Cap.8
O dia que ele havia marcado para passearmos de barco havia chegado. Eu já acordei pensativo.
-Porquê não come querido ? - minha mãe perguntava, enquanto eu mexia no bolo a minha frente.
-Estou pensando numa coisa...
-Ah é ? No quê ?
-Num trabalho de aula que eu vou fazer amanhã com um amigo... - mas na verdade eu pensava em como seria aquele passeio. Apesar de tudo o que o Maicon havia me dito, eu não conseguia ver ele com maus olhos. Ele era incrivelmente fofo, extremamente encantador, não parecia querer fazer algo de mal. Mas de qualquer forma eu tinha que manter o pé atrás. Era exatamente assim que ele descrevia que ele agia com as vítimas.
HORAS DEPOIS
A tarde fui me arrumar. Escolhi uma camiseta branca que eu gostava, uma camisa xadrez para usar por cima, uma calça jeans ligeiramente rasgada e um sapato. Arrumei o meu cabelo e me olhei no espelho.
-O que será que vai vir desse passeio ? - eu queria saber...
Não deram muitos minutos para eu ouvir uma buzina do lado de fora.
-André, seu amigo está aqui fora ! - minha mãe gritou.
-Já vou ! - me perfumei, me vi no espelho uma última vez e sai – até mais mãe.
Quando fechei a porta e virei para olhá-lo, parei. Ele estava incrivelmente bonito. Usava uma camisa branca de mangas compridas, uma calça jeans preta e um sapato. Porém, estava reluzente. Ao vê-lo, meus olhos brilharam.
-Olha só você... Está mais bonito que de costume – dizia ele, sorrindo.
-Guarde as suas cantadas. Não se esqueça que eu só estou fazendo isso porquê você me chantageou.
-Eita ! Não precisa ser grosso...
-Você também está bonito, está satisfeito ? - ele sorriu.
-Eu sei... Essa sua cara diz tudo... - apenas acompanhei ele pelo olhar com os olhos cerrados – vai ficar me olhando ou vai entrar no carro...
-Maldita hora que eu fui esbarrar em você ! Seu descarado... - dizia para mim mesmo, enquanto entrava no carro.
Começamos a andar com o carro em direção a lagoa, e não demorou muito para ele falar.
-Está animado para o passeio ?
-Seria melhor se fosse com outra pessoa, mas já que é com você, me resta apenas ficar animado né...
-Como você é malvado... Vai dizer que eu sou uma companhia ruim ?
-Quer mesmo que eu responda...
-Não ! - acabei rindo daquilo.
-Vamos, sorria. Eu estou te levando para se divertir, não para ficar com a cara emburrada... - falou, parando o carro no sinal. Ele então pegou o celular, clicou na câmera e focou em nós – vamos tirar uma selfie.
-O quê ? Não... Eu... - de repente ele me puxou.
-Vamos logo ! - e então eu acabei sorrindo, ao tirar a foto com ele. Naquela hora pude sentir o perfume dele, e meu coração acelerou – nossa primeira foto juntos, não está linda ? - falou, ele me mostrando.
-É... Linda... - olhei para ele mais uma vez, e meu coração acelerou novamente. Eu tinha que evitar ao máximo me apaixonar por aquele garoto. Se isso acontecesse, seria um desastre.
TEMPO DEPOIS
Chegamos na praça. Haviam diversas pessoas ali. Crianças brincando, pessoas fazendo atividades físicas. Sai do carro, me espreguicei, olhei ao redor.
-Ainda não tinha vindo nesta praça...
-Eu adoro este lugar... Dá pra fazer muitas coisas... Conversar... Comer... - de repente então ele colocou a mão na minha cintura e falou bem perto do meu ouvido – namorar... - acertei o meu cotovelo nele imediatamente.
-Me solta ! Você tá louco... - ele logo se afastou.
-Credo, você é muito mal !
-Mostre-me que eu não devo ser e eu não serei... - ele sorriu.
-Vamos então ?
-Vamos...
MINUTOS DEPOIS
Fomos andando em direção ao local aonde ficavam os pedalinhos.
-Olá moça – ele falou, chamando a atenção da moça que estava atendendo.
-Olá... - ela nos olhou, sorriu.
-Quanto custa o passeio ?
-15 reais por meia hora.
-Ok, eu vou querer... - ela nos olhava enquanto ele pagava
-Vocês são um casal ? - eu nem tive tempo de responder nada.
-Sim – ele falou. Eu olhei para ele, boquiaberto
-Eba, então tem o direito a uma foto ! - não pude falar nada, ela já foi nos puxando para o pedalinho – vocês sabem como funciona ?
-Sim...
-Então pronto... Vamos, juntem, juntem ! - ele sorria, e eu fuzilava eles com os olhos. Ele chegou bem perto de mim, e na hora dela tirar a foto ele beijou o meu rosto. Segurei no último pavio que eu tinha pra não jogar ele na água. Alguns segundos se passaram e ela nos entregou a foto – aqui está ! Pra lembrar sempre do passeio... - falou ela entregando pra mim. Na hora que eu vi, lá estava ele, beijando o meu rosto. Eu apenas olhei para ele, que fingiu que não tinha visto e começou a pedalar...
