Eu levei um susto e acordei estremecendo.
“Epa, epa, epa,” disse a voz suave, a mão no meu peito. “Acalme-se, você está bem. Estamos com você. Abra os olhos para mim.”
Eu pensei que meus olhos estivessem abertos.
“Você pode me ouvir, amigo?”
Soltei uma respiração profunda, e sua voz a quilômetros de distância, antes que não houvesse mais som.
* * * * *
Luz brilhante. Eu pisquei para tentar ver alguma coisa. Hospital. Eu estava no hospital e o saco de soro, a cama, as máquinas fazendo barulho e os casacos brancos eram outras pistas caso eu não reparasse nas enfermeiras. “Merda,” eu gemi.
“Jory, você pode me ouvir?” alguém me perguntou.
“Sim,” eu gemi, tentando me sentar. “Merda.”
“Não, não, não,” um dos médicos disse gentilmente, a mão no meu ombro enquanto olhava para mim. “Apenas fique assim até possamos avaliar você, tudo bem?”
Suspiro pesado. “Ok.”
“Devo ligar para alguém, Jory?”
Eu estava tendo dificuldade para me concentrar.
“Ele tem o cartão de um Dane Harcourt aqui,” outra voz disse.
“Há um do detetive Kage também.”
“Espere,” eu ofeguei. “Por favor, não chame ninguém. Por favor.”
“Jory, você pode...”
Mas eu não ouvi o resto, porque o quarto tinha se inclinado para a esquerda e eu escorreguei na escuridão.
* * * * *
Eu estava congelando, e quando abri meus olhos havia uma cortina puxada em torno da cama, então mesmo que eu pudesse ouvir o barulho, ninguém podia me ver. Eu estava ligado a uma bolsa de soro, mas já tinha visto filmes suficientes para saber que a agulha saía do mesmo jeito que entrava. Doeu mais do que eu pensei, mas eu pressionei e só sangrou por um segundo. Precisei de algumas tentativas para me sentar sem ficar muito tonto e depois para ficar de pé, mas eu insisti porque queria sair. No início a náusea foi como uma onda que sugou todo o ar para fora do meu corpo, mas tudo se acalmou, recuou, e eu fui capaz de ficar de pé e respirar e, depois, de andar. Eu odiava hospitais... os cheiros, a temperatura quase congelando, assim como a cor das paredes e a iluminação fluorescente... tudo era simplesmente vil. Eu precisava sair rápido.
É fácil sair de uma sala de emergência lotada e ocupada. Saí com todos os outros que entravam e saíam. Peguei meu celular, minha carteira, e minhas chaves, e fiquei pronto. Enquanto eu caminhava para casa, pensei que, na próxima vez que alguém me dissesse que meu jeans estava muito apertado, eu ia achar o ponto máximo da noite. O ponto é, se você estivesse lutando por sua vida na parte de trás de um Lincoln, com certeza estar usando jeans que se encaixavam como uma segunda pele, vinha a calhar. Dessa forma, você tinha certeza de que não deixou cair nada.
Meu telefone me assustou quando tocou. Eu ainda estava um pouco nervoso. “Alô?”
“Onde diabos você está?”
“Quem é?” Eu perguntei, embora eu soubesse exatamente quem era.
“Você sabe muito bem quem é, porra!”
“Oh,” eu suspirei. “Sam. Que você quer?”
“O que eu quero? Eu quero saber onde diabos você está!”
“Eu estou indo para casa. Odeio hospitais.”
“Hospitais?”
“Sim.”
“O que diabos isso significa?”
“Eu estava no hospital.”
“Quando?”
“Eu não sei, tipo há cinco minutos.” Eu disse enquanto virava à esquerda na frente do hospital e começava a descer a rua.
“O que? Quanto tempo você ficou lá?”
“Eu não tenho ideia. Estava desmaiado.”
“Desmaiado?”
“Sim.”
“Jory, o que diabos aconteceu?” ele gritou comigo.
“Eu não sei, eu acho que um desses caras talvez tenha me batido mais forte do que eu pensava.”
“Bateram em você?” Sua voz ficou ainda mais alta.
Minha cabeça não podia suportar os gritos. Eu desliguei e parei de andar para que pudesse descobrir onde eu estava. Quando eu vi a escada que levava até a pista para o metrô, eu comecei a subir. Eu respondi meu telefone no quinto toque.
