Demorei. Mas cá estou eu.
Danz: Exacto. A vida tem seus altos e baixos, existem para serem superados, afinal... Não teria graça viver sempre bem. Valeu pelo seu imenso carinho, man. Fico muito feliz. Abraços.
Arthurzinho: Obrigado. Perfeito é seu carinho.
Hulk22: CARAMBA! Eu sei que episódio é esse! Quando ele volta e faz todo o rebuliço no mundo. Mano, amo Sherlock. Amo cada imenso episódio. Sempre reassisto quando tenho um tempo. Umas das minhas séries favoritas (Breaking Bad em primeiro, claro). Falou, parça.
Jhoen Jhol: Sobre a difalia. Nussss. Estudei sobre isso no ensino médio. Credo, vi cada deformação. Mas já vi um pornô onde mostra um cara com dois penes. Ambos bem robustos, retos, eretos, grandes... ui. Teve até um cara que sofre (ou não) com isso e lançou uma bibliografia. Acredito que todos éramos muito imaturos naquela época. Todos ainda na asa dos pais, testosterona a mil e tudo mais. Hoje, relembro disso com eles e rimos (ou não). Nada melhor que errar pra amadurecer. Porque é aquele ditado: errar é o mano, permanecer no erro fica errado kkk. Abraços, man. Amo teus comentários.
Irish: Pois é. Só depois de muito tempo que percebemos que simples gestos podem mudar nossa vida toda. O efeito borboleta. E como eu sempre gosto de ressaltar, não acho que aja uma disputa, o cara era fim e tava afim... ponto. Sem isso de "eles estão lutando por ti". Nops. Afinal, isso não é um conto kkk. Flw.
BV: Oi. Tchau u.u
layla55: Opa, guria. Que bom que está gostando de tudo. Fico imensamente feliz com seu carinho. Espero que curta muito esse cap. Layla era nome de uma tartaruguinha que eu tinha. Ela fugiu, sabe. Amava ela <\3 Abraços, nina.
Querido606: KKK menos, cara. Caio não é um sonho. Tá mais pra pão francês. E sobre eu lembrar dos eventos, lembra que quando fiquei meio pirado? Então, me indicaram a escrever e eu adotei um diário que tenho até hoje e anotava tudo. Hoje em dia não faço mais, só que uso eles pra lembrar sabe. Rs. Memória fotográfica, quem me dera kk. Flw.
Baixinhaaa: Pois é, violência não leva a nada. Mas assim, eu sempre me ponho no lugar da pessoa, sabe. Se fosse o contrário, com um amigo de Caio cercando ele e os dois ainda tendo uma amizade, claro que ficaria pilhado. E homem tem isso de briga... eu particularmente meteria a porrada rs. Abraços nina, fique bem.
Plutão: Acredito que nunca evoluímos. Evoluir é um termo errado. Apenas nos aprimoramos. Mas claro que nem em tudo soubemos aprimorar, em muitos aspectos o ser humano é tão civilizado quanto o que vivia nas cavernas tempos atrás. A diferença é que: os da caverna ainda não sabia ser tão menos aprimorado quanto o que vive hoje em dia. Abraços, man.
♥♦♥R♥¡♥R♥¡♥♦♥: Nunca namorou? Mas gente. Você é do tipo seletivo? O difícil gato que só quer pegar e não se apegar? Queria ter dois homem me dando dinheiro e não brigando kkk. Cara, você não gosta do seu nome, não namora... Será que estou diante de uma pessoa super tímida? Abraços, cara. Fique bem ♡
adriannosmith: Valeu, man ♥♥
Vi(c)tor: Sobre a orientação sexual do André, classificaria como bissexual. Eu já tive uma pa de conversa e acredito que ele só se sentiu atraído por uma confusão de sentimentos. Afinal, nos 12, 13, rola sempre um troca troca, um amasso sem nada de mais. Uns levam isso pra vida inteira, outros esquecem e encaram com naturalidade. É complicado. Sobre minha aperreação, passará mesmo quando eu for bilionário por essa água de Jesus. E Lise ama Inês. Posso falar a verdade. Não vou mentir: adoro. KKK Abraços, mano. Cê é engraçado de mais kk
Geomateus: É ruim mesmo. Na verdade é bem ruim. Beirando ao horrível. Quase próximo ao péssimo. Eu bem sei rs.
