Louco Amor TP2 CP13 - Nada como antes.

Um conto erótico de Lipe
Categoria: Homossexual
Contém 7059 palavras
Data: 23/08/2016 20:08:40

Fala galerinha, tudo bem com vocês? Espero que sim. Bem, desculpem mais um vez, esse capítulo foi meio que difícil de elaborar, o mais difícil de todos até aqui, ficou um pouco grande até, mas espero que não esteja cansativo. Já disse que amo os comentários de vocês? Dos mais curtos aos mais longos, Cês não tem noção kk. Essa traição aí tá difícil de engoli em? Principalmente por ser com uma mulher, como assim??? Kkk É que eu achei mais apropriado já que retrataria uma possível volta as origens de Caio que era um pegador nato e também pra reforçar que com homens ele só tem olhos para Lucas rsrs, Esclarecido né? Espero que sim rs. Então vamos ao que interessa né. BOA LEITURA.

LOUCO AMOR TP2 CP13 – Nada como antes.

Não perdi tempo e fui ao seu encontro, nervoso e ansioso demais para pedi com licença, fui logo me sentando ao seu lado, ele imediatamente levantou o rosto e me analisou por alguns segundos antes de olhar para frente, suas expressões eram vazias, parecia não dormir há dias.

_ Veio aqui para rir da minha cara? Vai em frente.

_ Aquiles... você realmente acha que eu tenho vontade de fazer isso? Você realmente acha que eu não te amo?

Os olhos dele se encheram de lágrimas e da sua boca ecoou um pedido que parecia ser do fundo da alma.

_ Então me tira daqui. Me tira daqui, Lucas.

O trouxe de encontro ao meu peito, lhe abracei forte e logo fui retribuído como há muito tempo não era, ele chorou, eu me emocionei e juntos compartilhamos nossos sentimentos.

_ Porque você foi fazer aquilo?

_ Eu estava com raiva, estava fora de mim... Mas não aconteceu da forma que lhe falaram.

_ De que forma então?

Pareceu que aquela pergunta lhe incomodou, pois ele logo me soltou e limpando as lágrimas disse:

_ Pra quê quer saber se não vai acreditar? Ninguém acreditou.

_ Se estou perguntando é porque vou acreditar no que vai me dizer.

Ele me olhou meio que de soslaio e riu de lado como se não acreditasse no que estava ouvindo.

_ Você é louco.

_ E você é meu filho.

_ Eu não... – ele parou no ultimo segundo e então respirou fundo. Ele ponderou as palavras pela primeira vez e isso era bom. Quer dizer, eu acho... – Eu pensei que só seria um susto. Quando eu estava lá e soube realmente o que iria acontecer eu quis sair fora, mas não pude, eles iriam me machucar... – ele olhou para mim. – eu fiquei com muito medo, eu fiz por medo, quer dizer, eu quase fiz, e não, eu não parei por causa da policia como disseram, eu parei muito antes, eu iria desistir, iria ajuda-los, eu juro que iria.

Eu peguei na mão dele em cima da mesa de concreto e a balancei de leve.

_ Eu acredito em você!

_ Por quê? Se eu te trato tão mal?

_ Amor de pai é incondicional, quando você for um, você saberá do que estou falando.

Ele voltou a olhar para frente e com um sorriso leve no rosto disse:

_ Se for pra ter um filho como eu, prefiro morrer sem saber.

Primeiro que ele não me repreendeu e segundo, sem querer ele acabou falando entrelinhas algo que eu ansiava há anos, acabei ficando até sem ar com tamanha surpresa, ele, claro percebeu que eu não estava normal e sério me perguntou:

_ Tá tudo bem?

_ Você me chamou de pai! – Um sorriso se formava em meu rosto.

_ Quê? Quando? Eu não... Meu pai se chama Caio e minha mãe Teresa.

Deveria ter mantido a minha boca fechada e curtido o momento sozinho, mas já era tarde de mais, já havia levado um banho de água fria. Aquilo acabou me desconcertando e deixando um silêncio chato entre nós por minutos até sermos interrompidos por uma voz feminina conhecida, era a mãe de Teresa, ela estava acompanhada pelo mala do marido.

_ Aquiles?

_ Não! – ele disse se levantando e tomando certa distancia numa atitude inesperada para mim. – Eu não quero papo com vocês, saiam daqui!

Vendo tal confusão ganhando forma, não pude continuar sentado, me levantei e fui até ele para entender melhor o que estava acontecendo, já que até algumas horas atrás, eles eram os melhores avós do mundo pra ele, o que será que mudou?

_ Filho, foi para o seu bem. – ela disse.

_ O que aconteceu? – perguntei a ninguém em especial.

_ Eles me traíram, concordaram com a ideia mais absurda do meu pai.

_ Não seja mimado garoto, faz coisa errada e não quer pagar? – disse Keverson.

_ Ele não fez nada. – defendi, para a surpresa de todos. Passei meu braço sobre seu ombro e o trouxe mais pra perto. – Eu acredito nele, acredito que ele quase fez aquilo por medo. Ele é jovem, não precisa passar por algo tão duro. – Eu esperava que não.

_ Viram? Ele acredita em mim! – ele disse parecendo feliz. – Não preciso de vocês e nem dos sermões baratos. Saiam daqui!

Parecendo irritado, Keverson puxou a mulher pelo braço.

_ Vamos Anna, não vamos nós humilhar para esse moleque e esse viado iludido.

_ Eu sinto muito filho. – ela disse triste enquanto era arrastada para fora dali por aquele ser ignorante, senti certa pena dela, dá maneira que foi tratada tanto por Aquiles quanto pelo marido que não a merece.

