Eu olhava completamente assustado, não acreditava no que estava acontecendo alí!
-- Precisamos conversar, vem comigo!
Olhei para Bryan que estava conversando com todo mundo ao longe, nem estava prestando atenção em mim.
Nos afastamos um pouco das crianças.
-- Pedro o que você está fazendo aqui?
-- Como o quê? Vim atrás de você!
Não falei nada.
-- Eu sabia que quando sua família descobrisse sobre nós, iria nos separar Benjamim!
-- Eu estou casado agora!
-- Eu sei. -- Suspirou.
Eu estava assustado.
-- Você está pálido!
-- E o que você esperava? -- Falávamos sussurrando. -- Você chegou aqui de repente!
-- Você achava que eu iria te abandonar? Não se preocupe amor, eu vim te resgatar! Sentiu minha falta?
-- Amor? -- Bryan gritou vindo até nós.
Pegou no meu braço me abraçando.
Maria veio logo atrás dele.
-- Luciano, estávamos te procurando! Este é o Bryan, o dono da fundação e Bryan, este é o Luciano, entrou para dá aulas de português.
Eles pegaram nas mãos.
-- Espero que se saia bem. -- Falou Bryan com um sorriso.
-- Vou me sair sim. -- Respondeu Pedro.
Eu estava parado, completamente em choque com tudo aquilo.
Bryan pegou na minha mão.
-- Suas mãos estão geladas amor, qual o problema?
-- Só não estou me sentindo muito bem. -- Falei baixo e olhando para Pedro.
-- OK, é melhor irmos.
Maria já havia se afastado.
Bryan tocou no meu rosto e me beijou, tirou meu cabelo dos olhos e logo após olhei para Pedro que estava com os olhos serrados nos vendo.
Chamaram Bryan para ver algo e ele saiu por um instante, então Pedro sussurrou...
-- Eu sei onde fica a casa desse cara onde você está vivendo, também sei que ele passa o dia quase todo no hospital! Amanhã as oito da manhã, vou te esperar no jardim, vou dá um jeito de entrar e se você não for me ver eu invado a casa, você sabe que sou capaz!
O olhei espantado e assustado.
Bryan veio até mim, abraçou minha cintura e fomos saindo enquanto Pedro nos olhava.
Entramos no carro e passamos um tempo calados enquanto ele dirigia. Eu estava nervoso, ficava olhando pela janela...
-- Aconteceu alguma coisa lá, Ben?
-- Não. Porquê? -- Falei nervoso.
-- Tem certeza? Ou não quer me falar algo?
-- Não amor, é sério não aconteceu nada! Só acordei estranho hoje, devo ter comido algo que não me fez bem!
-- Deveria ter dito, não teria te forçado a vir!
-- Sem problema amor, gosto de ir para a fundação, você sabe disso.
-- Sei sim. -- Sorriu pegando em minha mão.
Cheguei em casa e fui direto para o quarto, tirei minha roupa e fui direto tomar uma ducha, precisava pensar, refletir!
Aquilo não estava acontecendo, depois de meses ele aparece... Logo agora que eu estava feliz com o Bryan!
Onde ele estava? Porque me deixou casar? Porque não veio atrás de mim antes? Precisava de respostas.
Passei um tempo alí refletindo, minha cabeça começou a doer e fui deitar... De repente Bryan aparece no quarto, vem até a cama e começa a me fazer carinho no rosto com as pontas dos dedos, passava-os pelas minhas sobrancelhas, pelos meus lábios, bochechas, nariz e eu adorava quando ele fazia aquilo, eu sempre dormia com ele me fazendo isso.
-- Adoro quando você faz isso em mim.
-- Desde que casamos eu invadia seu quarto de madrugada e ficava te vendo dormir! Te fazia carinho e sussurrava que te amava no ouvido.
-- Era você? -- Eu sempre sonhava que o Pedro vinha me fazer carinho até dormir, não pensei que fosse ele.
-- Claro que sim.
-- Pensei que fosse apenas um sonho.
Ele me puxou para deitar em seu peito.
Dormi em seus braços, acordei a noite, estava sem fome e só pensava em Pedro, em como iria me encontrar com ele no dia seguinte... Meu estômago dava voltas, tinha medo do Bryan descobrir.
Ele passou a noite toda falando que eu estava estranho, ficou tão preocupado que me deu remédio.
Na hora de dormir, deitei e ele veio por cima me beijar, mas virei o rosto. Ele me olhou estranho...
-- O que foi?
-- Só estou indisposto, não quero fazer hoje!
-- Tudo bem.
Me deu um beijo na testa.
Me sentia estranho em ser dele enquanto Pedro estava por perto.
Nem consegui dormir direito, fiquei olhando Bryan dormir a noite inteira e pensava em mil e uma coisas...
No dia seguinte, quando ele acordou eu já estava na cozinha falando com Bete.
Ele veio até mim e me deu um beijo...
-- Estranhei você já está acordado!
-- Não consegui dormir.
Comemos na cozinha mesmo, ele foi e eu fiquei com meu nervosismo, parecia que meu coração iria sair pela boca!
