*Cheguei pessoas com mais um capítulo e um spoiler... Mentira, hahaha, só queria reiterar o que eu falei no primeiro capítulo: Nesse momento não tenho condições de postar mais capítulos por semana, então inicialmente as postagens serão feitas às segundas-feiras e aos sábados! Beijos à todos os leitores fantásticos que têm acompanhado o conto! Beijão! <3
*E-mail: gordin.leitor@yahoo.com.br
CAPÍTULO – 03
Rômulo seguia para a Bahia de avião, estava indo sequestrar uma moça filha de um importante líder sindical da região para que o mesmo desistisse de fazer oposição ao mandato político atual da cidade, depois de resolver isso tinha ordens expressas para despedir os homens que vigiavam Ricardo e logo depois dar cabo da vida do “viadinho”. Ordem dada era ordem cumprida, tinha sido ele a contratar aqueles homens logo que Cristóvão retornou de sua internação, naquela época o prazer que sentiu ao ver o homem que conhecia como seu mestre com a cara toda estourada e paralitico e Fred com os dois braços quebrados com fraturas expostas, foi demais. Chegou a rir deles quando voltou para o porão naquela noite.
Ele lembrava de cada passo que deu naquela época, de cada ordem, de cada surra que recebeu por causa da demora, não entendia bem o porque Cristóvão tinha tanta pressa em reaver um soldado que não o obedeceria mais, mas não podia questionar, quanto menos pensasse naquilo, mais fácil seria executar aquela ação que só ele sabia o quanto era monstruosa. Dentro de seis meses conseguiu montar uma tocaia com a ajuda do pai de Betão a quem ele pensou, erroneamente, que seria muito mais difícil de convencer, mas quando o velho Mattos soube do que se tratava aquela visita apenas deu de ombros e apaticamente se dispôs a ajudar na empreitada.
Quando o plano se pôs em ação não foi necessário nada mais que uma semana para derrubar aquele castelo de cartas que havia sido construído à duras penas por Betão e Ricardo. Agora ele estava indo em direção a um destino cruel, sabia que seria necessário matar Ricardo e provavelmente depois disso Betão seria morto e então ele estaria novamente sozinho naquela situação. Não pode se furtar de se achar egoísta, matar não era o problema, a questão era ficar sozinho novamente numa vida que consistia unicamente em servir sem pestanejar, ser surrado e humilhado e esperar pela morte do velho. Então ele teve uma ideia naquele momento, poria em prática assim que pusesse os pés em terra firma.
Foi ao local em que ficaria hospedado e ao chegar ligou para Cristóvão avisando que já estava no hotel:
- Vai logo animal, que a diária desse hotel é muito cara pra um vira-latas como você! – Cristóvão esbravejou.
- Sim, senhor. Já tenho todas as informações para seguir. – Ele titubeou um instante, mas resolveu falar. - Senhor, mais uma coisa...
- O que você quer ainda animal? – Disse o velho impaciente.
- Os homens que vigiam o viadinho estão pedindo mais dinheiro para que não haja represálias contra nós! – Ele jogou, mas era arriscado.
- Então dá cabo desses escrotos também! Não quero nada que me ligue com aquele frango, se bem que seria ótimo ver a cara da Lessie quando contarmos que o viadinho dele foi esquartejado e dado de comida dos cachorros. – Ele riu com prazer absoluto.
- Senhor, será inteligente contar antes que eu retorne? – Ele falou com certa preocupação.
- Tá querendo dar ordens agora verme? – O velho gritou.
- Não senhor, não é isso, mas o senhor sabe que ele continua preso apenas por que quer... – Ele tomou cuidado ao falar – Se ele souber que o viado morreu é capaz de aquele episódio se repetir – Pela respiração de Cristóvão ele entendeu que havia algo ali, ele acertou num ponto estratégico e mesmo que não conseguisse salvar Ricardo, ao menos tempo ele havia conseguido.
- Aquele bicho tá fraco e domado... – Pela primeira vez ele teve coragem de desdizer o velho.
- Então tudo bem, o senhor que sabe! – Ele respondeu com ironia indisfarçada. Novamente o velho assentiu, mas não ia deixar passar.
- O Fred tem razão passa um tempo sem apanhar e já pensa que é dono do mundo, quando tu voltar animal vou te dar umas férias no armário! – E desligou a ligação. Rômulo engoliu em seco a informação, sabia que o armário era o pior dos castigos e como tudo naquela propriedade tinha sido ele mesmo que construiu. Uma caixa de ferro enterrada no solo, no sol do meio dia as queimaduras eram inevitáveis e a noite o frio era enlouquecedor, passar dias ali tomando apenas goles esporádicos de água e sufocando era uma das coisas mais desesperadoras durante aquelas torturas.
