Pensei que o conto tivesse acabado, mas brotou outro capítulo, rs.
Alguns dias depois...
Letícia ficou muito impressionada com o sonho ultra realista que tivera. Poderia jurar que fora uma transa real...
Mas depois, seu bom senso falou mais alto e ela disse a si mesma que aquilo tudo não passara de um sonho, que David estava morto e pronto.
Mas, e as palavras EU VOLTO, escritas com seu batom preferido no espelho da penteadeira?
Também para isso Letícia encontrou uma explicação lógica.
Ela com certeza sofria de sonambulismo sem saber, e escrevera aquilo.
Só que logo ela iria descobrir que não era bem assim.
Naquele dia ela trabalhou somente até o meio dia, a médica não atenderia à tarde. Letícia teria por tanto uma tarde inteirinha de folga, só para ela... Ficou feliz. Melhor ainda, teria o apartamento todinho para ela, porque seus pais estavam trabalhando e seu irmão na escola.
Que delícia, pensou.
Chegou em casa, fez um lanche leve, um sanduíche de peito de peru e um suco de laranja.
Depois tomou um banho bem demorado, deliciando-se com a espuma cremosa do sabonete líquido...
Fazia calor. Depois de se enxugar Letícia vestiu uma calcinha de renda transparente, bem pequeninha, um soutien combinando, um short jeans desfiado e uma blusinha leve. Enrolou os longos cabelos num coque despojado, passou um pouco de seu perfume preferido e foi até a sala...
Foi quando viu sobre a mesa as contas do mês e uma quantia em dinheiro.
Decerto sua mãe esquecera de levar ao sair
Merda, vou ter de ir até a loterica, pensou Letícia. Sempre sobra tudo pra mim nessa casa...
Calçou umas rasteirinhas de strass, pegou sua bolsa com tudo dentro e saiu.
A casa loterica ficava na outra quadra, e aquela hora poucas pessoas aguardavam na fila. Letícia estava ali, indiferente, mas de repente começou a pensar em David. Não queria mais pensar nele, mas pensou.
Aquela foto linda... O cemitério... O caixão fechado... Aqueles olhos azuis... O estranho sonho erótico que tivera com ele, tão real...
Letícia fechou e olhos e mordeu os lábios, ao lembrar do prazer que sentira.
Foi quando alguém a tocou no ombro.
Letícia se vira e seus olhos quase saem das órbitas...
Era David !