Acabamos perdoando Mauro. Não vale a pena ficar de mal. Apesar de ele ter dito aquilo, ele pode estar se descobrindo sei lá... e quando não queremos aceitar alguma coisa há tendência de negarmos até não aguentarmos mais.
Mas ele continuava quieto no seu canto, sem falar muita coisa com a gente.
Contei pras garotas o resultado da primeira noite de “castigo” do Yuri. Falei que ele já estava agindo diferente e Rebeca rebateu “Quem não deve não teve”, se ele mudou é porque sabe da verdade ou desconfia. E faz sentido...algumas vezes já fui seco com ele e talz...por causa de algum acontecido do dia a dia e ele continuava o mesmo. Agora ele já estava com porta fechada também e calado...sem jogar os seus games.
No intervalo, Mauro ficou a todo tempo quieto, falava quase nada. Estávamos todos em frente a biblioteca, um local agitado hoje de manhã já que o pessoal na universidade do lado estava ali, pois, nossa biblioteca é mais completa que a deles e de vez em quando, alguma turma de lá, vem aqui.
Levantávamos para duas aulas de Filosofia Jurídica mas Mauro me fez um pedido:
- Marcos, fica aqui comigo? Quero te perguntar uma coisa bem particular- olhei rápido para as garotas e disse
- Ok!
As garotas se foram e ficamos ali. Ele não falava nada. Era meio deprimente ver um cara como ele tão triste e calado. Ele estava com uma calça jeans preta, uma camiseta branca e um boné também preto virado com a aba para traz. Ele sempre me tratou muito bem...não posso conceber ele ser preconceituoso.
- Primeiramente, desculpa de novo a cena na casa da Flávia. Você não sabe a vergonha que ainda tenho daquilo- disse esfregando seu olhos
- Deixa isso pra lá. Já te perdoei e as meninas também- falei me ajeitando no banco
- Mas o real motivo de eu te pedir pra ficar, é porque eu quero te fazer uma pergunta- disse me olhando e coçando uma mão com a outra
- Pergunte então!- encorajei-o
- C...como você...descobriu que era gay?- falou essa última parte rápido
Me pegou de surpresa mesmo!
- Eu descobri porque eu sempre olhava os meninos na educação física, queria a atenção deles, queria a amizade deles. Nada sexual. Mas a partir que cresci mais, vi meu primeiro pornô gay e soube que era aquilo que me deixava com tesão e tal. A partir daquele dia, acordei e percebi que era gay mesmo. As vezes me imagino namorando...casando...viajando com meu futuro alguma coisa...-fiz silêncio por uns 5 segundos- percebi isso com 13 anos. Desde essa idade sabia que era gay.
Olhei-o e o mesmo encarava o chão.
- Como você sabe, eu tenho 20 anos. Desde 12 eu já desconfiava...mas pra mim, todo mundo sentia isso- ele estava abrindo o coração mesmo!- mas dai que percebi que era meio que proibido sentir, me resguardei. Meu primeiro beijo foi com um vizinho de um amigo. Eu tinha 13 e ele 17- juro que ele estava se segurando pra não chorar- a partir daí nunca mais. Só garotas. Namorei 3 desde lá- nossa...eu nunca tinha namorado- E no sexo eu não sentia tudo aquilo que dizem. O que me dá prazer mesmo é pornô gay. A única coisa...tentei pornô hetero mas não funciona. E quando transava, me imaginava estar fodendo com um cara, porque senão não gozava- ele abaixou sua cabeça, apoiando seus cotovelos no joelho- Porra Marcos. Eu...ahhh- ele começou a chorar- eu sou um lixo né? Tentando suprimir isso...
Eu não sabia o que fazer.
- Não é o fim do mundo Mauro...- ele me olhou, com seus olhos escuros brilhantes se aproximando vagarosamente, depositando um selinho suave e molhado na minha boca. Olhou no fundo dos meus olhos- Loiros são lindos
Juro que queria enfiar minha cabeça num buraco. Eu nunca tinha recebido um elogio que me...atingiu assim.
- Agora vem- disse ele esticando seu braço até mim- Temos aula com o prof. Belini- falou com uma das mãos secando as lágrimas.
POV Yuri
Marcos tinha saído antes. Tive a comprovação ali que ele sabia de algo. Yuri fazendo mais merda. Sai do apê e fui a pé mesmo pra universidade.
Iriamos na faculdade do Marcos, pois, nossa biblioteca está carente em livros determinadas matérias, até que cheguem, se precisarmos iriamos usar a biblioteca da nossa universidade vizinha. Elas são bem diplomáticas entre si.
Vejo Marcos num banco próximo. Devido a arquitetura da biblioteca não vi com quem ele falava. Fui um pouco mais pro lado, se afastando do pilar em minha frente, para ver com quem o mesmo conversava.
Era um cara. Pode ser o tal do Mauro. Que ele já me falou. Fiquei observando mais um pouco. Estava pintando um clima entre eles...evidentemente. Depois de uma pausa, Mauro (eu acho), da um selinho no Marcos que sorri e logo depois de Mauro ajuda-lo a levantar, vão para dentro da faculdade.
