Questão de tempo - 16

Um conto erótico de Bib's
Categoria: Homossexual
Contém 6645 palavras
Data: 15/07/2016 16:52:48

Eu estava voltando de um almoço com o meu amigo Tran, que trabalhava no quarto andar do mesmo prédio que eu, quando meu telefone tocou. Eu não reconheci o número, então atendi pensando que talvez fosse Dane Harcourt, meu chefe e a única coisa constante na minha vida.

”Alô?”

”Jory?”

Era Nick Sullivan, o médico que não conseguia decidir me amava ou me odiava. “Oi.”

Ele limpou a garganta. “Você está bem? Eu vi você correndo ontem à noite e eu...”

”E você só está ligando agora?” Eu ri. “Eu poderia ter morrido.” E eu estava sendo engraçado, mantendo as coisas leves, mas eu tinha escapado de homens que queriam me ver morto na noite anterior. A noite anterior tinha sido tudo, mesnos engraçada.

”Eu... não, eu chamei a polícia ontem à noite, mas você já tinha ido embora quando em que eles apareceram e...”

Sorri para o telefone. “Está tudo bem. Estou bem.”

Houve um breve silêncio. “Eu fui um babaca total na noite passada, assim como naquela vez em que eu te vi antes, e eu sinto muito.”

Ontem à noite, antes de ter corrido para salvar minha vida, eu tinha permitido que Nick Sullivan me servisse um prato só de sobremesas.

Semanas antes, ele havia confessado estar louco por mim, mas isso foi antes de eu ter me tornado testemunha de um assassinato. Minha vida virou de cabeça para baixo, o que tinha menos a ver com um contrato sendo colocado em minha vida e mais a ver com um dos detetives encarregados pelo caso, Sam Kage. Eu tinha me apaixonado tão rapidamente pelo detetive Kage que tudo e todos em minha vida tinham sido esquecidos, especialmente o Dr. Nick Sullivan, que nunca tinha sido nada de especial, pra começo de assunto. Ele seria um grande parceiro para alguém algum dia, mas nunca seria meu. Quando nos cruzamos em um clube, senti que eu deveria tentar pedir desculpas por desaparecer depois que ele confessou o seu interesse em mim. O veneno que eu recebi tinha sido surpreendente.

”Jory?”

”Desculpe,” eu disse rapidamente.

”Eu realmente sinto muito.”

”Está tudo bem, eu mereci tudo isso, então estamos bem.” Eu tinha saído com ele uma vez e esquecido completamente, o que tinha sido mesquinho. Em minha defesa, nunca houve uma gota de química entre nós, nem mesmo uma centelha de atração.

”Estamos?”

”Sim.”

Ele tossiu baixinho. “Ok.”

”Ok,” eu disse suavemente. “Te vejo por aí.” E eu não lhe dei tempo de dizer mais nada. Apenas desliguei.

”Com licença.”

Quando olhei para cima, o homem de pé ali sorriu amplamente antes de estender a mão. ”Olá, filho. Sou Truman Ward e estou aqui para meu compromisso com seu chefe, o Sr. Harcourt.”

Sendo assistente de Dane Harcourt, e sendo bom no meu trabalho, eu sabia que o homem sorridente não estava no lugar certo, no dia certo. Eu olhei para ele. “Eu acredito que o senhor está dois dias adiantado.” Eu sorri lentamente, apertando a mão oferecida. “Seu horário é no dia de Ação de Graças, e não no dia anterior. “

Suas sobrancelhas franziram. “Droga, será que era o que minha secretária estava tentando me dizer esta manhã antes que eu saísse?”

”Monica?” Eu desenterrei o nome da minha memória.

”Sim.” Seu rosto se iluminou. “Isso mesmo.”

”Sim, nós conversamos ontem,” ele me informou. “Será na sexta-feira, senhor, neste mesmo horário.”

”Ora, que inferno,” ele resmungou, sentando-se na cadeira mais próxima de minha mesa. “Bem, sexta-feira não vai funcionar, eu vou estar em Washington. Poderia dar uma ligada para o homem e ver se, talvez, ele pode ceder algum tempo hoje? Eu só tenho algumas coisas para discutir com ele sobre algumas mudanças que minha mulher quer fazer na casa.“

Dane Harcourt odiava fazer mudanças, mas eu não disse isso. Em vez disso eu concordei e liguei para o meu patrão. Ele me perguntou se era possível e eu disse que poderia reorganizar para às 15:00 h, mas não antes. Ele me deu o seu aval e desligou.

Ward ficou muito satisfeito e, enquanto esperamos, nós conversamos. Ou melhor, ele falou e eu escutei.

Ele começou por sua esposa, porque era essa a razão pela qual ele estava lá. Eles estavam casados há 40 anos e ele estava construindo uma casa nova em Highland Park para comemorar. Fiz todos os tipos de perguntas e ele me mostrou fotos de sua família, sobre a qual ele me disse tudo. Ele tinha dois filhos; o mais velho estava no negócio com ele, como um advogado tributarista / corporativo e o caçula era um cirurgião plástico. ”Tem mulheres rastejando sobre como eu jamais vi,” ele riu. “Mas ele está apenas reconhecendo o terreno, esperando pela mulher certa.”

Eu balancei a cabeça, perguntando se o advogado era casado.

”Está noivo de uma médica pediatra. A garota mais doce que já conheci. Estaremos recebendo-a e sua família amanhã no dia de Ação de Graças. Mais alguns convidados – umas 20 pessoas.”