Jardon: Don, eu gosto do André u.u E não me entregue pra Caio, fofoqueiro, se não mando Exu caberinha visitar sua festa de aniversário. E sobre meus capítulos feitos, todos foram pra apagados ;-; ♡♡♡
YAMASHITO: ♥♥♥♥♥♥♥♡♡♡♡♡♡
Lelaa: Ownt... Obrigado Leê. Muita gentileza sua ♡♡♡♡♥♥
Machad: Passou adoçante. De nada, meu brother. Espero ver você recuperado e pulando por ai like a bambi. Melhoras, Chado lindo ♡♥¤♥♡♥
Bhenneth Parker: Verdade. Caio é explosivo. Eu também. Nada bom. E se fosse só as explodidas de Caio, tudo estaria bem. O que ferra tudo as vezes, sou eu e somente eu :/
l lipeh: Levou o chocolate com leite dele. Faltou os biscoitos. Valeu pelo carinho, man. Muita gentileza sua mesmo. Abraços e fique bem.
Vi-nícius...: Mal sabem que o prêmio não vale nada kkk
adriannosmith: Continuando...
VAMOS AO QUE DE FATO IMPORTA.
-
Agora como em um filme, imagine uma câmera ao longe, flutuando nos céus noturno da cidade, mostrando uma gama de prédios iluminados por suas luzes exteriores. A câmera vai descendo, rápida e verticalmente. Chega ao nível do solo, nas ruas onde carros passam indo e vindo, caminhões com tanques de gasolinas esperando o sinal abrir, viaturas policiais, combis, motos e bicicletas. Nas calçadas há pessoas andando calmas, apreciando a noite de domingo. A câmera não repara em nenhum desses objetos, continua flutuando até um prédio no centro da cidade, ganha velocidade, se aproxima do portão e passa por ele, ainda flutuante ela sobe uns degraus que levam ao hall do prédio, entra na portaria e do seu lado direito se encontra o porteiro assistindo Faustão, enquanto do outro lado há os elevadores. A câmera entra em um, sobe rápido, as portas se abrem no 12° andar e vai morosa por um corredor. Há uma senhora regando um dos grandes vasos decorativos, outra mulher mais a frente se olha no espelho que lá se encontra e as duas se assustam quando ouve algo se quebrando - um prato talvez - no apartamento 26. A câmera chega até a porta deste e como mágica a transpassa. Andentra o lugar indo parar numa sala confortável com um sofá em formato de L onde uma TV se encontra ligada defronte do mesmo. A câmera flutua e vai até um corredor, não há nada alí. Então vozes vem de algum lugar mais ao leste, e a câmera segue pra lá. Há um cara grande lavando a mão que parece estar cortada e outro rapaz menor com os olhos vermelhos de lágrimas. Eles estão brigando. Eu estava brigando com Caio. Talvez alí seria a nossa separação definitiva. Não dava mais, chegara ao meu limite e senti que chegara ao dele também. Era o fim para o nosso relacionamento.
*11 horas antes*
Depois de muitas biritas, músicas na borda da piscina, risadas, comida congelada de manhã cedo com o sol se levantando preguiçosamente ao leste, eu acordei no sofá da casa de Pablo meio desorientado. Não lembrava como tinha ido parar alí. Caio se encontrava deitado no chão com uma almofada na cabeça e ferrado no sono. Virei a cabeça um pouco e vi uma empregada limpando o corredor da forma mais silenciosa possível. Olhei ao redor um pouco confuso e vi Mário no outro sofá, só de cueca e tão imóvel quando uma pedra. Roncava baixo com a boca semi aberta. Tudo rodou quando levantei. Na terceira tentativa, fiquei de pé sem ter de sentar novamente por ter perdido o equilíbrio. Pablo nos dera uns shorts malha fina depois do nosso banho noturno de piscina e colocou nossas roupas na lavanderia para secar. Andei chutando objetos pelo chão sem ver o que eram. Minha boca tinha um gosto azedo de álcool e tive vontade de vomitar. Má ideia comer pizza congelada de manhã cedo e ainda mais com o bucho cheio de brejas, pensei rabugento.
