Estava claro, o céu cinzento visível através das janelas que agora eu podia ver do meu esconderijo. Obviamente, um incêndio ou algum outro desastre tinha acabado com o pavimento que existia entre o chão e onde eu estava. Eu estava deitado no que restava de um loft. Talvez tivesse sido um celeiro ou algum tipo de local de produção, eu não sabia. Eu só esperava que o chão segurasse meu peso; não passava de pranchas de madeira que pareciam frágeis e rangiam com o vento. Eu podia ver pelas frestas no chão e eu estava bem no alto. Uma queda dessa altura facilmente me mataria. O vento lá fora iria me matar também, e isso foi o que Dominic tinha certeza que tinha acontecido.
Eu tinha fugido quando Marco tentou me estuprar, e o vento tinha acabado comigo e apagado os vestígios de meu movimento através da neve. Fazia sentido. O buraco na lateral da parede era grande o suficiente para eu atravessar e eles tinham procurado em toda a parte. Era a única solução plausível.
Eu os observei entrar e sair, ouvi Dominic gritar com Marco antes de ouvir um estalo como fogo de artifício lá fora e, depois, o silêncio, exceto pelo vento. Na escuridão da noite, quando eu coloquei o cobertor entre meus dentes para impedi-los de bater, eu sabia que ia morrer. Meu único consolo era que eu não tinha sido violado. Apenas iria dormir e nunca mais acordar. Era quase reconfortante, porque eu sentia dores em todos os cantos do meu corpo e nunca tinha estado tão sedento na minha vida.
“Jory!”
Acordei surpreso e olhei através das ripas para o chão. Dominic estava de pé no meio do chão, com as mãos nos quadris, olhando para o teto. Eu sabia que ele não podia me ver, mas fiquei apavorado de qualquer maneira.
“Jory, seu merda, eu sei que você está aqui em algum lugar. De jeito nenhum você se afastou mais do que 30 km em qualquer direção, e eu não encontrei nenhum corpo, então sei que você está aqui, porra!”
Eu tremia muito.
“Quando eu te encontrar, vou cortar sua garganta, seu filho da puta!”
Eu congelei, convencido de que ele podia ouvir minha respiração. Eu o segui com meus olhos até que ele foi embora. Eu coloquei minha cabeça para trás e fechei os olhos, deixando o pânico escorrer para fora de mim. Na parte lógica do meu cérebro eu percebi que, se o que Dominic tinha inicialmente dito fosse verdade, ele ainda precisava de mim para mostrar ao pai de Roman. Eu ainda era valioso. Ele queria me encontrar, pois, sem mim, estava em apuros.
Eu não sabia que tinha desmaiado novamente até que ouvi a batida e ele me acordou. Rolei minha cabeça e vi Dominic um instante antes que ele quebrasse a janela e gritasse comigo. Apenas por um segundo eu fiquei petrificado. Ele parecia como a imagem que eu tinha do diabo. Com seu cabelo revolto pelo vento, os olhos duros, seu rosto quando ele gritou comigo, eu pensei que meu coração havia parado.
“Jory!” ele gritou e empurrou a mão pela janela e atirou em mim.
Mas ele estava a uma distância de, pelo menos, 12 metros, estava equilibrado em uma escada – em uma escada enorme encostada ao lado do edifício ou em uma que era construída na parede – e ele estava se segurando. Ele não conseguia se manter firme o suficiente para atirar e eu me arrastei contra a parede oposta.
“Jory!” ele gritou, e eu comecei a hiperventilar. Eu não conseguia respirar, e mesmo quando ele desapareceu, eu continuei esperando que ele aparecesse de repente na borda do loft. Esse foi o momento mais assustador de todos. Quando não houve nenhum movimento por vários minutos, eu abaixei minha cabeça. Era difícil ficar ansioso e pronto indefinidamente.
* * * * *
O som era constante, quase como uma sirene apitando, e eu tinha que fazê-lo parar. Rolei e havia uma luz na minha cara. Eu gritei, mas não conseguia me mover; meu corpo estava exausto e não havia lágrimas para serem derramadas.