“O que?” Eu gemi. Minha cabeça doía.
“Onde você está?” A voz estava bastante controlada, mas eu podia ouvi-lo falando com os dentes cerrados.
“A caminho de casa.”
“Em que hospital você estava?”
“Eu não faço ideia. Me deixe em paz, está bem?” eu murmurei enquanto desligava na cara dele.
Enquanto eu estava sentado no metrô, tive uma visão dele sentado do lado de fora da minha casa em seu carro monstro, esperando para poder gritar comigo. Essa ideia me manteve no meu lugar cinco paradas além de onde eu deveria descer. Enquanto eu me sentava nos degraus tentando não congelar, percebi que o meu êxodo do hospital havia sido mal planejado. Eu não tinha certeza sobre quem chamar, já que eram três da manhã. Quando meu telefone tocou eu atendi porque estava precisando da distração.
“Jory?”
“Oh, oi, Ben.” Suspirei porque este não era o que eu precisava.
“Onde você está?”
“Na academia,” eu menti porque era a saída mais fácil.
“Oh, bem, eu só queria ter certeza de que, depois da outra noite, nós ainda estávamos bem.”
“Claro.”
“Sim? Você não está assustado?”
“Não, fiquei lisonjeado.”
“Tudo bem, que bom.”
“Mas eu tenho que ir, ok? Ligo para você depois.”
“Faça isso.”
Eu desliguei e imediatamente o meu telefone tocou novamente.
“Sim?”
“Jory, porra, onde diabos você está?”
Eu gemi. “Eu prefiro morrer de hipotermia a dizer.”
“Tão dramático. Responda a maldita pergunta.”
Eu resmunguei.
“Você estava no County, seu idiota,” ele rosnou para o telefone. “Eles me disseram que você teve uma leve concussão e foi espancado e...”
“Eu estou bem.” Eu tremia muito, batendo os dentes. “Eu só não quero ir para casa, a menos que você prometa que não vai estar lá.”
“Eu estou aqui.”
Suspirei profundamente. “Eu sabia.”
“Você não está voltando para casa de propósito?”
“Sim.”
“Jory, você entende que você foi sequestrado e assaltado e ....”
“Sim, eu sei.”
“Você sabe? Isso é tudo que você tem a dizer?”
“Sim, basicamente.”
“Jesus, você é um idiota! Jory, eles não vão parar de tentar matar você!”
Eu suspirei pesadamente. “Eu tenho que ir trabalhar. Que horas são?”
“Trabalho? Você está de sacanagem comigo? Jory, seu traseiro vai para a custódia protetora hoje!”
“Ah... não.” Eu bocejei, tremendo de novo, meus dentes fazendo ruídos que eu era incapaz de controlar. “Eu tenho um monte de merda para fazer e preciso falar com meu chefe sobre algo importante, porque eu acho que ele está cometendo um grande...”
“Jory! Onde está você?”
“Por que você me deu o cano? Estava em um encontro?”
Houve um momento de silêncio. “Do que diabos você está falando?” ele me perguntou, com a voz calma, mas cheia de força, ao mesmo tempo.
“Você estava, não estava? Seus amigos ou sei lá... você teve que encontrar alguma mulher e por isso você não pode vir me ver.”
“É disso que se trata? Um encontro?”
“Vá para o inferno.”
“Você está drogado? Eles te deram alguma merda no hospital?”
“Quer saber? Eu não me importo. Apenas deixe-me em paz,” eu disse, e desliguei na cara dele de novo.
Quando o telefone tocou de novo, vi que o número era diferente.
“Olá?”
“Jory, baby, onde está você?”
“Ei, Nick.” Suspirei profundamente. Por alguma razão, sua voz me acalmou.
“Eu vi o seu nome no quadro quando entrei mas, querido, onde você está?”
“Eu saí.”
“Obviamente. Você sabe que não pode simplesmente arrancar uma intravenosa e sair de um hospital?”
“Ah, não?”
“Jory, baby, você está...”
“Eu estou bem.”
“Jory, você está mais machucado do que você pensa, querido. Você não pode ficar sozinho agora. Diga-me onde você está? Você está em casa?”