Diabos, a casa estava em alto mar, pois não parava no lugar, como um navio enfrentando a mais das terríveis tempestades. A empregada me olhou divertida e me prestou ajuda perguntando se eu queira algo. Água, pedi água e um engov. Eu tinha uma tática de não amanhecer de ressaca - tomava um engov antes de beber e um depois. O problema era que o de "depois" eu esquecia e aí era osso. Bebi sofregamente um copo de água, fiz uma careta e perguntei se ela poderia fazer um café e ela disse que sim da forma mais simpática possível - me perguntei quanto Pablo pagava para ela vir num domingo limpar toda a bagunça; deduzi que muito. Eu estava na casa dos outros mandando nos empregados dos outros. A moça fizera um café forte e eu logo despertei o suficiente para não ver tudo girando. Onde estavam os outros? Lembrei da nossa farra na borda da piscina, brincadeiras bestas, bebidas, piadas horríveis, pagodes cantados de forma medíocre por nós todos e tantas outras babaquices. Fiquei sentado no colo de Caio com ele abraçado em mim a maior parte do tempo, nos namorando como nos meses atrás quando não existia um relacionamento tão intenso. Depois das 7 da manhã eu não lembrava de mais nada. Talvez foi hora a qual apaguei.
Ouvi um arrastar de chinelos e era Pablo vindo com a cara amassada esfregando os olhos pesados.
- Hey, Nandão. Morreste não com álcool demasiado bebido?
Eu ri: Não - beberiquei o café. - Não lembro de algumas coisas. Não fiz nada constrangedor né?
Pablo pegou uma xícara e serviu-se café: Tu rebolou, ficou louco, beijou todo mundo e ainda ficou pelado na piscina. Pra completar, cagou na água e culpou o cachorro.
Eu: Que mentira - ri alto, mas com receio de ser verdade. - Para com isso.
Caio entrou na cozinha como se fosse em casa: Bom dia, flores - e se espreguiçou, ouvi suas articulações estalarem.
Pablo: Vou cobrar a hospedagem de vocês tudo aqui - falou ele sério.
Caio chegou perto de mim e beijou minha cabeça: E esse pirralho aqui? Ficou louco heim.
Pablo riu e falou: Num é. Bom que eu filmei tudo, adoro destruir a integridade de alguém.
Eu: Panacas. Só não lembro de não ter ido parar no sofá. De resto, sei o que fiz.
E era de fato verdade. Quem usa amnésia alcoólica como desculpa para fugir das suas responsabilidades depois da bebedeira, é tão mentiroso quanto ao fato de "não lembrar de nada". Pelo menos para mim, eu lembrava de quase tudo. Algumas coisas ficavam distorcidas, claro - como por exemplo as aparições de uns duendes pequeninos dançando, ou de um dragão voando nos céus -, contudo e sobretudo, eu tinha plena ciência do que fazia quando bêbado e depois, quando sóbrio, eu lembrava. Os demais acordaram um a um, alguns a gente despertou na base do susto, com gritos ou uma buzina. Pedro ficou 4 minutos respirando com dificuldade, depois de Mário acordá-lo fingindo que fora esfaqueado. Fomos todos pra mesa e comemos muito. Assistimos Globo esporte e ficamos na mesa falando sobre o clássico no Papão de Repa (Remo x Paysandu). Henrique falava de uma corrida que aconteceria mais tarde e eu ralhei com eles sobre isso. Achava muito imprudente e os canalhas disseram pra eu relaxar e parar de neura. Chamei Caio pra casa e assim fomos embora. Os demais também foram, mas esses iriam pra algum balneário curtir o domingo. Chegando em casa, tomei banho com Caio e dormimos por umas horas de conchinha. Seu Cá saíra e avisou que só voltaria de noite.
Senti algo na minha orelha fazendo cócegas e quando acordei, vi que era Caio.
Caio: Acorda, amor. Bora pro racha?
Eu: Hum? Que horas são?
Caio: Vai dar seis - falou rindo ansioso.
