[Íris narrando]
- Doutor Humberto, não poderia ter chegado em uma hora melhor. Eu soube pelo meu informante que eles voltaram. Acredito que eu perdi o meu noivo para sempre.
- Fique tranquila, Íris, pois vou fazer o Ítalo acabar com essa loucura. Como ele pode deixar você por um garoto? Quero pedir desculpas por tudo o que você está passando.
- O senhor não tem culpa alguma. Eu nunca iria imaginar que poderia passar por isso. Eu só espero que tudo acabe bem.
- Se depender de mim, o Ítalo vai acabar com essa sandice logo, logo. Vou fazê-lo voltar a realidade. Você sabe que ele nem me deixou o endereço, nada que eu pudesse encontrá-lo. Sabe onde fica o estúdio?
- Sei sim, doutor Humberto. Vou te dar o endereço dele e o da pousada também, soube que ele só vive lá.
- Me acomodarei no meu quarto. Até mais tarde, minha querida.
Humberto sai.
Ele nem imagina que eu não só quero o Ítalo, mas o que eu também quero. Não é só o Álvaro que pensa em dinheiro.
[Lucas narrando]
- Clarinha, que movimentação toda é aquela ali em baixo? - Via a movimentação pela janela.
- Deve ser algum hóspede novo...
- Não é um simples hóspede, Clarinha, pois a quantidade de malas é exorbitante. Espera um pouco... É a Ingrid! Ela chegou!
- Precisamos vê-la! Nossa amiga está de volta!
Descemos a escade correndo. Ao chegarmos na recepção, quase não reconhecemos a Ingrid. Além de muito mais elegante que o normal, ela estava ruiva. Ela sabe surpreender muito bem.
- Sempre surpreendendo, amiga! - Falei abraçando-a.
- Se eu não chegasse de surpresa e causando espanto, querido, não seria Ingrid Palhares, e sim uma ET, cherry.
- Pelo visto não perdeu o senso de humor, minha bela. - Clara abraçou-a.
- Só melhorei em tudo, Clarinha.
- E onde se encontra o seu noivo?
- Victor, venha, por favor. - O noivo da Ingrid entrou na recepção. - Esse é o Victor Bournon, meu noivo. Não coloquei uma única foto dele nas redes sociais, porque eu queria matar vocês dois de inveja. Eu sou muito melhor que vocês. Se cortem.
- Prazer, Victor! Me chamo Lucas.
- Eu sou a Clara! Prazer!
- O prazer é todo meu! A Ingrid fala muito de vocês. Ela agora vai ter cidadania francesa também. Por isso estamos casando depressa. O visto da Ingrid venceria em breve. Como ela já terminou a especialização, teria que retornar ao Brasil.
- Mas não pensem que só estou com o Victor por interesse, não; muito pelo contrário, pois eu o amo de verdade. O Victor é franco-brasileiro por conta dos seus pais. A mãe dele é francesa.
- Quero te apresentar o meu namorado, amiga. Ele é fotógrafo.
- Namorado?! Perdi muita coisa nesse um ano e meio.
- Antes que você me pergunte, Victor, eu sou gay.
- A Ingrid tinha me falado. Não tenho preconceitos, pois o amor não têm rótulos. Somos nós que o complicamos, com os nossos porquês e os nossos julgamentos.
- Já gostei de você. Vamos tomar alguma coisa? Água de coco? Vamos colocar os pés na areia como fazíamos antigamente?
- Preciso mesmo do sol de Solar. Não é à toa que essa cidade tem esse nome.
- Olha ele aqui... - O Ítalo chegou junto com o Bruno. - Esse é o meu namorado, o Ítalo é o amor da minha vida.
- Cada dia o meu amor por você só aumenta. Já disse que te amo hoje? - Beijou-me.
- Sou a Ingrid, e esse é meu noivo, Victor! Um prazer enorme conhecer o namorado do meu amigo.
- Estou muito feliz por conhecê-los. O Lucas fala muito de como você é especial para ele. Posso me candidatar ao posto de fotógrafo do casamento?
- Bem, nós já providenciamos tudo, porque o Lucas será o padrinho do casamento junto com a Clara. Como ambos estão namorando, você e o Bruno podem fazer companhia no altar. Será uma cerimônia celebrada por um juiz, pois não somos religiosos, mas nós cremos em Deus.
- Sim, claro. Aceito o convite. Adianto que será difícil não tirar nenhuma fotinha.
- Você pode registrar a festa. Vou adorar conhecer o seu trabalho.