”Deve ser bom.”

Nós conversamos sobre arquitetura e arte e, por algum motivo, música, porque ele não entendia o que estava acontecendo com o que as pessoas estavam cantando “nos dias de hoje,” e eu toquei alguns remixes de jazz no meu iPod. Ele adorou usar os fones de ouvido e ficou impressionado com meu conhecimento sobre a história mundial. Ele havia servido no Vietnã, fazendo três tours antes de voltar para casa para terminar a sua licenciatura em Direito e, ao mesmo tempo, para se tornar um contador público certificado. Perguntei um milhão de questões sobre a guerra e se ele tinha ficado desapontado por nenhum de seus filhos ter se alistado.

Ele acenou para mim. “Uma pergunta muito perspicaz, filho.” Mas ele não respondeu, então eu achei que era particular.

Ele estava intrigado com a variedade de canetas na minha mesa, e eu expliquei que cada uma tinha a sua própria função especial. Eu o levei comigo para comprar o meu café da tarde no Starbucks, e no caminho de volta, quando eu hesitei, ele me perguntou o que eu estava fazendo. Expliquei sobre meus óleos perfumados que tinham acabado e que eu precisava comprar. Eu ri quando ele se ofereceu para ir comigo à head shop .

Ver o Sr. Ward olhando narguillés, velas e assistindo pessoas fumando um cachimbo de água foi hilário. Eu o deixei cheirar o óleo de patchouli, sândalo e âmbar que eu usava e ele inclinou a cabeça para trás e para frente, dando-me um olhar como se gostasse. Eu não conseguia parar de sorrir. Quando voltamos, Dane estava lá e me agradeceu por entreter nosso hóspede. Eu assenti e Ward passou o braço sobre meus ombros e disse que ele não tinha tido uma tarde tão agradável há tanto tempo que ele não conseguia se lembrar.

Depois do trabalho, Dane me enviou para comprar o vinho que ele levaria para o jantar de Ação de Graças no dia seguinte na casa de seu amigo Jude. Ele me convidou pela quinta vez e eu recusei pela última vez. Assegurei-lhe que eu ficaria bem. Embora não estivesse convencido, ele não insistiu. Ele me conhecia bem o suficiente para saber que, quanto mais eu era pressionado, mais eu resistia.

No caminho para o trem, recebi um telefonema.

”Jory?”

”Sim?”

”Jory, aqui é Truman Ward, nos conhecemos hoje à tarde.”

”Oh,” eu sorri. “Como você está, senhor?”

”Estou bem, obrigado. Queria ligar e ver se, talvez, você gostaria de se juntar à minha família para o jantar de amanhã à noite, cerca de 17:00 h?”

”Senhor, amanhã é dia de Ação de Graças.”

”Sim, eu sei,” ele riu. “É por isso que estou ligando.”

”Mas, senhor, você estará recebendo 20 pessoas e...”

”E mais uma não vai fazer diferença. Tenho que dizer que gostei tanto de conhecê-lo e conversar com você, que adoraria se você aparecesse.”

”Mas...”

”É muito casual, filho, nada de ternos ou esse tipo de besteira, só futebol e boa comida, família e amigos – você vai se divertir. Por favor, diga que virá.”

Como eu poderia dizer não? “Sim, senhor.”

”Oh, excelente. Fico muito satisfeito.”

”Você é meio estranho,” eu assegurei.

E ele riu mais ainda antes de me dar o endereço.

* * * * *

O trem para Highland Park me deixou em uma plataforma no meio da cidade. Eu vi a delicatessen que o Sr. Ward tinha descrito para que eu procurasse, e virei à direita, como instruído. Passei pelas pequenas lojas e descobri que o ar fresco, as folhas rodopiando pelo chão, e o céu cinza eram muito reconfortantes. Eu amava estar fora no outono, o cheiro de lareiras, aquela mistura de umidade, umidade e terra me faziam sentir bem. Como se o inverno estivesse chegando, o que eu amava mais do que tudo.

Era uma casa de estilo Georgiano colonial de quatro andares, enorme, com uma dessas calçadas em forma de crescente, feita de paralelepípedos vermelho. Havia canteiros de ambos os lados do pórtico, que iam de uma extremidade da frente da casa até a outra. A fall cornucopia que caía sobre porta da frente era muito festiva, se não um pouco exagerada. Eu usei o batedor, porque não consegui encontrar a campainha, e esperei.

Fui ignorado por um minuto quando a porta se abriu. O homem que respondeu estava falando com alguém atrás dele e ainda estava envolvido em uma conversa, só virando para mim após vários minutos. Quando ele virou, me senti melhor. Seu sorriso era quente e parecia genuíno.

”Ah,” ele pareceu surpreso. “Oi. Quem é você?”

Eu sorri amplamente. “Sou Jory.”

”Você é Jory?” Ele estava olhando para mim, profundamente em meus olhos. “Jory, o amigo do meu pai?”

Eu ri. “Sim.”

”Oh, pelo amor de Deus, Colt, deixe-o entrar.”

Ele deu um passo para o lado e eu passei por ele, virando-me para esperar que ele fechasse a porta.

”Oi,” disse uma mulher, se aproximando de mim, oferecendo-me sua mão. “Sou Cretia Ward, filha de Truman.”