Quando deu oito horas, fui para o jardim, nem sabia como ele iria fazer para entrar...
Logo vejo-o pulando o muro alto e levo um susto, fiquei olhando para todos os lugares assustado.
Corri até ele...
-- Fala logo o que você quer!
-- O que eu quero? -- Falou indignado. -- Ontem o vi te chamando de "amor" e te baijando! O que foi aquilo?
-- Somo casados Pedro. O que você esperava?
-- Você casou a força, esperava tudo menos beijinhos e "amor".
-- Não me cobre nada, você me deixou noivar, casar, vir morar com ele e passar mais de um mês para vir por mim.
-- Você não sabe pelo que eu passei.
-- Não mesmo, você sumiu, como saberia?
-- Seu pai me acusou de pedófilo, não posso mais trabalhar como professor e estou sendo procurado pela polícia. Estou fugindo Benjamim, mas vim atrás de você, entrei na fundação como professor com uma identidade falsa com nome de Luciano da Silva. Vim atrás de você para fugirmos.
Se aproximou de mim e me puxou para um abraço.
-- Oh Deus eu não sabia de nada disso.
Comecei a chorar.
-- Fala que aceita fugir comigo?
Me soltei dele, não sabia o que fazer...
-- Ben?
-- Eu... Me entreguei a ele Pedro.
Ele começou a andar de um lado para o outro.
-- Eu posso superar, o que importa é quem você ama, eu sei que é a mim.
Se aproximou para me beijar, mas virei meu rosto.
-- Eu não consigo Pedro, sou casado agora, sempre tive uma criação rígida e você sabe, minha família é bem conservadora e não consigo simplesmente trair. Você sabe como foi minha criação, eu nem saía ou namorava... Traí-lo com você vai contra todos os meus princípios!
-- Mas e seu coração? A gente tinha um romance antes Benjamim, você jurou sempre ser só meu e se entregou a ele, me traiu.
Baixei a cabeça.
-- Como pôde fazer isso comigo? Com nós?
-- Era impossível ser diferente Pedro... Somos casados!
-- Eu não me importo! Aceito você ter sido dele primeiro já disse, vivemos em outros tempos onde isso hoje em dia é o de menos.
-- Mentira, você se importa sim.
-- Então? Vamos fugir certo? Só temos que combinar o dia e como vai ser.
-- Você não está me ouvindo? Não posso, não posso fugir, já não dá mais...
Comecei a chorar.
-- Mas você segue me amando, eu sei que segue...
Ele se aproximou novamente e me deixei envolver por seus braços brancos e fortes, então ele me beijou e começou a grande confusão na minha cabeça.
Era como se os sentimentos que sentia por ele acordassem com o seu beijo, enquanto sua língua invadia minha boca, então ele me soltou.
-- Diz que aceita?
-- Não posso, desculpa.
Me soltei dele e ia saindo...
-- Vou seguir na fundação até você aceitar fugir comigo, eu sei que você me ama tanto quanto te amo.
Saí dalí e entrei na casa...
Bete me viu e cresceu os olhos.
-- Ben o que aconteceu querido? Parece que viu uma assombração!
-- Nada Bete, só me assustei com um gato que pulou em mim de repente...
Passai o dia conversando com ela, tentando esquecer de tudo mas era impossível.
A noite Bryan voltou e eu continuava nervoso, ele percebia e eu não sabia mais o que fazer ou dizer...
No momento ele tinha acabado de sair do banho e tinha usado uma cueca, seu corpo moreno estava desnudo, então veio até mim, me abraçando e me beijando, me deitou na cama, mas eu não conseguia, pensava em Pedro e me sentia também infiel, estava confuso com tudo isso e não sabia o que fazer.
O empurrei de cima de mim e ele ficou em choque com a minha atitude.
-- O que foi?
Sentei na cama e coloquei as mãos no rosto.
-- É ele, não é? Voltou a pensar nele?
Não respondi nada.
Ele levantou e foi para o outro quarto, batendo a porta com força.
Deitei na cama chorando, não sabia bem o que fazer, como agir, as decisões que iria tomar...
Dormi pensando em tudo e acordei de madrugada, virava de um lado para o outro, então levantei e fui devagar até o quarto dele, abri a porta e fiquei vendo-o dormir um pouco.
Então fui até a cama, sentei e fiz o que ele sempre fazia em mim, passei meus dedos sobre sua face, pelas suas sobrancelhas, boca, nariz... Desenhando todo o contorno do seu rosto, dei um selinho em sua boca, logo veio Pedro na minha frente, respirei fundo e saí.
Estava muito confuso sobre os sentimentos que tinha pelos dois.
Acordei no dia seguinte, não muito tarde e desci.
Bryan estava lá embaixo com Mauricio.
-- Benjamim, esse é o Maurício, um amigo. -- Falou seco.
-- Já nos conhecemos.
-- Sim, nos falamos algumas vezes, brevemente antes de eu viajar! Já havia te comentado.
-- Não lembro. -- Bryan falou sem dá importância.
-- Como está Ben?
-- Bem, e você?
-- Também.
Eu sabia que Bryan contava todo de nós a ele, pois eram carne e unha, então ele sabia muito bem que eu não estava tão bem assim.