Tomou um banho e resolveu não sofrer por antecipação. Saiu em seguida para vigiar a garota, a primeira vez que a viu ela saia de um orfanato, sabia pelas suas pesquisas que ela desempenhava muitos trabalhos filantrópicos, mas como um mau hábito arraigado demais ele desconfiava da bondade das pessoas e por isso achava que tudo ali era uma jogada política para angariar a simpatia e os votos dos eleitores da região. Acompanhou o carro modesto que a moça dirigia e viu quando ela entrou em casa, rapidamente viu as luzes do duplex se acendendo, demorou um pouco e viu as mesmas se apagando, foi o momento escolhido. Ele escalou uma árvore ao lado da casa, andou pelo telhado como um gato sem fazer barulho, não soube o porquê, mas estava nervoso daquela vez.
Conseguiu entrar no quarto contíguo ao de Sarah e andou pelo pequeno corredor, viu que apenas uma das portas estava fechada, esbarrou sem querer num móvel contendo as fotos de família e viu a própria imagem de uma família feliz, em todas os sorrisos eram presentes e de alguma forma aquilo o comoveu. A ordem do velho foi questionada por um momento em sua cabeça, mas se uma semana no armário era ruim o que dirá um mês. Ele então entrou no quarto e viu a decoração feminina, que o local ostentava, o cheiro dos perfumes e produtos de beleza usados pela moça e só então a viu dormindo, molhou um pano com sonífero e tentou não acordá-la para que o susto fosse menor.
Ela ainda conseguiu ver a máscara que ele usava, mas em seguida apagou totalmente. Ele escreveu com batom na parede: “DESISTA, OU A VADIA MORRE!”, só isso e a colocou nos braços, desceu a escada, colocou-a na caçamba da caminhonete alugada e partiu para o cativeiro, uma pequena cabana numa cidade vizinha. Ele não sabia, mas havia sido ali a surra dada em Cristóvão e Fred durante a libertação de Betão, ignorou as marcas de sangue no chão e colocou a garota deitada de uma forma que ele achou que seria mais confortável, amarrou-a com destreza, mas sem tanta força e sentou em sua frente. Sarah parecia uma visão, a pele morena quase negra, as mãos delicadas, os globos oculares grandes e o cabelo cacheado extremamente volumoso, seu corpo era esguio, mas voluptuoso e o soldado pensou que seria bom beijá-la, ajoelhou-se ao lado dela e lhe cheirou o cabelo demoradamente, um cheirinho de uva tomou suas narinas e ele foi mais longe acariciando o braço da moça, sentindo a textura daquela pele cor de bronze.
Ouviu então um gemido contido e percebeu que ela estava acordada e olhava para o seu rosto mascarado, ela lhe lançou um olhar de medo e profundo desprezo, ele então a amarrou a uma corrente que se ligava ao chão da cabana e deu as costas, deixando Sarah a tentar entender o que acontecia naquele momento. Rômulo foi para fora, tirou a máscara por um momento, respirou fundo, andou até a caminhonete, abriu a porta traseira da mesma e ali achou a bolsa com vários objetos, um deles um aparelho celular que funcionava por meio do satélite, puxou a antena até o seu limite e depois discou o número.
- Diz, animal! – A voz de Fred se fez notar.
- Consegui, a menina já tá aqui! – Ele falou.
- Certo, amanhã eu começo as ligações pro pai da puta... – Ele disse de forma segura. – A vadia é gostosa? – Ele perguntou de forma nojenta.
- Não, normal! – Rômulo fez o possível para não parecer interessado.
- Se quiser brincar um pouco com a puta o Cristóvão liberou, mas faz ela sofrer um pouco que é pro pai dela nunca mais se meter nisso! – Ele ia desligando e cada vez mais Rômulo sentia nojo da voz do capataz.
- Certo! – Ele não ia fazer, não, não ia mesmo! – Mais alguma coisa? – Ele não lembrou mais da missão relacionada a Ricardo.
- E o viadinho? – Fred perguntou como se estivesse lembrando daquilo agora.
- É pra matar agora? – Ele engoliu em seco.
- Não, o velho desistiu disso. Acho que ele quer manter a Lessie sofrendo por mais tempo! – Deu uma risada estrondosa.
- Ok! – Ele suspirou de alívio.
