Cap.7
Eu não queria ter feito aquilo. Juro que não queria. Mas a raiva falou mais alto. Eu tinha que defender a minha mãe. Defender a mim. Foi por isso que fiz aquilo.
FLASHBACK
Andava na rua com o Ivan, em direção a casa.
-Pois é, se você quiser ir pro Leblon tomar banho de mar amanhã me avisa – ele dizia.
-Pode deixar... Acho que estou precisando de um bom banho de mar mesmo. Até mais...
-Até... - fui andando em direção a minha casa. Quando fui me aproximando ouvi um grito.
-Vai embora daqui já !
-Não vou ! Essa casa é minha ! - eram meus pais. Mais uma vez aos gritos. Nem me alertei, já era normal ouvir aquilo. Me aproximei da porta, subi as escadas. Até que notei que eles estavam na varanda. Me aproximei para apartar a briga deles como sempre fazia. Porém, quando cheguei, vi meu pai com uma arma em punho, apontando para a minha mãe – é minha, e eu vou ficar ! - tudo aquilo de quando eu era criança voltou a minha mente.
“-Pai ?! - olhei pela janela para ter certeza se era ele, e então vi. Um homem de costas para parede, ele segurando uma arma. De repente então só ouvi o disparo.”
Me desesperei. Olhei ao redor, vi um vaso vazio. Peguei, e sem dó nem piedade joguei na cabeça dele. Imediatamente ele soltou a arma. Levou a mão a cabeça, o sangue começou a escorrer. Eu respirava fundo, a adrenalina tomava conta do meu corpo. Ele ficou atordoado, começou a se mexer em direção a grade da varanda. Tinha um tijolo bem próximo de onde ele andava, ele tropeçou, e com tudo bateu na grade.
-Não, pai ! - não pude fazer nada. Uma parte da grade cedeu, e ele caiu. Haviam alguns ferros de uma reforma em pé lá embaixo. Ele caiu sobre eles. Morreu na hora – pai ! - eu matei o meu pai !
FIM DO FLASHBACK
-Eu não vou te dizer – dizia, então me levantando para ir embora da casa dele. Porém, ele se posicionou na frente da porta.
-Não ! Você não vai embora daqui enquanto não me dizer o porquê disso Marcelo ! Se não foi aquela transa, o que foi ? - virei de costas para ele, bufei. Mas depois de algum tempo pensando, vi que aquela era a chance de enfim fazê-lo ficar longe de mim. Era isso que eu queria mesmo, se ele soubesse que eu era um assassino ficaria longe de mim.
-Eu matei o meu pai ! Foi isso...
-O quê ? - começei a contar a história para ele. Ele não sabia daquilo. Ele não sabia nem que o meu pai tinha morrido, eu não quis que ele soube. Minha mãe e eu não falamos sobre o que havia acontecido naquela varanda pra ninguém. Não houve nenhuma testemunha, para todos ele havia caído em cima daqueles ferros e havia morrido. Uma fatalidade. Mas eu sabia que não era assim. Eu havia sido culpado daquela morte. Quando aconteceu aquela morte, eu quis que ele ficasse longe, porquê a minha família não eram pessoas muito confiáveis, eu preferia que ele ficasse longe de tudo aquilo. E também, eu não conseguia tirar da cabeça que havia sido eu o assassino. Disse a ele que o meu pai havia ido embora e pronto, por isso ninguém mais o viu – mas... Você tinha me dito que o seu pai tinha viajado.
-Eu menti !
-Mas porquê ?
-Porquê eu não queria você envolvido nisso... E além disso, eu não queria que você soubesse que eu matei ele.
-Não, mas espera aí... Você não matou ele, ele caiu do alto e morreu !
-Não... Eu o matei... No momento em que joguei aquele vaso na cabeça dele, sacramentei a morte dele – eu tinha vergonha do que tinha feito. Pra mim, eu tinha matado ele. E tinha vergonha de ser um assassino. O Ivan é um rapaz muito bom... Para se relacionar com um assassino. Por isso me afastei dele...
-Mas espera... Ele estava ameaçando a sua mãe, pondo ela em risco... O que você poderia fazer ?
-Não sei... Eu não sei... Mas ter acertado com aquele vaso nele foi como matá-lo... Ele não teria ido para aquela beira, a grade não teria cedido, ele estaria vivo !
Após isso, sem meu pai em casa, começou a faltar dinheiro. Minha mãe trabalhava, mas o que ela ganhava era muito pouco. Foi então que eu começei a trabalhar na pizzaria. Porém, mesmo assim era pouco dinheiro. Foi então que eu conheci os traficantes. Eles sabiam que eu era filho dele. Acharam que eu poderia fazer a mesma coisa. Me ofereciam um bom dinheiro para matar e bater em quem eles quisessem. Então eu aceitei, além de precisar, sem o Ivan por perto, eu já não tinha mais por quem andar na linha. Na primeira vez que fui fazer o serviço, amarelei. Eu não consigo matar ninguém ! Foi então que passei a andar com dois rapazes, bem mais pobres que eu, que aceitavam qualquer coisa pelo serviço. Então eles faziam por mim, o que eu devia fazer... E assim eu deixei de ser o Marcelo amoroso que o Ivan conhecia, para ser o Marcelo estranho e criminoso.
-Mas, porquê você se afastou de mim Marcelo ? Porquê você teria que se afastar de mim ?! Depois do que vivemos...
-Porquê você não merece ! Não merece um amigo que matou o próprio pai... Ou que faz o que eu faço ! Você é puro Ivan... Eu não sou digno de ser seu amigo... É por isso que eu não quero você perto de mim – ele apenas olhou nos meus olhos.
-Deixe de ser idiota ! - falou ele, saindo da porta e se aproximando de mim – eu conheço você ! Esqueceu ? A nossa infância... A nossa adolescência, eu vivi tudo isso ao seu lado. Não importa o que você ache. Não importa o que você seja, você vai ser sempre importante para mim... Eu sei que você não é assassino... Você é só um homem que... não teve uma família sólida... Mas você tem a mim ! E eu não deixarei você nunca ! - lágrimas vieram aos meus olhos enquanto ele dizia aquilo – por favor, volte a ser meu amigo... Deixe de fazer esse tipo de coisa... Eu preciso de você ! - quando ele falou aquilo eu não me contive, o abraçei fortemente. Eu amava aquele rapaz. Tinha ciência disso... Só achava que ele era bom demais para mim. Ele merecia alguém melhor.
Continua
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