Quando os perdemos de vista, Aquiles voltou a se sentar, e com os cotovelos apoiados na mesa e as mãos na cabeça suspirou impaciente, me sentei ao seu lado novamente e pus minha mão em suas costas.

_ Está tudo bem.

Nesse momento ele se virou, se pondo de frente pra mim e com raiva disparou:

_ Não, não está tudo bem! Estou marcado aqui dentro, eles... Eles querem me estuprar.

Aquilo fez meu coração pesar, engoli em seco aquela revelação.

_ Eles quem?

_ Dois colegas meu de quarto, eles tem irmãos gays e ficaram com raiva de mim pelo que fiz, ou melhor, pelo que acham que fiz.

_ Quem são? – disse olhando ao redor – estão aqui?

_ Por quê?

¬_ Quero ter uma conversa com eles.

_ Não! – disparou. – eles vão ficar ainda com mais raiva.

_ Aquiles, tem noção do que me falou? Eles querem te violentar, a cicatriz vai ficar para sempre, não na pele, mas na alma, as pessoas se destroem por causa disso.

Ele baixou a cabeça e pareceu pensar.

_ Pode ser que não acredite, mas não quero que isso aconteça com você. – continuei.

_ Não, eu acredito. – disse quase sussurrando. – Eles são dois, mas são mais baixos e magros, eu posso dá conta dos dois.

_ Não vou te deixar aqui ao Deus do ará, vou falar com o diretor daqui e exigir que ele troque você de quarto.

Ele balançou a cabeça concordando.

_ Tá.

_ Vou ver o que posso fazer pra te tirar daqui o quanto antes, só te peço pra aguentar um pouco mais esse lugar.

_ Tem como o senhor procurar saber como os caras lá estão? Aqui ninguém me diz nada e não paro de pensar um minuto no cara que foi esfaqueado.

_ Pode deixar. – disse sorrindo.

Ele sorriu e um barulho meio estranho preencheu o ar. Ele rapidamente pôs a mão na barriga olhou pra mim pra se justificar, apesar de não precisar.

_ Foi minha barriga em.

Sorrindo eu disse:

_ Está com fome? Eu não trouxe nada, mas acho que dá tempo de comprar algo.

Coçando a nuca ele disse com um sorriso tímido no rosto:

_ Ah eu vou querer sim.

_ Eu volto já.

Fui até um guarda que estava parado próximo a entrada e pedi para que eu pudesse sair um pouco para comprar o lanche.

_ Se sair não poderá mais entrar. – ele me advertiu.

_ Qual é? Vai ser rapidinho.

_ Uma onça e eu mesmo faço isso pra você.

Uma onça? Como assim?

A princípio fiquei sem entender o que aquilo significava, mas logo me toquei que ele falava em dinheiro, por um momento me esqueci que morava no país da corrupção.

Revirei minha carteira e lhe dei a nota junto com uma de dez. Ele pegou uma caneta e um bloco de notas e me deu, deduzi que seria para escrever o que era pra comprar.

Pensei um pouco e escrevi: “Dois pasteis de forno de queijo e uma guaraná de latinha”.

Quando devolvi, ele se virou um pouco para o corredor e chamou um cara conhecido dele, não era guarda, parecia mais um zelador e o estregou a folha com a lista, esperei alguns minutos e logo estava com o lanche em mãos, olhei no relógio e só faltava seis minutos para a visita acabar.

_ Te dou mais cinquenta se eu puder ficar por mais quinze minutos.

Ele balançou a cabeça.

_ Bem que eu queria, mas isso está totalmente fora do meu alcance.

Sem alternativa, corri até onde Aquiles estava e lhe entreguei os pasteis e a guaraná.

_ Só temos seis minutos. – olhei novamente no relógio. – cinco agora.

_ Os dois são meus?

_ Seus.

Ele começou a comer rápido, como se realmente estivesse com muita fome, foram três dentadas seguidas no pastel e um gole demorado no guaraná.

_ Estava mesmo com fome em. – comentei.

_ A comida daqui é horrível. – disse de boca cheia, deixando partes da comida escaparem de sua boca, não achei nojento, apenas engraçado, ele percebeu e limpou a boca envergonhado. – desculpa.

_ Tudo bem.

Apesar da situação em geral, eu me sentia bem, e isso por causa do afeto que estava sentindo da parte dele, há anos não tínhamos uma conversa assim, talvez isso seja só por que ele precise de mim e pode ser que depois que consiga o que quer, volte a me tratar mal, mas não quero pensa nisso agora, sofrer por algo que nem aconteceu ainda é o mesmo que criar dois ferimentos.

Uma sirene ecoou no pátio afastando meus pensamentos, olhei no relógio e vi que já estava na hora de ir, quando levantei o olhar novamente o vi com um olhar meio apreensivo em cima de mim e depois ao redor observando o restante dos internos se despedindo de seus familiares. Aquele foi um olhar de quem não queria ficar ali sozinho, que me companhia bastava pra ele. Aquele olhar com certeza me faria perder o sono a noite.

_ É... Acho que acabou a visita. – disse me levantando, ele fez o mesmo, ainda com a metade de um pastel na mão. – Irei busca informações sobre os caras lá e falar com o diretor, te dou minha palavra como não vai lhe acontecer nada e quando menos esperar irei lhe tirar daqui.

Ele balançou a cabeça.

_ Vamos! A visita já acabou! – gritou o guarda para algumas pessoas que estavam com dificuldade em se despedir.