Desligou a ligação em seguida, sentou-se na caçamba apoiado pelas duas mãos e olhava para o céu, começou a considerar as suas opções, ele não precisaria mais matar Ricardo, mas precisava avisar a Betão que a opção estava em consideração pelos dois sádicos, dito isto o que mais poderia fazer? Por enquanto era melhor tentar combinar algo com Beto antes de agir, pensou então em como poderia ajuda-lo a suportar melhor as coisas que passava, afinal ele estava naquela situação há cinco anos contínuos. Pegou um isopor que estava na caçamba, ajeitou a máscara e andou em direção à casa. Abriu a porta e viu a vítima chorando no chão, ela rapidamente virou o rosto para que o homem não visse o seu rosto tomado pelo medo e pela dor.
- Vou tirar tua mordaça e te dar água, quer? – Ele ofereceu e ela rapidamente acenou positivamente – Se gritar tu se fode!- Avisou. Ele arrancou a fita do rosto da moça que servia como mordaça e imediatamente ela se pôs a gritar, ele segurou o rosto da moça com força fazendo-a gemer de dor. – Vai tentar de novo? – Ela negou e as lágrimas desceram grossas de seus olhos.
- Água... – Ela pediu num cochicho.
- Vou te dar. – Ele então alcançou a garrafa e foi depositando pequenos goles na boca da moça.
- Obrigada. – Ela falou quando acabou o conteúdo daquele pequeno copo. Rômulo não estava habituado a receber agradecimentos seja de quem fosse e por isso mesmo apenas virou o rosto e levantou-se. – Meu pai não vai desistir da candidatura, se é isso que vocês pretendem! – Ela informou.
- Pela tua vida? Duvido! – Ele vaticinou.
- Vocês vão me matar? – Ela perguntou e o medo era audível em sua voz.
- Se precisar... – Rômulo sentou de frente para ela. Ele queria soltar a moça, a verdade é que sequer gostaria de tê-la sequestrado. Ela se pôs a chorar e ele não aguentando os barulhos que sua boca produzia durante o choro colocou um pedaço de fita impedindo-a de fazer qualquer súplica ou barulho que fosse. A primeira noite demorou a passar para os dois, ela com medo de tudo ali e ele com pena pela moça que precisava continuar amarrada e amordaçada. Logo nos primeiros momentos da manhã ele quebrou o silêncio: - Vou te preparar algo pra comer e depois te levo no mato pra fazer tuas necessidades. – Ele informou e ela balançou a cabeça freneticamente, Rômulo tirou a mordaça.
- Pelo amor de deus, eu preciso ir ao banheiro agora! – Ela implorou.
- Calma aí, porra! – Ele respondeu mal, mas mais pelo seu tom de urgência.
- Não moço, por favor, eu tenho que ir! – Ela falou e Rômulo com pena desamarrou-a, quando ele soltou as suas pernas ela lhe chutou no rosto causando um desequilíbrio e Sarah correu o máximo que pode, sem embrenhou na mata ainda algemada, cortou o pé em espinhos, os braços em folhas finas, mas conseguiu avistar a estrada, foi então que Rômulo surgiu em sua frente e o grito de medo foi impossível de segurar.
- Desgraçada, tu vai ficar amarrada agora até pelos dentes! – Ele sentenciou, colocou –a no ombro e andava rapidamente em direção à cabana, ela não sabia, mas ele estava impressionado por sua coragem. Aquele não era o primeiro sequestro que ele organizava ou participava, ele já havia presenciado cenas indescritíveis, homens com o dobro do tamanho dele chorando pela mãe, políticos tentando compra-lo e mulheres tentando seduzi-lo em troca da liberdade, mas um chute na cabeça ele nunca tinha levado e ainda mais de uma moça que parecia ser tão frágil. – Chegamos! – Ele a colocou no chão com todo o cuidado e então passou a corrente no seu pé. Deixou-a ali e no isopor buscou uma garrafa de água, bebeu a metade e estendeu para a moça que a contragosto aceitou. Ela bebeu a água sofregamente.
- Estou com fome... – Sarah admitiu depois de alguns minutos de silêncio. Rômulo alcançou um sanduíche natural e jogou para ela. – Quem te mandou fazer isso? – Ela perguntou.
- Não te interessa! – Ele respondeu e deu uma grande mordida no sanduíche. O dia passou arrastado como a noite anterior, os dois perdidos em pensamentos. À noite ele a soltou, pegou a corrente e com um nó que ela não entendeu de pronto prendeu suas mãos e seus pés, colocou-a no ombro e foi em direção à caminhonete. Catou alguns pertences dentro da bolsa e levou-a a uma latrina. – Tem água aí, se molha. Aqui tem sabonete e shampoo. – Lhe entregou uma sacola e depois afrouxou um pouco o nó para que ela pudesse tomar o banho sozinha. Fechou a porta e depois de alguns minutos em que a ouviu chorando, a água começou a escoar pela brecha da porta.
Rômulo se afastou e discou novamente o número de Cristóvão.
