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*Segue mais um capítulo pra vocês seus lindos! Obrigado por todo o carinho e até segunda! Beijos! <3
CAPÍTULO – 02
As várias atividades desenvolvidas por Cristóvão incluíam: sequestros, extorsões, escravidão, roubos e mortes misteriosas, por muito tempo ele foi procurado por políticos e grandes empresários que queriam apenas dar um susto ou um fim em seus adversários. Quem desenvolvia, orquestrava e coordenava o sucesso dessas atividades era Fred e o novo soldado, chamavam-no de Rômulo, este tinha a aparência de um nobre: cabelos louros, olhos azuis, corpo definido e muito grande, não chegava a ser tão grande como Beto nos bons tempos, mas sem dúvidas era enorme.
Sua infância era um borrão de sofrimentos e humilhações. Nascera pobre, passou fome junto de sua mãe até a idade de cinco anos, ela foi morta pela policia enquanto trabalhava vendendo doces numa banquinha tão suja que somente os miseráveis se atreviam a comer ali. Eles moravam no Rio de Janeiro e dividiam um pequeno quarto com apenas um colchão de solteiro lá dentro, bebiam agua da torneira e frequentemente comiam sobras dadas por uma vizinha, esta vizinha também morreu e Rômulo se viu só no mundo, os assistentes sociais que apareceram em sua casa depois de um mês o encontraram entre a vida e a morte, estava desidratado e desnutrido, com vermes que lhe engoliam de dentro para fora e uma fome tão forte que ele sonhava com pedaços de pão que lhe caiam na cabeça, passou por um período sendo tratado e muito bem tratado num hospital público, as enfermeiras se afeiçoaram a ele como a um mascote. Foi levado deste hospital onde havia descoberto ao menos dez mães para um orfanato dirigido por um homem severo chamado Humberto, lá ele reencontrou além da fome e do frio, as humilhações a que estava fadado, banhos junto com garotos maiores que tentavam incansavelmente lhe aliciar, a comida intragável que serviam, a dor de ver alguns meninos sendo adotados enquanto ele era preterido por ser muito tímido e já grandinho.
Passou muito tempo sonhando com uma família que viria ao seu salvamento naquele castelo de horrores onde vivia, mas nunca chegou, com o tempo as poucas enfermeiras que ainda o visitavam acabaram por se esquecer dele, ninguém o queria, ele era mais um dos esquecidos pelo sistema, pensava constantemente na mãe e na morte, pelo menos a contiguidade as unia. Um dia foi chamado ao gabinete do diretor, foi apresentado a um senhor de sorriso cruel chamado Cristóvão, pelo que pode compreender estava sendo vendido e não adotado, mas ao ver as roupas do senhor de pele branca, terno e gravata e sapatos lustrosos um naco de esperança lhe tomou e assim como uma flor nasce no asfalto essa esperança lhe encheu, pensou brevemente: “Lá deve ser melhor que aqui”, mal sabia ele que a escravidão pura e simples o esperava, é verdade que gozaria de algumas regalias, mas liberdade ou felicidade não o esperavam.
Logo de inicio descobriu que dormiria no porão de uma casa não muito longe do orfanato onde nem os empregados o viam, sua comida, um pouco melhor que a do orfanato, lhe era entregue por uma brecha na porta, banho tomava um por dia, gelado mesmo, pois assim havia se habituado. Um dia o velho apareceu usando óculos escuros, os cabelos que iam rareando em cima da cabeça estavam penteados para trás, ele usava um paletó que lhe deixava altivo, disse:
- Bicho, tira essa roupa agora. – O menino teve medo de ser abusado, já havia visto alguns de seus colegas sofrendo este tipo de violência, mas por alguma ironia do destino ele conseguia passar desapercebido, demorou a seguir a ordem do velho e recebeu uma chicotada na face, já apanhara outras vezes, mas nunca daquela forma, uma lágrima lhe desceu pelo rosto e ouviu a voz odiosa: - Chora mesmo seu bicho imundo, é assim que eu gosto de vocês: HUMILHADOS! – O garoto que ainda não tinha ideia do seu sofrimento e pela pouca autoestima decidiu obedecer, tirou a blusa lentamente sem conter as lágrimas enquanto se virou para jogar a blusa outra chicotada lhe pegou do lado direito na altura da costela, veio a voz: - Não te dei ordem de me dar as costas seu merda!
O garoto tremia de medo e desolação, ali ele não era mais que um objeto, o homem ordenou: - Fica de cueca! – Ele se apavorou, pois se lembrou que não estava vestindo uma, as poucas roupas que foi capaz de levar consigo tinham sido levadas por um homem moreno e mal encarado que nem sequer lhe dirigiu a palavra no dia em que chegou a essa casa, ele tentou balbuciar e disse que não tinha nenhuma cueca, o velho riu o riso aparvalhado dos cruéis e lhe olhou de maneira nojenta: - Então fica nu animal! – O menino engoliu em seco a ordem e com medo de uma nova chicotada, tirou o calção e cobriu o pênis com as duas diminutas mãos. Ele tinha apenas oito anos na época. Dali para frente o chicote foi usado com sadismo e destreza pelo algoz, os pedidos de clemência como em outras vezes de nada adiantaram, diariamente ele tomava uma dolorosa surra, quando o velho se ausentava por uns tempos ele conseguia se curar dos maus tratos e pensava em fugas mirabolantes que por medo ele não colocava em prática, as ameaças feitas pelo velho eram sempre muitos claras: “Tenta fugir e eu te dou de comida para os cachorros, ainda vivo!” ao que ele ria estrondosamente ao ver que tinha conseguido incutir o medo na cabeça do menino, ou então: “Se tentar fugir eu te vendo pra um amigo meu e lá ele vai transformar você em égua para os cavalos dele!” essas ideias numa mente infantil e maltratada como a dele se proliferavam de tal forma que muitas vezes sonhava com isso acontecendo e só não gritava por que não tinha ordens para tal.