Puxei-a para frente e beijei sua bochecha antes de deixá-la ir. “Jory Keyes.”

”Bem, Jory,” ela balançou a cabeça, olhando-me. “Você não é o que esperávamos.”

”Não?”

”Não.” Ela riu. “Me dê seu casaco.”

”Você estava pensando que eu seria mais alto?” Eu brinquei com ela, deslizando o casaco de cashmere dos meus ombros para entregar para ela.

Ela riu. “Ele disse que era um colega de trabalho. Eu não estava esperando um modelo da Abercrombie & Fitch.”

Eu ri e entreguei a garrafa de vinho que Dane tinha me feito levar quando eu lhe disse para onde ia.

”Oh, obrigado. Vamos entregar para minha mãe.”

”Espere.”

Nós dois nos viramos para o homem que estava com a mão estendida.

”Eu não o conheço.”

Eu sorri calorosamente e apertei a mão oferecida, cobrindo-a com a minha. “Jory.”

”Colton.” Ele balançou a cabeça e seus olhos não deixaram os meus. ”Prazer em conhecê-lo.”

”O prazer é meu, Jory.”

Eu suspirei e deixei Cretia agarrar a minha mão e me puxar atrás dela.

Meu apartamento caberia na cozinha, e quando eu fiz essa observação em voz alta Cretia sorriu e envolveu os braços em volta do meu. Eu ouvi meu nome quase como um grito e não pude conter o sorriso quando o Sr. Ward se aproximou e me puxou para um abraço de urso apertado.

”Você veio! Estou tão contente.”

Quando ele me empurrou, eu sorri olhando para seus olhos.

”Venha conhecer minha esposa.”

A Sra. Ward pediu que eu a chamasse de Bette e ela, também, não conseguia manter suas mãos longe de mim; em vez disso, me tomou pela mão e me mostrou sua casa. Ela ficou impressionada por eu saber que a porcelana em seus armários de vidro eram realmente Limoge, da França.

”Jory,” ela disse, olhando nos meus olhos. “Você é cheio de informações inúteis, não é?”

Eu ri com ela. “Basicamente.”

Sentei-me de pernas cruzadas sobre o balcão da cozinha conversando com ela, e Cretia veio e me garantiu que nenhum de seus filhos era autorizado a fazer isso.

”É porque ele é tão bonito,” disse Bette sua filha.

”Você é lindo,” Cretia me provocou. “Eu gostaria de ter o seu cabelo e seus cílios longos.”

”Eu nunca liguei muito para olhos castanhos.” Bette sorriu calorosamente para mim. “Mas os seus são belíssimos, Jory. Parecem chocolate derretido.”

”Oooh, Jory, você já está inspirando odes.” Cretia riu. ”Melhor tomar cuidado, ela vai querer adotá-lo.”

”Isso seria ótimo” eu assegurei a ela.

”Por quê?” Bette ficou subitamente cautelosa. “Onde está sua mãe, meu anjo?”

”Oh, eu não sei.” Forcei um sorriso. “Eu nunca a conheci.”

O suspiro foi seguido por sua mão segurando meu joelho.

”O que aconteceu?”

Então eu contei a ela sobre como eu tinha sido abandonado, deixado com a minha avó para que ela me criasse, e Cretia ficou para escutar. Quando as pessoas vinham até a cozinha para dizer Olá, já que os convidados não paravam de chegar, ela os silenciava e os dispensava. Eu via o tímido olhar em seus rostos, mas continuei com a minha história, porque ela estava absorta. Falei rapidamente, daquele jeito quase clínico que eu adotei quando expliquei as circunstâncias para Sam. Antes dele, e agora da Sra. Ward, eu não falava sobre minha mãe há muito tempo.

E, de repente, eu percebi que qualquer resquício de sofrimento que ainda restava da minha infância, se foi. Era estranho pensar que eu já havia sentido pena de mim mesmo por causa de seu abandono. Parecia um detalhe tão insignificante agora. Eu tinha lembranças ricas e quentes da minha infância com minha avó. Eu gostaria de ter tido mais tempo com ela. Este era o meu único arrependimento.

Bette Ward não compartilhou a minha reação. Ela se inclinou no meu colo e colocou os braços em volta da minha cintura. Cretia tinha lágrimas em seus olhos enquanto eu alisava as costas da sua mãe e descansei minha bochecha em seu cabelo.

”Jesus, o que está acontecendo aqui?”

Nós nos voltamos para a porta e lá estava um homem impressionante, olhando para nós três.

”Oi, Trip.” Cretia fungou, sorrindo através das lágrimas. “Estamos apenas conversando.”

”Sobre o que, o Holocausto?”

Eu ri e inclinei o rosto de Bette para mim antes que de beijar sua testa. “Você está bem?”

Ela assentiu antes de soltar um suspiro. “Desça daí e conheça o meu filho.”

Eu deslizei para fora do balcão, e o homem veio para frente para me conhecer. Ele estava olhando para sua mãe e sua irmã, mas finalmente chamei sua atenção. ”Oi,” ele disse suavemente, movendo-se para frente, estendendo a mão para mim.

Eu sorri e tomei sua mão, gostando da sensação da pele quente contra a minha. “Oi. Sou Jory.”

Ele acenou, os olhos fixos nos meus. “Trip.”

“Sério?”

Ele deu de ombros, ainda segurando minha mão. “O que posso dizer? É um apelido ruim que ficou. É por isso que nós sempre temos que ter cuidado com esse tipo de coisa. “

“Vou me lembrar disso.” Eu disse, e tentei soltar a mão.