“Jory.” A voz soava alta, próxima, enquanto uma mão enluvada deslizou sobre meu peito. “Não se mova, Jory. Fique deitado sem se mover. Este lugar pode desabar a qualquer momento.”
Eu espremi meus olhos e, através da luz, vi a forma do chapéu da cor do casaco. Bombeiros. Eu comecei a tremer.
“Está tudo bem, Jory, vamos levá-lo para baixo. Só não se mova.”
Fiquei ali, ouvindo o ranger da madeira, o vento uivante, o som de uma serra elétrica, e o motor hidráulico de algo grande. Quando eu percebi que eles estavam cortando seu caminho até mim, eu comecei a tremer.
“Jory!”
Aquele grito eu conhecia. Conhecia a voz. Rolei e todos rugiram de uma vez para que eu não me mexesse. Pelas frestas, vi um mar de gente, o chão inundado de luz, Dominic de joelhos com outros três homens, policiais uniformizados de pé perto dele. Diretamente abaixo de mim, Sam estava andando de um lado para o outro. Tentei gritar seu nome, mas não havia nenhum som, apenas um sussurro escapou dos meus lábios.
“Jory, não se mexa!”
Eu me senti balançar, sabia que estava caindo mesmo antes do barulho e do desabamento repentino. O fato de eu estar amarrado de repente, capturado como uma mosca em uma teia, foi maravilhoso e assustador ao mesmo tempo. Eu não tinha certeza se aquilo iria me segurar, e aquela parte – estar tão perto do resgate, mas não exatamente, a espera – foi o momento mais assustador de todos.
Quando toquei o chão, minhas costas sobre os escombros da prateleira quebrada, eu finalmente respirei. De repente, havia tantos rostos e eu fui levantado muito gentilmente, movido para terra firme.
“Jory.” Sam caiu de joelhos ao meu lado, com os olhos vermelhos e inchados. Ele parecia devastado. “Oh, bebê.”
Eu estremeci e todos ouviram o grito ao mesmo tempo.
Foi um borrão. Dominic estava de pé e ele tinha uma arma. Quando ele se virou, meu único pensamento era em Sam. Porque não havia nada a perder; Dominic foi capturado e teria sua última vingança contra quem ele achava que o havia abandonado.
Dominic virou a cabeça, mergulhando para a direita, e então veio o braço que segurava a arma. Ele não hesitou, ou falou, ou ameaçou. Ele fez o que eu sabia que iria fazer: apontou e disparou contra seu melhor amigo, o homem que foi seu parceiro durante a metade de sua vida. A pouca força que me restava eu usei, e acabei nos braços de Sam.
“Jory!” Sam gritou, mas ele não parecia aborrecido. Parecia aterrorizado.
Minha cabeça se levantou e eu estava olhando em seus olhos destruídos. “Sam.”
“Oh Deus.” Sua voz falhou e ele colocou os braços ao meu redor, me apertando.
O calor se espalhou através do meu corpo e era pungente e doloroso.
“Não!” Dominic gritou atrás de mim, e quando me virei ouvi um estalar e ele caiu de joelhos. Havia policiais atrás dele e armas foram sacadas.
“Não o mate!” Eu gritei, mas quando saiu, soou mais como um sussurro.
Dominic olhou para mim e, em seguida, virou-se e levantou a arma.
Eu fiquei tenso esperando o impacto, mas Dominic foi soterrado sob uma pilha de policiais. Fiquei tão aliviado que comecei a tremer. Se ele precisava ser segurado, ainda devia estar vivo. Eu o ouvi xingando e soltei uma respiração superficial antes de fechar os olhos. Eu estava tão cansado.
“Jory – bebê, por favor, abra seus olhos,” Sam me implorou. Sua voz falhou e eu podia senti-lo tremer. “Bebê, por favor.”
Eu tentei fazer o que ele me pedia, realmente tentei.
“Por favor... por favor... bebê” Ele estava chorando, e eu nunca tinha ouvido isso antes.