Muito rápido percebeu que se obedecesse cegamente, sem pensar, as ordens que Cristóvão lhe dava poderia passar alguns dias sem ser castigado ou com um castigo mais brando como dormir em colchão molhado, algo que não era propriamente uma tortura, mas muito desconfortável uma tática usada apenas para mostrar o quanto ele estava à mercê da vontade e dos caprichos do “seu dono”. Havia apenas uma tranquilidade naquela vida, quando dormia podia sonhar em reencontrar sua mãe, a vizinha há muito tempo morta ou até mesmo uma das enfermeiras que lhe dava doces escondido dos outros.
Mas a dureza se interpunha em sua vida, algumas regalias lhe foram oferecidas, frequentou boas escolas, ganhou roupas boas e tinha tutores para lhe ajudar a acompanhar o ritmo das escolas particulares que frequentava, nunca se perguntou como o seu dono conseguiu a documentação necessária para lhe matricular sem que ninguém o procurasse, mas sabia já a algum tempo que o dinheiro é capaz de comprar muitas coisas, inclusive a decência de algumas pessoas. Religiosamente quando o velho estava em casa, ele tinha que se apresentar às 19:00hs ao lado da mesa de jantar e esperar ajoelhado algumas sobras que ele lhe dava com a mão como se alimenta um cachorro.
Depois vinham as surras, seu corpo era inteiramente marcado por chicotadas, algumas vezes ele se iludia que a dor era menor, mas bastava o velho notar que ele gemia sem vontade a pancada era maior, aos 15 anos ele conheceu Fred, há um tempo ele havia começado a malhar e a tomar suplementos para que seu corpo pudesse ficar maior e nessa época ele passou a pensar em revidar, por isso é que ele veio a conhecer o “capataz”, apanhou tanto que desmaiou, entre murros e chutes a única ordem era não revidar e aprender a obedecer a ele também, ao terminar o terceiro ano com ótimas notas foi mandado a um treinamento tão desumano que se não fosse o seu limiar de dor ser bastante acentuado, ele teria perecido ali.
O ódio lhe mantinha vivo, o que ele mais queria era uma boa oportunidade de vingança, de Humberto o homem que lhe vendeu, de Cristóvão o homem que lhe roubou a infância e de Fred o maldito que lhe maltratava entre sorrisos e escárnios. Sabia de ouvir falar da existência de outro soldado, este era neto de seu mestre, mas ele se recusava a acreditar que o velho fazia o mesmo com ele, só o viu algumas vezes e isso depois que soube que Beto havia conseguido deixar o velho em coma, quebrado os braços de Fred, a antipatia que sentia anteriormente transformou-se em gratidão e admiração, passou quase três meses livre. Mas quando o velho voltou usando uma cadeira de rodas, ele se assustou ao notar o quanto ele estava mais fraco, porém aquela voz continuava odiosa e inconfundível marcada a ferro e fogo em seu cérebro. Recebeu ordens de vigiar o outro soldado, descobrir fraquezas e por em prática todo o plano maquiavélico e covarde que fazia Cristóvão salivar de antecipação.
Foi com grande dor que ele destruiu uma vida que há pouco havia se estruturado pela primeira vez, foi com mais dor ainda que espancou aquele homem que em sua cabeça era um herói e foi pela primeira vez que sentiu remorso pelo que fez com outra pessoa a mando do velho. Ele e Fred quase mataram Betão no primeiro ano, não obedecer era muito pior, o seu antigo “quarto”, ou seja, o porão tinha agora um novo dono, quer dizer um novo cativo. Por vezes depois de bater até a exaustão em Beto ele tinha ganas de descer e cuidar do rapaz, dar-lhe o que comer e o que beber, pois o prisioneiro só viu comida de verdade mais de duas semanas depois de chegar ao cativeiro, só recebia uma garrafa de água por dia, o velho dizia enquanto gritava: “Bicho, se tiver mais sede bebe o teu mijo!”. Ele soube então que nenhuma regalia o garoto teve, muito pelo contrário eram irmãos em sofrimento e dor.
As missões começaram a aparecer aos montes desde que o velho ficou paralítico e pareciam ter abandonado a sua cidade natal, com exceção de uma equipe que era paga para monitorar o estudante que depois virou promotor, o homem por quem Beto se apaixonou e que foi capaz de quebrar o domínio exercido sobre ele. Rômulo sentia pena de Beto, sabia que somente por causa daquele rapaz é que ele aguentava passar por tudo aquilo, apesar de manter a máscara de homem de confiança de Cristóvão um dia, depois de 5 anos espancando continuamente o cativo, ele não suportou saber o que ocorria lá embaixo, no seu antigo quarto onde tantas vezes dormiu quebrado e doído, Fred aplicava mais uma surra em Beto e o velho assistia. Os dois subiram e ele disfarçou sentando-se na frente do notebook e abriu uma página na deep web na qual ele conseguia informações pessoais de pessoas comuns, funcionava quase como um banco de dados semelhante àqueles que a polícia americana possuía e com isso ele pesquisava algo sobre o próximo alvo de Cristóvão.
- Cristóvão, e esse bicho aqui? Aposto que já esqueceu o peso da minha mão, nunca mais apanhou! – Fred falou olhando para o rapaz com raiva, limpando as mãos do sangue do outro.
