-As semanas se passaram, e foi uma surpresa pra mim como a semana do saco cheio chegou rápido. O esperado fluxo de fofoca e pessoas nos encarando havia sumido, e a vida tinha voltado ao normal. Os porões da Universidade Eastern não eram palco de lutas havia semanas. Adam tinha feito questão de manter a discrição depois de algumas prisões levaram a perguntas sobre o que exatamente havia acontecido naquela noite, e Travis estava cada vez mais ansioso esperando pelo telefonema que o convocaria para a última luta do ano – aquela que pagaria maior parte de suas contas no verão e grande parte do outono.
A neve ainda estava espessa no chão, e, na sexta-feira antes do recesso, teve a última guerra de bolas de neve no gramado cristalino. Travis e eu serpenteávamos em meio ao gelo voador a caminho do refeitório, e agarrei forte o braço dele, tentando evitar as bolas de neve e um tombo.
- Eles não vão te acertas, Flor. Eles sabem que é melhor não fazer isso. – disse Travis mantendo o nariz frio e vermelho próximo do meu rosto.
- A mira deles não tem nada a ver com o medo que eles tem do seu temperamento, Trav.
Ele me manteve grudado na lateral de seu corpo, esfregando a manga do meu casaco com a mão enquanto me guiava em meio ao caos. Tivemos que parar de repente quando um bando de garotas passou aos gritos, vitimas da terrível mira da equipe de beisebol. Assim que elas saíram do caminho, Travis me conduziu com segurança até a porta.
- Viu? Falei que a gente ia conseguir – ele disse com um sorriso.
Seu ar divertido se esvaneceu quando uma bola de neve com força na porta, entre meu rosto e o dele. O olhar fulminante de Travis perscrutou o gramado, mas o numero grande de alunos que jogavam bolas em todas as direções diminuiu a premência de retaliação.
Ele abriu a porta, observando a neve que escorria pelo metal pintado até o chão.
- Vamos entrar.
- Boa idéia – assenti.
Ele me levou pela mão até o bufê, colocando porções diferentes e fumegantes em uma única bandeja. A moça do caixa já tinha desistido de previsível expressão confusa semanas antes, acostumada com a nossa rotina.
- Kevin – Brazil assentiu para mim e piscou para Travis. – Vocês tem planos para semana que vem?
- Vamos ficar aqui. Meus irmãos vão vir – disse Travis, distraído enquanto organizava nosso almoço, distribuindo pequenos pratos de isopor à nossa frente na mesa.
- Vou matar o David Lapinski! – anunciou America, balançando a cabeça para tirar a neve dos cabelos enquanto se aproximava.
- Que mira perfeita – Shepley riu.
America o fuzilou com o olhar, e a risada dele deu lugar a um risinho.
- Quer dizer... que babaca!
Demos risada com a expressão de arrependimento de Shepley enquanto ele observava America seguir como um raio até a fila do bufê, indo imediatamente atrás dela.
- Esse está completamente domado – disse Brazil, com cara de desprezo.
- A América está um pouco tensa – Travis explicou. – Ela vai conhecer os pais dele essa semana.
Brazil assentiu, erguendo uma sobrancelha.
- Então ele estão...
- Naquela faze – falei concordando com ele. – É definitivo.
- Uau – disse Brazil.
A expressão de choque não saiu do seu rosto enquanto ele remexia a comida no prato, e pude ver a confusão rondando-o. Todos nós éramos jovens, e ele não conseguia entender aquele tipo de compromisso.
- Quando você tiver alguma coisa assim, Brazil... você vai entender – disse Travis sorrindo para mim.
O salão estava alvoroçado, tanto por causa do espetáculo lá fora quanto pela proximidade do recesso. A medida que as pessoas se sentavam, o fluxo de conversa foi ficando mais alto até virar um som ensurdecedor.
Na hora em que Shepley e América voltaram com suas bandejas, já tinha feito as pazes. Ela se sentou feliz na cadeira ao lado da minha, tagarelando sobre o iminente momento de conhecer os pais de Shep. Os dois partiram naquela noite pra casa deles – a desculpa perfeita para um dos infames ataques de fúria de América.
Fiquei observando-a enquanto ela pegava o pão e falava sobre o que deveria colocar na mala e quanta bagagem poderia levar sem parecer pretensiosa, mas ela parecia estar agüentando firme.
- Eu já te disse, baby. Eles vão te amar. Vão te mar como eu te amo – disse Shepley, enfiando os cabelos dela atrás da orelha.
América inspirou e sorriu, como sempre acontecia quando ele fazia com que ela se acalmasse.