Ele apertou seus braços para que eu não me mexesse.

“Você é o cirurgião plástico ou o advogado de impostos?”

Seu sorriso era largo e os olhos enrugaram nos cantos. “Você esteve falando com o meu pai.”

“Sim.”

“Bem, eu vou ser um cirurgião, mas por enquanto ainda sou um residente.”

Eu balancei a cabeça. “Bem, ele tem muito orgulho de você.”

“Eu sei que ele tem,” disse ele, deslizando sua mão da minha, a outra imediatamente indo para o meu ombro. “Já te deram uma bebida?”

“Não.”

“Não?” Ele olhou para sua mãe. “O que é isso, o dia de desidratar os convidados? Você tem umas oito outras pessoas sem bebidas lá fora, mãe! Já te disse antes, você não pode ficar aqui cozinhando, você tem que se misturar. Você é a dona de casa.”

Ela bateu em seu braço quando passou por ele, tocou meu rosto, e saiu pela porta de vaivém com Cretia bem atrás dela.

“Então você realmente levou meu pai a uma head shop?”

Estremeci um pouco e ele sorriu quando me levou até a sala de estar.

Colton nos encontrou e me convidou para conhecer sua noiva, Channing Sinclair. Truman estava certo, ela era muito simpática, e a maneira como ela olhava para seu filho deveria ser muito gratificante. Seu pai veio me conhecer, depois a mãe e, em seguida, primos e amigos que, muito rapidamente, se tornaram um borrão. Eu fiz o que deveria e perguntei se eu poderia ajudar na cozinha. Fui conduzido de volta e fui me sentar com Truman. Por alguma razão eu me sentia confortável com ele e começamos a falar sobre paisagismo. Eu lhe disse que gostaria de olhar o quintal e ele me levou até.

Caminhamos até o gazebo e depois pelo resto do caminho até o limite de sua propriedade. Seu vizinho estava viajando com a família, jogando croquet, de modo que ambos se inclinaram e conversaram por algum tempo. Foi muito bom e eu decidi ali mesmo que, um dia, eu seria dono de uma casa. Nunca tinha me ocorrido antes.

Quando voltamos, já hora de comer, e eu estava sentado entre Cretia e Trip durante o jantar. Foi divertido: muita conversa entre pessoas que pareciam todos realmente gostar uns dos outro. Eu nunca tinha experimentado toda essa coisa de refeição em família, exceto por uma vez antes com a família de Sam. Esta família e os seus amigos não falavam alto e todos se sentavam juntos, não havia crianças correndo ao redor, apenas comida, bebida, conversa, e muita risada. Eu estava confortável, e quando Bette se inclinou sobre mim, envolvendo os braços em volta do meu pescoço, eu deixo minha cabeça se apoiar contra a dela.

“Mãe?” Trip perguntou.

“Seu pai estava certo. Quero ficar com esse aqui.”

“Desculpe, cara,” ele riu. “Ela é louca.”

“Eu gosto dela,” eu disse, fechando os olhos, me inclinando para trás, e deixando que ela me abraçasse.

“Venha me fazer companhia,” disse ela rapidamente e eu me levantei e a segui até a cozinha.

Eu sequei a louça enquanto ela lavava e liguei o rádio na cozinha e comecei a dançar. Ela riu e eu a tirei para dançar. Cretia veio e me disse estava desperdiçando tempo com sua mãe.

“Não, não está,” Bette assegurou. “Mas sabe, Jory, eu tenho que ir à uma recepção amanhã à noite e eles querem que eu me faça o Electronic Glide.”

“O Electric Slide ,” eu a corrigi e estendi minha mão.

“Aqui, venha cá e eu vou lhe mostrar.”

Seu sorriso era travesso e Cretia nos observou deslizar pelo meio do chão. Eu a fiz se balançar e fazer as voltas em 15 minutos. Ela estava se divertindo muito, e quando Channing e Colton chegaram e se juntaram a nós, eu disse a eles que poderíamos fazer o Hustle em seguida.

Eu fui pegar meu casaco do armário do corredor e, quando eu me virei, Trip estava lá.

“Aonde você vai?”

“Tenho que trabalhar amanhã e o último trem vai partir em breve.”

“O trem? Você não dirige?”

Eu sorri para ele, balançando a cabeça. “Não, eu não tenho um carro.”

“Fique,” ele disse a sério, a mão no meu ombro. “Vou te levar para casa. Eu moro na cidade também.”

“Ah, não, eu não quero lhe atrapalhar. Posso apenas...”

Sua mão se moveu para o lado do meu pescoço. “Você não vai me atrapalhar, Jory.”

Eu balancei a cabeça e sua mão deslizou para a minha nuca, enfiando os dedos pelo meu cabelo.

“Na verdade,” ele sorriu gentilmente. “Posso te levar para jantar amanhã à noite?”

Eu inclinei minha cabeça e olhei para ele. “Seu pai disse que você tem mulheres caindo a seus pés, que você apenas não encontrou a pessoa certa ainda.”

“Meu pai vê o que quer, e até agora não tive nada sério o suficiente com ninguém para trazê-lo para casa.”

“Você quer dizer, com um homem.”

Ele acenou com a cabeça lentamente. “Isso mesmo.”