Eu: A gente tem que ir mesmo? Quero dormir.
Caio: Deixa de preguiça, rapaz - colou o corpo no meu ficou me alisando. - Bora amor.
Eu gemi: Tô doente. Não consigo levantar.
Caio: Mas que mentiroso. Pára, vai. Vamos.
Eu olhei pra ele com a cara mais raivosa que eu pude fazer: Te odeio, Caio Calson.
Ele riu rouco: Eu sei disso, Mega-men. Levanta, vamo lá que tão esperando a gente.
Eu me espreguiciei. A cabeça ainda pesada pelo álcool, tomei um banho e me vesti normal. Caio pegou o carro e dirigiu até um bairro industrial da cidade. Coloquei uma lista das músicas do Queen e fomos cantando no caminho ambos desafinados. Radio Ga ga era minha favorita e eu amava a letra e a homenagem ao rádio.
"So don't become
some background noise
A backdrop for
the girls and boys"
Eu abaixei o volume da música e perguntei: Amor, os meninos vão correr nisso?
Caio: Acho que Mário e Pablo - falou e senti algo diferente em sua voz. - Por quê?
Eu: Não sei, acho meio perigoso. Não vê?
Caio: Eita que tu se preocupa de mais. Não é uma corrida alá Mad Max não, fiote.
Eu: Eu sei, mas mesmo assim.
"All we hear is Radio ga ga
Radio goo goo
Radio ga ga"
Caio: Fica sussa.
Eu: Beleza - peguei a mão dele.
"All we hear is Radio ga ga
Radio blah blah
Radio what's new?
Radio someone still loves you."
Entramos numa rua com um muro gigante à nossa direita, que se estendia por uns 3 km fáceis. Depois vimos um portão e Caio virou o carro pra entrar. Vi uma antiga fábrica de açúcar, e tinha uma rua asfaltada que circundava toda ela em um "0" enorme e devia ter uns 4 km por toda sua volta. A princípio não vi nada, mas quando chegamos na sua curva, vimos alguns carros, uns com sons altos, outros com o motor roncando. Eram carros normais, não imaginem esses do nível Velozes e Furiosos, mas com toda a certeza tinham motores potentes. Vi o carro de Pablo e o de Mário - Um Gol personalizado e um Kia preto respectivamente. Caio estacionou perto deles e os mesmos vieram nos cumprimentar. Uma Dodger Ram com um som monstro chegou e colocou o local pra sacudir com seus alto falantes. O clima estava legal, uns caras eram uns PlayBoys que nem os meninos, mais pouco menos simpáticos. As minas que se encontravam alí eram gatas e fúteis. Não rolava bebidas, fiquei sabendo que as bebidas rolavam só depois da corrida. Eu não gostei muito disso de corrida no início, mas vi que o local era deserto, não havia nenhum pedestre desavisado ou algo do tipo, entretanto tinha o fato de que um desses cabeças-de-bagre podiam se acidentar. Então Mário falou.
- Falta só o Felipe chegar e a corrida começa. Vamo, Caio... dar uma olhada no teu motor.
Pedro ficou do meu lado, fumando despreocupado e eu levei um tempo pra entender que Caio iria correr: Como assim, olhar o motor?
Pedro assobiou um "fiiiiiu", como se fosse rolar briga e Caio olhou pra mim e deu de ombros: Vou correr, amor - falou ele indiferente. A música no nosso carro ainda tocava e agora era "Bohemian Rhapsody."
Eu: Como é?
"Mama, just killed a man
Put a gun against his head"
A letra era bem proporcional para o momento, pensei. Henrique surpreso: Não contou pra ele, Caio? - e riu. - Saim de perto que o Nando vai matar um.
Caio: Não vai dar pitch.
"Mama, oh!
Didn't mean to make you cry
If I'm not back again this time tomorrow
Carry on, carry on"
Eu: Tu disse ontem que não ia correr. Falou hoje.
Caio meio envergonhado: Eu não disse que não ia correr.
Eu com raiva: Disse sim!
Caio: Eu falei "tudo bem", é diferente.