O celular de Travis vibrou, deslizando alguns centímetros pela mesa. Ele o ignorou, contando a Brazil a historia do nosso primeiro jogo de pôquer com os irmãos dele. Olhei de relance para o mostrador e bati de leve no ombro dele quando li o nome.
- Trav?
Sem pedir desculpa, ele parou de conversar com Brazil e me deu total atenção.
- Que foi, Beija-Flor?
- Acho que você vai querer atender essa ligação.
Ele olhou para o celular e suspirou.
- Ou não.
- Pode ser importante.
- Ele franziu os lábios antes de levar o celular ao ouvido.
- E aí, Adam? - Os olhos dele examinavam atentamente o salão enquanto ele ouvia o que o Adam tinha a dizer, assentindo de vez enquanto.
- Essa é minha última luta, Adam. Não tenho certeza ainda. Não vou sem ele, e o Shep vai viajar. Eu sei... já entendi. Hum... não é uma má idéia, pra falar a verdade.
Minhas sobrancelhas se retraíram, vendo os olhos dele brilharam com qualquer que fosse a idéia que Adam tinha lhe dado. Quando Travis desligou o celular, encarei-o com expectativa.
- Vai dar pra pagar o aluguel nos próximos oito meses. O Adam conseguiu Jon Savage. Ele está tentando deixar a coisa mais profissional.
- Eu nunca vi esse cara lutar, e você? – Shepley quis saber, inclinando-se para frente.
Travis assentiu.
- Só uma vez em Springfield. Ele é bom.
- Não o bastante – falei. Ele se inclinou e beijou minha testa em agradecimento. – Eu posso ficar em casa, Trav.
- Não – ele disse balançando a cabeça.
- Não quero ver você levar porrada como da última vez porque ficou preocupado comigo.
- Não, Flor.
- Eu fico te esperando acordado – falei, tentando soar mais feliz com a idéia do que eu realmente me sentia.
- Vou pedir pro Trent ir junto. Ele é o único em quem confio pra poder me concentrar na luta.
- Valeu, babaca – Shepley resmungou.
- Ei, você teve sua chance – disse Travis, não completamente de brincadeira.
Shepley retorceu um pouco a boca, contrariado. Ele ainda se sentia em falta pela noite no Hellerton. Ele havia me pedido desculpas todos os dias durante semanas, mas o sentimento de culpa em fim se tornará controlável o bastante a ponto de ele sofrer em silencio. América e eu tentamos convencê-lo de que a culpa não era dele, mas Travis sempre o consideraria responsável.
- Shepley, não foi sua culpa. Você arrancou o cara de cima de mim, lembra? – falei, esticando o braço na frente de América para dar um tapinha de leve no braço dele.
Eu me virei para Travis e perguntei:
- Quando é a luta?
- Em algum momento da semana que vem – ele deu de ombros. – Mas quero você lá. Preciso de você lá.
Sorri descansando o queixo no ombro dele.
- Então eu vou.
Ele me acompanhou até a aula, segurando-me mais firme algumas vezes quando meu pé deslizava no gelo.
- Você devia tomar mais cuidado – ele me provocou.
- Estou fazendo isso de propósito, seu mala.
- Se você quer que eu te abrace é só me pedir – ele disse e me puxou para junto do peito.
Ignoramos os alunos que passavam e as bolas de neve que voavam por cima da nossa cabeça enquanto ele pressionava os lábios nos meus. Meus pés saíram do chão e ele continuou a me beijar. Me carregando com facilidade pelo campus quando por fim me pôs no chão, na porta da sala de aula, balançou a cabeça.
- Quando a gente for fazer nosso horário para o próximo semestre, seria melhor ter mais aulas juntos.
- Vou dar um jeito nisso –falei, dando nele um último beijo antes de entrar e me sentar.
Ergui o olhar, e Travis me deu um último sorriso antes de seguir para o prédio ao lado. Os alunos a minha volta estavam acostumados com nossas demonstrações publicas de afeto, assim como os da classe dele estavam acostumados com o fato de que ele sempre chegava alguns minutos atrasado.
Fiquei surpreso que o tempo tivesse passado tão rápido. Entreguei a última prova do dia e fui caminhando até o Morgan Hall. Josh estava sentado no lugar de costume, enquanto eu remexia minhas gavetas à procura de alguns objetos.
- Você vai viajar? – ele quis saber.
- Não, só preciso de algumas coisas. Vou até o prédio de ciências pra pegar o Trav, depois vou passar a semana no apartamento dele.
- Eu imaginei – ele respondeu sem tirar os olhos do livro.
- Bom descanso, Josh.