_ Bem, vou indo lá. – queria muito o abraçar e sei que com a situação atual entre nós, ele não recusaria, mas mesmo assim me bateu um certo medinho, mas quando já estava me virando, fui surpreendido.

_ Lucas.

_ Sim?

Ele nem falou nada, apenas me abraçou, e abraçou forte. No começo até demorei pra retribuir, mas depois já não queria soltar mais, jamais esperava aquilo dele.

_ Senhor, já deu. – falou um dos guardas, batendo em meu ombro.

_ Vai vir amanhã? – ele perguntou quando me soltou.

_ Não, pois amanhã você sai daqui.

Era uma promessa difícil, eu sabia disso, mas estava disposto fazer o que fosse preciso para que se cumprisse.

Assim que nós distanciamos procurei falar com o diretor do local para poder resolver aquela situação pela qual Aquiles estava passando com alguns dos “colegas” de “quarto”. Depois de esperar bastante, ele me atendeu.

_ Fique tranquilo, irei troca-lo de “quarto” e mandar alguém ficar de olho. Isso nunca aconteceu em minha gestão e não será essa a primeira vez. Essas ameaças por muitas vezes não passam disso. – ele disse me tranquilizando depois de eu ter exposto a ele meu medo.

_ Muito obrigado, fico bem mais tranquilo ouvindo isso.

_ Disponha.

_ Eu só preciso agora de uma informação, se não for pedir demais.

_ Diga.

_ Esse menino, o Aquiles, eu criei ele desde pequeno, apesar de não ser pai biológico, o considero como se fosse meu filho, eu queria saber se tem alguma maneira de eu tira-lo daqui antes do tempo estipulado.

_ Ele foi um dos meninos que atentou contra um casal gay não foi?

_ Mas foi por medo...

_ Eu sei, está na ficha dele. Veja bem, se o responsável legal por ele voltar atrás na decisão, seu filho sai daqui a hora que quiser e reponde em liberdade, mas se o que ele falou for verdade mesmo, há outro caminho que seria tentar convencer as vitimas a deporem a favor dele, o que a meu ver é bastante difícil.

_ Ninguém ganha uma luta sem uma batalha. Eu irei tentar contata-los. Posso deixar meu número com o senhor?

_ Claro. – ele disse pegando uma caneta e uma folha de sua mesa e me entregando.

_ Você não acha que seria uma boa pra ele ficar pelo menos essa semana aqui? Ele verá como é as coisas e com certeza pensará três vezes antes de agir de cabeça quente.

_ Ele já viu o que tinha pra ver aqui. Se estou fazendo as coisas erradas, só o tempo dirá. – disse de forma firme enquanto lhe devolvia a folha com o meu número, da casa dos meus pais na verdade já que o meu eu não sabia por onde andava. – Obrigado por tudo mais uma vez. – disse me levantando e lhe estendendo a mão, na qual ele apertou. Ele me acompanhou até a saída de sua sala e de lá segui até meu carro.

Agora vinha a parte mais difícil, achar os meninos agredidos sem ter ao menos uma referencia, nome ou rosto em mente.

_ Pensa Lucas, pensa. – disse pra mim mesmo enquanto olhava ao redor quando finalmente minha mente deu aquele estralo. Acabava de ter uma ter uma ideia. Liguei o carro e procurei uma lan house mais próximo de onde estava, lá pesquisei nos jornais locais algo referente ao acorrido naquela madrugada, de cinco, apenas um, falava resumidamente sobre o ocorrido sem citar o nome de Aquiles – um alivio pra mim, apesar de que um nome sem foto não significava nada. – e ainda no mesmo jornal, o que eu precisava no momento; a foto de umas das vitimas, o nome e o local onde tudo aconteceu. Pronto, pisei no acelerador e em menos de quinze minutos cheguei lá. Estacionei próximo a onde o infeliz atentado aconteceu, no chão ainda se encontrava resquícios de sangue já seco de uma das vitimas, não olhei muito, pois aquilo me incomodou bastante, não pelo conteúdo, mas pelo significado de tudo aquilo.

De informação em informação consegui chegar a uma casa simples, com um muro na altura da cintura e com um portãozinho parcialmente coberto pela ferrugem à dois quarteirões de onde eu havia deixado o carro, bati palma uma, duas, três, até cinco vezes, já estava quase desistindo, quando um cara parou próximo a mim.

_ Sim?

Assim que me virei pra ver quem era, reconheci pela foto do site que era uma das vitimas, sua expressão era bastante abatida, em sua mão direita ele tinha uma sacola de pão.

_ Você que é o Alisson? – quis ter certeza.

_ Sim, o que deseja?

_ Bem, eu sou o pai de um dos jovens que participaram lá no...

Eu nem cheguei a terminar e ele já dava um passo para trás, provavelmente com medo.

_ O que você quer?

_ Eu não quero te machucar e nem vou, muito pelo contrário, eu quero dizer que sinto muito pelo que aconteceu.

_ Já disse e eu já ouvi. – ele disse indo abrir o portão para poder entrar.

_ Também queria te perguntar algo. Você se lembra de um garoto moreno, mais ou menos da minha altura, provavelmente era o mais novo da turma, eu quero saber se em algum momento você o viu hesitar ou algo do tipo?

Ele estava de costas para mim e pareceu pensar no que eu havia falado.

_ É, ele parecia não ter certeza do que estava fazendo. – disse ao se virar pra mim. – Parecia está com medo.

_ E ele estava. – falei com um pouco de urgência na voz. – o que o levou aquela posição foi não pensar direito nas consequências que aquilo acarretaria, ele estava de cabeça quente por uma serie de problemas, fúteis, confesso, mas o que importa pra mim mesmo foi que momentos antes ele se arrependeu e iria desistir, mas o ameaçaram e ele teve que seguir em frente por medo, ele também foi uma vitima no final disso tudo e você sabe, você viu no olhar dele.

