No dia seguinte já havia acordado a algum tempo, e no momento descia as escadas, cheguei a cozinha mas Bete não estava lá.
Dei de ombros e comecei a comer, tinham panquecas americanas prontinhas novamente.
Odeio comer sozinho, mas fazer o quê, não tinha ninguém alí e eu nem sei para onde a Bete tinha ido.
Depois que terminei saí dalí, passei pela sala e subi no primeiro degrau da escada porém parei...
Olhei o escritório, estava com a porta aberta, então desci novamente e fui até lá.
Adentrei, era enorme e tinha um janelão de vidro que a luz do dia iluminava todo o ambiente, fui até a mesa dele e olhei.
Toquei no teclado do seu computador e passei a mão, tinham papéis espalhados pela mesa, um porta-retratos com uma foto da mãe dele, peguei e fiquei olhando.
Ela estava grávida alí, pegava na barriga e sorria, ele era muito parecido com ela!
Virei meu rosto e vi um porta-retratos meu, ele pegou uma foto minha do álbum e colocou alí, nela eu estava deitado no gramado do jardim...
Coloquei a foto da mãe dele alí novamente e suspirei.
Ele colocou uma foto minha ao lado de uma da mãe dele, me considerava tão importante assim? Será que ainda sou?
Estava me estranhando por está preocupado com isso.
Olhei a minha frente e do outro lado da enorme sala se encontrava o piano, andei até lá devagar e me sentei, passei a mão na teclas e fiquei tentado em tocar.
Tirei minha mão e fiquei encarando-o, olhei para o lado e em uma mesa tinha um porta-retratos com uma foto dele, estiquei meu braço e o peguei.
Nela Bryan sorria, estava sentado em um lugar diferente, creio que deve ser no AP em que ele morava em Nova York. Parecia feliz, estava com um olhar que eu jamais vi, um olhar alegre, desde o começo disso tudo que não o via tão feliz, nos conhecemos pouco tempo depois dele perder o pai e depois aconteceu tudo isso, então eu entendia! Ele era lindo feliz.
Me peguei pensando nisso tudo e comecei a tocar, Fechei meus olhos para sentir como sempre até terminar...
Quando os abri ele estava a minha frente, olhando-me tocar.
Tive um susto e levantei rápido.
-- Desculpe!
-- Não, sem problemas comprei esse piano para você e eu gosto quando você toca.
-- Mesmo?
-- Sim. Minha mãe adorava música clássica e me faz lembrá-la.
Fiquei um pouco sem jeito.
-- Você não foi ao hospital hoje?
-- Estou sem vontade.
-- Eu vi a foto da sua mãe alí, ela era muito bonita, você lembra ela!
-- Então também sou bonito?
Fiquei sem graça e ele percebeu dando um sorriso.
-- Então quer dizer que você é mesmo tímido? Pensei que fosse mais uma mentira do seu pai.
Não gostei do comentário, por um segundo esqueci de tudo que a gente tinha passado até alí e ele me fez lembrar de tudo.
Virei para sair e ele pegou na minha mão...
-- Não.
Virei e olhei em seus olhos.
-- Não sai.
Ele se aproximou devagar e pegou em meu rosto, passou a mão e beijou minha bochecha.
Eu estava congelado, não conseguia me mexer...
Ele beijou o outro lado do meu rosto e depois meus lábios, deu um selinho, olhou nos meus olhos e voltou a me beijar, dessa vez um beijo de verdade.
Me arrepiei todo, estava nervoso e meu coração acelerou, por um instante me senti longe desse mundo.
Porém voltei a realidade, lembrei do Pedro e me larguei dele.
-- O que foi?
virei de costas. Me sentia culpado!
-- Responde, o que foi?
-- Isso foi um erro, não deveria ter acontecido.
-- Porque foi um erro?
Não respondi.
-- Renponde Benjamim, porque foi um erro? Somos casados!
-- Porque amo outra pessoa!
falei de costas, mas virei olhando-o nos olhos.
-- Amo outra pessoa, entendeu agora? E isso não vai mudar! Não vou trair meu amor, não posso. Não pense que vou chegar a te amar um dia, já tenho alguém e nunca vou te amar, nunca!
Ele passou um tempo me olhando nos olhos e fiquei sem jeito.
Ele pegou um enfeite de cima do piano e jogou na parede que se espatifou, me assustei na hora porque foi de repente.
-- NÃO FALE NESSE HOMEM NA MINHA FRENTE! COMO PODE FALAR ESSAS COISAS NA MINHA CARA?