- A vadia está dando trabalho? – Cristóvão perguntou.
- Não, tá até quieta... – Ele mentiu.
- Rum... – O velho pareceu decepcionado – Dá um bom susto nela, assim quando voltar ela não dá trabalho pra gente. Acho que logo o corno do pai dela se dá por vencido...
- Sim, senhor! – Ele se limitou a responder.
- Quanto à outra missão, o Fred deve ter te dito. – O velho falou sem demonstrar o ódio que sentia. – Mas dispensa os caras quando terminar isso daí, se precisar mata! – Falou.
- E o frango vai ficar sem vigilância? – Rômulo estranhou.
- Vai, ele não tem como nos encontrar!
- Ok, senhor. – Ele queria perguntar sobre Betão, mas sabia que não era prudente. Desligou a ligação em seguida e bateu na porta da latrina – Tá bom aí esse banho, né não? – Ela não respondeu e ele por medo de que a moça tivesse fugido abriu a porta imediatamente, foi quando a viu terminando de vestir a blusa e seus seios ainda estavam à mostra, os mamilos redondos e pontudos, mas discretos, a pele macia e bronzeada. O vislumbre não durou nem um segundo e foi cortado pelo grito de Sarah.
- Seu nojento! – Ela puxou o trinco da porta de uma vez.
Rômulo estava ereto, completamente atraído pela moça e isso era ruim, não podia ter esse tipo de poder naquela situação, fez com que ela andasse de volta ao cativeiro para não ter que tocá-la. Lá dentro prendeu-a novamente, ela parecia envergonhada e com medo. Se ele fosse mulher também estaria, pois ela não tinha para onde fugir e se ele quisesse lhe estuprar só restaria a ela os gritos, mas qualquer reação seria contida por aquele homem.
- Tá com fome? – Ele perguntou. Ela negou com a cabeça. – Tudo bem! – Ele deu as costas e foi ao isopor, amanhã teria que comprar suprimentos. Comeu mais um pouco do sanduíche e foi até o banheiro que Sarah havia usado. Tirou a máscara, a camisa, os sapatos e em seguida a calça e a cueca. Rômulo era o tipo de homem que arrancava os olhares mais atrevidos de todas as pessoas, sem exceção de gênero, o corpo forte e torneado, o rosto bonito, a barba bem feita e olhos claros e expressivos. Pegou a cuia, encheu de água e em seguida jogou sobre o seu corpo.
Quando segurou o sabonete, conseguiu enxergar que um dos cabelos da moça ficou preso ali, tirou com cuidado e só então se deu conta que aquele sabonete estivera passeando pelo corpo dela minutos antes, cheirou-o com atenção como se fosse possível que o cheiro próprio daquela menina se sobrepujasse à essência enjoativa do sabonete, não encontrou nenhum outro resquício de Sarah, mas assim mesmo se masturbou, imaginou aquelas mãos delicadas lhe alisando o pau, o toque dos mamilos dela em sua pele grosa e calejada, imaginou segurar em seus cabelos volumosos, aqueles lábios avermelhados em seu pescoço e então explodiu em gozo. A respiração falhou e ele teve que se apoiar na parede, o suor minava de sua testa e então jogou mais uma cuia de água gelada dessa vez no rosto também.
Terminou o banho depois de meia hora e quando entrou na sala viu que a moça dormia, ele também estava cansado, pois na noite anterior os dois não haviam pregado os olhos, pegou uma esteira e uma coberta, mas resolveu dar isso a ela.
- Sarah... – Ele chamou e ela como se estivesse ouvindo alguém conhecido lhe chamar, provavelmente ainda sonhando sorriu. Rômulo ficou estático a encarar o sorriso angelical daquela moça que estava mexendo com ele – Sarah... – Se odiou por ter que acabar com aquele momento de ternura, ela abriu os olhos e qualquer ricto facial que se parecesse com um sorriso lhe foi negado de imediato. – Pega, aqui faz frio. – Ele estendeu a esteira no chão e quando ela deitou em cima ele a cobriu. O olhar assustado da moça lhe feria, mas ela tinha motivos para temê-lo, disto ele sabia e bem. Afastou-se dela e no outro canto da pequena sala ele deitou, tirou a camisa e com ela fez um pequeno monte que se assemelhava a um travesseiro. Olhou para ela que lhe olhava assustada.
- Obrigada, moço! – Ela balbuciou.
- De nada. – Ele se virou, porque mais do que qualquer coisa ele queria poder chorar, não só pela situação em si, mas pelo medo que começou a sentir naquele dia. Com o passar dos dias a rotina foi se estabelecendo entre eles: dormiam e acordavam cedo, ele varria o cativeiro, ela enrolava a esteira e o lençol e andava um pouco só para exercitar as pernas, só até aonde a corrente permitia. Rômulo começou a falar mais, ela também, os dois passavam horas se falando e no terceiro dia em que estavam juntos, até sorriam. No quarto dia durante o banho ele a aguardava do lado de fora.