- Hum-hum.
O campus estava quase vazio, com apenas algumas pessoas que ficaram para trás. Quando virei a esquina. Vi Travis parado do lado de fora do prédio, terminando de fumar. Ele usava um gorro na cabeça raspada e tinha uma das mãos enfiadas no bolso da jaqueta surrada de couro marrom-escuro. A fumaça saia pelas narinas enquanto ele olhava para o chão perdido em pensamentos. Só quando cheguei bem perto notei como ele estava distraído.
- Em que está pensando, baby? – perguntei. Ele não ergueu o olhar. Travis?
Ele piscou quando notou minha voz, e a expressão preocupada foi substituída por um sorriso.
- Oi, Beija-Flor.
- Está tudo bem?
- Agora está – ele disse, ele disse me puxando de encontro a ele.
- Tudo bem, o que está acontecendo? – perguntei com a sobrancelha erguida e a esta franzida, demonstrando meu ceticismo.
- Eu estou com a cabeça cheia – ele suspirou.
Quando esperei, ele continuou.
- Essa semana, a luta, você estar lá...
- Eu te disse que posso ficar em casa.
- Preciso de você lá, Flor – ele jogou o cigarro no chão.
Ficou olhando enquanto a bituca sumia debaixo de uma profunda pegada de neve e então colocou a mão em volta da minha, me puxando em direção ao estacionamento.
- Você conversou com o Trent? – eu quis saber.
Ele fez que não.
- Estou esperando ele retornar a minha ligação.
América abaixou a janela e enfiou a cabeça para fora do Charger de Shepley.
- Andem logo! Está frio pra caramba!
Travis sorriu e apressou o passo, abrindo a porta para que eu entrasse. Shepley e América repetiram a mesma conversa que já havido tido inúmeras vezes desde que ela ficara sabendo que conheceria os pais dele enquanto eu observava Travis olhando pela janela. Assim que paramos o carro no estacionamento do prédio, o celular dele tocou.
- Que merda, Trent – ele atendeu. – eu te liguei faz quatro horas, e não vem me falar que estava trabalhando. Tá. Escuta, preciso de um favor. Tenho uma luta semana que vem e preciso que você vá. Não sei exatamente quando, mas, quando eu te ligar, preciso que você esteja lá em uma hora. Você pode fazer isso por mim? Pode ou não, seu babaca? Porque eu preciso que você fique de olho na Beija-Flor. Teve um otário que passou a mão nele da última vez e... é – Travis baixou o tom de voz, tornando-se ameaçador. – Eu cuidei do assunto. Então se eu te ligar...? Valeu, Trent.
Ele desligou o celular e encostou a cabeça no banco do carro.
- Aliviado? – Shepley perguntou, observando-o pelo espelho retrovisor.
- É. Eu não sabia como ia sem ele lá.
- Eu falei pra você... – comecei.
- Flor, quantas vezes eu vou ter que te dizer? – ele franziu a testa.
Balancei a cabeça em tom de impaciência.
- Mas eu não entendo. Você não precisava de mim antes.
Ele passou de leve os dedos no meu rosto.
- Antes eu não te conhecia. Mas hoje, quando você não estava lá, não consigo me concentrar. Fico me perguntando onde você está, o que está fazendo... Se você estiver lá eu posso te ver, daí eu consigo me concentrar. Eu sei que é loucura, mas é assim que funciona.
- Eu gosto de loucura – falei, me inclinando para beijar seus lábios.
- É obvio – América murmurou baixinho.
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CONTINUA....
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CINTIA C: <3 <3
BINHO39: <3 <3
HERINOVEMBRO: so malvada nada kkkk brigado querido <3 eles são perfeitos!
MIMO: Já tinha passado da hora deles voltarem.... brigadinho, <3 espero que continue lendo viu?
ROBINHUU19-87: AI meu deus kkkk também sinto isso, nem sei explicar rsrsrs
MISSANNY: Leu rápido, heim rsrs é um dos meus preferidos esse também, não cheguei a ler a maldição do Tigre, já vi, mas não li mesmo, é bom? Fico feliz que esteja gostando <3
GORDINHO. LEITOR: KKKK Já tinha passado da hoje deles voltarem... vamos ver se agora tudo melhora entre eles rsrs desculpe a demora, não deu pra postar mesmo.... Beijos meu lindo! PS: se vc ta falando que não é malvado, quem sou eu pra discordar??? Kkkkk
PRIREIS822: <3 <3 :)
LUANEGRA: <3, não se preocupa não, já aconteceu isso comigo varias vezes kkk relaxa....
WILLIAN26: Com certeza kkkkkk