Eu ia lhe assegurar de que eu ficaria bem, mas o calor foi substituído por uma sensação entorpecente, que foi seguida por um calafrio. Foi como cair em um poço frio e escuro.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Eu estremeci e abri meus olhos. A luz estava fraca, mas eu enxerguei o suficiente para ver que estava em um hospital. Aquela coisa na qual o soro fica pendurado, as luzes estranhas, as enfermeiras... Eu entendi onde eu estava. Eu ouvi a máquina apitando ao lado de minha cama. Pisquei várias vezes para tentar clarear minha visão, e depois fui recompensado quando o vi.
Sam estava lá à minha direita, a cabeça apoiada nos braços cruzados, curvado para frente na cadeira, dormindo apoiado na cama.
“Oh, olá querido, você está acordado.”
Eu me virei na direção da voz suave e leve e encontrei uma enfermeira sorrindo. Sua bata era estampada com nuvenzinhas.
“Bem, Sr. Harcourt, estou tão feliz em vê-lo.”
Eu fiz uma careta, mas ela sorriu de volta para mim. Eu movi meus dedos para chamar sua atenção e então apontei para Sam.
“O que você quer, querido? Devo acordá-lo?”
Fechei os olhos para não, mas depois abri minha mão.
“Oh,” ela balançou a cabeça, sorrindo largamente. “Entendi. Sou muito boa em charadas, sabe. Faz parte do trabalho.” Ela levantou a mão e a colocou delicadamente no cabelo de Sam. Eu movi meus dedos e vi os fios acobreados ao redor deles.
Meu suspiro foi muito profundo.
“Ah, eu sabia que esse era o certo.”
Fiquei intrigado, e ela pode ver em meu rosto.
“Este é o seu parceiro, não é?”
Eu balancei a cabeça.
“E o arquiteto é seu irmão, ou o médico?”
Eu levantei o dedo para o número um. Meu irmão, Dane Harcourt, era um dos melhores arquitetos de Chicago, onde morávamos. Ele não era apenas um arquiteto – ele era o arquiteto.
“O arquiteto... tudo bem então, isso está fazendo sentido. Ele tem ido e vindo, o arquiteto, inflexível sobre o seu cuidado. E o médico – o médico tem sido vigilante, eu admito, mas esse aqui.” Ela suspirou, olhando para Sam. “Este não sai do seu lado. Os outros todos vieram e se foram, mas ele não. Ele não deixou o hospital em oito dias.”
Meus olhos se arregalaram.
“Sim, querida, os oito dias que você esteve aqui na unidade de cuidados intensivos.”
Olhei para Sam. Eu queria que ele acordasse e me abraçasse.
“E o homem não está em boa forma.”
Eu balancei a cabeça.
“Espero que agora que você está acordado, ele chore... porque eu não acho que possa suportar olhar para o rosto dele mais um dia. Nunca vi olhos tão assombrados.”
Eu balancei a cabeça novamente.
“Talvez devêssemos acordá-lo para que ele possa ir para casa.” Ela sorriu para mim, com o rosto esperançoso. “Ele só come quando sua mãe lhe obriga e, como eu disse, ele não deixou o hospital uma vez sequer.”
Eu balancei minha cabeça, não.
“Vocês dois devem fazer um belo casal.”
Eu tentei sorrir.
“E você é um cara de muita sorte, porque ele não só é um homem que te ama, mas ele também é simplesmente deslumbrante de se olhar.”
Ela suspirou. “O seu irmão também, por sinal. Lembra-me de um desses ídolos matinês dos anos quarenta, não que eu seja tão velha, fique sabendo.”
Eu tentei sorrir.
“E você, querido,” ela alisou meu cabelo, afastando-o do meu rosto “você deve ser o rapaz mais bonito que eu já vi.”
Eu gemi.
“Homem,” ela se corrigiu, sorrindo calorosamente. “Eu quis dizer o homem.”
Revirei os olhos e ela riu.
“Eu vou ligar para o seu médico, agora que você está acordado para que possamos continuar com este show.”
Sozinho com Sam, eu tentei por um minuto dizer o nome dele antes de desistir e adormecer.