- Depois dessa missão você brinca com ele! – Cristóvão falou olhando diretamente nos olhos de Rômulo que abaixou a cabeça imediatamente, por medo daqueles olhares frios que recebia sempre. O velho o tinha em total controle, assim como um dia teve Beto.
- Fazendo o que aí verme? – Fred bateu com força no ombro do rapaz que se manteve quieto sem nada dizer.
- Pesquisando algumas coisas sobre a família Cavalcante, a encomenda dos Neves! – Ele disse voltando sua atenção a sua pesquisa.
- Depois a gente brinca! – Fred saiu da casa deixando aquela ameaça.
- Bicho, me leve ao meu quarto. Depois você continua isso! – Cristóvão ralhou.
- Sim, senhor! – Rômulo levantou imediatamente e colocou o velho nos braços, depositou-o com cuidado na cama de seu quarto. Viu quando o velho alcançou um dos comprimidos e o engoliu sem água.
- Senhor? – Ele perguntou com medo, por experiência sabia que se dirigir ao velho sem que lhe fosse pedido podia lhe render um castigo.
- O que é verme? – Cristóvão devolveu impaciente e já se acomodando na cama.
- O Fred foi resolver algo? – Quis saber.
- O que isso te interessa animal? Sai da minha frente antes que eu mande te aleijar! – Rômulo desceu as escadas imediatamente, olhou ao redor na casa, foi até o quarto de Fred e não o encontrou, nem mesmo a sua caminhonete estava ali. Ele então se encheu de coragem, abriu a porta que dava para o porão e desceu vagarosamente, o cheiro que subia dali era nauseante, suor, sangue, urina e outros fluidos corporais. Tudo estava escuro e ele acendeu uma lanterna pequena que tinha em seu chaveiro. Foi então que viu Betão preso pelas mãos e pés em correntes na parede, o rosto inchado e ensanguentado, nu, com marcas roxas e avermelhadas por todo o corpo, naquela surra o chicote havia sido usado novamente sem a menor clemência. Ele colocou o foco de luz no rosto do rapaz e se aproximou, Beto abriu os olhos e suspirou mole como que esperando por mais uma sessão de pancadaria. Virou-se de forma submissa mostrando as costas já abertas por vergões das chicotadas e se deixou cair, em sua cabeça aquela seria mais uma sessão de tortura.
- Precisa não cara... – Rômulo gaguejou.
- Veio jogar sal nas feridas? – Beto perguntou com a voz falhada.
- Há quantos dias tu não come? – Rômulo engoliu em seco a frase que Beto falou, afinal ele já havia conhecido a dor que o sal causava em suas feridas.
Betão permaneceu calado, havia perdido novamente o costume de ter alguém se preocupando com ele, temeu que aquela fosse mais uma das artimanhas de seus algozes e preferia muito mais sentir as dores que lhe eram infligidas do que sofrer as humilhações e viver sempre com medo das ameaças feitas a Ricardo. Aquelas sim lhe desestabilizavam, quando Fred ou Cristóvão traziam à baila o nome do seu franguinho, ali sim o medo lhe tomava por completo e ele sofria por pensar que caso o matassem não haveria mais motivo nenhum para poupá-lo e por isso mesmo se humilhava quantas vezes fosse necessário por sua vida, assim ele estaria zelando pela vida de Ricardo também.
- Fala cara, deixa eu te ajudar! – Rômulo se aproximou e Beto o olhou de soslaio.
- Precisa não cara, fica na tua pra não sobrar pra ti também! – Betão falou firme, ele sabia que aquele rapaz era um escravo como ele e por mais calejado que estivesse, fazer o mal gratuitamente era uma noção estranha a ele naquela época.
- Foi mal! – Rômulo deu as costas e subiu se sentindo culpado por ter sido ele a orquestrar a derrubada de Betão, por ter sido ele a colocar o Ricardo na mira dos capangas. Interpretou a negativa de Betão como uma forma de puni-lo e assim permaneceu por muito tempo, via as constantes surras aplicadas, chegava a participar de algumas delas e uma vez lhe coube a obrigação de levar Beto ao médico que realizava as cirurgias clandestinas. O ferido foi colocado sem o menor cuidado na caçamba da caminhonete por Fred.
- Leva esse lixo pra o Dr. Alcântara remendar e volta logo que tu tem umas obrigações ainda hoje! – Rômulo acelerou a caminhonete e saiu levantando poeira, a casa era isolada da cidade, mais ou menos meia hora em boa velocidade, mas a casa onde o médico realizava os procedimentos ficava na outra extremidade da cidade o que lhe dava tempo para andar olhando a paisagem os poucos momentos de liberdade que tinha no volante, quando criança ele queria ser motorista de caminhão, nunca pode realizar seu intendo e sabia que seu destino era morrer em alguma missão suicida que Cristóvão lhe enviava, antes de sair das estradas de terra estacionou o carro embaixo de uma árvore e decidiu olhar Betão, abriu a caçamba e viu o corpo machucado com diversas cicatrizes, algumas com queloides, mas ainda assim conservava em si alguns músculos, ele estava sujo e ensanguentado e naquele momento Rômulo foi até a cabine do carro buscando uma garrafinha d’água para lhe dar.
De repente foi rendido por Betão que lhe segurou de uma maneira impossível de se soltar, os braços imobilizados, o pescoço sendo apertado com força tudo isso em menos de dois segundos as posições se inverteram.
- Ele mandou tu me matar? – Beto perguntou com raiva na voz.
- Não cara eu ia te dar água! – Mostrou as mãos em sinal de rendição para que Beto soubesse que ali não havia planos ulteriores, ele queria apenas ajuda-lo. Rapidamente as mãos ágeis de Betão procuraram por alguma arma e enquanto isso o outro soldado permanecia parado, pois sabia que seria muito fácil de ser morto com aquele golpe, bastava que ele desse mais pressão.