-- Você perguntou e também tem que entender que eu não te amo, eu amo outro!
Ele respirava pesado e virou de costas com as mãos na mesa debruçado sobre ela e de cabeça baixa.
Não respondeu nada, saiu do escritório andando rápido pela sala, fui atrás dele e parei na porta vendo-o andar até a escada...
-- O que houve?
Bete entrava pela porta, colocava sacolas no chão enquanto falava, parece que havia ido ao supermercado.
-- Vou ao hospital.
-- Mas hoje?
-- Sim, ao menos lá eu esqueço de tudo, me destraio e não tenho nenhum problema. Sinto um pouco de refúgio em alguns pacientes... Você sabe!
Subiu.
Ela entrou na cozinha com cara de preocupada, fiquei um pouco mal, mas fui atrás.
-- Oi Bete?
-- Oi querido.
-- Ouvi vocês conversando, o que tem hoje que você falou que seria melhor ele não ir ao hospital?
-- Ele não costuma trabalhar nos dias de hoje, fica em casa... É que é o aniversário de morte da mãe dele.
Sentei na cadeira, meu coração apertou.
-- Não sei o que aconteceu para ele ter resolvido ir, ele gostava de ficar aqui, ouvir algumas musicas clássicas que ela ouvia. Isso antes de ir para Nova York.
Levantei, queria ir para o meu quarto.
-- Vai para onde?
-- Vou deitar um pouco.
-- OK.
Subi para o quarto, enquanto passava pelo grande corredor vi o quarto que ele estava, peguei na maçaneta, mas não me atrevi a abrir, fui para o meu quarto.
Tranquei a porta e me encostei nela, escorreguei até o chão chorando.
Ele deve ter se sentido tão bem quando toquei, ele disse isso, falou que a mãe gostava de ouvir músicas clássicas e eu estraguei tudo!
Porque as coisas tinham que ser assim? Talvez se eu não houvesse conhecido Pedro ou se houvesse conhecido o Bryan antes dele...
Fui até a janela do meu quarto e o vi entrando no carro.
Sequei minhas lágrimas e desci.
Bete estava no jardim, o viu sair e entrou.
-- Bete, ele não vai deixar flores para a mãe dele?
-- Mais tarde.
Fiquei na minha, gostaria de ir junto, gostaria de dá-lo forças, abraçá-lo e dizer que estou aqui e que vai ficar tudo bem, mas estraguei tudo, falei muitas grosseirias.
Entramos para a cozinha...
-- Bete gostaria de me abrir contigo, mas não tenho tanta coragem.
-- Sobre o quê?
-- Sobre tudo.
Ela sentou junto a mim.
-- Querido pode confiar em mim, eu percebo que você está tristonho, não é só o Bryan que sofre com tudo isso, mas ele tem a mim e no momento você está sozinho aqui, precisa se abrir também.
Eu a abracei e ela passou a mão na minha cabeça.
-- Bete podemos amar 2 pessoas ao mesmo tempo?
Ela sorriu um pouco.
-- Porque a pergunta?
-- É que eu acho que estou me apaixonando pelo Bryan. Mas não esqueci o Pedro!
-- Não sei querido, só amei meu esposo por toda a minha vida e desde a morte dele, nunca amei ninguém mais.
-- Eu estou confuso, hoje ele me beijou, mas depois o repreendi, falei umas coisas...
-- Ben, vou te dá um conselho, não interprete mal tá e também a decisão é sua.
-- OK.
-- Se você está se apaixonando pelo Bryan e ele já é o seu esposo se entregue a este sentimento, porque você pode.
-- Mas eu sinto que estou traindo o Pedro.
-- Mas não está. Vocês são casados ou tem um compromisso?
-- Não, eu ia contar ao meu pai sobre ele antes do Bryan.
-- E onde ele está agora?
-- Eu não sei.
-- Então? Não desperdice mais tempo ao lado do seu esposo se o ama, aproveite.
Não respondi nada pois ainda tinha minhas dúvidas.
No fim da tarde ele chegou e eu não sabia como agir, estava sem jeito por tudo que falei.
Fui até a mesa para jantarmos e sentei.
Bete se aproximou.
-- Bete e ele?
-- Vai comer no quarto.
Baixei a cabaça.
-- Não se preocupe, ele fica assim mesmo nessa data, principalmente agora que perdeu o pai também.
-- Sim. Mas hoje falei umas coisas e tenho medo de ele está assim pelo que eu disse.
-- Não se preocupe, hum? Coma. Vou levar o dele.