_ E daí? Porque está me falando isso?

_ Porque só você pode o ajudar nesse momento.

_ Ajudar a pessoa que quase matou o meu namorado?

_ Ajudar uma pessoa que quase fez isso sobre ameaça. Seu depoimento vai ser muito importante. Você sabe o que viu... Pensa nisso.

Já ia dando meia volta para poder ir embora, quando me lembrei de algo.

_ Aproposito, ele, seu namorado está bem?

_ Irá sobreviver.

_ Ele ainda está internado em hospital publico?

_ Porque quer saber?

_ Eu tenho... – na mesma hora parei de falar, o que eu pretendia era apenas ajudar, mas aquilo iria soar como se eu tivesse o comprando em troca de seu depoimento favorável.

_ Você tem...

_ Não, nada. Mas uma vez eu sinto muito por tudo isso, é intolerável que isso ainda aconteça em pleno século vinte e um.

Já estava decidido a achar outra maneira de ajuda-lo sem ele saber.

_ A quem seu filho puxou? – ele perguntou incrédulo.

_ Acho que a mãe dele. – disse sorrindo. – ela tinha pavio curto e demorou a aceitar que seu namorado havia se apaixonado pelo seu melhor amigo. Bastante compreensível até, mas foi o modo que ela passou por aquilo tudo que foi meio estranho, sabe.

Pela sua expressão vi um nó se formando em sua cabeça, logo tratei de me explicar melhor, apesar de que até alguns minutos atrás eu não pensava em abrir minha vida pessoal a ele.

_ Eu era o amigo dela. O Aquiles nasceu quando ela morreu e desde então eu o criei junto ao pai biológico dele.

Sua expressão acabou por se suavizar com a minha explicação e nó por ser desfeito.

_ Ele meio que de uns tempos pra cá não aceitava que seu pai biológico fosse gay – continuei – então sua raiva sobrava meio que exclusivamente pra mim, ele ligava muito para os que os outros diziam, ter dois pais não é fácil pra um adolescente.

Ele cruzou os braços.

_ E mesmo ele te odiando você o ama? Ele não merece.

_ Talvez... Mas enfim, pensa no que eu disse. Espero que vocês fiquem bem, tchau.

Dei as costas e sair andando, estava confiante, havia feito um bom trabalho, havia o deixado pensativo.

Já passava das sete da noite quando cheguei em casa, quer dizer, na casa de meus pais, estava totalmente exausto, em anos nunca passei por tantas emoções em tão pouco tempo. Demorei um pouco dentro do carro antes de sair e pegar a mala na porta malas do carro e finalmente bate na porta de casa, não sabia como iria explicar tudo aquilo aos meus pais, não sabia como seria a reação deles, estava com medo e também apreensivo.

Quando a porta se abriu vi minha mãe do outro lado, seu rosto foi de surpresa a me ver ali, ainda mais quando viu a mala em minha mão.

_ Não vai me convidar para entrar?

_ Cla... Claro filho, entra. – ela disse saindo da frente para que eu pudesse entrar, me abraçou forte logo após fechar a porta. – Que saudades filho, é bom te ver aqui novamente, mas receio que algo de ruim aconteceu.

E as lágrimas que não era derramada há horas, vieram como maré ao sentir aquele abraço acolhedor.

_ Está tudo desmoronando mãe.

_ O que aconteceu filho?

_ Quem está aí Clara? – meu pai gritou vindo da cozinha, até tentei secar as lágrimas antes que ele chegasse até nós, mas não consegui, ele acabou vendo. É verdade que de qualquer jeito ele iria saber o que havia acontecido, mas não queria que ele me visse sofrendo para evitar que ele esquentasse a cabeça, ele não suportava que alguém me fizesse mal, sempre virava uma fera quando isso acontecia, já havia perdido as contas das vezes que ele brigou com Aquiles e Caio. Talvez por eu ser filho único isso acabava por pesar muito na sua proteção comigo.

Mesmo escolhendo palavras suaves para explicar toda a situação, meu pai acabou por surtar, quis ligar para Caio e até mesmo ir lá naquela mesma noite, o que com muito esforço por parte de mim e de minha mãe afastamos de seu pensamento.

_ Não sei por que você tenta tanto com esse garoto mimado. – meu pai disparou quando estávamos jantando.

_ Porque eu puxei ao senhor, sei que nunca desistiria de mim. – disse deixando-o visivelmente sem argumentos.

Assim como para mim, os anos também se passaram para os meus pais, estavam naturalmente mais velhos, ambos com alguns cabelos grisalhos e a pele mais enrugada, mas ainda conservados.

_ Um a zero para o Lucas. – disse minha mãe fazendo graça.

_ É, meu comentário foi infeliz, desculpa filho. Eu falando assim até pareço não gostar do garoto.

_ Tudo bem. – disse apenas amassando a comida, estava sem fome. – mãe, posso ficar com meu quarto por esses dias?

_ O tempo que você quiser filho.

_ Aquele quarto sempre será seu. – complementou meu pai.

_ Se vocês me derem licença, eu vou subir um pouco agora.

_ Nem comeu nada filho. – disse minha mãe preocupada.

_ Estou sem fome mãe. – disse me levantando. – Depois eu desço e como alguma coisa. Benção mãe, benção pai.