Virei para Bryan...
-- Você não vai trabalhar hoje?
Ele estava olhando alguns papéis em uma pasta e falou sem me olhar nos olhos. -- Não, Mauricio é um grande amigo, voltou hoje de viagem, não vou.
-- Hum. Com licença.
Saí.
No começo sempre nos tratávamos mal, mas agora estava me sentindo péssimo com ele tão frio.
Fui ver a Bete.
-- Bom dia?
-- Bom dia querido! O que houve com vocês?
-- Porque? Ele falou algo?
Bete ficou calada.
-- Só vou te falar uma coisa, Maurício regressou com uma amiga que é ex do Bryan, não veio vê-lo ainda, mas está por vir.
-- Devo me preocupar?
-- Não sei, só estou avisando para que fique sabendo. Há e hoje vamos para a fundação novamente. Quer ir?
Pensei um pouco. -- Sim.
-- OK.
Peguei uma maçã e saí, não estava com muita fome.
Passei pela sala e eles estavam no sofá, conversando, Bryan nem olhou para mim e subi.
Fiquei no meu quarto refletindo sobre tudo porque simplesmente não conseguia esquecer.
A tarde chegou e Bete veio me chamar, não quis almoçar naquele dia e Bryan estava tão zangado comigo que não veio saber o que eu tinha.
Fui com eles e inclusive Maurício que ia com a gente também! Chegamos lá e logo vi Pedro assim que passei pelo grande portão, fiquei sem jeito e fui com eles, dei outra olhada e ele me chamou com a mão de maneira sigilosa.
Entrei com Bryan, Bete e Maurício na sala dos diretores, eles começaram a falar sobre coisas que não entendo. Passei uns 5 min alí...
-- Bryan, vou ver as crianças na creche, tá?
-- OK. Bete vá com ele!
Bete levantou e pegou no meu ombro...
-- Vamos querido!
Saímos.
Logo o vi novamente, ele estava no mesmo local, era como se estivesse me vigiando.
Fui com Bete até a creche, fiquei lá por um tempo brincando com as crianças, então saí sem ela ver.
Na verdade ela ficava me chamando todo o tempo e também achei estranho ele pedir para a Bete vir comigo ver as crianças, odeio ser vigiado e gosto do meu espaço, da minha liberdade.
Ao sair sem ela ver, senti uma mão puxando meu braço e me arrastando, era ele.
Me levou para de trás da creche e imediatamente começou a me beijar como um louco, passava as mãos pelas minhas costas e eu não gostei daquela liberdade, imediatamente me soltei dele.
-- O que foi? Hum?
-- Não gosto disso. Eu sinto como se estivesse traindo-o!
-- MAS NÃO ESTÁ!
Me assustei.
-- Você casou com esse cara a força e ele não merece seu respeito! Você me ama e eu sei que me ama!
Me abraçou.
Pedro estava desesperado e eu sentia pena, além do mais minha família acabou com a vida dele, agora era um fugitivo.
-- Vamos fugir por favor! Eu te amo Benjamim, te amo mais que tudo no mundo.
Suspirei.
-- Está bem, eu fujo com você.
Ele comemorou, sorriu.
-- Muito bem meu amor, até que enfim caiu na real.
Me encheu de beijos. Eu estava confuso, não sei se faria a coisa certa, mas ele era meu primeiro amor, chegou em minha vida antes do Bryan.
-- Eu preciso ir. -- Falei.
-- Antes temos que combinar, OK?
-- Sim.
-- Hoje a noite arruma suas coisas e me espera no jardim, umas 11 da noite.
-- OK. Eu vou.
Me beijou mais uma vez e fui.
Chegando no pátio Bete me vê e vem falar comigo.
-- Onde você estava? O Bryan está louco te procurando.
-- Fui andar um pouco... Espera aí Bete, o que está havendo que vocês estão tão loucos hoje? Eu não posso nem respirar!
-- Bryan recebeu outra ameaça das gangues daqui e está com medo.
Cresci os olhos.
-- Medo de quê? Cadê ele?
Fiquei preocupado.
-- De que façam algo contra você.
De repente ele apareceu e vinha até mim. Na verdade eu também estava com medo e fui até ele.
-- Você está bem? A Bete me contou...
-- Sim, não saia de perto da gente novamente.
O abracei forte e Pedro surgiu nos vendo.
A partir de agora foi tudo muito rápido...
Um cara que já estava lá dentro tirou uma arma que estava escondida por baixo da camisa e atirou na gente, Bryan que estava abraçado comigo virou e tomou a frente acertando o tiro um pouco acima do seu peito e ele caiu no chão.
O cara correu e entrou em um carro que parou em frente a fundação.
Ajoelhei ao seu lado...
-- Bryan fala comigo.
Ele me olhava, então foi fechando os olhos lentamente.
-- Por favor fala comigo, não faz isso por favor...
Saía muito sangue e sujava minhas mãos e minha roupa.
Bete chorava e Mauricio chamava uma ambulância, todo mundo da fundação estava alí.
Ele não podia morrer, não podia me deixar.
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