Saiu.
Belisquei um pouco, aqui e alí e depois saí, estava sem fome.
Fiquei um pouco deitado na cama, no meu quarto mas não conseguia relaxar, tinha que falar com ele...
Saí do meu quarto e andei até o seu, fiquei encarando a porta por um instante e resolvi agir.
Dei três batidas e logo após abri.
Ele estava sentado na cama, com o notebook no colo, a bandeja estava encima e parecia está intocada. Ele não havia comido nada.
-- Posso entrar? Gostaria de falar...
-- Na verdade eu também gostaria de falar contigo.
Levantou e veio andando até mim.
Eu me sentia extremamente sem jeito quando ele se aproximava de mim.
-- Benjamim eu te amo, te amei desde a primeira vez que te vi. O mais engraçado é que foi de longe e podia ser uma coisa insignificante porque foi por uns 5 segundos, você estava indo no shopping e te vi ao sair do carro quando estava entrando no hospital. Alí senti algo diferente, e te via sempre andando pela cidade, da mesma forma de longe, mas me apaixonei do mesmo jeito.
Eu o via parado, alí na minha frente. Ele estava falando sério e baixo, calmo.
Bryan usava uma calça de pijama xadrez e uma regata branca.
-- Eu te amo, mas eu sei que você não me ama, não me corresponde e te prender a essa situação só te faz mal e a mim também, então eu aceito o divórcio.
Cresci os olhos.
-- Não se preocupe, já pensei em tudo. Você fica aqui por um mês e depois a gente diz a seu pai que não deu certo. Eu não vou contar que você ia fugir, nem que sei de tudo.
Continuava olhando-o, não sabia o que responder, era para está feliz com tudo aquilo, mas estava com o meu coração destruído.
Respirei fundo e virei, abri a porta e saí.
Fui até meu quarto, me tranquei lá e me desesperei...
As lágrimas caíam enquanto andava de um lado para o outro. E agora? Eu estava livre para o Pedro, mas não estava feliz, estava confuso!
Bryan, ele disse que me ama, se declarou para mim...
No dia seguinte, acordei e como sempre, saí do meu quarto e olhei o dele que estava com a porta entreaberta, ele não estava.
Desci e fui a cozinha, queria falar com Bete...
-- Bom dia querido?
-- bete...
-- Eu sei, fiquei sabendo do divórcio.
Sentei a mesa e suspirei.
-- Tem certeza que é isso mesmo que você quer?
-- Não sei! Estou confuso.
-- Pensa bem Benjamim, acaba logo com essa confusão pois o tempo está se passando e daqui a pouco você irá perdê-lo para sempre!
Aquilo me deixou mais mal ainda.
Levantei...
-- Não vai comer?
-- Estou sem fome.
Fui ao escritório, mas dessa vez vi a enorme biblioteca de livros que nem me dei conta da primeira vez que entrei alí.
As paredes eram prateleiras de livros até o teto e tinha uma escada que você arrastava para pegar os livros.
Uma parede em específico me encantou, ela tinha livros estrangeiros.
Subi na escada e comecei a olhar, fui puxar a escada mas me desequilibrei e caí lá de cima, ela caiu sobre mim e alguns livros também.
Ouvi Bete correndo até mim.
Minha visão tinha ficado um pouco turva.
-- Querido você está bem?
-- Meu corpo todo dói.
-- Sua camisa rasgou, tem arranhões por todo o corpo.
Ainda estava no chão, Bete nem tocou em mim.
-- Minha cabeça, eu bati.
Minha cabeça estava doendo muito.
Nem me dei conta, mas ela estava ligando para Bryan, só percebi quando ela já falava com ele.
Falou rapidamente e nem prestei atenção em nada.
-- Ele disse para esperar por ele e não mexer em você.
Estava ficando muito tonto e tudo foi ficando escuro aos poucos, então não vi mais nada.
Fui acordando aos poucos, estava em uma cama e apenas de cueca.
Percebi que alí era o quarto dele, de repente ele surgiu vindo do banheiro, trazia vidros de pomadas e remédios.
Fui levantar minha cabeça mas doeu e fiquei tonto.
-- Opa, opa, opa não faça esforço.
-- O que aconteceu? Porque estou aqui no seu quarto só de cueca?
-- Você tem ferimentos pelo corpo todo, inclusive nas costas e pernas. Tive que tirar sua roupa.
Olhei para todo o meu corpo e era verdade! Arranhões e hematomas pelo corpo inteiro.