Apesar de ouvi-los responder, não esperei por resposta e me retirei. Peguei minha mala na sala e subi as escadas de cabeça baixa, ainda custando a acredita que tudo aquilo estava acontecendo. Quando cheguei ao meu quarto, deixei a mala próximo à porta e me joguei de costas na cama, inevitavelmente fui invadido por várias lembranças que me fizeram por mais uma vez naquele dia derramar lágrimas, quase nada havia mudado ali desde minha adolescência, o cheiro daquela época parecia está ali impregnada nas paredes, foi ali que passamos os melhores momentos de nossas vidas, foi ali que experimentamos com sucesso uma vida de casados e foi ali também que juramos uma vida toda juntos, sonho de crianças que se perderam com o vento, cada parte daquele quarto tinha um pouco, não só de nós dois, mas de uma família, meu pequeno cresceu ali, podia ouvi-lo perfeitamente me chamando de pai pela primeira vez, era difícil e muito doloroso de aceitar que para me reaproximar e buscar novamente o carinho de um, eu tenha que perder o de outra pessoa, é verdade que eu poderia trocar de quarto ou até mesmo alugar um apartamento e fugir de tudo aquilo, mas eu queria logo sentir o que era pra sentir e chorar tudo de uma vez, iria ser muito doloroso mas a recuperação seria mais rápida, isso era o que eu esperava e queria.

Dois toques na porta me fizeram sair daquele transe de lembranças, rapidamente me sentei e limpei as lagrimas pela enésima vez naquele dia, meu rosto já doía, de tanto fazer esses movimentos de esfrega, esfrega.

_ Deixa eu conversar contigo filho. – era minha mãe, queria ficar sozinho, pelo menos por aquela noite, mas sua voz soou tão maternal que eu não pude resistir.

_ Entra.

_Como você está? – ela disse entrando.

_ Um caco.

Se sentando ao meu lado na cama trocamos um breve olhar, o meu era de alguém que já não sabia o que fazer depois de ter levado aquele soco da vida que quase me levou ao chão, era de alguém prestes a desistir de tudo, já o dela era de profunda lamentação.

_ Eu só queria voltar no tempo, curtir tudo de novo e mudar algumas coisas, iria impedi-lo de ir morar na fazenda, iria ser um melhor namorado, ou sei lá! Qualquer coisa que mudasse esse resultado. – disse voltando a deixar as lágrimas rolarem.

Carinhosamente ela trouxe minha cabeça de encontro ao seu colo e me acolheu, acolheu a minha dor.

_ Nada do que você fez foi errado meu anjo, você foi um excelente namorado, se doou como ninguém àquele relacionamento, amou, deu carinho e cuidou de uma criança que nem era sua, criança nunca é fácil de criar, e ainda mais quando se é tão jovem como você era, mas eu via sua batalha dia pós dia para dá o seu melhor. Então não diga isso. Ele que foi um babaca, ele é quem deveria está querendo voltar no passado pra consertar tudo isso, você merece mais, muito mais.

_ Eu ainda o amo mãe, como o meu sentimento pode permanecer vivo por ele durante tanto tempo enquanto o dele sabe se lá quando acabou? – as lagrimas já não escorriam, elas trasbordavam. Era até difícil de controlar a respiração. – Como eu vou sobreviver sem ele mãe, como?

_ Foque no seu filho, tire o daquele lugar, reconquiste o amor dele, se empenhe nisso e não desista.

Ela tinha razão. A esperança de uma relação melhor com ele seria o que me manteria em pé.

_ Lucas? – Agora era o meu pai do outro lado da porta. – O seu enteado está no telefone e quer falar contigo, vai atender? Se não der, eu digo a ele.

Droga, eu havia ficado de ligar pra ele quando soubesse de mais informações, acabei esquecendo completamente.

_ Não pai. – disse me pondo em pé. – Eu já vou atender.

_ É o Vinicius? – perguntou minha mãe se ponde em pé também.

_ É sim. Vamos? – disse ao limpar a ultima lagrima e dando uma última fungada.

Ela balançou a cabeça e juntos descemos.

_ Oi Vini.

_ Oi tio, como o Aquiles está? Era verdade aquela história? O tio Caio me falou umas coisas a respeito que estou custando a acreditar até agora, desculpa falar nele, sei que não é uma boa hora, mas é que... – disse totalmente afobado.

_ Vini! Calma.

_ Desculpa, é que o senhor demorou a ligar e eu fiquei preocupado.

_ É verdade, desculpa também, muita coisa acontecendo de uma vez só, acabei esquecendo.

_ Eu entendo.

_ Respondendo a sua pergunta: era sim tudo verdade, quer dizer, nem tudo, deixa eu te explicar.

A explicação de tudo que aconteceu acabou rendendo mais do que eu imaginava, ele estava realmente muito preocupado e até mesmo com medo, ele ficava me interrompendo a cada três ou quatro palavras, fosse para indagar ou até mesmo para tentar adivinhar o que acontecia em seguida. Ele me lembrava o eu adolescente apaixonado.

_ Porque não aparece aqui amanhã? – propus.

_ Não sei... Ele não vai querer me ver. – disse com tristeza e receio.

_ Algo me diz o contrário.

_ Porque, ele falou algo?

_ Não, mas ele está arrependido do que fez, posso arriscar em dizer que estamos nós reaproximando.

_ Hum, fico feliz, mesmo. Eu vou pensar tá?

_ Ok.

_ Vini, como... Como ele está? – perguntei, na verdade sem pensar muito naquilo, foi algo que veio na minha cabeça e que escapou da minha boca, meus pais estavam assistindo novela e quando me ouviram indagar aquilo, me olharam com cara estranha, principalmente meu pai. Naquele momento quis colocar minha cara em um buraco de tanta vergonha que senti, mas acabai fazendo algo que teria o mesmo efeito e estava ao meu alcance: saí de perto e me sentei na cozinha.