* * * * *
Eu acordei, e depois de me concentrar por um minuto, vi Nick Sullivan. Engraçado que ele estivesse lá, um homem com quem tinha saído duas vezes, um homem que era apenas meu amigo. Eu tinha armado um encontro às escuras para ele que foi muito bem. Ele deveria estar com seu novo interesse amoroso, não mantendo vigília. Ele estava de pé ao lado da cama olhando para mim, com os braços cruzados sobre o peito e parecendo estranhamente desconfortável.
“O que você está fazendo aqui?” Eu perguntei, e minha voz era áspera.
Ele engoliu em seco e continuou a olhar para mim.
“Nick?”
Ele respirou fundo e olhou-me de cima abaixo. Havia tubos e cabos, o monitor preso ao meu dedo médio. “Eu quero te abraçar, mas eu não sei como.”
Me abraçar? “Você está bem?”
“Não, acho que não. Eu só quero estar perto de você.”
Eu tentei sorrir, porque não era isso que eu queria. Preferi uma distração. “Por favor, posso beber um copo de água?”
Ele pulou para fazer isso por mim.
“Jory.”
Eu me virei e vi Sam vindo em direção à cama. Eu tentei me mover, me sentar.
“Não, não, não se mova,” ele ordenou, chegando ao lado da cama. Ele se inclinou para mim, levantei a minha mão direita, e então a coloquei em suas costas. Seus braços deslizaram em torno de mim suavemente, mas firme o suficiente para que eu pudesse sentir o calor dele através de sua camiseta. Suavemente, lentamente, ele manobrou sob tudo, de modo que sua cabeça estava apoiada em meu peito enquanto ele se estendia ao meu lado. Eu não tinha ideia de como ele fez isso, tão grande quanto ele era, com todo seu 1,96 metros de altura, mas ele conseguiu. Ele se sentia tão bem ao meu lado e cheirava a sabão e seu cabelo estava úmido. Eu fiz um ruído que era meio gemido, meio suspiro. Estava tão contente. Eu beijei sua testa e acariciei seu cabelo. Eu não me lembro de fechar meus olhos.
* * * * *
As vozes estavam abafadas e suaves, mas eu podia escutar. “Eu não entendo,” sua voz se levantou de repente.
“Mãe, não o acorde.”
“Talvez ele devesse acordar, Sam. Talvez se você olhar em seus olhos, você não seria capaz de ir embora.”
“Eu estou indo por causa dele. Se eu olhasse em seus olhos, não faria nenhuma diferença.”
“Você é um covarde.”
“Mamãe.”
“Você é! Você está fugindo porque não quer que as pessoas saibam que você dorme com um homem! Essa é a única razão pela qual você está fazendo isso.”
“Não, não é. Você não está ouvindo.”
“Sam.” Ela respirou fundo. “Você me diz que o ama no mesmo fôlego em que me diz que está indo embora. De que outra forma posso interpretar isso, além de covardia?”
“Você não entende... Eu não posso trabalhar assim! Eu não posso ser assim.”
“Assim como, Sam? Você não está me dizendo nada.”
“Mamãe.” Eu ouvi a cadeira se mover, arrastando-se pelo chão como unhas em um quadro-negro. “Minha vida está sob um microscópio. Se alguém descobrir que eu estava vendo Jory enquanto havia uma investigação em curso... se o DAI realmente olhar para mim, eu estou morto. Você consegue entender a profundidade do buraco onde eu me encontro? Você tem alguma ideia?“
“Sam...”
“Não vai parar comigo sendo expulso da força. Eu poderia ser acusado de interferir em uma investigação em curso. Poderia... há tanta coisa que poderia dar errado. Eles poderiam até me jogar na cadeia.“
“Isso é ridículo!”
“Só porque você não está familiarizada com a lei. Fiz uma grande asneira... você não tem noção.”
“Sam...”
“Mas mãe... se eu for embora, fizer o que meu capitão quer e me juntar à força-tarefa e trabalhar disfarçado...” Eu o ouvi soltar um suspiro e, em seguida, outro. “Todo mundo sabe o que eu fiz, e todos estão deliberadamente ignorando. Eles estão se concentrando em Dominic em vez disso. Tenho tanta sorte, você não tem ideia de quanto. Eles estão me dando uma saída, e eu tenho que aceitá-la.”
