➖ PARTE 1 - O COMEÇO ➖
Capítulo 1 - Meu avô me observava sem dizer nada. Devia estar me estudando.
Toda semana, pelo menos uma vez, eu ia até o azilo visita-lo. Meu avô morava no azilo porque queria. Depois que minha avó morreu, ele não quis ficar com meus pais e ele mesmo escolheu o azilo, um lugar lindo e extremamente tranquilo.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntou lentamente.
Pus as pernas em cima da cadeira.
Estávamos sentados no jardim. Era verão e o sol brilhava com muita intensidade.
- Brigamos de novo - falei.
- Pensei que já estivessem terminado - ele riu.
Sorri, sem graça.
- Ainda não - falei olhando para as rosas a nossa frente.
Ele não respondeu de imediato.
Nicolau, meu avô, gostava de aproveitar esse tempo tanto quanto eu.
- Ele gosta de você Giovanni - disse ele - Se não gostasse, já teria terminado.
Assenti.
- Eu também gosto dele, mas é que... - fiz uma pausa, escolhendo as palavras - Acho que temos interesses diferentes. Acho que ele não se importa, não sei ...
- Vocês deveriam ter uma conversa definitiva - falou ajustando o chapéu que usava para se proteger do sol.
Bruno e eu namorávamos a 2 anos. Sempre brigamos, desde o início. As coisas ficaram piores dos últimos meses pra cá quando senti certa empatia da parte dele. Detestava ser o 'namorado ciumento', mas não havia outra escolha.
Perguntei se ele tinha conhecido outra pessoa, mas ele negou. Não o questionei mais sobre isso.
- Acho que vamos nos encontrar hoje - falei para o vovo Nicolau.
Ele assentiu.
- Como vai a faculdade?
Eu cursava Publicidade e Propaganda. Estava no terceiro período e ainda não havia me identificado com o curso.
- Está indo - sorri - Vai melhorar ...
- Giovanni, Giovanni ... - me encarou - Porque não troca? Não pode?
- Pode, mas é que eu ainda espero gostar do curso - falei.
Ele assentiu e beijou minha testa. Aquilo significava que nossa conversa havia acabado.
Sem dizer nada ele se levantava, me olha novamente e vai em direção ao azilo.
Vou até o estacionamento, entro no meu carro e vou pra casa.
Ao chegar estaciono meu carro atrás do carro do Bruno. Não o esperava ali em casa.
Fui pra casa sentindo que tudo entre nós, poderia acabar daqui a alguns segundos.
Entrei em casa, e o encontrei conversando com meu pai na cozinha.
Bruno, ao me ver, se levantou da bancada da cozinha.
Ele era bem mais alto do que eu. Mais forte também, porque lutava, ao contrário de mim, que não praticava nenhuma atividade física.
Seu cabelo preto estava molhado, o que significa que ele havia saído do banho.
Ele usava uma camiseta branca, que eu havia lhe dado no natal.
- Gio - disse ao me ver, mas não deu um passo em minha direção.
- Bruno - olhei para o meu pai - Pai.
Meu pai sorriu, veio em minha direção e beijou minha testa.
Então ele saiu da cozinha nos deixando a sós.
- Foi ver seu avô? - perguntou ele.
Assenti indo em direção a bancada. Me sentei de frente para ele, que também se sentou.
- Precisamos conversar.
Continuei encarando-o, esperando ele começar.
- Esses últimos meses tem sido muito difíceis - ele não me olhava - Eu tenho ficado um pouco distante ...
Ele sabia que eu não ia falar nada, então continuou.
- Eu ... Eu gosto de você - disse - Mas não consigo mais.
Eu já esperava por aquilo. Basicamente estava blindado, não totalmente claro.
- Eu menti - disse ele fazendo minha blindagem desmoronar. - Eu conheci uma pessoa ...
Desviei meus olhos dele.
Olhei para a minha esquerda, onde havia uma porta de vidro. Lá fora o sol continuava brilhando.
Meu coração doía, não tinha como mentir.
- Desculpa - disse ele sério - Desculpa mesmo, mas espero que possamos continuar amigos ...
Sorri ironico.
Dalva, nossa empregada entrou na cozinha.
Me levantei e fui em direção a ela.
- Boa tarde Dalvinha - sorri - Tem como você acompanhar o Bruno até a porta? Tenho que subir, coisas a fazer ... - olhei para ele, que estava visivelmente sem graça - Adeus.
Meu pai estava na sala, passei por ele e sorri. Ele sorriu de volta.
Subi as escadas, entrei no meu quarto e comecei a chorar.
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Capítulo 2 - Minha primeira aula seria dada hoje. Eu já havia pensado em tudo pra não deixar que nada me atrapalhace.
Enquanto dirigia em direção a faculdade pensava no meu filho. Em como ele havia mudado. Em como ele havia se transformado naquilo que eu nunca pensei que ele se transformaria.
Sua mãe e eu havíamos o criado tão bem, eu não podia aceitar que ele tivesse chegado até aquele ponto.
Isso havia sido a alguns anos atrás mas parecia que havia sido ontem. Igual sua morte.
Meu filho, Luís, havia se matado. Não era o final que eu queria, mas eu não podia mudar aquilo, podia? Bom, faria de tudo para mudar o futuro.
Se meu filho, Luís, a alguns anos atrás não tivesse se metido com pessoas erradas, hoje ele poderia estar vivo, feliz, com filhos e esposa.
Mas isso não aconteceu.
E agora, eu tentaria mudar esse futuro. Era extremamente isso que eu faria dando aula naquela faculdade.
Eu havia bolado esse plano por anos, dependendo muito da sorte. E pelo visto ela estava do meu lado.
Cheguei na faculdade e fui até a sala dos professores. Não fiquei lá por muito tempo, mas o suficiente para que o cheiro de café entrasse na minha cabeça. Odiava café.
Fui até a sala de aula.
Bom, esse seria um longo plano. Uma longa vingança.
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Capítulo 3 - Eu estava nervoso mas não tanto quanto meus pais.
- Filho, pelo amor de Deus, toma cuidado! - minha mãe segurava minhas mãos.
- Vou tomar mãe - sorri.
- Sua mãe tem razão - disse meu pai.
Celso e Sarah, meus pais, eram super protetores. Tudo o que eu fazia, devia falar primeiro com eles.
Para os dois, qualquer coisa pode acontecer comigo, como ser sequestrado, morto, esfaqueado ...
- Jesus vai te abençoar meu filho - disse minha mãe fazendo o sinal da cruz - Em nome do pai, do filho e do espírito santo.
Também fiz meu sinal da cruz.
- Amo vocês - falei saindo de casa.
Eles sorriram, felizes, mas eu sabia que no fundo estavam preocupados. Fui em direção ao ponto de ônibus.
A noite estava quente e minhas mãos suavam.
O ponto estava cheio.
O ónibus não demorou a chegar, e claro, todas aquelas pessoas entraram. Fui todo o percurso em pé.
Descemos no ponto, em frente ao nosso destino : faculdade.
Fiquei nervoso. Eu era calouro e pelo o que ouvi, o primeiro dia nunca era legal.
Tentei manter a calma, talvez Publicidade e Propaganda não tivesse trote, não é mesmo?
Bom, eu estava enganado.
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Olá Galera, tudo bem? Então, sou novo aqui no CDC mas já li inúmeros contos, então decidi escrever o meu. Acham que devo continuar? Por favor comentem!!!
PS : pode parecer confuso mas vocês vão entender quando as histórias se unirem, JURO! Bjs.