- Moço... – Rômulo não havia dito o seu nome a ela, mas Sarah começou a chama-lo de moço com tanta frequência que já parecia ser o nome dele mesmo.
- Diz Sarah. – Ele não abriu a porta, mas se voltou pra ela.
- Tu sabe se meu pai já desistiu dessa candidatura? – Perguntou de forma curiosa.
- Num sei não – Ele respondeu impaciente temendo que o homem renunciasse a qualquer momento e a companhia da moça lhe fosse privada.
- Estou achando tão demorado, sabe? – Ela falou de forma magoada.
- Quando você chegou aqui disse que ele não desistiria.- Ele se virou.
- Mas eu achava que ele não me deixaria passar tanto tempo por aqui... – Ela admitiu tristonha. Rômulo suspirou e quando se virou ela já estava vestida. – Você bem que podia me arranjar outra roupa, né? – Ela falou em tom de repreensão.
- Essa tá boa... – Ele se limitou a falar.
- Essa tá suja, moço! – Ela sorriu e ele entendeu o que Sarah queria.
- Amanhã vou ver o que consigo... – Ele sorriu ao falar isso.
Os dois entraram na casinha, naquela noite ele demorou a dormir, pois começou a considerar a possibilidade de nunca mais ver Sarah. Bem cedo no dia seguinte, após deixa-la preparada ele correu à cidade trouxe dois vestidos para ela, eram simples daqueles que se encontra em qualquer feira, mas ele achou que ficariam lindos nela. Assim que estacionou o carro o celular tocou.
- Bicho, amanhã tu pode soltar a vadia! – A voz odiosa de Cristóvão se fez notar.
- Mas já? - O sentimento de perda que lhe assaltou foi tão forte que mesmo o medo que sentia de demonstrar sentimentos na frente do velho foi esquecido.
- Tá gostando da franga, né? – Ele zombou – Quem sabe eu não dê um pulo aí pra ver essa putinha de perto... – O velho riu, mas naquele momento Rômulo soube que se aquele cão sarnento se atrevesse a tocar em Sarah seria a sua última ação. – O gato engoliu tua língua, porra? Estou te perguntando se já cuidou disso? – Cristóvão gritou.
- De que senhor? – Ele engoliu a raiva.
- Da tua viagem pra Salvador animal, tu anda muito distraído, quando chegar aqui eu vou mandar apertar teus parafusos. Devolve a vadia amanhã e depois ruma pra Salvador pra resolver essa situação! Corre, bicho! – Ele desligou em seguida, entrou com raiva dentro da casa e destruiu a única cadeira que estava ali. Sarah gritou de medo ao ver o rapaz daquela forma, foi então que ele se deu conta de que não usava a máscara, ela o olhava com curiosidade e então ele se virou e cobriu o rosto imediatamente.
- Porra! – Ele falou baixinho.
- Não se preocupa, eu não vou dizer pra ninguém... – Sarah falou como se contasse um segredo.
Ele se virou lentamente e se aproximou dela, desta vez não havia medo em seus olhos, passou a mão por suas costas o mais delicadamente que conseguiu e a puxou pra si, ela já arfava e ele inalou o cheiro daquela moça morena, sua visão ficou turva e as bocas dos dois se procuraram com urgência, não houve nada de casto naquele beijo, era animal, era instintivo e o mais gostoso de todos os beijos que os dois deram em toda a vida.
- Nossa... – Ela suspirou. Ele queria falar, mas não podia.
- Se quiser denunciar depois não tem problema! – Ele falou.
- Já disse que não vou... – Ela enfiou a mão por dentro da máscara e sentiu a barba nascendo, o pau de Rômulo pulsava de desejo e ela o beijou novamente. Ficaram juntos aquele dia todo, até de comer se esqueceram. No dia seguinte muito cedo ele a soltou, mas ela estava presa ainda, presa a ele.
Andaram pelo caminho em silêncio, ele conservava a máscara por segurança e por vergonha.
- Eu ainda vou te ver? – Ela perguntou.
- Não sei... – Ele respondeu com sinceridade.
- Você pode mudar sabia? – Ela disse com cuidado.
- Não, não posso... – Ele falou.
Sarah sentiu a sinceridade nas palavras dele e o agarrou.
- Deixa eu te ver uma última vez? – Ela pediu já subindo a máscara.