- E o que tinha nessa água? – Beto perguntou ainda desconfiado.
- Nada não cara, só pensei que tu podia estar com sede e como eu sei como é o tratamento lá no Alcântara... – Lembrou rapidamente dos remendos mal feitos, das agulhadas sem anestesia, das micro cirurgias, daquelas mãos pequenas do médico, mas ainda assim ágeis e nojentas dentro de luvas.
- Ele também te manda pra lá? – Rômulo sentiu afrouxar o aperto em seu pescoço e em seguida no braço.
- Desde antes de você chegar! – O soldado admitiu envergonhado. Beto não soube o porquê, mas sentiu que o rapaz falava a verdade. Soltou-o vagarosamente e se preparou para apanhar, afinal de contas ele tinha comando para não revidar a Rômulo também. Afastou-se e foi se dirigindo novamente à caçamba do veículo, só então Rômulo notou o quanto ele estava fraco, pois se apoiava a lataria do carro como se buscasse forças, mas mesmo assim foi capaz de rendê-lo, talvez eles pudessem bolar um plano para fugir daquela realidade. Alcançou a garrafa de água e a entregou nas mãos do rapaz, os dois se olharam se reconheceram, pois souberam ali que os dois passaram pelas mesmas coisas.
- Tu tem que me levar até o médico e voltar logo, ouvi o Fred falar! – Rômulo percebeu a entonação raivosa que Beto deu ao falar o nome de Fred.
- Qual é a do Fred? – Ele perguntou curioso, afinal jamais soube qual a natureza da relação dos dois.
- Ele é um empregado de confiança, sádico como o meu avô! – Betão olhou para o outro lado, lembrou de Ricardo, da vida feliz que levou por algum tempo, de tudo o que aconteceu até a sua pseudo libertação.
- É, ele está na “família” há muito tempo! – Sentenciou. Ele queria conversar mais, saber mais sobre o rapaz, mas sabia também que não era prudente que desconfiassem daquela ida ao médico, as consequências poderiam ser as mais nefastas possíveis.
- Tem mais alguém trabalhando pro meu vô? – Beto perguntou de supetão.
- Fixos na casa só eu, Fred e alguns empregados antigos.
- Entendi... – Beto se calou novamente, deu outro gole grande de água. – Tu tem mais água aê? – Perguntou ao ver que aquela acabava.
- Não... – Rômulo se sentiu mal ao lhe negar aquilo.
- De boa, vamos logo. – Beto então entregou-lhe a garrafa quase vazia, deitou-se novamente na caçamba do veículo e Rômulo o cobriu.
Retomou o caminho, ia o tempo todo pensando em como poderia se aproximar de Beto, de alguma forma o fato do rapaz ter quebrado o controle uma vez lhe deixava instigado, talvez aquilo fosse possível de ser realizado novamente, talvez com a ajuda de outro soldado poderiam por fim naquele sofrimento. Rômulo ainda sonhava com uma vida normal, trabalhar em alguma coisa simples, casar, ter filhos com uma mulher boa, era somente esse o seu sonho, ser dono de sua vontade. Chegou à chácara do médico, o portão foi aberto automaticamente depois que ele se apresentou, encostou ao lado do local, uma lateral mais escondida, abriu novamente a coberta da caçamba e viu Beto de olhos abertos e vermelhos, suado e fedendo a suor e sangue seco.
- Vou te colocar no ombro pra ele não desconfiar que tu consegue andar. – Falou cautelosamente ao que o outro assentiu. Colocou-o em seu ombro sem dificuldades e Beto relaxou o corpo ao máximo para parecer desmaiado e assim Rômulo assumiu a postura de soldado implacável entrou na clínica, esperou o médico vir receber Beto e saiu sem perguntar nada como via Fred fazer com ele quando ia para lá.
Betão suportou novamente os remendos que o médico fazia vagarosamente em sua pele já muito remendada e maltratada, via o olhar daquele outro monstro e sabia que havia ali desejo, algo que o deixava nauseado. Pensou, no entanto, que a aproximação com o novo soldado poderia dar bons frutos, afinal de contas ele deu a entender que gostaria de saber mais sobre a situação deles e isso talvez fosse o sinal de uma possível rebeldia. Diferente de Beto que por muitos anos sequer sonhou com a própria liberdade aquele rapaz, apesar de sofrido não havia nascido cativo e essa era a diferença crucial entre os dois. Os remendos duraram mais tempo que o necessário, logo depois o médico limpou o corpo do ferido com gazes, ele chegava a salivar, Beto fechava os olhos com nojo. Assim passou duas semanas se recuperando e por uma coincidência foi o próprio Rômulo quem foi busca-lo.
- E aí cara, como se sente? – Rômulo perguntou no caminho, uma parte havia sido feita em silêncio.
- Quebrado... – Ele admitiu à contragosto.
- O Fred e o Cristóvão viajaram juntos! – Rômulo falou um pouco empolgado, mas tratou de se conter.
- Sei... – Ele queria perguntar mais, queria saber se a viagem teria algo a ver com Ricardo, mas não era prudente se mostrar demais ao novo soldado, pois mesmo parecendo que ele estava ao seu lado, sabia também da extensão do controle do velho.
- Tenho ordens pra te deixar amarrado no porão quando chegarmos. – Ele falou com pesar.
- Tudo bem! – Beto deu de ombros.
- Desculpa! – Ele falou baixo e naquele momento que Beto o olhou viu o vergão em seu rosto que provavelmente fora feito por um chicote.