Ele veio até mim, sentou na cama e começou a passar o algodão molhado com algum medicamento nos ferimentos das minhas pernas. Ia subindo cada vez mais e chegando até as minhas coxas.
O olhava nos olhos, seu rosto estava sério.
Ele então subiu para minha barriga, tocava em mim com delicadeza. Eu não parava de olhá-lo.
Já falei aqui o quanto Bryan é lindo, perfeito, parece esses atores galãs de filmes, séries ou novelas.
Peguei em sua mão, e o puxei para mais perto, toquei em seu rosto perfeito, passei meu dedão no seu lábio inferior e o beijei.
O beijo começou leve, mas depois ele foi acelerando, explorava minha boca com sua língua e eu segurava seus braços musculosos, grandes e duros.
De repente ele saiu do beijo e ficou em pé, de costas para mim.
-- Bryan?
Ele não disse nada.
-- Bry...
Antes de eu terminar, saiu batendo a porta com força.
O que houve? Porque ele agiu assim?
Com alguns minutos Bete apareceu no meu quarto.
-- Onde ele está?
-- Pediu para vir cuidar de você e se trancou no quarto.
-- Eu o beijei e não sei porque ele agiu assim.
Ela passava pomada nos meus arranhões enquanto falava.
-- Até eu faria o mesmo! Você o despreza, depois o beija, o humilha e baija novamente. O que isso aparenta?
-- Que eu estou brincando com ele?
Me senti ofendido.
-- Eu não estou brincando com ele. Seria incapaz de fazer isso! Não sou um qualquer que sai por aí com um e outro. Só, também estou sofrendo, de repente me vi em um emaranhado de problemas, tive que casar com uma pessoa que nem conheço enquanto tinha outra, então também é difícil para mim.
-- Você não precisa dizer isso a mim, ele quem deve saber tudo que você está sentindo. Vocês precisam conversar.
Suspirei.
-- Acabei, agora relaxe, descanse e durma.
Eu estava mesmo muito cansado, me sentia como se um caminhão houvesse passado por cima de mim e acabei dormindo.
Tirei direto e fiquei impressionado quando acordei já era outro dia.
Levantei sentindo um pouco de dor, fiz minha higiene matinal e desci.
-- Bete, como dormi.
-- Sim, Bryan me disse que era efeito dos remédios que você tomou, deixasse você dormir numa boa. Sente alguma dor?
-- Sim. Mas estou melhor.
-- Hoje nós vamos na comunidade. Ainda quer ir?
-- Claro que sim.
-- Acho melhor não, você ainda não está bem!
-- Eu vou sim.
Estava louco para conhecer.
-- OK então.
As horas se passaram rápido e umas duas da tarde nós fomos.
Nos encontraríamos com ele lá.
Quanto mais o carro andava, mais eu percebia a diferença social a minha volta.
-- Entramos no bairro.
Bete me avisou e aí pude observar o choque de realidades.
As pessoas alí eram pobres e sofredoras, avistei mães levando crianças a escola e sua barriga enorme afirmando que vinha outra a caminho. Avistei também bares cheios de homens logo de manhã cedo, jogando e bebendo. Aspectos de vários adolescentes mostrando que se drogavam. Eram tantos problemas sociais alí e nos olhos de muitos um pedido de socorro, principalmente de bebês e crianças que nem sabiam o que seriam de suas vidas ainda.
Descemos do carro na sede da fundação que era enorme, branca e azul.
-- Vai vê-lo?
-- Onde ele está?
-- Por aí. Deve está falando com os diretores. Ele também gosta muito de ir no prédio da creche ver as crianças.
-- Aqui tem uma creche?
-- Sim. E escola de reforço para os maiores e adolescentes.
-- Legal.
Fui procurá-lo, andava devagar pois os arranhões no meu corpo doíam, então o ví de longe.
Conversava com dois jovens de mais ou menos a minha idade.
Me aproximei devagar...
-- Olá?
Ele olhou para mim.
-- Estava mesmo te esperando.
-- Quem é ele Bryan?
Falou a garota. Ela era um pouco baixa, morena, corpo violão, olhos negros e cabelos também batendo na cintura e cacheados.
-- Bem, esse aqui é Benjamim, casei com ele a alguns dias.
A menina cresceu os olhos. -- Ah, então esse é o Ben?
-- Sim.
-- Todo mundo aqui falava de você.
Sorri com vergonha. Eu era famoso e nem sabia!
-- Esses aqui são dois ex alunos que agora irão trabalhar aqui.