- Não, é melhor que você me esqueça... – Ele puxou novamente a máscara e a fez descer na estrada. Pôs o carro em movimento e a olhou enquanto pode pelo retrovisor. “Maldito!” pensou lembrando da figura grotesca de Cristóvão, “Maldito seja!” ele repetiu em voz alta quando a imagem dela se perdeu e as lágrimas não ficaram fortes demais para serem represadas.
Seguiu caminho e chegou ao seu destino no cair da tarde, procurou uma pensão e se hospedou. O seu celular voltou a funcionar, ele deixou carregando enquanto tomava banho e quando saiu já recomposto discou aquele número.
- Fala Chicão, onde é que vocês estão? – Rômulo perguntou rápido.
- Estamos no bar da Marilda, aqui na cidade baixa... – O homem respondeu alegremente, as poucas vezes que via Rômulo, recebia também o pagamento.
- O nome do bar é esse mesmo? – Ele estranhou.
- É sim – Então o homem se pôs a explicar onde ficava, Rômulo o cortou – Reúne a rapaziada e vai me encontrar naquela ponte de sempre, tenho umas coisas pra falar com vocês! Têm uma hora! – Rômulo estava bem próximo do ponto de encontro e depois de conferir as armas e munições desceu para o lugar, foi a pé mesmo. Num arbusto ele escondeu uma mochila e foi para debaixo da ponte, escondeu a arma na parte traseira da calça jeans e esperou os cinco chegarem. Ele não lembrava o nome de todos, sabia apenas que Chicão era o chefe daquela quadrilha de maltrapilhos, bêbados, rufiões e cafetões.
- Fala Rômulo! – Foi só o que deu tempo de falar. O tiro lhe acertou na testa, Rômulo era um exímio atirador e em menos de dois minutos acabou com aqueles homens com tiros certeiros bem no meio da cabeça. Não sujou a roupa como imaginou e por isso verificou o pente de balas, destravou tudo e saiu andando dali calmamente como havia entrado, como era de se esperar naquela hora não havia ninguém por ali. Ele voltou à pousada, tomou outro banho e finalmente aquele maldito dia acabou. Dormiu como há muito tempo não fazia e no dia seguinte antes de sair da pousada viu a notícia do acerto de conas que culminou em morte de uma quadrilha inteira. Se livrou do carro, pegou um avião e às 19:00hs estava ajoelhado ao lado Cristóvão na mesa de jantar. Fred pisava em sua mão e ria ruidosamente da cara do escravo que estava só de cueca ali. Lhe foi colocada uma coleira e Fred foi puxando o rapaz até a escuridão, Cristóvão acompanhava a cena da varanda da casa.
- Começa! – Ele deu a ordem. Fred atingiu as costelas de Rômulo com toda a força, quando ele se dobrou a joelhada no rosto quase lhe quebrou o nariz, em seguida a pancadaria correu solta por mais de meia hora.
- É um verme mesmo... – Fred vociferou antes de fechar a porta do armário.
O prazo das prisões no armário eram de uma semana, ele estava quase se acostumando com isso, dois dias depois a porta foi aberta e Fred gritou: - Levanta, vou te levar no Alcântara. – Rômulo levantou sentindo todas as dores ao mesmo tempo e ao ver a luz do sol ele cambaleou e caiu no chão, viu somente que Beto foi jogado lá dentro de imediato com a cara e as costas sangrando. Uma semana depois Rômulo estava de volta a casa. Teve de voltar a pé já que Fred tinha ido resolver algumas coisas há dois dias.
- Aproveita que tu tá aí fora e tira aquele merda do armário! – Cristóvão deu a volta na sua cadeira motorizada. Rômulo sentiu as costas molhadas por um suor frio, quando Fred viajou? Há quantos dias Beto estaria sem água e comida? Correu ao local, mesmo ainda sentindo o corpo doer abriu a porta e viu o corpo do amigo coberto por bolhas e pequenas queimaduras. Ele o colocou nos braços e Beto estava catatônico, com fome e sede e dores excruciantes por todo o corpo. Rômulo olhou em volta para se certificar que ninguém os observava e ele colocou Beto no banco da frente, ligou o ar condicionado e saiu em direção ao médico.
Parou no primeiro posto da cidade, comprou uma garrafa enorme de água e mais uma de 10 litros e entrou novamente no carro.
- Bebe cara, pelo amor de deus. – Ele estava desesperado. O cheiro no carro era nauseante, cheiro de pele queimada. Quando Beto bebeu os primeiros goles de água, vomitou o carro imediatamente. Rômulo sabia que ele estava muito mal. – Beto, aguenta cara! – Foi quando Betão começou a falar algo muito baixo, não dava para ouvir o que. Rômulo estava em desespero, em tão pouco tempo ele havia perdido Sarah e agora estava prestes a perder Betão.