- E isso aí na tua cara?
- Teu vô! – Ele ficou envergonhado, as marcas da violência que ele sofria nem sempre eram possíveis de serem escondidas.
- O velho é um escroto! – Beto falou baixo, mas com isso Rômulo sorriu de lado.
- Verdade! – Ele pensou um pouco antes da próxima pergunta, assim como Beto o Rômulo não costumava temer a ninguém, somente Cristóvão e Fred, mas ele tinha respeito por ele – Não entendo cara, como tu se deixou ser pego de novo... – Ele falou com pesar na voz, Beto se surpreendeu com aquela sentença, abriu a boca para responder, mas não quis falar sobre Ricardo.
- Muita coisa aconteceu. – Se limitou a dizer, Rômulo andava devagar, pois sabendo que não havia ninguém em casa ele poderia se dar ao luxo de demorar um pouco mais e depois adulterar as câmeras como já havia feito outras vezes.
- Desculpa... – Ele repetiu e Beto percebeu que da primeira vez era por isso que ele se desculpava e não por ter que prendê-lo no porão.
- Foi tu, né? – Beto perguntou respirando fundo, usando todas as suas forças pra não avançar no rapaz. – Foi tu que organizou a tocaia... – Ele falou calmamente, mas de forma fria.
- Foi – Rômulo admitiu com a voz falhada.
- Desgraça! – Beto falou entredentes. – O Ricardo ainda está vivo? – Ele perguntou imediatamente.
- Tá! – O rapaz admitiu. – Mas continua sob vigilância, esse ano ele se forma... – Beto levantou a cabeça e sentiu o nó na garganta aumentar de tamanho, ele queria poder chorar. Estava perdendo muito tempo ao lado de Ricardo, mas valia a pena se sacrificar, assim ele continuaria vivo. Olhou pela janela, viu aquela paisagem agreste do local, se perguntou onde estava, fazia tanto tempo que seus únicos “passeios” eram para ir ver o médico, de resto ficava apenas naquele quarto escuro que quase o matava de calor durante o dia e de frio à noite. – Cara, eu fiz por que fui mandado... – Rômulo rompeu o silêncio e ao ver o olhar do rapaz, Beto lembrou de si, das atrocidades que teve de fazer, quantas pessoas ele machucou, em quantas vidas interferiu somente para fazer a vontade do avô valer e não teve a coragem para culpa-lo. Assentiu, mas se calou. Chegaram em casa em silêncio, na porta de entrada Beto tirou a roupa maltrapilha que vestia ficando apenas de cueca, Rômulo pegou a corrente e pôs no pescoço do rapaz e foi puxando-o para baixo. Lá dentro do porão foi deixado acorrentado.
Pouco tempo depois Rômulo entrou por uma janela que havia por lá, Beto a teria descoberto antes se pudesse se mexer.
- Toma aqui um sanduíche! – Falou lhe entregando uma baguete bem recheada ao prisioneiro.
- Chapa, porque tu tá querendo me ajudar? Qual é a tua? – Beto sabia que ali não havia câmeras, a única vez em que sua tortura foi gravada eles desceram com o material para realizar a gravação e depois levaram embora.
- Sei lá cara, aceita aí! – Ele disse como se estivesse defendendo de uma acusação.
- Sei não, se tu tiver querendo me complicar com meu avô...
- Cara, se eu pudesse eu matava o teu avô! – Finalmente o ódio transbordou dentro de Rômulo, Beto soube então que podia se aliar a ele, os dois tinham em comum a vontade de vingança.
- E porque num mata? – Beto tomou o sanduíche das mãos dele e deu uma enorme mordida, percebeu ali a confusão na cabeça do soldado, sabia que ele não compreendia o que o mantinha preso àquela situação, o controle que foi instalado de forma tão forte e eficiente que sequer conseguia entender bem.
- Porra! – Ele esbravejou por não saber explicar aquilo a ninguém, nem a ele mesmo. Quis sair dali, mas imediatamente se deu conta de que se havia alguém que entendia daquilo e poderia ajudar de alguma maneira, esse alguém era Betão. – Porque tu num matou quando teve a chance? – Ele devolveu a pergunta.
- Porque o Ricardo me pediu pra não matar! – Betão deu outra mordida no sanduíche.
- Então tu só trocou de senhor, mas o cara também mandava em ti, é? – Rômulo provocou.
- Não, eu fazia as coisas pelo Ricardo porque eu queria fazer e não por que ele me obrigava. – Betão o corrigiu. – Ele nunca me pediu pra fazer nada que eu não quisesse. – Respirou fundo e mordeu outra vez o sanduíche.
- Tu se libertou mesmo? – Rômulo perguntou curioso – Valeu a pena? – Ele agora parecia afoito para saber cada vez mais.
- Valeu! – Beto se limitou a falar. – Por ele valeu!
Os dois então conversaram por muito tempo, antes de descer ao porão ele havia reconfigurado as câmeras e nada seria visto depois. Rômulo falou de tudo, de sua mãe, das enfermeiras, de Humberto o administrador do orfanato e finalmente de Cristóvão, Fred e aquela vida que levou ali por muito tempo. Beto em contrapartida dividiu pouco, mas falou de suas lembranças quando criança, das surras constantes, das ordens desmedidas, das humilhações, do pai e da mãe relapsos e conformados e pouco, bem pouco de Ricardo.
- Se for pra fazer algo a gente tem que ir com calma! – Beto falou tentando acalmar o rapaz.
- Cara, a gente devia matar os dois e adeus... – Rômulo andava de um lado para o outro naquele espaço.
- Não posso, se for assim ele dá ordem pra matar o Ricardo e...