Eu tentei falar, gritar, espernear, mas não havia nada, eu não conseguia nem abrir meus olhos. Não havia jeito de me mover ou estender a mão. Eu me sentia como se estivesse envolto em algodão.
“Mas você ama Jory.”
“Eu amo Jory, mas que utilidade terei para ele se eu me ressentir dele por não poder mais ser um policial?”
“Sam...”
“Mãe,” ele gemeu. “Eu tenho que ajudar a encontrar o homem responsável por colocar o contrato na vida de Jory. Se eu não o encontrar...”
“Você está mentindo para si mesmo, Sam, se pensa que está fazendo isso por Jory. Ficar com ele vai mantê-lo seguro. Você quer se distanciar para fazer com que pareça que você não está apaixonado por ele.” Sua voz falhou antes de ouvir o gemido de lágrimas iminentes. “Você...”
“Mãe, eu tenho que ir. E sim, em parte é porque eu estou muito perto e não posso protegê-lo quando me sinto assim. Quer dizer, tudo no que consigo pensar é em perdê-lo e em como eu me sentiria se isso acontecesse. Quando ele estava sangrando e eu estava segurando-o e... Jesus, não há como manter a objetividade através disso.“
Senti as lágrimas deslizarem pelo meu rosto, mas ninguém me viu. Eles estavam falando de mim, mas ninguém estava realmente olhando para mim.
“Eu não posso deixar que nada aconteça a ele, mamãe. Eu não sei o que eu faria.”
“Ele levou um tiro por você, Sam. Ele te ama tanto que daria a vida pela sua. Eu nunca poderia pedir nada além disso para você, para qualquer um dos meus filhos... seu pai sente o mesmo.”
“Mãe, estamos falando sobre pegar a informação que Dominic está nos dando e usá-la para arrebentar um sindicato de drogas enorme. Eu...”
“Estamos falando sobre Jory, e sobre você não querer que as pessoas saibam que você está dormindo com ele desde que se conheceram.”
“Não é. Eu já lhe disse que não é.”
“Eu não acredito em você.”
“Jesus, mamãe, não...”
“Cale a boca!” gritou ela de repente. “Só me diga uma coisa; quando você voltar, vai poder estar com Jory?”
“Sim.”
“E quanto tempo vai trabalhar disfarçado?”
“Eu não sei.”
“Você não vai vê-lo antes de ir?”
“Eu estou aqui agora.”
“Mas...”
“Estou indo agora.”
“Sam.” Ela começou a chorar. “Por favor, não vá.”
Se eu pudesse ter gritado eu teria. Como ele podia me deixar?
“Mãe, se eu for, poderei continuar trabalhando e manter Jory fora do radar de todos. Ele vai ficar melhor sem mim, só por alguns meses. Precisamos deixar tudo se acalmar.”
“Eu quero que você diga adeus o Jory.”
“Eu já disse. Sentei-me com ele por uma hora hoje de manhã observando-o dormir. É melhor que ele esteja dormindo.”
“Oh, Sam.”
“Mãe,” ele a acalmou.
“E se for muito tempo, Sam? E se... e se Jory encontrar alguém para amar?”
“Eu só posso fazer o que eu acho que é certo, e acho que isso é o certo para nós dois. Ele me ama por causa de quem eu sou, e se eu não puder ser aquele cara... de que adianta?”
Senti meu corpo se contrair. Como ele podia me deixar?
Seus lábios estavam de repente na minha testa. “Eu amo você, bebê.”
Mas ele não amava. Não de verdade. Como ele podia me abandonar se ele me amava?
“Eu voltarei para você.”
Eu tentei levantar, mas já estava afundando em vez disso, a escuridão me puxando.
“Te vejo em breve.”
Mas mesmo antes de ser engolido pelo sono, sabia que era mentira. Não havia maneira de saber quando ou onde eu iria colocar os olhos sobre Sam Kage novamente.
FIM DO LIVRO 1
==================================================================================================