Eu recuei para longe dele. “Seu velho realmente gosta de mim – eu não vou ser a pessoa a causar-lhe nem um segundo de miséria.”

Ele me deu um olhar engraçado. “Baby, você está se precipitando um pouco, não é? Não deveríamos pelo menos dormir juntos antes de decidir se vai ser você quem eu vou levar para casa para conhecer meus pais?” A frase foi concluída com uma risada quando ele agarrou a lapela do meu casaco.

Eu balancei a cabeça e afastei a mão de cima de mim antes de correr até a sala de estar. Fui dar um beijo de despedida em Bette e foi gentil da parte dela me pedir para ficar mais tempo. Truman se levantou e me puxou para um breve abraço antes de me agradecer por ter vindo e me fez prometer que não desapareceria. Colton e Cretia me deram seus números, e Channing me disse para ligar para ela no dia seguinte, para que ela pudesse pegar meu endereço para enviar o convite de seu casamento. Foi gentil da parte deles quererem me incluir. Meu celular vibrou e eu me desculpei e atendi.

“Jory.”

“Oi, chefe.” Sorri para o telefone.

“Você ainda está em Highland Park?”

“Sim, por quê?”

“Porque eu estou em Parkridge, então se você quiser, vou passar por aí e pegar você no meu caminho de volta.”

Que se traduzia em “Eu estou indo buscar você.” Porque ele nunca oferecia nada, a menos que já tivesse decidido o que queria fazer. Não era do feitio dele fazer insinuações, se ele fazia uma sugestão, a resposta precisava ser sim.

“Ok,” eu disse rapidamente. “Deixe-me lhe dar o endereço.”

“Eu já tenho. O homem é meu cliente, afinal de contas.”

“Sim, senhor.”

“Pare com isso.”

Eu sorri amplamente e percebi, como de costume, que o simples fato de falar com ele trazia à tona este sentimento borbulhante em mim. Eu tinha família, era ele. “Você quer que eu espere lá fora?”

“Sim, Jory, vá para o lado de fora e congele seu traseiro.”

Eu ri e as pessoas olhavam para mim quando eu desliguei e me sentei no sofá ao lado de Bette.

“Você vai ficar?”

“Meu chefe vem me pegar, então eu vou ficar um pouco mais.”

“Oh, eu não posso esperar para conhecer arquiteto do papai,” Cretia gritou. “Ele fala tão bem dele.”

“Jory, posso falar com você?” Trip me chamou da cozinha.

Levantei-me e, quando a porta se fechou atrás de mim, eu o vi encostado ao balcão, tornozelos e braços cruzados, esperando.

“Sim?”

“Foi estúpido, o que eu disse antes, e sua preocupação com o meu pai é realmente muito refrescante.” O canto de sua boca se curvou com um traço de sorriso. “Então eu estou pedindo de novo, por favor, posso levá-lo para sair?”

Eu olhei para ele, tentando entendê-lo. Esteticamente não havia nenhuma razão para dizer não. O homem era muito agradável ao olhar. Com olhos castanhos claros, cabelo castanho escuro espesso e uma estrutura magra e musculosa, ele era definitivamente o meu tipo. O problema era que ele tinha “garanhão” escrito em sua testa, e eu não estava tentando ser mais um ponto na cabeceira da cama de alguém.

“Eu acho que não,” eu disse lentamente, porque não era o que eu realmente queria dizer. Era a única coisa inteligente a fazer, no entanto. “Eu acho que você está fora do meu alcance, Doutor Ward.”

Ele assentiu e se afastou do balcão, andando em minha direção. “Se eu prometer apenas lhe pagar um jantar – nem mesmo tentar beijar você? Que tal, então?“

“Qual é a graça disso?” Eu sorri preguiçosamente.

Ele mordeu o lábio inferior. “Ouça, Jory, que tal você me levar pra sair? Você escolhe lugar e eu vou estar lá. Você pode pagar e tudo mais.”

Eu olhei para ele e seu sorriso iluminou seu rosto. “Como esse é um bom negócio para mim?”

Ele estendeu a mão e agarrou a lapela do meu casaco como tinha feito antes, me puxando para perto. “Vamos lá, me desculpe – Jesus, eu nunca tenho tanto trabalho.“

Eu arqueei uma sobrancelha para ele.

“E você sabe que é demais, então pode me tratar assim,” disse ele, com os olhos presos nos meus.

Eu apenas retribuí o olhar.

“Você quer que eu implore?”

Meus olhos se estreitaram.

“Deus, você é lindo... diga sim.”

“Eu vou te encontrar às sete para um drink no The Arbor, em Halsted.”

Ele acenou com a cabeça e sorriu, desfazendo os botões do meu casaco, suas mãos deslizando dentro de minha camisa enquanto se aproximava de mim. “Eu estava pensando que poderia ser hoje à noite. Um amigo meu está dando uma festa – eu adoraria levar você.” Lentamente, ele roçou as costas de seus dedos pela frente da minha blusa, sobre meu abdômen.

“Amanhã,” eu disse.

Nós dois ouvimos a campainha tocar e eu me perguntei, distraído, onde o botão estava. Bette me chamou e, quando me virei para ir, Trip me impediu com um braço em volta do meu pescoço.

“Não me dê o cano, ok? Eu quero ver você.”

Eu sorri e deixei minha cabeça cair para frente enquanto seus lábios roçavam a parte de trás do meu pescoço. Ele se sentia bem, não havia como negar isso. “Ok.”