MINUTOS DEPOIS
-Eu devia te jogar para as piranhas – dizia, olhando para a foto.
-Porquê ? É só um beijo no rosto, um sinal de carinho.
-Isto aqui parece carinho de amigo ? - perguntei, mostrando a foto pra ele.
-Mas a intenção não era pra ser de amigo...
-Eu juro que estou a um fio de te jogar deste pedalinho !
-Mas porquê... - falou ele, parando de pedalar... - aliás, porquê você é tão mal comigo ein ? Eu nunca te fiz nada...
-Já basta o que eu ouvi de você !
-E o que você ouviu de mim ?
-Que você trai os seus pretendentes, que bebe, que faz coisas idiotas. Você é perfeitamente o tipo de pessoa que eu detestaria aparecer numa foto carinhosa... - ele olhou para mim atônito ao ouvir aquilo.
-Pois eu juro que vou fazer você mudar de opinião.
NARRADO POR FERNANDO
Eu não sei porquê disse aquilo... Eu normalmente não estava nem ai para o que os meus pretendentes pensavam de mim. Só queria que eles me dessem o que eu queria e fossem embora. Mas com ele foi diferente. Algo dentro de mim dizia que eu não devia ferir os sentimentos daquele rapaz bonito. Ele foi o primeiro que me enfrentou, que não veio de mão beijada, que disse o que pensava na minha cara, que a minha beleza não foi o suficiente para que se entregasse a mim. E foi o primeiro a fazer o meu coração acelerar.
-E por qual motivo faria isso ? Não é mais fácil me esquecer e tentar outro que seja mais fácil ?
-É... Mas você é o rapaz mais interessante que já me apareceu até hoje. O único que não se entregou de graça pra mim. Um rapaz assim não merece ser esquecido.
Talvez esse seja o porquê. Ele era um rapaz difícil. Um rapaz que se valorizava. Ele era o primeiro na minha vida com aquelas características. Talvez por isso chamou tanto a minha atenção. Talvez ele pudesse me mostrar o que era o amor. Algo que ninguém teve a capacidade de fazer. Ele era especial, eu já tinha certeza. Eu não podia machucar esse garoto.
NARRADO POR ANDRÉ
O que ele falou me deixou surpreso. O que acontecesse é que eu mantinha o pé atrás. Não sabia se ele estava falando a verdade ou apenas tentando me seduzir. Mas me surpreendeu.
-Vem, vamos tirar mais fotos, eu quero que isso fique registrado – falou, sorrindo. Tiramos mais algumas fotos – ah, e eu vou aparecer na sua casa amanhã as 15h.
-Ué, mas você não tinha que viajar...
-Eu menti... - naquela hora quase eu virei o barco.
-O quê ?
-Não me joga do barco tá bom ? Eu só menti porquê sabia que você não ia sair comigo sem motivo e eu queria muito sair com você.
-Como é que você quer provar que eu devo mudar de opinião se começa tudo com uma mentira ? - ele olhou para mim, e olhou pro lado.
-Você tem razão ! Essa é a única e última. Eu só fiz isso realmente porquê sabia que você não ia sair comigo. Mas não vai mais acontecer.
-Eu espero ! - falei, vendo a cara que ele fazia – ficou com medo de cair na água foi ?
-Você é duro na queda oras... Vai que me joga, não sei nem o que tem nessa água... Me disseram que jogam cadáveres aí dentro.
-O quê ? - de repente então ele começou a rir da minha cara.
-Devia ter visto a sua cara agora, estava hilária. Acreditou mesmo nisso !
-Para ! Seu mentiroso ! - acabei rindo também com ele.
-Eu só queria fazer você rir... - falou, rindo... - já imaginou isto aqui a noite ? Deve ficar lindo... Dá pra vir aqui pro meio e dançar até cair kkk – falou ele, se pondo de pé e começando a se mexer.
-Para Fernando ! Você vai fazer esse barco virar ! Fernando – de repente então eu o puxei e ele caiu sentado ao meu lado – você não é muito normal, não é ?
-Não sei porquê... Hoje estou meio anormal...
TEMPO DEPOIS
A partir dali o passeio foi bem animado. Rimos bastante, e no final foi muito legal ter saído com ele. Valeu a mentira.
-Aqui está o seu sorvete – falou ele, enquanto andávamos pela praça depois que o nosso tempo havia acabado. Olhava ao redor, o vento batia, as pessoas andavam – está gostoso ?
-Tá... Tá sim...
-Quer provar o meu ? É de Baunilha – falou, pegando um pouco com a colher e trazendo ela até a minha boca. Na hora que eu a abri para pegar, ouvi uma voz que me deixou atônito.
-André ? Fernando ? O que vocês estão fazendo aqui ?
Continua
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