- Que merda é essa cara? Esse teu frango é mais importante que tu? – Ele falou raivoso ao ver a negativa de Beto.
- Tu num fala assim dele não, que tu sabe que eu só estou preso aqui porque eu quero! – Betão assumiu aquela postura ameaçadora, apesar de não conseguir fazer medo em Rômulo, este o respeitava ainda assim.
- Foi mal, mas eu vivo querendo sair daqui cara, só que sozinho me falta a coragem! – Ele disse por fim, a fraqueza dos dois estava dentro deles mesmos e somente eles é que podiam mudar isso, mas juntos podia ser que conseguissem. Rômulo subiu para o seu quarto no início da noite, malhou um pouco, treinou, correu pela propriedade, fez suas atividades como costumava fazer, mas naquele dia sabia que algo havia mudado, um naco de esperança se grudou a ele e não queria lhe largar. Em alguns momentos se pegou até sorrindo, voltou a propriedade, verificou as gravações feitas pelas câmeras e viu que não havia com o que se preocupar. Preparou uma comida e desceu novamente ao porão, lá ele soltou Betão das correntes e lhe deu o que comer e beber.
Os dois continuaram a conversar como amigos, Rômulo nunca havia experimentado isso nem em criança e Beto por algum tempo soube o que era amizade verdadeira. Os dias foram passando e sempre que os empregados iam para suas casas ele preparava algo e levava para Beto. Na noite anterior ao retorno de Cristóvão e Fred ele desceu ao encontro de seu mais novo amigo.
- Eles chegam amanhã pela manhã! – Informou enquanto lhe dava comida.
- Certo, tu tem alguma ordem ou era só pra me prender? – Beto quis saber, pois naqueles dias não tinha apanhado sequer uma vez e isso era algo raro.
- Tenho que te dar uma surra – Ele admitiu por fim – Mas come aí primeiro. – Era notório que nenhum dos dois queria continuar com aquilo, pois conseguiram a duras penas estreitar seus laços, mas se alguma desconfiança surgisse os dois estariam perdidos.
Betão terminou de comer, Rômulo o prendeu novamente e a sessão de tortura recomeçou, daquela vez ele caprichou não queria deixar mostras de que as ordens não haviam sido cumpridas, mas não usou o chicote, quando deixou o rapaz inconsciente parou e o amarrou numa posição menos incomoda, deixou lá e subiu ao seu novo quarto. Após trancar a porta ele sentou no chão e fez algo que há muito tempo não fazia, chorou.
No dia seguinte bem cedo ele estava a espera de Cristóvão e Fred na frente da propriedade, os empregados que ali trabalhavam estavam habituados a não dirigirem a palavra diretamente aos dois e por isso cada um cuidava de seus afazeres. Ele em pé olhava de um lado para o outro, tentava entender e processar os últimos acontecimentos e se deu conta de que havia algo a ser feito antes de pensar em pedir a ajuda de Beto, ele teria que dar um jeito de liberar Ricardo, talvez matar aqueles homens que o vigiavam, tendo em vista que se eles notassem interesse no rapaz, mais tarde viriam a chantagear e extorquir, ou piro atacar o próprio rapaz.
- E então bicho, tudo nos conformes? - Cristóvão ainda estava nos braços de Fred quando perguntou, sendo transportado do carro para a cadeira de rodas.
- Sim, senhor! – Ele assentiu.
- Tenho uma nova missão pra ti! – Cristóvão falou lhe olhando. O rapaz assentiu, mas como sempre sentiu medo, pois cada vez mais as coisas ficavam perigosas, cada vez mais o nível de dificuldade das missões se acentuava. – Tem uma putinha pra tu sequestrar! – Falou entrando na casa e calou-se ao ver que uma das empregadas colocava a mesa, passaram os três direto ao escritório. Fred sentou de frente para a mesa com uma posição de descanso, Rômulo ficou em pé mesmo e Cristóvão assumiu sua posição por trás da mesa. – Procura aí no teu banco de dados o nome Sarah Toledo dos Anjos, ela é filha de um político da Bahia, tu sequestra, maltrata um pouco e quando o viadinho desistir da candidatura tu devolve ela! – Falou rápido, Rômulo apenas assentiu.
- Posso começar agora, senhor? – Ele perguntou de forma mecânica, mas igualmente submissa.
- E a Lessie? Deu o castigo dela esses dias? – Fred quis saber, era assim que se dirigiam a Beto.
- Sim, dei. – Falou seguro.
- Ele desmaiou, fez ele implorar? – Sorriu ao perguntar.
- Sim, fiz!
- Vou lá dar uma olhadinha... – Fred se levantou e saiu deixando Rômulo preocupado, por pensar que ele poderia machucar ainda mais o rapaz.
- Senhor? – Ele perguntou.
- O que é animal? – Respondeu Cristóvão impaciente.
- Eu posso começar a pesquisar sobre a menina?
- Vai, some daqui! – Rômulo deu as costas, mas antes de sair do escritório, foi chamado – Mais uma coisa bicho, como tu vai estar por perto mesmo, aproveita e dá a ordem pra os caras que vigiam o advogadozinho, pra matar aquele viado. Já estou cansado disso! – Falou com raiva na voz.
- Sim, senhor. – Rômulo não esboçou nenhuma reação, mas saiu dali apavorado, talvez naquele exato momento Fred estivesse matando Betão e isso significaria ficar só novamente. Sua mão gelou e colou o ouvido na porta do porão, ouviu a contagem das chibatadas e por mais horrível que isso fosse, lhe tranquilizou: “Ao menos ele está vivo!”.