- Ricardo... Franguinho... – Betão balbuciou mais alto.
- Eu o vi! – Beto virou a cabeça para olhar pra Rômulo.
- Ma-Matou? – Ele perguntou gaguejante.
- O Ricardo? Não, cara! – Se defendeu. – Eu libertei ele...
- Meu vô disse...
- O velho é um escroto! – Assim que chegou ao médico, conseguiu retirar Beto do carro e o levou pra dentro da casa.
- Mas o que é isso? – O médico perguntou assustado ao ver o estado do rapaz. – Jogaram ácido nele? – Ele quis saber, mas algo na pergunta denunciava a empolgação que sentia naquele momento.
- Não te interessa, remenda e liga quando estiver no ponto. – Beto se revirava de um lado para o outro sentindo o corpo inteiro em carne viva o médico foi para dentro do consultório.
- Eu vou morrer dessa vez... – Beto falou fraco – Logo agora que o Ricardo tá livre...
- Aguenta cara, aguenta que a gente vai resolver – Ele se calou ao ver o médico retornando. – Dessa vez pode usar anestesia nele, ordens do Sr. Cristóvão.
- Tudo bem! – Dr. Alcântara sorriu.
Rômulo saiu de lá as pressas chegou na chácara voando, mas foi só olhar para Cristóvão sentado naquela cadeira de rodas que toda a vontade de mata-lo morreu de imediato, foi soterrada pelo medo irracional.
- Quem te mandou levar aquele bicho pra o médico? – Cristóvão perguntou – Hein animal? – Gritou.
- Eu pensei que... – Ele quis responder, mas o chicote alcançou seu baço.
- Ajoelha! – Ele obedeceu – Tu sabe animal que tu num tá aqui pra pensar, não sabe? – Ele perguntou passeando o chicote pelo rosto do rapaz. – O que tu é?
- Um verme – Ele falou humilhado.
- Eu não ouvi! – O velho sorriu com prazer.
- UM VERME, UM NADA! – Rômulo falou sentindo o ódio amargando a sua boca e a impotência lhe tomar por completo.
- E um lixo também! – Ele completou e a chicotada acertou em cheio a bochecha direita de Rômulo.
- Sim, senhor!
- Vai pro porão, tu vai ficar lá enquanto a Lessie não volta. – Rômulo desceu as escadas derrotado e mais convencido ainda de que Beto era o único que poderia ajeitar aquilo tudo.
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Há muito tempo Ricardo não sentia medo como naquela noite, ele estava na principal rua do centro de Salvador, o carro parado e as portas destravadas como havia sido pedido no último e-mail, ele viu o vulto se aproximando de seu carro, se manteve calmo afinal o Dr. Paulo o avisou que era assim que esse homem trabalhava, mas ele sozinho havia conseguido desmantelar toda uma operação de tráfico de drogas internacional e era um ótimo investigador.
- Boa noite – Ele falou com a voz segura. Um homem educado ao que parecia, com o corpo malhado, cabelos louros, olhos claros. Ricardo sentiu medo, pois ele parecia muito novo e muito bonito para aquele tipo de trabalho arriscado.
- Boa noite. Eu sou o Ricardo... – Ele quis se apressar.
- Eu imaginei que era você! – O rosto austero daquele rapaz lhe lembrava Beto.
- E então, o senhor tem alguma novidade? – Ricardo quis saber.
- Meu prazo ainda não terminou! – O homem respondeu de pronto.
- A questão é dinheiro, porque se for...
- Não, não é essa a questão – Ele o interrompeu – Quero saber o que esse homem faz! – O investigador mostrou então uma foto de Cristóvão na cadeira de rodas, sendo empurrado por um homem forte, mas pelo ângulo da foto não poderia dizer se se tratava de Betão.
- Ele era metido com política quando nos conhecemos, mas hoje em dia ele sumiu e... – Ricardo olhou pra frente. – E sequestrou o próprio neto... – Falou rápido.
- O Roberto? O rapaz que você quer encontrar? – Ele perguntou.
- Sim, esse mesmo! - O coração de Ricardo batia freneticamente.
- Ok, me dê uma semana a mais e vá preparando o dinheiro.
- Ok, você vai me contatar da mesma forma? – Ricardo estava nervoso ainda.
- Sim, vou. – O rapaz colocou a mão na maçaneta do carro.
- Moço – O homem o olhou no fundo dos olhos, teve a impressão de que o rapaz não gostou de ser chamado de “moço” – Qual o seu nome? – Ricardo não soube por que perguntou.
- Isso não é importante para o caso – O homem rebateu.