“Jory, você tem certeza que eu não posso te levar para casa?”

Mas a porta se abriu e ele, imediatamente, se afastou de mim. Cretia enfiou a cabeça e me disse que meu chefe estava na sala, esperando por mim. Eu vi o quão grande seus olhos estavam.

“Ele é lindo, não é?” Eu a provoquei.

“Jory, oh meu Deus, aquele é o homem mais lindo que eu já vi na minha vida.”

Eu ri e a segui com Trip atrás de mim.

Dane estava de pé perto de Truman, olhando ao redor da sala em resposta ao que o outro homem estava apontando. Eu percebi que, não apenas um, mas vários pares de olhos no cômodo estavam fixo nos dois ou, mais precisamente, em Dane. Fácil de entender o fascínio, já que em seu terno Versace preto com a camisa preta por baixo e o sobretudo de cashmere preto, ele parecia ter acabado de sair de uma revista. O cabelo curto negro azeviche e os olhos de aço cinza, atraente, traços cinzelados, sua altura, a largura dos ombros, o peito, e a maneira como tudo caía bem nele... era de tirar o fôlego. O ar de frio distanciamento, a falta de um sorriso, o jeito como ele exalava confiança... sua presença em uma sala era palpável, ele tornava o ar ao seu redor carregado. Eu costumava pensar que estava romantizando-o, mas depois de cinco anos como seu assistente, depois de estar com ele quando ele conhecia pessoas, vendo suas reações, eu sabia que era a simples verdade. O homem era fascinante e não havia como não notar.

Fui até ele e ele me jogou sua câmera digital.

“O que eu devo fazer com isso?”

“Olhe para a mulher na quinta foto.”

Dei uma olhada nas fotos enquanto ele gentilmente recusava uma bebida.

“Quem é essa?” ele me perguntou, inclinando-se perto, apontando na tela.

Eu me virei e olhei em seus olhos. “Essa é Sabine Raleigh.”

O olhar completamente vazio que eu recebi em troca me fez rir.

“Quem?”

“Você saiu com ela umas três vezes,” ele me informou.

“Quando?”

“No final de julho.”

Ele fez uma careta para mim.

“O que?”

“Você tem certeza?”

“Tenho certeza de que? Que você saiu com ela?”

“Sim.”

Eu não tinha certeza se ele estava brincando ou não. Eu quase ri.

“Jory, você tem...”

“Você não está brincando.” Eu estava pasmo. “Puta merda.”

“Cuidado com a língua,” ele se virou para mim, balançando a cabeça antes de apontar para Truman. “Vá agradecer pela hospitalidade para que possamos ir.”

Eu fiz como ele me mandou e abracei Truman e Bette novamente antes de alcançar meu chefe. Sua mão foi para onde sempre ficava, na parte de trás do meu pescoço, enquanto ele me guiava para fora da casa. Teria esbarrado na lateral do carro porque eu estava olhando o resto das fotos, mas ele agarrou a gola do meu casaco e me puxou até parar.

“Então o que aconteceu?” Sondei, olhando para o seu perfil.

“Entre,” disse ele sem rodeios, segurando a porta de sua Mercedes para mim.

Eu entrei, me inclinei e abri a porta antes de colocar meu cinto de segurança, ainda olhando as fotos. A câmera era muito boa e, pelo visto, a casa de Jude era impressionante.

“Que tipo de casa é essa? Como um loft ou algo assim?” Eu perguntei quando ele entrou.

“Ou algo assim.”

“É muito bonita.”

“Sim, é.”

Eu esperei até que estivéssemos em nosso caminho antes de perguntar novamente o que tinha acontecido.

“Espere,” disse ele, de repente, parando o carro para sair e tirar o paletó e colocá-lo sobre seu sobretudo no banco de trás. Quando entrou novamente e se afastou do meio-fio, perguntei novamente o que ele tinha feito. Não houve resposta.

“Chefe?”

“Você sabe o quê eu fiz,” ele exalou rapidamente. “Pare de dizer isso, certo?”

Eu olhei para o seu perfil. “Parar de dizer o que?”

“Chefe.”

“Chefe?”

“Sim, não – não nos descreve mais.”

Esta era uma novidade. “Então do que devo...”

“Basta usar o meu nome. Apenas Dane, tudo bem?”

“Ok.”

“Excelente.” Ele suspirou, alto e claro.

“Então... se confesse. O que você disse para Sabine?”

Ele limpou a garganta.

“Eu estou esperando.”

“Eu lhe disse que era um prazer conhecê-la.”

Meus olhos se arregalaram enquanto eu olhava para ele.

Ele olhou para mim antes de revirar os olhos.

“Ah, merda,” eu respirei fora. “O que ela disse?”

“Ela me deu um tapa e saiu.”

Eu quase ri, mas disfarcei com uma tosse.

“Não é engraçado.”

“Não, não é,” eu concordei, limpando a garganta. “Jesus.”

“Você não está ajudando.”

Passei as imagens novamente.

“Diga outra coisa.”

“Como o quê?”

“Eu não sei.”

“Devo dizer oh merda? Porque eu estou pensando oh merda .”

“Jory...”

“Ah, merda,” eu respirei novamente. “Cristo, Dane, talvez seja hora de desacelerar, hein? Caramba.”

“Eu realmente não tinha ideia de quem ela era.”

“Puta merda.”

“Pare de dizer isso.”