-- Legal.
A gente se distanciava enquanto conversava.
Olhei para trás e percebi que falavam de nós.
-- Não se importe, quando casamos Bete disse que aqui o comentário foi esse por dias, uns com preconceito, outros nem tanto.
As meninas passanvam e acenavam para ele, todas derretidas.
-- Você deve ser muito azarado por aqui né?
Ele riu.
Do outro lado tem uma quadra de esportes.
-- Gostaria de ir ver a creche. -- Falei.
Ele olhou sorrindo para mim.
-- OK. Vamos.
Chegamos lá e quando ele abriu a porta todas as crianças correram para abraçá-lo, gritando "tiiiio"
As auxiliares ficaram rindo e ele começou a brincar com as crianças.
Eu ficava olhando aquilo, admirando-o.
Uma garotinha puxou minha calça, olhando para mim e estirou os bracinhos para que eu a pegasse, ela era negra, seu cabelo era crespo e de um lado tinha uma presilha de uma flor, seus olhos eram castanhos, usava um vestidinho da Minnie. Era uma Fofura.
A peguei no colo.
-- Qual seu nome?
Ainda falava com dificuldade por ser pequenina.
-- Ben. E o seu?
-- Beatliz. -- Ainda não falava o r.
-- Você é muito linda, sabia?
Ela sorriu.
A coloquei no chão e ela foi pular em Bryan igual os outros.
Fui falar com uma das auxiliares.
-- É sempre assim?
-- Sim, o Bryan adora crianças e elas adoram ele.
Elas riam ao ver Bryan brincando com as crianças.
-- Você é o Ben, não é?
-- Sim.
-- Meu nome é Daniela, ela é Kátia e aquela é Marta. -- Apontou.
Sorri para as outras.
-- Antes dele ir a Nova York sempre vinha aqui.
-- É lindo vê-lo aqui. -- Falei.
-- Sim, anteontem foi um dia triste para ele, pensamos em telefonar, mas Bete disse que só piora as coisas.
-- Sim, o aniversário de morte da mãe dele.
-- Pensamos que ele poderia está pior, pois agora também perdeu o pai. Todos aqui amam muito o Bryan e o sr. Lafaiete que descanse em paz. Eles já ajudaram muitas familias com esta fundação e agora estão abrindo um posto de saúde.
Kátia se aproximou.
-- Pensávamos que ele estaria mais triste, ainda bem que não está tanto assim.
-- Não, ele estava pior, melhorou quando chegou aqui. -- Falei.
-- Bete me falou que anteontem ele foi para a ala de crianças com câncer no hospital. -- Kátia falou.
Não perguntei nada, mas iria falar com Bete depois.
-- Gente vou ver a Bete, falem para o Bryan, ok?
Saí.
Avistei Bete ao longe e a chamei.
-- Bete me falaram que anteontem o Bryan foi para a ala de crianças com câncer no hospital.
-- Sim, é verdade. Ontem ele passou o dia lá! O Bryan diz se sentir amado por elas, elas são puras e demonstram amor tão facilmente. Ontem quando voltou se abriu comigo...
Baixou a cabeça.
-- O quê? Fala Bete, por favor.
-- Falou que não aguentava mais o seu desprezo, parecia que você não iria mudar, não o amava mesmo pois amava o outro, então seria melhor te dá o divórcio. Ontem, bem tudo que ele queria era um pouco de amor e procurou em você, alguém para se refugiar e se abrir, mas não encontrou. Então foi para o hospital e lá passou o dia inteiro com as crianças, me falou que não queria ficar em casa vendo sua indiferença e grosseria.
Meu coração ficou apertado.
-- Estou tão arrependido! Ele me viu tocar...
-- Ele disse, falou que se sentiu bem, lembrou da mãe dele e pensou em tentar se aproximar de você naquele momento.
Deixei algumas lágrimas caírem.
-- Seque essas lágrimas, tá?
Sequei e a gente foi vê-lo.
Bryan estava saindo da creche.
-- Onde estava?
-- Com a Bete.
Ainda tinha dúvidas em falar com Bryan sobre o que sentia por ele, as vezes ainda pensava em Pedro e me sentia culpado, porém era inevitável, Bryan era perfeito demais e eu estava me apaixonando de verdade.
Enquanto pensava o via andar a minha frente e cumprimentar as pessoas, definitivamente ele era muito admirado e eu estava me tornando também um de seus admiradores.
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Estão gostando?
Próxima parte vai haver um grande susto e vem reviravoltas por aí.
Beijos.