E então lembrei de quando ele saiu para olhar o óleo do motor na noite em que seu Cá me falara do apê ser comprado. Na verdade, Caio tinha ido fazer ajustes no carro e iria correr mesmo eu pedindo para não fazer isso. Ele mentira, não chegou comigo e conversou, já estava decidido.
Juan: Falei pra tu dizer pra ele e...
Caio: Cala boca, Juan. Olha, amor. É só uma corridinha e eu sabia que se te contasse tu iria ficar com neura.
Eu: Filho de uma puta, tu sabe muito bem o que penso dessas corridas. Juan e Mário são independentes e podem fazer o que quiser...
Caio: Eu também sou independente! Posso correr tão bem quanto eles! - disse e no nosso carro a música gritava.
"I see a little silhouette of a man
Scaramouche! Scaramouche! Will you do the fandango?"
Eu: Tu entendeu, não te faz de leso...
Caio: Cara, tu quer mandar em mim? Quer uma corrente pra eu ficar preso em casa?
"I'm just a poor boy and nobody loves me"
Eu: Não é isso! Tu podia muito bem não ter mentido.
Caio: Pra cê ficar todo estressado? Iria mudar caralho nenhum.
"Bismillah! We will not let you go! (Let him go!)"
Eu: Eu não iria ficar estressado. A gente iria discutir essa bosta e chegar num consenso. Mas tu fez nas escondidas.
Ele: Estamos quites, beinzinho? - falou com uma raiva maliciosa.
"Oh, mamma mia, mamma mia! Mamma mia, let me go!
Beelzebub, has a devil put aside for me, for me, for me"
Eu: Mané desgraçado. Então se trata disso? De vinganças?
Ele relaxou: Olha, amor. Claro que não. Falei na raiva. Mas eu não queria te deixar alarmado.
Eu: Não estou alarmado.
Caio: E agora? Tu não está?
Eu me aproximei dele e apontei o dedo na sua cara: Isso é diferente, seu debiloide. Muito diferente.
"So you think you can stop me and spit in my eye?"
A música gritava louca e a raiva em mim só aumentava. Caio falou: Ahh, Fernando. Sou teu namorado e não teu prisioneiro.
O que mais me irritava, não era o fato de que ele havia escondido isso de mim - mas sim o fato de que iria correr de uma forma ou outra, - não confiara em mim, eu que sempre achei isso de corridas uma tremenda babaquisse. Ele fizera pelas minhas costas, e agora usava a desculpa de que eu o estava mantendo preso e o pior, colocou a questão de estar dando o troco. Sobretudo, ofuscando todos esses detalhes, eu tinha medo de ele se acidentar, de morrer. Ou algo do tipo. Eu fiquei olhando pra cara dele, com uma raiva lacrimosa.
"Nothing really matters
Nothing really matters to me"
- Então vai. Faz o que tu quiser. Espero que o carro capote e tu vire um vegetal - cuspi no chão ríspido.
Caio gritou: Talvez eu tenha mais sorte morrendo e indo pra bem longe de ti.
Os meninos olhavam para gente como se nós dois jogássemos tênis. Eu: Vai pro inferno.
Dei as costas e saí pisando firme, com raiva e frustrado. Meu relacionamento estava sendo sustentando por omissões. Eu omiti coisas no começo sobre André, Caio omitira sobre o apartamento, Roberta e sobre aquela corrida idiota. Eu omitia o fato de saber do apartamento e de Roberta. Que namoro bosta. Andei mais e ouvi passos atrás de mim. Quando me virei vi que era Henrique. Um louro forte, não maromba, mas definido. Não tinha aquela beleza de contos eróticos, porém era bem jeitosinho.
Ele: Calma, Nando. Vamo voltar pra lá. Caio mandou te chamar. Vai ganhar essa corrida por ti.
Eu: Não tô afim. Diz pra ele perder, combina mais com o momento.
Henrique: Pára Nando, ele iria te contar, mas ficou com medo.
Eu continuei andando: Medo - bufei. - Sei. Volta pra lá, diz pra ele que vou pegar um mototax.
Henrique pegou no meu braço: Ele vai gostar de ter tu aqui.
Eu ameaçador: Henrique, solta o meu braço.
Ele o fez: Desculpa, mas fica, vai. Por favor.
