escolas e tals, você tem uma particularidade que me fascina, os personagens podem até serem novos, mas são adultos e isso torna a história muito mais incrível de ler.

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