Acordei o relógio já marcava seis e meia da manhã, levantei abri meu guarda-roupa escolhi uma roupa rapidamente, corri para o banheiro e me vesti, sai de casa correndo nem café tomei para não me atrasar. Cheguei na escola e me sentei na porta para esperar o Douglas, passaram-se quase meia hora e nada dele. O que será que aconteceu? Ele não costuma faltar, me perguntei.
Após ter ficado por um bom tempo na porta da escola esperando por ele, entrei para sala, já um pouco atrasado. Passou-se a primeira aula, a segunda e então me convenci de que ele não viria mais. Minha mente encheu-se de pensamentos e um deles me assustava demais, será que ele se arrependeu do nosso beijo e por isso não veio, não, não pode ser.
Aquela manhã foi vazia para mim, sem ele lá, foi como voltar aos meus anos de isolamento na antiga cidade.
Quando cheguei em casa mandei uma mensagem para ele, mas não obtive respostas. O que será que aconteceu? Meus pensamentos me apavoravam, a pior coisa que poderia acontecer seria ele mudar de ideia agora.
Subi para o terraço e me sentei em uma das cadeiras e um flash de nossos momentos se passou pela minha cabeça e a cada segundo daquilo ia me deixando mais angustiado pela falta de noticias dele, tudo que eu não queria era mais um Fernando em minha vida.
Já haviam se passado três dias e nada de notícias, já estava pirando, não sabia onde ele morava seu celular não atendia, eu não conhecia nenhum de seus amigos o suficiente, não havia nada que eu pudesse fazer a não ser sentar e esperar por notícias dele.
Neste mesmo dia minha mãe voltou de sua viajem o que me ajudou um pouco me distraindo de meu pensamento obsessivo em Douglas, eu confesso que isso estava me assustando de uma maneira que eu nunca havia me sentido antes.
Eu não contei nada a ela, afinal ela ainda não sabia de mim, e me mostrar tão preocupado pelo sumiço de um menino assim soaria mais suspeito do que eu precisava para o momento, não queria mais preocupações.
No dia seguinte fiquei em meu terraço observando o dia nublado acompanhado de um livro, de hora em hora minha mãe vinha me ver e perguntar se estava tudo bem, era compreensível sua preocupação, pois eu estava me isolando novamente. Ela sentou comigo e tentou tirar de mim o que me afligia, mas eu apenas menti, ela fingiu acreditar e me deixou só novamente.
Já estava escurecendo, já havia abandonado o livro no chão ao meu lado estava só com minha solidão, senti meus olhos ficarem marejados. Há não quero chorar, não ainda. Minha mente voltava a pensar simultaneamente , ELE NÃO TE QUER, FOI APENAS UM SONHO. Mas eu não queria acreditar, isso não fazia seu tipo.
- Paulo – Ouvi minha mãe gritar. – Desce aqui.
- Estou indo. – Gritei de volta.
Movi-me em direção a escada sem ânimo.
- O que foi? – Perguntei ainda da escada.
- Tem gente na porta. – Ela falou se sentando no sofá.
Desci a escada em direção à porta e quando a abri senti como se meu coração fosse saltar ou explodir sei lá, foi meio indescritível para mim.
- Oi – Ele falou.
- Oi – Eu sorri. Eu não deveria sorrir, eu estava quase chorando a alguns segundos atrás.
- Posso entrar? – Ele pediu.
- Claro. – Falei dando espaço para ele passar.
Subimos para o terraço, vê-lo ali me trouxe uma paz indescritível que quase me esqueci de estar bravo, só conseguia me sentir aliviado. Ele se virou para mim.
- O que houve você sumiu? – Perguntei tentando disfarçar minha curiosidade.
- Eu sei, devia ter dado noticias é que meu avô não está muito bem de saúde e precisamos viajar para visitá-lo. – Ele falou calmamente.
- Sinto muito. – Falei baixando a cabeça. – Me sinto péssimo agora. – Falei.
- Por quê? – Ele perguntou sorrindo.
- Pelas coisas que eu pensei sobre você. Quando eu sei o quão incrível você é. – O encarei. Ele se aproximou de mim.
- É compreensível a partir do momento em que eu te beijo e sumo. Acho que no seu lugar teria feito até pior. – Rimos. Nossos olhos se encontraram.
- A cada dia que passa eu te amo mais. – Falei.
- Eu também. Eu nunca amei tanto alguém quanto eu amo você. – Ele disse. Seus lábios tocaram os meus, senti como se meus órgãos voltassem à vida. Tocar seu corpo sentir seu cheiro, não sei se tem como descrever o que eu senti naquele momento. Mas era como se a qualquer momento eu fosse flutuar.
- Quer namorar comigo? – Ele perguntou quando encerramos o beijo.
- Claro que quero. – Ele sorriu. Beijamo-nos novamente.
Não sei de que maneira aquela noite poderia ficar mais perfeita, quando tudo parecia que viria a dar errado, me considero sortudo por encontrar alguém como o Douglas, ele é perfeito para mim.
Depois que ele se foi, fui para o meu quarto e fiquei feito besta encarando o teto com um sorriso de orelha a orelha. Quando ouvi batidas na porta e sem seguida minha mãe me encarar pela fresta.
- Posso falar com você filho? – Ela perguntou.
- Claro. Entra! – Respondi.
Ela entrou sentou-se na beirada da cama e me encarou.
- Olha filho, não que eu queira me meter na sua vida, mas o que rola entre você e esse menino? – Ela perguntou.
- De onde você tirou isso mãe? – Tentei disfarçar.
- Não precisa mentir Paulo, eu vi como você desceu cabisbaixo e subiu com um sorriso que eu não vejo faz tempo. – Ela falou.
- Eu não posso ficar feliz por um amigo. – Tentei novamente, sabendo que não sairia dessa. Ela sorriu para mim.
- Vamos ficar nessa até que horas Paulo? Para ser sincera eu já sei que você é gay faz bastante tempo. – A encarei. – Esperei que você viesse me contar, mas hoje eu vi que talvez isso fosse demorar a acontecer e por isso vim aqui. Olha só quero que saiba que não precisa esconder as coisas de mim, eu sou sua amiga, sempre fui e você sabe disso. Vou estar sempre aqui e de braços abertos para você à notícia sendo boa ou ruim, não hesite em me contar filho. – Senti uma lágrima escorrer de meus olhos.
Não sabia o que responder então a abracei, e nesse momento me senti completamente seguro, senti que as lacunas deixadas em aberto pelo meu pai e meu irmão estavam sendo cobertas por Douglas e minha mãe, senti que havia mais da vida esperando por mim, e que eu devia abraça-los com toda minha força. Eu precisava viver e não deixaria isso para depois, não mais.