Eu: Pra quê? Ele tá puto. Eu tô puto. Não vai adiantar nada eu ficar.
Henrique: Mas geral gosta de ti e quer que tu fique.
Eu olhei feio pra ele: Fico. Mas por ti. Não por ele.
Voltei e fiquei longe de Caio. Nem olhava para ele. A raiva que eu sentia era enorme e me fazia sentir nojo dele. Aquela sensação me fez pensar em algo inusitado: em André. Eu queria sair dalí e ver ele. Saber se ele tinha se machucado muito e se estivesse bem, eu desabafaria sobre tudo (Oi?). Pedro me ofereceu um cigarro, mas recusei... Não iria descontar minha raiva na nicotina. Caio olhava para mim meio que com cautela e eu o ignorava. Teve uma hora que ele mandou um beijinho e isso fez eu sentir mais raiva, por pensar que ele zombava da minha cara. Não era justo ele usar como desculpa o fato de eu ser contra a corrida dele, pois eu iria fazer um escândalo. Que patético. Eu não queria ficar alí, eu queria ir embora. Eu queria chorar, porque alguma coisa mudara em Caio e mudara em mim. Eu queria minha mãe. Pensei nela longe e isso fez meu peito se apertar de saudades. Viajei em pensamentos e quando dei por mim, Henrique mandava eu ir pra lateral da rua que a corrida começaria. Depois de muito ódio, sussurrei para Deus um "retiro o que disse sobre o carro de Caio capotar. Protege ele. Protege todos esses delinquentes" e olhei pro carro de Caio preocupado. Ele não percebeu isso, os carros deram uma volta ao redor da enorme pista como em uma checagem de terreno. Depois se alinharam junto à uma linha desenhada no chão quase na frente dos demais carros que se retiraram para os lados. Já era noite e por isso, uma quantidade de portes que cirgundava a pista ascenderam suas lâmpadas; os motores rugiam. O Cross Fox de Caio ronronava feito um enorme gato. Uma mina muito gata foi até o meio da pista com uma camisa branca mão. Ao todo, eram 6 carros. Ela balançou a camisa e os carros se foram cantando pneus.
Parecia um filme, um pouco menos cinematográfico - um filme independente de baixo orçamento - quando os carros foram embora em linha reta sumindo de vista ao chegarem na curva. O som, com músicas de Pancadão, rolava solto e as pessoas torciam, dançavam e pulavam. Eu fiquei calado e Pedro falava alto "Vai Mário, Pablo e Caio. Uhuuu". E depois de uns 3 minutos, os carros apareceram na curva contrária e vieram rápido. Passaram por nós e vi que Mário estava na frente, seguido por dois carros desconhecidos e logo atrás com Caio e Pablo. No meu âmago, eu queria que meu Caio ganhasse. Seriam 4 voltas. Perguntei se aquilo era apostado e Henrique falou que sim. 500 conto a aposta. 3000 reais ao todo. Pensei bem e torci pra Caio ganhar. Vieram pela curva contrária e vi que Caio estava em segundo, Mário em quarto e Juan em último. Sumiram na outra curva, reapareceram minutos depois, Caio em primeiro, Juan em quarto e Mário em último. Última volta, e eles vieram. Mas só vinham 5 carros, um não os acompanhava mais. Gelei e pensei no pior, capotamento ou algo do tipo.
Pensei em Caio. Mas logo vi que seu carro vinha disparado e chegou em segundo. Em primeiro chegara Mário. Houve uma explosão de gritos e os meninos vibraram com a vitória dele. Os mesmos ainda deram uma volta diminuindo a velocidade e se dirigiram às demais pessoas. Mário desceu do seu carro e veio gritando feito um louco sobre ter vencido. Caio se aproximou, mas não falou nada. Mário chegou perto e me deu um abraço de me quebrar as costelas, me largou e beijou uma menina qualquer lá e disse que naquela noite, pagaria todas e que puta não passaria fome.
