O pai do meu paciente

Um conto erótico de DanielMG
Categoria: Homossexual
Contém 1680 palavras
Data: 24/08/2016 01:10:30

Oi pessoal! Meu nome é Daniel. Acompanho os contos aqui na CDC há algum tempo e agora criei coragem para contar minha história que é REAL. Espero que vocês gostem e vou continuando a medida que se interessem por isso aqui. Claro que mudo os nomes e lugares, mas a estória é essa mesma. Comentem sobre o que acharem. Abraços.

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Minha profissão apresenta desafios e realizações cotidianas. Tratar a mente das pessoas é algo complexo e exige muito de nós, psicólogos e psicólogas. Desde que me formei, montei um consultório numa região economicamente favorável da cidade e nunca tive dificuldade em atrair clientes.

A trajetória sólida na faculdade, atrelada aos contatos que fiz ao longo dos anos, favoreceram meu crescimento profissional e seguraram minha carreira. Cinco anos após formado, recebia indicações frequentemente e, por vezes, não conseguia achar horário para atender mais pessoas.

Em fevereiro deste ano recebo uma demanda para atender uma criança de 6 anos, com dificuldades de aprendizagem. A queixa inicial era de que o menino tinha problemas em socializar com os colegas e, por isso acabava sofrendo bullying, que interferia diretamente no seu rendimento escolar. Marquei, portanto, com a mãe da criança, que buscava atendimento para entender melhor a história.

Na hora marcada, me surpreendi quando a secretária anunciou a chegada de um homem e que este estava a me procurar. Fui até a recepção tentar esclarecer:

- Pois não.

- Você é o Daniel, psicólogo?

- Sim, sou eu. E você, quem é?

- Sou Ricardo, pai do Davi. Marcamos de conversar.

- Ah, sim. Estava aguardando a mãe dele, Marisa.

- Não. A minha mãe é Marisa. Ela que me ajuda a cuidar do Davizinho. Longa história...

Entramos no consultório e os minutos seguintes foram de uma investigação profissional típica do meu trabalho. No entanto, apesar de todo profissionalismo, não pude deixar de reparar na aparência do Ricardo. Seus olhos escuros contrastavam com sua pele bem branca. O peito forte e peludo chamava a atenção também pelos botões abertos da camisa que despertavam curiosidade (confesso) de ver mais. A medida em que ele falava, se esforçava para demonstrar que era bom pai, mesmo tendo sofrido com a morte da esposa, mãe do Davi, num trágico acidente de carro.

Acertamos valores e horários. Começaria a atender o pequeno na semana seguinte, já ciente de sua história de perda da mãe há três anos. Desde então, o pai ausente passou a participar da educação do menino, ainda que errasse muito nas suas tentativas de aproximação dele.

- Então, eu o trago na semana que vem.

- Vou aguarda-los às 9:30.

- Claro. Foi um prazer, Daniel.

E ele me abraçou. Fiquei desconcertado com a situação, afinal não tenho esse contato com pacientes adultos, muito mais com os familiares dos menores, mas confesso que correspondi, não sei exatamente porquê.

Após sua saída, Julia, a secretária e amiga, vem correndo ao consultório.

- Que gato, hein?! Muito bom...

- Sossega garota! Tá assanhada hoje

- Como não ficar? Cara alto, forte, bonito, cara de rico. Já quero.

- Falo nada. Me passa a ficha dele.

Ela era responsável por fazer anotações dos dados básicos dos clientes e responsáveis, no caso de crianças.

Vi o endereço de Ricardo, que tinha 29 anos, solteiro, morava numa região nobre. Aproveitei meu horário de almoço para pesquisar, também não sei porque, o nome dele nos sites de buscas e encontrei um monte de informação. Era empresário do ramo alimentício, sendo herdeiro de uma emprega grande de Minas Gerais. Sempre cercado de belas mulheres, pensei na vida de mulherengo que esse cara devia ter.

Do alto dos meus 27 anos, reparei que nunca tinha ficado tão curioso com relação a um paciente ou similar. A verdade era que minha vida sentimental era uma bagunça desde sempre. Bagunça não era bem a palavra. Talvez, parada. Sempre fui muito exigente com relação a relacionamentos, o que acabava afastando boas pessoas. Meu último namoro durou dois anos e teve um término tórrido depois que descobri algumas mentiras sobre o sujeito. Sou bissexual desde sempre, já tendo no currículo namoro com pessoas de ambos os sexos, apesar de estar há meses sem sequer transar com alguém.

Sempre fui do tipo reservado, acreditando que minha profissão estava acima de qualquer coisa. De fato, me realizo muito no que faço, dedicando 99% do meu tempo a essa ocupação. Para namoros? Sobrava o resto. Sempre achei melhor assim e esperava continuar sendo. Apesar dessa “solidão”, sempre fui de me cuidar, bastante vaidoso e recebia umas cantadas as vezes, o que aliviava o desânimo com envolvimentos amorosos.

Bom, os encontros com Davizinho eram incríveis. Apesar das dificuldades escolares, o menino era muito inteligente, com uma percepção ótima da relação com o pai, apesar de não conseguir se posicionar na relação com os colegas da escola que insistiam em pegar no seu pé. Os encontros com Ricardo eram breves e pontuais, quando este destinava o tempo para levar e buscar o filho na clínica.

E foi assim até o meio do ano. Davi apresentava melhoras na escola e os atendimentos apresentavam resultados. No entanto, uma coisa me assustava: Davi começava a se posicionar com os outros colegas e, numa ocasião, chegou a dar uns chutes em um dos meninos que o ofendiam. O pai é chamado na escola e, furioso, demanda conversar comigo.