Não, eu não estava em casa, eu pensei, e queria gritar isso para ele. Porque, por qualquer razão, como sempre, sua voz tinha ido sensual e sexy para chorona e necessitada em um piscar de olhos. E o problema não era Nick, eu sabia que não era ele... era eu. Eu simplesmente não respondia bem a pedidos ou súplicas ou qualquer coisa que soasse fraca ou apegada. Eu respondia a poder e dominação e exigência pelo meu tempo e meu corpo. O cara gentil, sensível não me afetava em nada. Eu era uma bagunça por dentro, mas reconhecer isso não fazia nada para mudar esse fato.
“Jory... querido... posso ir buscá-lo?”
“Não,” eu disse, eu comecei a tremer. Eu estava com tanto frio. “Vou chamar alguém, Nicky, não se preocupe.”
“Mas eu me preocupo. Você tem uma concussão e uma bala atingiu seu ombro de raspão e eu preciso...”
“Mas eu estou bem.”
“Querido, eu tenho medo que você desmaie e...”
“Eu vou ficar bem,” eu assegurei a ele. “Ligo para você mais tarde.”
“Não, não, não – Jory, baby, diga-me onde você está, eu vou te pegar e você pode vir comigo para casa e...”
“Que tal se eu ligar amanhã?”
“Jory, seja lá no que for que você esteja metido, eu posso lidar com isso. Por favor, baby, me deixe cuidar de você.”
“Nick, eu...”
“Jory,” ele suspirou profundamente. “Eu sou louco por você. Eu penso em você o tempo todo.”
“É mesmo?”
“É. Deus, é sim. Eu só... você precisa me dar um pouco do seu tempo. Eu sei que eu não sou tão excitante quanto qualquer outra coisa que está acontecendo em sua vida, mas Jory, eu sou bom para você. Eu quero estar com você. “
Era difícil respirar, de repente, em parte porque eu estava me transformando em um picolé e o resto porque honestidade brutal não era normalmente o meu show. Eu preferia o ato de desaparecimento na maioria dos casos. “Sabe, Nick,” eu comecei rapidamente, porque era melhor para fazê-lo como retirar um Band-Aid, muito rápido. “Nós não temos química nenhuma. Você sabe que não.”
“É mesmo?”
“Você sabe que não.” Eu estremeci; isso era tão doloroso de se dizer, como de se ouvir.
“Bem, eu acho que você precisa me dar outra chance para impressioná-lo. Porque se estamos sendo honestos, estar na cama com você foi incrível.”
“Obrigado.”
“Eu não te lisonjeando, é um fato. Eu não quero que acabe.”
“Isso é muito gentil.”
“Gentil? Jesus.” Ele riu secamente.
Eu ri porque ele parecia tão frustrado.
“Ouça, Jory, eu estou começando a minha vida, sabe? Estou atendendo agora no hospital, comprei minha primeira casa e estou pronto para o cara, o cara que vai ser o meu parceiro e construir um futuro comigo. Eu não quero assustá-lo, mas quando te conheci, tive a sensação de que você era esse cara. “
O homem tinha, definitivamente, confundido sexo mais ou menos com amor.
“Jory?”
“Nicky, você não acha que talvez você apenas precisasse transar?”
“Você sabe que eu vou te perdoar por ser um idiota total já que está em estado de choque agora e, provavelmente, congelando.”
“Desculpe,” eu respirei. “Isso foi uma coisa mesquinha para se dizer.”
“Sim, foi.”
“Nick, eu...”
“Não, fique quieto e escute. Você sabe que você nunca ouve?”
Era verdade, eu não escutava.
“Jory, eu posso transar qualquer noite da semana. O que eu quero é estar na cama com alguém com quem eu possa ter um futuro e não apenas que seja uma noite. Eu não sou assim, J... Eu quero ser o seu homem. “
“Por que você se importa? Por que não desiste de mim?”
“Não. Nós não vamos fazer isso.”
“Por quê?”
“Porque eu sou louco por você, eu já lhe disse.”
“Mas por quê?”
Ele riu. “Você está querendo elogios.”
“Estou confuso,” eu assegurei a ele.
“Jory, você é engraçado e inteligente e seus grandes olhos escuros são... e você me disse que meus óculos de sol eram feios.”