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O retorno à Salvador foi penoso, normalmente ele faria o desvio para olhar um pouco para aquela casa, mas ela agora tinha outro dono e de alguma forma perdeu o sentido que tinha antes. Ricardo ouvia uma rádio que tocava músicas internacionais, mas bem calmas. Ia a um limite de velocidade aceitável e prestando atenção na paisagem agreste, mas dessa vez havia algo martelando em sua cabeça. Isabela havia falado de uma conta corrente e esta tinha movimento de depósitos e saques, tendo em vista que ela enviava valores ao avô. Logo no início quando Beto desapareceu, Ricardo gastou muito dinheiro na mão de detetives particulares, algumas pessoas que trabalhavam com métodos escusos e juraram que conseguiriam encontrar Betão nem que ele estivesse no Alaska, mas depois de tantas tentativas e seguidas frustrações ele agora era mais cauteloso.
Naquela época não foi possível rastrear a conta que Beto deixou ativa para que chegassem os vencimentos mensalmente, tendo em vista que ele havia feito isso antes de ser sequestrado e enquanto houvesse dinheiro ali, não haveria porque o banco tentar contatá-lo. Porém, daquele montante que mesmo sete anos depois ainda não acabara, ele apenas gastou enquanto manteve a esperança em investigadores particulares. As quantias ficavam em uma poupança com rendimentos, Ricardo imaginava que quando Beto voltasse precisaria de dinheiro para refazer sua vida. Por vezes ele chegava a pensar na possibilidade de que o homem que conheceu não existisse mais, pois quem é que aguentaria sete anos de tortura continua?
Chegando em sua cidade, entrou no apartamento e buscou o número de telefone de um desembargador a quem ele havia ajudado em um processo e que desde então o tratava com cordialidade e respeito. Ainda era cedo e por isso esperou as várias chamadas, quando estava a ponto de desistir o homem atendeu.
- Pois não? – Paulo falou seguramente sem saber quem lhe ligava em seu número pessoal.
- Dr. Paulo, boa noite, me desculpe ligar nesse horário, aqui quem fala é Ricardo, sou promotor na sétima vara de justiça de Salvador...
- Sim, Ricardo, lembro bem de você! – O homem sorriu ao lembrar da competência e discrição do rapaz.
- Dr. Paulo, novamente desculpe pelo horário, mas queria saber se o senhor pode me ajudar em algo. – O rapaz segurou a respiração, pois se comprometeu a não se envolver com os métodos usados para resolver o caso do desembargador, mas momentos extremos pedem medidas desesperadas.
- Diga meu jovem, se eu puder lhe ajudarei sim! – O homem falou seguro.
- Eu preciso do contato do homem que resolveu aquelas investigações para o senhor! – Ricardo prendeu
- Olha Ricardo, eu até te daria, mas aquilo é muito arriscado. Você vai acabar se sujando com isso...
- Senhor, com todo o respeito, mas eu preciso deste contato! –Ricardo afirmou imediatamente.
- Posso saber pra que? – O homem devolveu.
- É assunto confidencial!
- Da promotoria? – Dr. Paulo quis saber.
- Não, assunto meu mesmo! Coisa pessoal, por favor, Dr. Paulo! – Ricardo pediu novamente.
- Tudo bem... – O homem então passou a falar como Ricardo precisava fazer para contatar este investigador, ao que parece as transações seriam realizadas por meio de e-mails e servidores fantasmas, uma vez que conseguisse as informações que desejava, todas as provas precisavam ser destruídas, para tanto ele passaria por uma espécie de peneira, o homem só pegaria o caso se fosse de seu interesse, caso contrário nada feito.
O endereço eletrônico foi passado, Ricardo anotou com cuidado, reconheceu imediatamente que não se tratava de uma grande marca de e-mail, era algo que usuários da Deep Web usavam, durante um caso que ele investigou sobre pedofilia aprendeu a usar algumas ferramentas e por isso conseguiu encontrar o contato. Escreveu então e passou os dados de Cristóvão Mattos, mas em um P.S. deixou claro que seu real interesse era em encontrar o Roberto Mattos, neto do homem. Explicou a situação por cima, mas foi claro o suficiente para avisar que dinheiro não seria problema e que gostaria de que, caso Roberto continuasse vivo, lhe fosse informada a localização atual do rapaz.
Enviou o recado e foi tomar um banho demorado, o notebook ficou na escrivaninha do quarto enquanto ele preparava algo pra comer. Verificou sua agenda para o dia seguinte e assistiu um documentário sobre alienígenas, acabou por adormecer no sofá. No meio da madrugada, mais precisamente às 3:11 da manhã ele acordou e viu que na TV ainda ligada uma moça ensinava a fazer velas, desligou então o aparelho, catou o celular e foi para o seu quarto, deitou-se na cama, mas a iluminação do notebook o incomodou e ele levantou para desligar, porém viu que uma mensagem piscava na tela, ele a abriu e percebeu que era do investigador misterioso.
A resposta era a seguinte:
“Trabalho aceito, nos comunicaremos por aqui! Caso eu encontre os homens que você procura cobroRS que devem ser depositados dois dias após eu lhe entregar os resultados, caso não os encontre, apenas feche esta conta e não me contate mais.
Em caso de solicitação de serviço ulterior, como surras ou assassinatos o valor triplica!
Tenha certeza de que quer continuar, ou paro por aqui!
Até mais, franguinho.”
Ricardo parou por um momento considerando as palavras usadas, mas foi o “franguinho” que lhe chamou atenção, afinal de contas não eram em todos os lugares do país que as pessoas se expressavam assim. Seu sangue gelou e ele apenas enviou a resposta: “Condições aceitas, por enquanto quero apenas que os encontre, depois disso decido o que fazer!”. Recebeu de volta um Smile um pouco mais macabro e naquela noite não conseguiu mais dormir.