Marcamos no mesmo dia. Ele chega nervoso e incomodado com a situação, falando alto...

- Precisamos dar um jeito nele. É uma vergonha ser chamado na escola desse jeito. Você não acha?

- Veja bem, Ricardo. O Davi precisa aprender a se posicionar e é isso que está fazendo.

- Então você acha certo que ele agrida os colegas?

- Não foi isso que eu disse.

- Eu não quero ter que parar os meus compromissos para lidar com um filho brigão.

Sua atitude me parecia grosseira, não só comigo como com o filho, mas relevei para acolher sua raiva.

- Ricardo, o Davi precisa de um equilíbrio. Concordo que bater não é solução, mas ele saiu de uma posição de vítima para outro lugar. Isso precisa ser considerado. Sugiro que a família potencialize isso colocando-o numa aula de luta ou algo em que possa canalizar a energia.

- Eu sinceramente esperava mais desse tratamento.

- Como assim? Você não está sendo claro.

- Eu pago um tratamento caro e você me devolve o Davi com mais problemas do que eu o trouxe?

Fiquei em silêncio para processar o que ele havia dito e para que ele também entendesse a gravidade do discurso. Mas isso não aconteceu.

- Ricardo, eu te aconselho ir para casa, descansar um pouco e analisar a situação com mais calma. Amanhã farei contato com a escola e discutirei o caso com a coordenadora de lá.

- Não precisa disso. Ele não é mais sua responsabilidade.

- O que você quer dizer com isso? Não foi claro.

- Quero dizer que você não ajudou. Eu sabia que alguém como você não conseguiria ajudar em nada mesmo.

- Alguém como eu?

- Sim. Está na cara que você não tem filhos. Novo demais pra fazer o que fez. De que vale um diploma nas mãos se não sabe executar o trabalho.

- Repito que você pense a respeito e retorne o contato quando estiver mais calmo, Ricardo. Posso ajudar em mais alguma coisa.

Ele me olha ainda nervoso e sai batendo a porta. Com certeza o pai era bem mais mimado que o filho.

Mesmo sem que ele quisesse, entrei em contato com a escola no dia seguinte, discuti o caso e as coisas ficaram mais tranquilas. Optei por dar tempo ao tempo e aguardar o contato do Ricardo pedindo desculpas, que não aconteceu.

- O fortinho exaltado não vai trazer a criança essa semana não?

- De quem você tá falando, Ju?

- Do Ricardo Melo. Aquele dia saiu nervoso daqui, batendo porta...

- Pirracento. Nem entrou em contato comigo.

- Que preguiça de cara assim. Tinha que ter um defeito mesmo.

- Te contar: tem vários! Vou fazer contato pelo Davi.

- Faça mesmo. Mas eu não vou reclamar se o papai quiser ficar na recepção mais vezes.

- Assanhada. Duvido que ele volte aqui.

Fiz contato na casa de Davi e conversei, como várias vezes, com Marisa. Ao contrário do filho, ela era bastante ponderada. Pediu desculpas pelo destempero de Ricardo e confirmou que levaria o neto para o atendimento na próxima semana. Concordou com minha opinião e voltou a delegar confiança no meu trabalho.

Confesso que a curiosidade e até interesse que tinha em Ricardo desapareceu após seu surto de agressividade. Melhor assim! Estava estranho demais esse interesse imediato. Ainda bem que algo, no caso ele mesmo, vinha me colocar freio.

Voltei, portanto, a atender o Davi. Marisa o levava e buscava. Assim, não tinha mais contato com o pai do menino, a não ser pelo cheque que recebia, assinado por ele. Duas semanas depois, estava eu em um shopping da região do consultório. Era para ser um almoço rápido, que virou um cinema no começo da tarde ao encontrar um grande amigo por lá. André era meu amigo de infância, com quem compartilhei muitas coisas (muitas mesmo rs), fez contato comigo pedindo um tempo para conversar, que rendeu um almoço cheio de risadas, um cinema a tarde e bastante papo.

Na hora de ir embora, entramos no carro e, desatento, ignorei os sinais sonoros do carro ao dar ré e acertei em cheio um outro carro no estacionamento. Era o que e me faltava... O dia estava bom até aquele momento. Reportei ao vigilante do estacionamento o acontecido e ele me orientou a aguardar numa sala de apoio até que conseguissem localizar o dono do veículo no qual bati.

- Tinha que ferrar o encontro, garoto?

- Tomara que o dono ou dona do carro seja pelo menos fácil de conversar, né André?! O dia tava tão bom.

- Tomara mesmo. Mas com sua lábia de psicólogo, você consegue domar qualquer fera.

- Quem dera, Dézinho. Quem dera.

- Você sabe que tô contigo pro que der e vier né?

Ele me abraçou e bem nessa hora a porta da salinha se abriu e ele entrou.

- Ricardo? O que faz aqui?

- O psicólogo... Então, qual dos dois bateu no meu carro?

CONTINUA?

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Comentários

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Eh lasquera!!!!😂😈👏👏 gostei, continua!!!👏👏

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Comecei a ler hoje, e curti muito. Ja passei por uma situação dessa e relatei tudo num conto. Esse Ricardo é um inrustido e homofobico, certeza. Abraços, ansioso por mais.

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UM BOM COMEÇO. BOM Q ENCONTREI ALGUÉM COM A MESMA PROFISSÃO QA MINHA.

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Hum. Bapho! Adorei! Espero que não demore a postar.

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Legal, descreve eles com mais detalhes.

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