“Eles eram feios.”
Sua respiração foi longa. “Você tem alguma ideia de como você é lindo?”
“Nick”
“São seus lábios, eles me deixam louco,” ele disse, e eu podia ouvir o sorriso em sua voz. “Eu nunca quis parar de beijar você.”
Ele era simplesmente o cara mais legal do mundo... que não mexia em nada comigo.
“Eu realmente....” Sua voz era rouca. “Ei, me faça um favor. Olhe para a placa da rua onde você está e leia para mim. Estou indo para o meu carro. “
“Não, eu vou ligar para você amanhã, eu juro.”
“Jory, você precisa dormir e precisa que alguém cuide de você. Quero ser esse alguém. Além disso, quem é melhor do que um médico?”
Sorri para o telefone e prometi ligar no dia seguinte, depois do trabalho. Eu desliguei com ele pedindo-me para lhe dizer onde eu estava. O telefone tocou, e eu percebi que tinha perdido 11 chamadas enquanto estava conversando com Nick.
“Alô?”
“Onde você está?”
“Sam, eu...”
“Que Deus me ajude, se você não me disser onde está nesse segundo eu vou atirar em você me assim que eu achar esse seu traseiro magrelo.”
Eu ri. “Eu pensei que você gostasse da minha bunda.”
Nenhuma resposta.
“Isso não está certo, detetive?”
“Seu pedaço de merda arrogante. Você vai jogar isso na minha cara agora?”
“Na verdade, eu não vou fazer nada com você ou para você ou... merda...” Eu estava muito cansado de repente. A última gota da minha adrenalina foi embora. Eu queria alguém para cuidar de mim. “Mande o outro policial me ligar, tudo bem? Eu não quero mais te ver. Tenho que ir. Tenho que chamar alguém para...”
“Não se atreva a desligar na minha cara de novo ou eu... Eu... oh, olhe só isso,” disse ele, ao mesmo tempo em que ouvi o ruído agudo de freios.
Levantei minha cabeça e o vi parar em fila dupla na rua. Ele bateu a porta e estava contornando seu SUV. Eu nem sequer tentei ficar de pé. Eu inclinei minha cabeça contra o poste ao invés disso. Tudo doía e eu estava com frio por dentro dos meus ossos.
“Jory, eu vou...”
“Deus,” eu gemi. “O que você quer?”
Quando ele não disse nada, eu olhei para o seu rosto. Sua mandíbula estava apertada e os olhos escuros estavam presos nos meus.
“Eu acho que eu...” Houve um zumbido nos meus ouvidos e eu me senti como se alguém tivesse enfiado um picador de gelo no meu crânio entre meus olhos. “Oh merda.”
Suas mãos se moveram para o meu rosto enquanto eu explodia de dor. Quando a dor aliviou, olhei em seus olhos quando ele se ajoelhou na minha frente.
“Jory, seus lábios estão azuis,” ele gemeu antes de exalar rápido. “Cristo. Você pode andar?”
Eu balancei a cabeça.
Ele me esmagou em seus braços e o calor foi imediato e surpreendente. “Vou levar você para casa comigo, então enfie logo isso no seu cérebro.”
“Ok.”
Quando ele se levantou, minha cabeça caiu sobre seu ombro e ele esfregou o queixo no meu cabelo. Meus pés deixaram o chão e enquanto eu era levantado do banco e tudo girava. No SUV ele acariciou meu cabelo quando eu fechei os olhos. Ele ligou o aquecedor no máximo e tudo que eu ouvi foi o som do ventilador. Não lembro do restante da viagem.
* * * * *
Eu estava quente e cada parte de mim se sentia pesada. Rolei e percebi que eu estava sob um lençol e vários cobertores em uma cama enorme. “Você está acordado?”
Olhei para cima e Sam se afastou da janela onde ele estava. “Mais ou menos.”
Ele respirou. “Bom.”
“Obrigado.”
“Você quer alguma coisa?”
Eu balancei a cabeça.
“Então, aqui é minha casa, obviamente. Moro aqui sozinho, então...”
“O que estou fazendo aqui?”
“Você desmaiou no meu carro. Eu tinha que fazer alguma coisa.”
“Por que você não me levou de volta para o hospital?”
