Atenção:Esse capítulo tem dois narradores.
Narrador:Vitor
Depois de Andreia subir pra o quarto,fui até a piscina e me joguei em umas daquelas espreguiçadeiras,cruzei os braços sob a minha cabeça e observei o céu que hoje estava limpo.
Fechei os olhos e respirei fundo,quando abri estava em um quarto com a pintura desbotada e móveis velhos.As minhas costas,alguém chamou e eu me virei.
Havia uma cama tão velha como o resto dos moveis e o colchão era imundo,em cima dele,estava uma mulher de longos cabelos pretos e olhos verdes escuros,seu rosto era fino e com marcas de quem tinha sofrido bastante e seu corpo magro,tinha cortes profundos de onde saia bastante sangue e ela respirava com dificuldade.
-Vitor porque me abandonou?-Ela perguntou com a voz agonizante.
-Eu...-tentei responder.
-Porque não fez nada pra me defender?Você não me ama e isso?-Ela perguntou agora me encarando intensamente.
Dei dois passos pra trás e apalpei a parede,tentando achar uma saída.
-Isso é culpa sua...Se não fosse tão fraco,tão covarde,isso não teria acontecido...Eu te protegi toda a minha vida e você me abandonou.-Ela me acusou com o rosto em expressão de ódio.
-Eu não podia fazer nada...me desculpe mãe.-Disse sentindo uma dor cortar o meu peito,enquanto desviava o olhar dela.
-Não podia?...Podía sim,mas era um covarde desgraçado.Olhe para mim Vitor...OLHE AGORA!-Ela disse com a voz exaltada.
Não queria olhar e fechei os olhos mas aquela frase se repetía como um eco e eu acabei olhando,então a vi sobre a cama novamente e uma sombra sobre ela.A sombra ergueu uma faca e enfiou em seu peito,sem dó.Ela gritou e em seguida estendeu a mão e me olhou suplicante.
-Filho me ajude...me ajude por favor.-Ela pediu.
Dei dois passos para trás e uma lagrima desceu de seu rosto.A sombra se moveu e a faca apareceu em seu pescoço,de onde o sangue começou a jorrar como se fosse um chafariz.
Tentei fechar os olhos,sentindo meu estômago embrulhar com aquela cena nojenta,mas não consegui,e vi então a sombra despir o corpo morto da minha mãe.
-Vitor?...Vitor?...Vitor acorda.-ouvi uma voz vindo das paredes do quarto.
A sombra deitou sobre o corpo dela e ouvi então um gemido de prazer.
-VITOR?-a voz chamou novamente com um tom de ansiedade.
Me virei para a parede e fechei os olhos.Quando abri,vi o rosto da Mari sobre o meu e percebi que tinha tido mas um pesadelo.Me sentei e coloquei a cabeça em minhas mãos,em seguida cai de joelhos no chão e vomitei.
Não suportava mais ter que ver a minha mãe me acusar e ser morta toda vez que pegava no sono.Não aguentava mas ter que reviver aquela maldita cena.
Aquilo era um verdadeiro inferno!
-Està tudo bem meu querido?-Mari perguntou delicadamente.
Balancei a cabeça em afirmativa mas não olhei pra ela.
-Que tal tomarmos um banho juntos?-Ela perguntou após um minuto em silêncio.
-Vai subindo que já chego lá.-Respondi enquanto apertava sua mão.
Ela fez um carinho em meus cabelos e saiu,me deixando ali sozinho com os meus pensamentos.
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Narrador:Daniel
Quando chegamos na clínica,logo encontramos o médico que havia ligado para a minha casa,ele se chamava Henrique Fronteira,e era um cirurgião geral.
-Sentem-se por favor!-Ele pediu após as apresentações.
-Doutor como meu filho chegou aqui nessas condições?-Afonso perguntou enquanto segurava a mão de Helena.
-Eu o encontrei na calçada próximo a clínica.Ele tinha sinais de que tinha perdido bastante sangue,mas como não havia no local a quantidade,deduzi que alguém o trouxe e o colocou la.-Henrique disse sério.
-Meu filho levou um tiro?-Helena perguntou se tremendo bastante.
-Sim!-Ele respondeu a encarando.
-Um tiro pode matar alguém?-Eu perguntei irritado pela seriedade com que ele nos encarava.
-Depende da arma e a munição usada,assim como também depende da mira da pessoa que está em posse da arma.-Ele respondeu após um minuto em silêncio.
-E que tipo de arma foi utilizada nessa monstruosidade?-Afonso perguntou parecendo exaltado.
-Eu avisei a polícia e eles estão investigando,então acho que eles são muito mais preparados para dar essa informação.-Henrique respondeu.
-Isso aqui é uma clínica particular!O normal não é as pessoas socorrerem o ferido e levar a um hospital público?-Eu perguntei enquanto me levantava e o olhava nos olhos.
-Bem,eu não acho que isso seja uma regra.-Ele respondeu com as mãos entrelaçada.
-Meu menino!...ele...ele sofreu muito doutor?-Helena perguntou em soluços.
-Sendo sincero senhora,ele teve uma morte lenta e dolorosa.-Ele respondeu sem um pingo de sensibilidade.
-Talvez você não tenha tentado o suficiente.-Disse com meus olhos cheios d'água.
-Eu tentei tudo que estava ao meu alcance,mas não sou um Deus garoto,sou apenas um humano.Usei toda a minha experiência,mas ele chegou aqui muito fraco e o ferimento era gravíssimo.-Ele disse pacientemente.
-A SUA OBRIGAÇÃO É SALVAR VIDAS.-Gritei colocando pra fora todo aquele furacão de sentimentos que vinha sentindo.
-Concordo!-Ele disse com um sorriso.