_ Aproposito, depois que você saiu ele acabou brigando com o irmão que te defendeu, depois disso ele passou o dia todo meio estranho, até tive a impressão de... Ah, deixa pra lá.

_ Fala vai.

_ De ter tido o visto chorando, mas foi algo muito rápido, nem pude confirmar.

Eu quis esconder a felicidade de mim mesmo até porque eu não queria ser tão dependente dele, dependente de um cara que eu nem conhecia mais, mas quando um sorriso surgiu em meu rosto, eu já não pude mais esconder isso de mim mesmo. Mas o que, afinal esse choro significou se é que aconteceu mesmo?

_ Ficou feliz né. – ele constatou. – notei pela sua respiração.

_ Estou com muita falta dele. – Admiti.

_ Quer falar com ele? – indagou me pegando de surpresa.

_ Não! – disse de uma vez.

_ Quer saber o que eu acho? Ele ainda gosta de você.

_ Então porque me deixou pra ficar com outra pessoa?

_ Sei lá, adultos são complicados de entender.

_ Falou o adolescente.

Ele riu.

_ Verdade.

Depois que encerramos a conversa, lembrei que ainda tinha algo pendente; o caso lá do namorado que eu havia prometido a mim mesmo ajudar de alguma maneira, já havia em minha mente bolado um plano, mas para isso, precisaria da ajuda de uma pessoa.

_ Alô?

_ Oi Alan. – Alan era o advogado de Caio, precisamente dos negócios dele desde a morte de seu Edgar que havia ajudado a família de Caio com problemas referentes ao aluguel da casa em que moravam (TP2 CP5) – É o Lucas.

_ Fala Lucão, como você está?

Péssimo.

_ Sobrevivendo. – disse dando um risinho no final para não parecer tão dramático. – Preciso de sua ajuda.

_ Fala aí, aconteceu algo?

Alan começou como estagiário do falecido Edgar e foi criando nome graças aos conselhos dele até assumir praticamente todos os clientes de Edgar depois de sua morte, seu trabalho agradou e acabou agradando. Ítalo, o filho fdp de Edgar que deu em cima de Caio na minha frente alguns anos atrás decidiu não seguir os passos do pai e se mudou para Europa, pra fazer sabe se lá o que, desde muito tempo não tenho informação dele.

_ Aquiles se meteu em encrenca, coloca ai no site da cidade que você vai saber do que estou falando.

_ Virou notícia? Ual. Vou abrir meu not aqui, só um minuto. – e quase um minuto inteiro se seguiu em pleno silêncio. – Ele fez isso?

E lá se foram mais minutos em explicações de tudo que aconteceu, mas o foco ali não era Aquiles e sim os garotos que sofreram com aquilo.

_ Eu queria que você fosse até o hospital onde ele está internado e tente falar com o namorado dele, diz que faz parte de alguma ong ou sei lá o que e diz que ficou sensibilizado com o que aconteceu e faz a proposta para o Alisson, namorado do cara lá que foi ferido de trocar de hospital para uma melhor recuperação, eu vou arcar com tudo. Você me ajuda?

_ Claro que sim, amanhã mesmo irei procura-los, não se preocupe. Mas Lucas, e o seu filho?

_ Eu por enquanto posso cuidar sozinho disso. Não se preocupe.

_ Tudo bem, manda um abraço para o Caio por mim tá?

Caio... O filho da mãe que me deixou sem chão, será que foi tanta loucura acreditar que ele mudaria por mim? Mas ele havia mudado, foram anos de fidelidade... É, quer dizer, depois dessa não tenho mais tanta certeza. Pensar naquilo me deixou extremamente angustiado e com uma vontade enorme de chorar, só pra variar. Será que seria sempre assim? Ouvir o nome dele e pá, ficar mal?

_ É... Vou ter que desligar agora, depois a gente se fala. – disse rapidamente para que ele não notasse minha voz estranha. Ao desligar baixei a cabeça, já estava prestes a inundar a cozinha inteira quando vi minha mãe olhando pra mim próxima a entrada.

_ Belo gesto. – disse ela.

_ Quê? – indaguei sem entender.

_ De ajudar o cara lá, sem querer ganhar vantagem em cima.

_ Tive uma boa educação. – disse me levantando e lhe dando um beijo na testa. – Vou para o meu quarto.

_ Vai ficar bem?

_ Não se preocupe, irei sobreviver.

Isso é, até quando?

Meu corpo perdia por um descanso, mas minha mente não deixava, ela insistia em pensar em tudo que estava acontecendo, em criar teorias e me fazer sofre só mais um pouco, durante a noite apelei para a música, jogos de celular, tevê e até uma caminhada rápida, mas só quando o sol estava nascendo foi que o cansaço venceu e acabei dormindo estirado no chão de meu quarto. Fui acordado em algum momento daquela mesma manhã com minha mãe eufórica.

_ Filho, Filho, acorda!

_ O que foi mãe. – disse com a voz sonolenta sem querer abrir os olhos.

_ Escuta só. Um cara ligou e disse que Aquiles sairia hoje.

O que se seguiu foi um choque de cabeças ao me levantar rápido demais, gruímos de dor ao mesmo tempo e palavrões que não merecem serem digitados preencheram o ar. Foi até hilária a situação.

_ Repete o que disse, por favor, porque acho que com essa pancada, as ideias ficaram meio soltas na minha cabeça. – disse sentando com a mão no lado atingido.