- A conversa está ótima, mas vamos aproveitar o dia?
- Sim, eu estou com saudade de tudo o que vivi aqui em Solar.
[Álvaro narrando]
Ao sair da sala do doutor César, fui para o meu apartamento com a promessa do Otávio de que me visitaria. Eu sei muito bem o que teria que fazer com ele. E não demorou muito para que ele chegasse.
Tinha tomado um banho e estava sem camisa. Estava na cozinha quando vi a porta abrir-se e vi ele adentrar em meu apartamento.
- Já estava a minha espera?
- Você falou que viria.
- Vou tomar um banho bem rápido e volto para aproveitarmos nosso dia.
- Sim, vamos aproveitar muito.
Enquanto o Otávio estava no banheiro, peguei uma taça de champanhe e coloquei um pouco de sonífero. Há alguns dias eu estava fazendo isso. O sonífero é tão forte que ele quase não lembra de nada.
Quando ele saiu do banheiro, ele me beijou, fez um oral em mim, mas não avançamos mais, pois o sonífero que ele bebeu com o champanhe rapidamente fez efeito e ele apagou.
Fui até o banheiro e tomei outro banho, além de ter escovado os dentes. Até a voz do Otávio me irritava. Eu tinha que pôr um fim na nossa história: eu vou matar o Otávio.
[Lucas narrando]
Havia se passado uma hora que nós tinhamos saído. Nós jogamos muita conversa fora, corremos na praia, tomamos banho no mar e estávamos nos sentido iguais crianças.
A Clara precisou ir embora com a Ingrid, pois ela iria experimentar o vestido de noiva. O Ítalo recebeu uma ligação da transportadora que havia trazido alguns equipamentos para o estúdio. O Bruno havia ido atender a um pedido do meu pai. Eu iria embora também, mas a Ingrid insistiu para que eu ficasse com o Victor, para nos conhecermos melhor.
Victor é um homem muito bonito. Tem os cabelos castanhos, os olhos claros, é alto. Ele fala português, porque seu pai sempre exigiu que ele falasse as duas línguas.
Ele me contou que conheceu a Ingrid na universidade. A Ingrid fez uma especialização em Design, o que ampliou o seu conhecimento em Arquitetura, sua formação. Apesar de parecer mais jovem, a Ingrid têm 24 anos.
O Victor com 25 anos, também é formado, só que em Contabilidade. Ele me contou que sua família tem um escritório bem requisitado em Paris.
Cansado de andar, encostei-me numa grande pedra na praia. Vi que o jeito do Victor tinha mudado. Seu olhar agora era triste.
- Victor, porquê essa mudança repentina?
- Não me sinto pronto para o casamento.
- Como assim? Estamos na véspera do seu casamento e você diz isso.
- É que há um problema...
- Qual?
- Eu não amo mais a Ingrid.
- Meu Deus! E como você quer casar? Não seria melhor desmarcar?
- Não posso. Eu gosto dela. Tenho esperança que o sentimento possa renascer.
- E se você não conseguir voltar a amá-la? Vai se separar?
- Também não sei. Eu vou te contar o que me prende a ela: a Ingrid descobriu que está grávida. Além disso, ela descobriu um problema no coração. Qualquer emoção forte, pode levá-la a óbito.
Sentei-me no chão, arrasado. Não consegui pensar em mais nada a não ser no que o Victor me falou.
- Ela pretende nos contar?
- Sim, só pediu um tempo. Eu me sentirei culpado se deixá-la partir sem ter se casado comigo.
Levantei-me com lágrimas caindo dos meus olhos. Nunca imaginaria que minha amiga pudesse passar por coisas tão difíceis num dos melhores momentos da sua vida. A Ingrid sempre sonhou com uma família e ela estava tão perto de realizar esse sonho, mesmo com todas as dificuldades.
- Não chora. Ela precisa que vocês sejam fortes. - Victor falou enquanto enxugava minhas lágrimas.
- Vocês vão conseguir ter um futuro. Vocês irão ter esse filho, e terão todo o meu apoio.
- Quero mais que o seu apoio...
Victor, do nada, beijou-me. Minha reação foi de espanto. Como isso foi acontecer?
Continua...
Gente, eis aí mais um capítulo! Provavelmente, mais tarde postarei o próximo. Em breve um assassinato vai movimentar a estória. Não é o do Otávio. Vai ser um "quem matou?".
Desculpem os erros e a demora. Obrigado por tudo. Beijos.
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