O carro com o som alto, colocou umas eletrônicas antigas. Um cara muito gente fina deu a grana pra Mário, 5 garrafas de White Horse para nós e uns copos de whisky lindos. Então a corrida virou uma festa. Eu me mantive longe de Caio, ainda com raiva dele. Percebi que a gente não se entendia mais como antes, que ele escondia as coisas por achar que eu o contrariaria e tudo mais. O nosso companheirismo morria a cada dia, algo não funcionava mais entre nós; a cumplicidade. Talvez eu estivesse enganado, não existia um amor amigo, a amizade morrera assim que o amor de casal aflorou... assim que passei a ver Caio como meu e eu como dele. Pedi - para nao dizer implorei - pra Pedro me levar embora até um ponto de ônibus, eu não queria ficar alí. Ele foi até Caio e falou algo, Caio olhou para mim e deu de ombros. Entrei no carro de Pedro meio que com os olhos marejados.
Pedro: Nando, ele não falou porque ele sabe que você é muito preocupado com ele.
Eu: Não, Pedro. Ele não falou porque não confia mais em mim, assim como ele sente que eu não estou mais confiando nele.
Pedro ligou o carro, deu a ré: Eu acho que vocês devem conversar.
Eu encarando a janela: Mais?
Pedro: Ontem vocês superaram aquela briga. E hoje vocês brigaram por uma coisa tola.
Eu: Ele escondeu isso de mim, Pedro. Eu não o impediria de forma alguma, como ele pensa que eu faria - falei e uma lágrima rolou pelos meus olhos. - Só que eu me preocupo mesmo. Diria que não e tudo mais, só que não o forçaria a não ir. Eu falei que nunca eu iria prender ele a mim, mas é exatamente o que estou fazendo. Temos um relacionamento, e assim como eu não pularia de uma ponte pois saberia que ele não gostaria, ele não devia ter corrido. Pensar em nós e não em si próprio.
Pedro buzinou pra um caminhão: É, Nando. Complicado isso tudo. Vamo, seu lerdo - mais buzinada.
Eu: E eu não quero falar disso.
Pedro: De boa. Eu posso ser um bom ombro.
Eu: Não. Quero só a paz da solidão. Por enquanto.
Pedro me olhou rápido: Tu que sabe, mas conta comigo, guri. Cê é meu irmãozinho. Vou tá do teu lado sacou?
Eu ri: Valeu. - Pelo menos um estava do meu lado. Talvez mais estivessem. Menos o meu namorado.
*
Pedro me deixou em casa. Subi rápido segurando o choro. Eu chorando. Quando isso acontecia, ou eu estava assistindo a parte do lixão de Toy Story 3, ou porque a situação estava crítica. Abri a porta do apê, não liguei se Seu Cá se encontrava ou não, fui para o quarto, fechei a porta, ignorei a cama e sentei no chão deixando as lágrimas virem. Vocês mudaram, Fernando. Uma voz sussurrou no meu ouvido. Ele mudou por você, mudou para melhor. Você mudou por ele, amadureceu, mas vocês antes se davam bem. O "antes" de vocês suportavam um ao outro. E agora? Continuarão amigos? Continuarão se amando? Pouco provável. Lembrei de antes. De nós dois amigaços, sem isso de amor. Inseparáveis. Irmãos. Um se importava com o problema do outro, contudo, cada um tinha seu problema, agora tínhamos os mesmos. Não sei bem quanto tempo fiquei alí pensando, mas quando ouvi a porta da sala se abrindo e a voz de Caio chamando meu nome, eu levantei com raiva. Fui até ele, determinado. Ele estava na sala, colocou uma garrafa de White Horse numa mesinha.
Caio: Vim ver como tu tava - ligou o vídeo game.
Eu: Desliga essa porra e vamos conversar.
Caio: Jogo com os olhos, falo com a boca e ouço com os ouvidos. - Me olhou e percebera que eu estava ruim, com o rosto ver melhor talvez. - Cê tá bem?
Eu me aproximei: Seu debiloide bipolar, fica de onda pro meu lado e agora dá uma de preocupado.
Ele me deu as costas, ligou a TV e tirou a camisa se sentando no sofá: Pelo visto tu tá ótimo - falou com um desânimo irônico.
Desliguei a TV: Quero falar contigo, ô idiota.
Ele me olhou: Rapá, liga essa TV que eu escuto com os ouvidos.