_ Um cara ligou e disse que Aquiles sairia hoje.

_ Não brinca mãe.

Acreditei tanto no que havia prometido a ele que acabou se realizando, eu não iria precisar visita-lo novamente, iria uma última vez naquele local e seria para tira-lo de lá, era bom demais pra ser verdade e eu rezava para que fosse. Apesar de acreditar, me surpreendi ao acordar as dez horas da manhã já com essa noticia, isso só significava uma coisa: Alisson já havia dado o seu depoimento e havia sido favorável.

_ Vai ficar aí sentado ou vai buscar seu filho?

Trocamos um sorriso alegre sem nós importa mais com a dor, ela me deu a mão para que eu me levantasse e com muita pressa tomei um banho e me troquei. Enquanto dirigia um sorriso largo se fazia presente em meu rosto, até cantarolei um pouco, eu nem de longe parecia o homem tão depressivo da noite passada.

Ao estacionar em frente ao enorme portão da fundação casa, saí do carro meio que tropeçando em tudo pela frente, o que eu mais queria naquele momento era vê-lo e abraça-lo forte. Segui em direção à guarita que ficava logo do lado para que minha entrada fosse autorizada, mas no meio do caminho ouvi um grito:

_ Lucas!

Olhei meio confuso para o outro lado da rua e paralisei na mesma hora, meu sorriso se desfez por completo, senti minha garganta secar, meu coração bater mais forte e minha perna fraquejar, era Aquiles que estava lá, havia sido ele quem me chamou, mas quem causou todo aquele desconforto em mim estava do seu lado, sentado em um banco protegido do sol pela sombra de uma arvore que havia me impedido de vê-los antes de estacionar. Ele usava uma blusa azul listrada que eu havia lhe dado em seu aniversário, uma bermuda branca e um tênis, olhava diretamente para mim.

O que ele estava fazendo ali àquela hora e ainda mais do lado de fora acompanhado por Aquiles? Eu não estava preparado para vê-lo ainda.

Nem havia notado a minha perca de noção quando Aquiles me abraçou, tomei até um leve susto, pois não tinha o visto se aproximar.

_ Oi. – ele disse ao nós soltarmos.

_ O... Oi. – gaguejei enquanto sentia o olhar de Caio em cima de nós.

_ Vocês dois brigaram? – ele perguntou.

_ Por quê?

_ Chegaram separados. – ele olhou para trás e depois para mim. – e ele está com uma tremenda cara de cu olhando para você sem saber que se aproxima ou não.

_ Ah... – tentei formular algo pra falar, mas ao nota-lo vindo em nossa direção, pedi todo o foco, o que eu estava sentindo parecia se ampliar a cada passada sua. Uma parte de mim que tinha amor próprio queria sair correndo dali, já à outra, dependente de um amor furado, queria ficar e ouvir a voz daquele fdp.

_ Lucas... – disse como se fosse um “oi”.

Minha respiração pesou, nem consegui falar, apenas balancei a cabeça como se fosse outro “oi”. A ideia do movimento era pra cima e pra baixo, mas eu estava tão nervoso que minha cabeça fez quase um quadrado no ar.

_ Ele disse que queria ficar contigo...

_ E ele vai.

_ Não quero te dá trabalho.

_ Não fale como se eu não fosse nada dele. – disse irritado.

_ Tem razão, me desculpa.

_ Vamos Aquiles? – o chamei, até então ele só fazia olhar de um para o outro surpreso com o que acontecia de frente aos seus olhos.

_ Vamos.

Ao virarmos para entrar em meu carro, ele segurou em meu braço e foi como se uma corrente elétrica corresse cada centímetro do meu corpo enquanto devastava tudo por dentro, eu estava parecendo um maldito adolescente apaixonado.

_ Espera. – disse e rapidamente soltou meu braço.

Parei e respirei fundo, até para acalmar um pouco meus nervos.

_ Me espera no carro? – pedi para Aquiles. Ele balançou a cabeça, deu uma ultima olhada em Caio e se foi enquanto eu me virava pra encarar a pessoa que eu mais amava na vida, mas que infelizmente não sentia mais o mesmo por mim.

_ Como... Como você está?

_ Essa pergunta é retórica não é? Porque você não pode achar que estou bem depois daquilo.

As lágrimas estavam por um trio, podia sentir elas se formando em meus olhos.

_ Pode não acreditar, mas ainda me preocupo com você.

_ É, eu não acredito.

Dito isso não dei espaço para mais diálogos e nem mais para uma segunda segurada em meu braço, simplesmente entrei no carro e o olhei uma ultima vez antes de cortar pneu. Já longe o bastante para não vê-lo mais pelo retrovisor, percebia Aquiles me olhando do banco do carona visivelmente querendo falar algo.

_ O que ele estava fazendo lá? – perguntei depois de um bom tempo em silêncio.

_ Disse que se arrependeu da decisão e veio me tirar de lá.

Então não tinha sido o depoimento do Alisson como eu desconfiava. Isso explicava a presença dele ali.

_ Está tudo bem entre vocês?

_ Ele pediu desculpas, mas eu não aceitei.

_ Por quê?

_ Porque ele não merece ué.

_ O que... O que vocês conversaram?

_ Nada, não quis papo, ele queria me levar de volta pra fazenda, mas eu não queria ir sem você.

Nossa, ouvir aquilo sim foi espetacular. Não iria demonstrar que fiquei feliz, porque vai que... né.

_ Por quê?

_ Sei lá, não confio nele. Não depois de ele ter me deixado sozinho.