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* lari12 : Que bom querida, fico feliz! Beijos! ^^
* GATINHA ANGEL: Opa querida, bom saber que você curte as histórias. Que bom teter acompanhando por aqui! Beijão! ^_^
* Learsi :D : Oi moço, respondi os seu e-mail, você viu? Olha o conto do Matheus é a perfeição, acho que por isso ele conseguiu mexer tanto comigo, foi forte, pungente, cheio de emoções, e mesmo eu que sou fraco pra esses temas gostei muito, então se você puder não deixe de ler. Hahaha, que fã, não faz isso que eu fico vermelho! Abraços querido! =D
* Arthurzinho : Oie, olha fico muito feliz eu você ache isso de mim, mas nem chego aos pés do Matheus, o cara arrasava! Pretendo sim preencher o hiato de dez anos até que eles se encontraram novamente, vamos ver como as coisas evoluem! Beijos, linda! =)
*Bruno Jovovich: Hahahaah, Brigado BV! Ow querido, eu fico tão feliz de ler algo assim de uma pessoa fantástica que eu admiro como você! Vamos continuar agora! Hahaha, beijos seu lindo! <3
* Docinho21: Olha, na verdade esse conto me deixou acordado por algumas noites, mas depois eu entendi o ponto de vista e o quanto o fim triste que ele deu era forte e tinha sentido dentro da realidade da história que ele escolheu contar, mas não consegui me conter, tive que escrever porque não achei justo, mesmo entendendo o autor! Mas enfim, fico feliz que você tenha gostado e espero não decepcionar! Hahaha, abração! :-D
*Nara M: Nara, meu amor! Olha obrigado pelas palavras, você que é sempre fantástica comigo e eu só tenho a agradecer! Beijos meu amor! S2
* Dinho49: Oi Dinho, hahaha, pois é o capítulo foi emocionante até pra mim que sou chorão, quase não paro nessas partes que você citou! Como eu disse antes, consigo entender o que o Matheus queria passar com a história e com o final dela, mas me pegou de uma maneira tão forte que tive de escrever, enfim... Eu falo que quero um final digno da história e vou tentar fazer isso, hahaha, não roa as unhas assim rapaz! O capítulo de hoje tá do jeito que você gosta, tem mais de 20 páginas! U.U Beijos, meu querido e obrigado pela força, você é fantástico! <3
*Tazmania: Oi Taz, hahaha, que bom que curtiu. Tá aí mais um capítulo! Beijos meu lindão! ^^
* Ru/Ruanito : Os capítulos dessa história são todos longos, mas fico feliz que tenha gostado! Abraços! ^_^
* Monster : Oi moço, bom que curtiu! Sim, o final dessa história foi bem pesado e por isso que resolvi responder! O do Pitboy, pelo que ouvi falar pode ser que volte, não é? Estamos na torcida. Hahaha, obrigado por acreditar e obrigado também por se importar! Beijos meu querido! <3
* DanielMG: Oi moço, pois é, mas nesse primeiro momento sinto que tenho que explicar um pouco mais pq mesmo se tratando de uma fanfic eu me distanciei um pouco do original, acabei introduzindo alguns personagens e tudo mais... Fico feliz que tenha curtido, beijos meu querido! =D
* Lilinho: Sinto muito que pense assim, mas como foi dito por outras pessoas nos comentários, não me senti a vontade para lançar uma história de um outro autor sem o mínimo de preparação... Enfim, de qualquer maneira obrigado por prestigiar! ^^
*nayarah: Hahaha, que bom que curtiu! Beijjos! =)
* S2Sonhador: Esse conto me deixou sem chão também, chorei demais mesmo com o rumo da história e está sendo uma catarse escrever essa fic, fico feliz que tenha gostado! Beijão! :-D
* Ninha M : Oi minha linda, tava com saudades de falar com você, sabia? Hahaha, O conto original está disponível pra leitura sim, aqui na CDC e no wattpad. A história é muito forte mesmo, se segure! Grande beijo, linda! <3
* Vitor Gabriel : Oi moço, olha quanto ao Matheus não sei mesmo, tentei contato com ele pra avisar que estaria lançando a fanfic, mas não recebi resposta, enfim... Mas não sabia desse boato da morte dele, será que procede? O.o Abraços!
* gabriel.floripa : Que bom que gostou, abraços! ^^
*Plutão: A história deles é muito forte mesmo. Sim, infelizmente agora é uma estória, não tenho contato com o escritor ou com os personagens, infelizmente. Se ele aparecer, adoraria saber da história verdadeira, que espero seja com final feliz! U.U Grande abraço meu querido! ;-D
* Atheno : Que bom que gostou! Abraço! ^^
* baixinhaaa : Que bom querida, fico feliz! Beijão! S2
*afonsotico: Oi rapaz, acho que não acontecerá com outros contos, esse daqui é pq realmente me tocou demais! Abração! ^^
* Geomateus: Obrigado meu querido, fico feliz de te ver por aqui! Abraços! =D
* caabe_be 2 : Hahaha, sem se preocupe, só paro no final! Beijão! ^^
* amordestinados2 : Que bom que gostou, fico feliz de verdade. Estou tentando me manter fiel aos detalhes que haviam inicialmente na história. Abração! ^_^
* ze carlos : Hahaha, eu gosto de pegar pesado! Obrigado pela torcida! Beijos! =D
* William26 : Hahaha, lemos na mesma época então! Obrigado pela confiança meu querido! Grande abraço! =)
* Catita : Obrigado! Tá aqui a continuação! Beijão ;-D