Ele se levantou e foi até o aparelho: Fala. - Desliguei. Ele me empurrou. Ligou novamente.
Eu: Se tu triscar o dedo em mim de novo, eu te mato.
Ele zombador: Mata nem tua fome. - Ao ouvir isso, tirei o vídeo game com tudo da estante, arrancando fios e lhe provocando danos. O joguei no sofá do lado de um Caio irado. - Eu vou te matar por isso!
Eu: Tenta!
Caio em pé, fechou os olhos reunindo paciência, mas esbravejou sobre está perdendo-a. Eu retruquei alto e ele gritou um "FALA BAIXO, PORRA!" e eu falei mais alto ainda. Então veio a puxação de "defunto-velho" (coisas que já se passaram vindo à tona novamente. Rebati sobre a corrida, ele urrou dizendo que eu podia esconder as coisas e ele não. Empurrei ele novamente e ele colocou André na discussão).
Eu explodindo: E a tua amiguinha lá? Ficou todo raivosinho e foi pros braços dela!
Caio se calou por um segundo. Um metro longe de mim, me encarando: Não saquei.
Eu: Depois daqui tu vai lá pros braços dela? Vai não é? Chorar sobre estar confuso. A tua amiga.
Ele entendeu onde eu estava indo, onde queria chegar. Rio sem humor e disse: Ô babaca, naquele dia eu liguei sem querer pra ela. Ia discar "Roger" e foi no "Roberta". E pera aí, não posso conversar com ninguém não?
Eu: Tu tem muitos amigos com quem conversar.
Caio: Esse teu ciúme é ilógico.
Eu: Agora eu que sou o ilógico? EU?
Caio: Pelo menos não fico atrás dela - assinalou ele.
Eu voei nele: Desgraçado de um figa, quem disse que eu corro (soco no peito - embora eu tivesse plena certeza que não causava dano nenhum naquele corpo revestido de músculos), babaca? Idiota!
Caio: É o que parece.
Eu já lagrimando de ira: ENTÃO JÁ QUE CORRO ATRÁS DELE, EU VOU EMBORA.
Caio: Não. Eu vou. Tu fica.
Eu: Vai pro inferno. Vai te lascar.
Caio estava mais sério, pensativo: Acho que esse é o fim então?
Eu dei as costas: Faz o que tu quiser. Eu vou fazer o que eu quero.
Caio: Tudo certo.
Ouvi algo se quebrando, quando olhei pra ele, o mesmo praguejava e vi que deixara a garrafa cair no chão. Fiquei ali parado, o cheiro de whisky exalando o cômodo. Caio foi na cozinha, pegou um pano e quando foi limpar o chão, se cortou. Cortou a palma da mão. Que ironia, pensei. Quando tudo começou entre a gente, havia uma garrafa quebrada e um de nós dois cortados. Agora se repetia, mas com o diferencial de que estávamos no fim. Ele foi pra cozinha, eu fui atrás mesmo sem saber o porquê e chegando lá eu falei.
- Então é isso? - uma lágrima rolou do meus olhos.
Caio ia responder, mas a porta da sala foi aberta: Oi, meninos - seu Cá.
Caio resmungou baixo e eu limpei os olhos. Meu sogro entrou e foi até a cozinha: Ouvi os gritos de vocês e esperei até passarem. Bom, sei que não devo meter minha colher.
Caio: Acertou.
Seu Cá: Mas vou meter e dizer que tenho a solução pros problemas de vocês.
Eu esperei ele falar, Caio também.
Continua...
-
As Olímpiadas foram incríveis heim? Jesus! Quase pirei. A faculdade me fudendo e os jogos fazendo eu me fuder mesmo. Tipo, ficar até tarde assistindo e acordar 4 horas depois para aulas de 5 horas. Deus! Mas passou. Eu ia postar segunda, mas fui cair na besteira de assistir Stranger Things (que série foda) e esqueci. Abraços pra vocês e Sábado agora eu volto... Volto mesmo. Sem demora. Como antes (terça, quinta, sábado ou domingo). Abraços.
PS: Viva Freddie Mercury!!!!!!♥♥♥♥