Ao vê-lo sorrir uma estranha raiva tomou conta de mim,e comecei a atirar coisas sobre ele que permaneceu imóvel.Após uns minutos,ele pegou o telefone e digitou,em seguida o colocou no lugar e me encarou com o olhar vazio.Eu atirei uma garrafa de vidro em sua direção que se espatifou na parede atrás dele.
-Você e essa porcaria de clínica não prestam,seu médico de quinta.-Disse em lágrimas atirando mais algumas coisas.
Dois enfermeiros entraram pela porta e Henrique fez um sinal em minha direção.Quando percebi o que significava,os enfermeiros já tinham me segurado.
-ME SOLTAA!-Gritei enquanto me debatia.
Afonso e Helena me olhavam assustados e não faziam nada para me ajudar.Henrique se levantou e pediu que me levassem até a cadeira,aonde continuaram me segurando.Em seguida ele se aproximou com uma seringa na mão.
-Depois de algumas horas de sono,você vai conseguir pensar direito.-Ele disse em voz baixa enquanto segurava o meu braço.
-Eu não quero...ME SOLTA!-Disse tentando me soltar mais um dos enfermeiros segurava minhas pernas.
Henrique então segurou meu braço e senti uma pontada,em seguida tudo ficou escuro.
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Narrador:Vitor
Vesti meu terno sem pressa,ao meu lado Mari colocava uma calcinha e terminava de se secar.
-Os banhos com você são sempre divertidos.-Ela disse com um sorriso ironico.
-E você é ótima com as mãos.-Disse enquanto terminava de botar a camisa.
-Sou cirurgiã querido,tenho que ser boa com as mãos.-Ela rebateu enquanto vestia uma das minhas regatas.
Mari se aproximou de mim e com um beijo na minha bochecha me ajudou com a gravata e em seguida saiu.Coloquei o paletó e me olhei mais uma vez no espelho,e então voltei ao quarto.
-Desde quando está tomando esse remédio?-Ela me perguntou em um tom sério com um frasco nas mãos.
-O Último não tava fazendo efeito.-respondi tranquilamente.
-Esse tipo de calmante tem a venda controlada,e ele pode vir a afetar seus nervos.-Ela disse me encarando com um olhar de preocupação.
-Se eu ainda tivesse nervos,né?-Disse com um sorriso.
-Malhacão exagerada,sedativos em excesso,alto consumo de bebidas e cigarro...Vitor você vai acabar adoecendo ou pior,você pode...-Ela respondeu com as mãos na cintura.
-Prometo que depoís discutimos isso...Agora tenho que ir.-Disse me aproximando dela e a beijando na testa.
Sai logo em seguida,afinal sermão as cinco da manhã ninguém merece.Com sorte,até eu voltar ela já tinha esquecido daquele assunto.
Desci as escadas apressado e dei de cara com a Andreia tomando café no sofá.
-Cadê o Junior?-Perguntei
-Laura tá terminando de arrumar ele,pra leva-lo pra escola.-Ela respondeu em voz baixa.
-Então sobe la e diga para descerem agora que já vamos.-Disse enquanto ia em direção a uma porta lateral.
-Ainda são cinco e cinquenta da manhã.-Ela reclamou mas não dei ouvidos.
Peguei um carro preto e sai pela garagem até a rua,fechando o portão atrás de mim.Tive a imprensão de que se passou uma eternidade até que Laura e Andreia entrassem no carro.
Dei partida e sai em direção a um centro de proteção ambiental,aonde Andreia trabalhava e parei para que ela decesse.
-Sabe Vitor...eu estou com idéias.-Ela disse enquanto descia.
Aquela frase me fez suar frio e pensei em descer do carro e ir atrás dela,mas não dava tempo,então dei partida e logo parei em frente a clínica do Henrique.
Pedi que Laura ficasse com o Junior no carro e em seguida desci e entrei.Encontrei Henrique na recepção e dei um tapa nas suas costas.
-Seu paí e sua madrasta já estão aí.-Ele disse enquanto assinava uns papéis.
-Não quero nem ver essa gente.-Disse enquanto olhava o relógio.
-Seu cunhado também veio com eles.-Ele disse
-Meu o quê?-perguntei surpreso.
-Cunhado...o namorado do seu irmão,o Daniel.-Ele explicou
-Vamos até sua sala?-Perguntei desejando não encontrar o Afonso por ali.
Ele concordou e eu o acompanhei por alguns corredores e logo entramos em uma sala,que parecia ter sido invadida por um furacão.
-O que aconteceu aqui?-Perguntei
-Seu cunhado...-Henrique respondeu enquanto se sentava.
-Da pra parar de falar essa merda?...Eu não tenho cunhado.-interrompi irritado.
-Mas ele e seu irmão,eram...-Henrique disse parecendo surpreso.
-Não me interessa o que droga eles eram,mas dois homens não podem ter nada parecido com um relacionamento hetero.-Disse enquanto o encarava.
-Bem,o Daniel ficou descontrolado e começou a atirar os enfeites pela sala,mas eu apliquei um calmante e agora ele está dormindo.-Henrique disse após um minuto de silêncio.
-Que cara retardado!-reclamei enquanto sentava na cadeira.
-O Daniel amava o Nicolas,e é normal que esteja sofrendo.-Henrique disse sem olhar pra mim.
-Que fofo,isso dá até um livro,sabia?...E o título poderia ser;O psicopata o bambi trouxa.-Zombei dando uma gargalhada logo em seguida.
Continua...
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Olá galera!
Boa segunda feira e uma ótima semana a todos.
Atheno e GeoMateus eu não diria que o Daniel é trouxa,apenas que é bastante ingenuo.
Obrigado a todos que comentaram,espero que gostem desse capítulo é obrigado a todos que lêem e acompanham.
Abraços e até a próxima!