- Eu não vou te investigar, prometo! – O homem considerou por um momento , olhou Ricardo de cima abaixo.
- Eu já morri, pra o sistema como um todo eu estou morto! – Ele deu um ar grave ao falar aquilo – Mas quando eu estava vivo, meu nome era Rômulo!
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*FlaAngel: Muito hard essa história! Hahaha, tenho considerado essa opção... Dê uma lida, apesar de muito forte o conto original do Matheus é indispensável, maravilhoso mesmo. O Cristóvão é unanimidade quando se trata de ser um escroto!! Hahaha, cheguei com um novo capítulo. Obrigado minha amiga linda, fico feliz de te ver por aqui. Beijos, meu anjo! <3
* William26: Hahaha, olha que esse foi um dos melhores elogios que eu recebi em tempos, ser comparado assim ao Matheus é uma honra e tanto. Faça a propaganda, de repente ele aceita! Abraços, querido! ^^
*Loiiriinha: Obrigado minha querida, fico feliz que esteja gostando. Beijão! ^_^
* Dinho49 : Oi Dinho, hahaha, olha todos os dias fica impossível no momento, ainda mais com capítulos tão grandes e que exigem que vez ou outra releia os detalhes da história original... Me responsabilizo sim, pode deixar! Eles ainda vão enfrentar alguns percalços pela frente... O médico entrou para a turma de Cristóvão não foi à toa. O velho desistiu ao lembrar da surra que levou antes, mas tenha calma que dessa vez não vai ser porrada não... Ops.. Spoiler! Hahaha, o mistério da identidade do investigador foi resolvido, vamos ver onde isso leva. Hahaha, nem sou malvado, nem vem! Beijos meu querido, maravilhoso lhe conhecer melhor! =D
*Tazmania: Oi Taz, obrigado meu querido! Hahaha, o que houve com o celular? Boa semana tmb! =)
*nayarah: Será que ele vai ajudar os dois? Vamos ver! Beijos! ^^
* joh65: Rsrsrsrsrs, que bom que curtiu a ideia e a história! Estou procurando manter mesmo a essência ao máximo. Beijão e obrigado pela força! :-D
*Geomateus: Verdade, o Cristóvão e o Fred são os maiores exemplos disso! Abraços querido! ;-D
* caabe_be 2: Hahaha, acabou a espera, mas agora eu só volto no sábado! Rsrsrs, bom saber que está curtindo a história tanto assim! O de hoje então vai causar algumas reações também, pelo menos espero... O número de capítulos da história está em aberto ainda, mas vai ter por volta de 13 capítulos, não pretendo me estender muito, já que a ideia é só preencher esse hiato de dez anos que ficou da separação de Beto e Ricardo. Vou fazer 27 U_U P.S.: Obrigado, querido! ^^
* Docinho21: Hahaha, bom que está curtindo, compartilhamos do ódio pelo Cristóvão! Tenho que concordar com você, eu cheguei a passar mal quando li, me deu um mal estar terrível! Beijos, docinho! Haha =D
* GATINHA ANGEL: Chegou a continuação e obrigado pelos elogios! Beijão! =)
* gabriel.floripa: Que bom! Hahaha, abraços! ^^
* Bruno Jovovich : Hahaha, BV seu lindo! <3
*Ninha M: Own minha linda, agora não vai dar pra voltar a postar diariamente, tanto pela questão do tempo como o tamanho dos capítulos! O conto do Matheus a gente devora mesmo de uma vez, mesmo sendo cheio de passagens fortes, aconteceu o mesmo comigo. Você acredita que eu não consegui ler a outra história? Tive vontade, mas o medo de passar pelo que eu passei com essa foi maior! Beijos minha linda! S2
* Fernando808 : Oi Nando, bom que está gostando, fico feliz de verdade e não precisa agradecer por te aguentar (muito embora eu mereça u.u) é um prazer e uma felicidade te ter na minha vida! Beijos meu amigo! <3
*K-elly: Pronto, cheguei com mais um! Beijão! ^^
* NinhoSilva: Hahahaha, “se me atacá, eu vou atacá!” Olha eu fico super lisonjeado de saber disso, admiro demais o Matheus e você falar isso pra mim me deixa com um sorrisão! Abraços, querido! =D
*Atheno: Parece que o outro soldado não tá tão morto assim... Hahaha, quanto à suruba... Não, os três têm dono já! Rsrsrs Abração! =)
* Ru/Ruanito : Abraços! ^^
* Arthurzinho: Obrigado, querida! Cheguei com o próximo capítulo! Beijão! ^_^
* Catita: Hahaha, nem tanto, dois capítulos por semana não é uma demora assim tãããão grande! Prometo que só paro quando acabar essa história! Beijão! =D