“Eu não consigo. Ela deve ter ficado tão humilhada. Quer dizer... Eu nunca gostei dela, mas caramba... pelo menos eu me lembro que ela é.”

Ele fez um barulho como se estivesse enojado.

Eu passei os dedos pelo meu cabelo. “Pobre Sabine. Ela deve estar horrorizada.”

“Eu imagino que sim.”

“Puta merda.”

Ele rosnou e me disse para calar a boca.

“Ela é a dona daqueles restaurantes ótimos, lembra?”

Claramente, pelo olhar vago em seu rosto, mesmo com insistência, ele não fazia ideia.

“Bem, eu posso lhe dizer que ela ligou por duas semanas depois que você terminou com ela.”

“Eu não me lembro disso.”

“Porque quando você termina o relacionamento, eu lido com elas.” Eu abri um sorriso. “Eu lido com a limpeza.”

Ele me olhou seriamente.

“O que?”

“Você faz muito por mim.”

“Porque você me paga,” eu brinquei com ele.

Ele resmungou e se inclinou para trás, ficando confortável no banco enquanto dirigia. “Recusei a oferta de comida por você. A esposa do Sr. Ward queria lhe dar uma quentinha. “

“Oh, teria sido bom.”

“Não,” ele disse, apertando os olhos. “Você não aceita caridade.”

Aquilo não fazia sentido. “É uma forma comum de bondade aqui na Terra dar às pessoas comida para levar para casa quando eles saem. Temos até recipientes especiais para levar a comida. São chamados de Tupperware.”

Ele resmungou novamente e eu recostei na cadeira, olhando as luzes da rua passarem.

“Eu odeio sobras.”

Nós tínhamos ficado em silêncio por vários quilômetros e então sua voz, juntamente com o fato de que ele ainda estava seguindo a mesma linha de pensamento, me surpreendeu.

“O que?”

“Sobras,” repetiu ele. “Eu odeio. Nunca é tão bom quanto se lembra.”

“Uh-huh.” Eu sorri lentamente. “Você não acha que, talvez, esteja analisando demais?”

Ele limpou a garganta.

Eu esperei, e quando ele permaneceu em silêncio eu ia apenas começar a falar sobre algo, qualquer coisa, algum assunto aleatório, mas quando eu abri a minha boca, ele começou.

“Antes de meus pais morrerem, minha mãe tinha encomendado um bolo para o meu aniversário. Fazer dezoito anos era um grande evento, e a festa que ela havia planejado ia ser um espetáculo. A notícia de que o avião havia caído veio no mesmo dia em que entregaram o bolo, e eu acho que nossa governanta só o enfiou na geladeira, sem pensar.“

Ele nunca falava sobre seus pais, então eu fiquei em silêncio, me certificando de que eu não estava perturbando-o.

“Achei o bolo lá, mais ou menos uma semana após o funeral, este bolo enorme do Superman. O que passou pela cabeça dela para encomendá-lo eu nunca vou saber, mas estava lá, ocupando uma prateleira inteira com alguma coisa do tipo “Feliz Aniversário para o nosso super-herói” escrito nele ou algo com o mesmo efeito.“ Ele ficou em silêncio por alguns minutos, apenas observando a estrada. “E eu sabia que ela teria adorado me ver soprar as velas e fazer a pose de Superman e tudo mais, então eu tirei da geladeira e cortei uma fatia.“

Eu não podia imaginar o quanto Dane sentia falta de seus pais. Tinha sido apenas os três e sua avó. Ela havia falecido dois anos antes de seus pais. E eles tinham morrido a bordo de um avião privado a caminho de casa, voltando de uma das muitas viagens negócios de seu pai. Sua mãe não costumava ir com ele, mas a reunião era em São Francisco e ela amava a cidade.

“O bolo estava muito bom, eu me lembro, mas havia muito. Se a festa tivesse acontecido... mas ocupava uma prateleira inteira e eu era apenas um rapaz. Juro que durou para sempre. Todas as noites eu comia bolo de sobremesa. Meus amigos vinham, parceiros de negócios do meu pai, pessoas que eu não conhecia, eu oferecia bolo a todos e eles, provavelmente, pensavam como era estranho eu ter esse bolo de criança extravagante, mas ninguém falava nada sobre isso.“

Olhei para o seu perfil e esperei.

“Eu me lembro que ainda tinha metade e eu tentei dar um pouco a Jude para que ele levasse para casa. Ele disse que odiava sobras, e eu percebi que era exatamente o que aquele bolo era – a sobra de alguma coisa. Eu tinha dado muita importância a algo que, eu tenho certeza, minha mãe teria jogado fora na manhã seguinte, se não na noite da festa. Ela sempre quis que eu vivesse o momento – o bolo na geladeira, dia após dia, a teria irritado como o inferno.“

Eu concordei e ele se virou para mim sorrindo.

“Eu joguei fora no dia seguinte.”

“E então o que – agora você não acredita em sobras em algum nível espiritual?”

“Eu simplesmente não gosto.”

“Então por isso que eu não pude aceitar uma quentinha da Sra. Ward?”

“Sim.”

“Falou como alguém que nunca teve que fazer uma refeição se tornar duas ou três. Quando você cresce pobre, sobras são uma estratégia de sobrevivência.”

“Eu as odeio. Nunca mais quero ver algo duas vezes. Você pode enjoar de uma coisa boa.”

Eu balancei a cabeça. “Você é muito perturbado.”