_ Tenta entender o lado dele, ele te ama e acreditou que isso poderia te ajudar. Assim como eu acreditei que aquilo não te ajudaria em nada, são apenas formas de pensar, sabe se lá quem está certo.

_ Nunca vou entender o que ele fez.

_ Vai sim. Enfim, como sabia que eu iria te pegar àquela hora?

_ Estava disposto a ficar ali esperando até à tarde (horário de visita) se fosse preciso, mas ele acabou aceitando que eu não entraria no carro e ligou para a casa de seus pais e me deu o celular, sua mãe atendeu e me disse que você já estava a caminho. Afinal, pra onde estamos indo?

_ Pra casa de meus pais.

_ Está morando lá?

Balancei a cabeça confirmando.

Ele abriu a boca pra falar algo, mas acabou desistindo por algum motivo. Pensei que ele fosse querer entender o que estava acontecendo, mas não o fez, talvez por receio de a culpa ter sido dele – é, eu acreditava que ele havia mudado a esse ponto – ao invés disso ele apenas abaixou a cabeça e começou a procurar algo em uma bolsa de plástico que ele estava na mão e que por acaso eu não tinha percebido antes, deveria ser seus pertences, pertences esse que foram lhe tirado quando entrou naquele local, eu atento, o vi tirar lá de dentro algo que parecia um celular, em seguida ele esticou o braço em minha direção.

_ Acho que isso é seu.

_ O que? – disse pegando o celular e o analisando, não muito, pois estava dirigindo. – O que você estava fazendo com ele? – perguntei incrédulo.

Ele deu de ombros.

_ Informação irrelevante.

_ Como irrelevante? Você pegou uma coisa que não era sua!

_ Por acaso eu não devolvi? O que eu mais poderia fazer com um celular? – disse já irritado.

_ Uma pergunta que você pode muito bem me responder. – disse enquanto estacionava em frente de casa.

_ Tem um jogo nele que gosto muito. – disse sarcástico antes de abrir a porta e sair.

_ Aquiles, volta aqui, não terminamos. – disse desligando o carro e indo atrás dele. – Você me deve uma explicação!

_ Não devo nada, você não é nada meu! – disse abrindo a porta e correndo pra escada. – Benção vó, benção vô. – gritou como se soubesse que os dois estivessem por perto, e na verdade eles sempre estavam. Apesar de ter me desconsiderado como pai, nunca deixou de chamar meus pais de avôs.

Desisti de ir atrás quando ele subiu os degraus, algo me dizia que aquela conversa não levaria a lugar algum e só serviria pra criar ainda mais sofrimento.

_ Lucas? – era minha mãe, ela vinha da cozinha e enxugava a mão em um pano.

_ Oi. – disse me sentando na escada e colocando a mão na cabeça.

_ O que aconteceu? Foi meu neto que pediu benção? Onde ele está?

_ Foi ele sim, deve está no quarto dele.

O antigo quarto que era o de hospedes, era dele fazia já um tempo, minha mãe havia feito questão.

_ Já voltaram a brigar?

_ Estávamos tão bem. – lamentei.

Minha mãe começou a falar algo, mas acabou sendo interrompida pelo meu celular que começava a tocar, olhei para tela e vi que era Fagner.

Meu Deus, que saudade! – foi o que consegui pensar.

Continua...

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Comentários

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Nossa, fico honrado Catituio e feliz por está gostando, hoje a noite sem falta sairá o próximo ;)

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Cara quando você vai postar os demais capítulos?

Esperando por sua resposta no capítulo tá meu amigo!

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Cara quando você vai postar os demais capítulos?

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Lipe, meu querido cadê os capítulos finais estou esperando e acredite louco para ver os outros. Tou pra enfiar a cabeça no meu estágio da faculdade e não consigo ném pensar em outra coisa que não seja na relação de Lucas, Caio, kaique, Wagner, Aquiles e com certeza já imagino o amor de Aquiles. Nota 10 meu amigo.

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Lipe, cade os outros capítulos que estão faltando?? Cara você é 10>

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Só tenho uma coisa a dizer: E se de dia a gente briga a noite...vocês entenderam né.

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eu não aceito você fazer isso comigo ! eu só queria ele de boazinha tendo uma conversazinha na paz e eles brigam pelo celular af, n é fácil ser seu fã n em mds do céu kkk, mas algo me diz q Aquiles e Lucas vão ser grandes amigos.

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Cara me desculpe acabei mexendo e sua nota reduziu pra 9,09, a nota que lhe dou é 10.

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Obrigado por nos presentear com mais um capitulo da sua história. Só ta faltando agora dar uma pequena visibilidade para esse enredo do Caio com o Lucas que esta sofrendo a beça por um amor tão lindo quanto os dois. Só falta agora como castigo o Aquiles se apaixonar pelo Vini.

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.muito bom parabéns! Mas falta nós sabermos a versão do Caio para podermos joga lo para os tubarões. Vai por mim neguinho faz jm episódio com a visão dl Caio, todos seus leitores e futuros leitores irão agradecer. O Aquiles é mesmo um bostinha, espero que ele arme alguma para os pais voltarem, já que aquele mente dele funciona para maldade que pelo menos agora se colha algo bom daquilo.Aguardo ansiosa um proximo episódio....rsrsrs tá parecendo novela demora pra postar a parte que a gente quer ler.

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Continua logo por favor!!! 🙏👏👏👏👏✌

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Como sempre, apaixonante. Espero que Aquiles se entenda com o Lucas e que toda a história de Caio seja esclarecida. Por favor, se possível, não demore quase um mês para postar. Um abraço carinhoso,

Plutão.

P.S.: torço pela reconciliação de Caio e de Lucas.

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