Meu Amigo Policial
Capítulo Um
Tomei um banho demorado, afinal era noite do Pôquer. Toda quarta-feira, eu e meus amigos(na verdade amigos do meu melhor amigo) nos reunimos para jogar pôquer escutar um blues e falar besteira.
Olhei meu reflexo no espelho e tentei me convencer que eu estava com uma aparência aceitável. Encaro meus olhos escuros e vejo que meu cabelo bagunçado e vejo o quanto sou baixo(160 cm) perto dos meus amigos, especialmente Pedro, meu melhor amigo, que tinha quase 2 metros de altura. Eu e o Pedro somos amigos desde adolescentes , nos conhecemos na escola e eu descobri que ele morava à duas ruas da minha casa. Nos tornamos grandes amigos desde então. Nós fomos crescendo e ele foi ganhando músculos e se tornando um belo exemplar de homem e concretizou seu sonho de ser Policial. Pedro possui cabelos loiros e olhos verdes e além de sua beleza tem um ótimo coração. Em nenhum momento ele mudou comigo, mesmo após eu ter falado pra ele sobre eu ser gay. E eu estava feliz por ele, ele tinha se casado com uma bela mulher, a Julia, que inclusive era minha amiga também.
Olhei pra o meu telefone e percebi que tinha uma mensagem no grupo do Pôquer e tinha uma mensagem no grupo do Pôquer. Era João, um dos amigos de Pedro, que eu inclui no meu seleto conjunto de amigos por ser amigo do Pedro.
“Que demora é essa Lucas?Vem rápido que eu ainda tenho um encontro com uma gata hoje. Eu, o Beto e o Pedro já estamos esperando você”
Olhei a mensagem e pensei “preciso de mais amigos gays” revirando os olhos.
Me arrumei e me dirigi até a casa do Beto(outro amigo nosso) que era onde nós sempre jogávamos. Beto é um moreno espetacular também, tem 1,90 m, músculos bem desribuídos, umas pernas de fazer gozar só de olhar e João é mais parecido com Pedro mas ele não usa barba como o Pedro e tem cabelos escuros. Todos são policiais, menos eu que ainda estava terminando o curso de arquitetura.
Quando cheguei, fui recebido logo com piadinhas:
- Que demora hein? Tava trepando? – João pergunto rindo.
Fiz uma careta e dei língua pra ele. O Beto foi mais cortez e me deu boa noite e eu e o Pedro nos comprimentamos apenas com um olhar e um levantamento de cabeças.
Começamos a jogar, e o assunto não era outro, só João falando em como sua mulher estava acabando com ele deixando ele sem sexo. E ele disse que hoje ia acabar a seca porque ele ia sair com uma “putinha” que tinha conhecido na internet.
- Cara, você não fala em outra coisa, tá na seca mesmo, hein? – Beto falou.
- Isso porque não é você que está sem sexo há dois meses – João falou, rindo.
- Já estou há 3 meses sem sexo e não estou subindo pelas paredes como você – falei.
- Você é um virjão, isso sim – Ele falou rindo.
Fiquei calado. A última vez que tinha transado tinha sido com um carinha da faculdade e não rolou aquela química. “A gente podia nos ajudar, João” me veio esse pensamento safado mas logo desviei. Apesar de João ser muito gostoso, eu não faria nada com ele porque:
1º - Ele é um idiota
2º - Ele é casado
3º - Nem ele nem Beto sabiam que eu era gay então eu não sabia como eles reagiriam e eu não queria estragar a amizade.
O jogo continuou e não demorou muito João foi para o seu compromisso, não antes de levar um carão do Beto:
- Juízo, cara você vai trair mesmo sua mulher?
- Não é traição, é só uma foda rápida, eu ainda gosto da minha mulher mas ficar sem sexo é foda – ele falou como se fôsse a coisa mais natural do mundo e eu revirei meus olhos e o Beto percebeu e riu pra mim. O Beto era um cara perfeito...”um hétero perfeito” pensei desviando meus pensamentos.
Ficamos apenas eu, o Beto e o Pedro jogando quando o telefone do Pedro toca e ele se afasta pra atender e quando volta seu olhos estão vermelhos e lágrimas revestem seu rosto. Nunca tinha visto meu amigo chorar, eu o via como uma pessoa muito forte e inquebrável e vê-lo naquele estado me fez ficar triste, mas o pior ainda estava por vir.
- Pessoal, aconteceu algo terrível...
O Funeral da Júlia, seria lindo pelas declarações de amor da família dela e do Pedro, mas o peso de perder alguém querido era maior. A Júlia era uma pessoa excepcional. Era aquele tipo de pessoa que tenta de tudo pra ver os amigos felizes. Lembrei de uma vez que ela me apresentou pra um amigo gay dela. “Apresentou” é eufemismo. Ela me jogou pra um amigo dela. Ela costumava dizer que eu tinha que sair mais que eu ficava só em casa esperando a vida passar. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e eu fui até o Pedro que me abraçou e chorou. Eu queria dizer que tudo ia ficar bem, mas nem sei se eu acreditava nisso. Eu, que era só amigo da Júlia, estava com uma dor enorme, imagine ele que tinha construido planos de ficar o resto da vida com ela. Não sabia o que dizer então só abraçei o mais forte, me perguntando se aquela dor um dia passaria...
Continua...