“Obviamente.”

“Você vai enviar algumas flores e um cartão de desculpas para Sabine?”

Ele revirou os olhos como se eu fosse estúpido. “Claro. Encontre um cartão para Me desculpe, eu esqueci de você.”

Eu ri. “Sério... talvez você deva desacelerar, hein, garanhão?”

“Cale-se.”

Sentei-me ali, sorrindo para fora da janela.

“Você está dizendo que não tem nenhuma coisa estranha de sua infância que não faça sentido lógico?”

“Não, eu não estou dizendo isso.”

“Conte-me.”

Eu dei de ombros. “Sacos de lixo.”

“Como?”

“Sacos de lixo. Você sabe, tipo, de plástico? Da Hefty ou Glad ou qualquer marca.”

“Sim, eu sei o que é um saco de lixo, apenas me faça entender.”

“Tudo bem. Veja, quando eu era pequeno, isso era um item de luxo. Usávamos as sacolas plásticas nas quais eles embalavam nossas compras para colocar o lixo nas lixeiras, porque sacos de lixo de verdade estavam sempre no fundo da lista. Minha avó sobrevivia da Segurança Social e o estado ajudava com vale-refeição para mim. Isso era tudo o que havia, então... mas as pequenas sacolas rompiam o tempo todo e, às vezes, tudo o que tínhamos eram os sacos de papel marrom. Era uma bagunça.“

“E daí?”

“Então, agora eu mantenho, tipo, quatro diferentes tamanhos de sacos de lixo sempre. Fico completamente fora de mim se eles acabarem. Sinto que estou de volta ao trailer.”

“Mas você amava sua avó.”

“Amava, mas não gostava de ser chamado de lixo branco miserável por causa do lugar onde eu morava. Eu não amava os nossos vizinhos assustadores ou nunca ter o suficiente para que pudéssemos pagar a conta de energia elétrica e comer ao mesmo tempo. Às vezes, no final do mês tudo o que tínhamos era arroz e feijão.“

“O que é, provavelmente, a razão pela qual você não come nenhum dos dois.”

“Provavelmente.”

“Hum. Sacos de lixo.”

“Sim. Qualquer tamanho que você precisar.” Eu suspirei. “Tenho até sacos para gramado.”

“Você não tem um gramado.”

“Essa não é a questão.”

Ele riu suavemente e depois soltou um suspiro profundo. “Nós dois somos profundamente neuróticos.”

“Você acha?”

“Eu sei.”

“Bem, se o fato de não guardar sobras e uma variedade de sacos de lixo é a extensão da nossa neurose, então eu estou bem com isso.”

“Ok.” Dane concordou comigo.

“Ok.”

“Você está cansado?”

“Não, por quê?”

“Eu não estou com vontade de ir para casa.”

“Você quer sair comigo?”

Ele deu de ombros e sorri, porque ele queria.

“Doeu quando Sabine bateu você?”

“Podemos parar de revisitar este tema?”

Eu quase gargalhei. “Abra a boca, coloque o pé.”

“Cale-se.”

“Seus amigos vão encher tanto o seu saco.”

Ele gemeu alto e eu perguntei o que ele queria fazer.

“Eu não me importo.”

Nos dirigimos para o teatro da universidade no centro da cidade onde eles estavam apresentando Breakfast at Tiffany’s e eles tinham poltronas, sofás e cadeiras estofadas em vez de fileiras de assentos. Eu comprei duas canecas de chá oolong pelando e recebi um olhar estranho quando eu entreguei uma para ele antes de me sentar.

“O quê? Você não quer que eu sente ao seu lado?”

Ele apenas continuou a olhar para mim como se eu tivesse brotado asas ou algo igualmente estranho.

“Você quer que eu puxe uma cadeira aqui caso uma mulher quente queira sentar?”

Ele tomou um gole de chá. “Não.”

“Então, qual é a do olhar?”

“Não teve olhar nenhum, apenas acho interessante.”

“O que?”

Ele virou seus profundos olhos negros para mim. “Você, Jory.”

“Eu?”

“Sim.”

“Por quê?”

Ele sorriu por cima do seu copo. “Bem, o fato de que você está aqui comigo, aos vinte e dois anos de idade, em vez de sair e procurar alguém para passar a noite... isso é interessante.”

Eu bufei. “Eu vou fazer 23 em janeiro.”

“O que isso tem a ver com qualquer coisa que eu disse?”

“Eu não sei.”

“Só está falando para ouvir a si mesmo, não é?”

“Não, eu só... o feriado de Ação de Graças não deveria ser passado com sua família?”

“Sim.”

Eu olhei nos olhos dele. “Bem, então.”

Ele olhou para mim e eu retribuí o olhar e, entre as minhas palavras, e a maneira como meu olhar estava fixo no dele, ele entendeu o que eu estava tentando dizer.

“Tudo bem,” ele disse quando o filme começou.

E em algum lugar perto do meio do filme, ele deu um tapinha gentil na minha perna quando ele relaxou em seu assento. Era impossível não notar que o homem me tratava mais como seu irmão do que como seu assistente. Eu imaginei se ele mesmo percebia isso.

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Comentários

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DANE ESTÁ INDO AOS POUCOS. LOGO ELE MESMO SE DECLARA PARA JORY.

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Uiiii será que o dane vai ficar com Jory? Ele tem muitos pretendentes, Jesus kkk.

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