Sua mandíbula se contraiu. “Porque você sofreu apenas uma concussão. Sei tudo sobre isso.”
Eu sorri para ele antes de olhar ao redor do cômodo. “Tudo bem se eu tomar um banho?”
“Claro,” disse ele, caminhando até a cama. “Você precisa de ajuda para levantar?”
“Não,” eu respondi, mas não me movi.
Ele acenou com a cabeça, olhando para mim.
Eu arqueei uma sobrancelha.
“Ok, bem, é por ali.” Ele apontou para a direita. “Eu vou trazer um moletom, ok?”
“Claro. Obrigado.”
Quando ele saiu eu joguei as cobertas e me levantei por partes. Primeiro me sentei; em seguida, coloquei as pernas para o lado da cama, e meus pés descalços no chão. Eu estava tão feliz por não estar tonto. Eu não queria cair de cara em seu tapete de padrão Navajo e, mais ainda... Eu não queria precisar dele.
Eu fiquei no chuveiro sob a água quente até que ela ficou gelada. Quando eu saí, vasculhei seu armário de remédios e encontrei apenas o essencial. Não tinha a minha loção de manteiga de cacau, meus produtos de cabelo, meu hidratante, nem meu bálsamo labial. Eu era completamente viciado em hidratante labial e aplicava durante todo o dia, todos os dias. Houve uma batida suave na porta, depois de alguns minutos. Eu não tinha ouvido as primeiras vezes que ele tinha batido porque estava ocupado examinando meu olho negro e os hematomas em minha garganta.
“Sim?”
“Eu coloquei o moletom aqui na cama.”
“Obrigado.”
“Você está bem?”
“Sim.”
“Ok.”
Esperei alguns minutos para deixá-lo sair do quarto antes de sair. Eu não queria falar com ele, eu só queria descansar.
O moletom estava cuidadosamente dobrado sobre a cama, e quando eu o vesti, tive que enrolar as pernas umas seis vezes, puxar o cordão muito apertado, e enrolar o cós por cima para que ficasse parado em meu quadril. Eu, definitivamente, não pegaria mais roupas emprestadas de Sam Kage. Subi de volta na cama dele e me deitei. Eu estava exausto apenas pelo o esforço de um tomar um banho.
“Ei,” disse ele, caminhando para o quarto. “Você se sente melhor?”
Eu afofei um de seus travesseiros atrás de minha cabeça, ficando confortável. Estava chovendo lá fora; muito, pelo que pude ouvir, e eu sabia que estava frio. Mas eu estava quente e aconchegante na cama.
“Você parece muito contente.”
“Porque eu estou.” Eu sorri, olhando ao redor do cômodo, deixando escapar um suspiro profundo.
“Posso lhe fazer uma pergunta?”
“Claro.”
“Quem é Nick Sullivan?”
“Um médico com quem eu saí.”
“Ah, sei.”
“Ele é muito gentil.”
“Ah, é? Muito gentil?”
Eu resmunguei porque eu não estava escutando, na verdade.
“Muito gentil é o beijo da morte,” ele riu, e eu senti a cama afundar quando ele se sentou ao meu lado. “Certo?”
“Basicamente.”
“Ele está afim de você, hein?”
Olhei para ele e dei um meio sorriso.
“Ele deve estar porque já ligou uma dúzia de vezes. Desliguei o telefone porque enjoei de ouvir.”
“Ele gosta do meu traseiro magrelo,” eu brinquei com ele, sorrindo.
“Eu também gosto.”
Abri os olhos enquanto ele corria seus dedos por minha garganta.
“Pelo menos você não está mais congelando.”
O barulho que eu fiz estava a meio caminho entre um gemido e suspiro. Eu estava feliz por estar sob tantos cobertores e ele não poderia ver que eu estava excitado.
“Parece que você está ronronando.”
Eu sorri e sua mão envolveu minha garganta.
“Eu queria te estrangular quando eu liguei e você me disse que estava no hospital... quer dizer, Jesus, Jory! Você quase foi morto esta noite.”
Fechei os olhos novamente, rolando para longe de seu toque.
“Você pode me dar um pouco de água?”
“Sim,” ele disse rispidamente e saiu.
Eu não estava acordado quando ele voltou.
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