Meus punhos estavam fechados e fiquei emburrado depois de ver aquilo. Quem era aquele filho da puta pra tocar no Marcos? Não gostei daquilo. E minhas suspeitas em relação a Marcos estava correta.
Aquela manhã não prestou pra mim. Na verdade o dia todo não prestaria.
- Está puto com o que cara- perguntou Carlos
- Você fica na sua e eu na minha. Já terminou com esse livro? Ou só vai acabar amanhã?- não gostei mesmo de ver Mauro beijando o Marcos.
POV Marcos
Voltei com Mauro pra sala. Ele estava menos sem expressão e disse um obrigado a mim por escuta-lo. Só pediu pra que eu não contasse sobre a história que ele me confidenciou. Mas quanto o porquê eu podia falar...podia falar que era ajuda com sua sexualidade.
Voltava com Alexandra, a mesma ficaria no shopping, então aproveitou para me acompanhar.
- ELE TE DEU UM SELINHO MARQUINHOS!?- gritou Xandão
- Cala a boca Xandão...mais baixo. Olha as pessoas ai- disse repreendendo-a
- A para né! Será que rola algo?- perguntou piscando pra mim
- Sei lá. Aquele filho da puta do Yuri mexe muito comigo. E não tenho a convicção que Mauro tem o mesmo efeito. Não acho certo tentar algo com um, se tenho outro em mente
- Seria lindo um poli amor...entre vocês 3- disse batendo no meu braço
- HA HA HA Xandão! HA HA
- Que foi viado? Se fosse eu na sua situação...hummm
- Você não tinha que ficar no shopping?- perguntei retoricamente
- Idiota- falou me dando um tapa no braço e não foi dos fracos
- OOOO caminhoneira...aonde você estacionou o seu Volvo? E as suruba na boleia?- perguntei rindo de sua cara fechada
- A...vai tomar no cú- disse mudando o curso pro shopping
- Também te amo!
Yuri estava sentado na mesa...com um livro em mãos.
- Oi- disse ele simpático
- Olá!- respondi normal
Enquanto ia colocar minha mochila no meu quarto e tirar o tênis, Yuri me pergunta:
- Quando você ia me contar que é gay?- perguntou meio seco, se virando para traz , para poder me ver. Hahaha ele mexeu comigo sem pensar direito.
- No mesmo momento em que você me contasse que é desonesto e gosta de descumprir acordos- falei rápido, sem balbuciar.
Ele ficou feito estátua.
- A carapuça serviu né?- perguntei retoricamente pra um Yuri paralisado. Fui pro meu quarto normalmente.
Ok. Eu sentei na minha cadeira do quarto e fiquei repensando o que aconteceu hahahaha. Tô me sentindo satisfeito. Ele nem ao menos conseguiu dar uma réplica.
Depois de alguns minutos ele vem falar comigo
- Cara, por favor. Me perdoa...eu não aguento mais você me ignorando...me evitando. Eu sou um lixo por cumprir nosso acordo...por favor- disse na porta. Eu estava sentado no chão, estudando. Desbloqueei meu celular e abri a galeria.
- E sobre isso?- mostrei o celular na sua frente- Iria me contar? Ou tentar esconder novamente?
Ele ficou branco. Incolor. Eu nem estava a ponto de chorar. Só o sentimento de vingança sendo feita.
Escutei muitas tentativas de explicação mas não absorvi quase nada. Ficou uns 5 minutos falando como aconteceu e talz. Ouvi tudo. Depois de ele terminar de falar disse:
- Você pode me dar licença? Estou ocupado agora- falei meio sínico
- Você vai continuar a me tratar assim?- perguntou sério
- Acha que merece a mesma confiança que tinha de você?- ele ouviu abaixou a cabeça
- Tem razão- saiu dali
Levantei para fechar a porta e cai na cama, pensando no que tinha acabado de acontecer.
Digamos que nossa relação broxou bastante em uma semana. Ele continuava fazendo a comida e eu lavando a roupa da gente. Mas era só isso que estava nos unindo. Nos cumprimentávamos e falávamos somente o essencial. Ele, que era sorridente e simpático comigo, ficou sério...como ele é normalmente com todo mundo que não tem muita proximidade com ele.
Na universidade ia tudo bem. Minha menor nota em provas tinha sido 8...o fim do semestre se aproximava.
A relação entre a gente e Mauro tinha voltado ao normal. Mas não pude deixar de notar que ele me tratava com muito carinho...nossa professora de História (que era meio feliz demais) até achou que a gente namorava. Ela chamou a gente de pombinhos no meio da aula...pedindo pra gente dar um tempo e ele desgrudar um pouco de mim. Toda a sala riu da gente e ele fez uma piada com a prof. Dizendo que se ele não cuidasse de mim eu ia escapar dele. Ele não é envergonhado como eu. Mas não havia nada de namoro entre a gente...mesmo assim, estava gostando de sua atenção...já que nunca tive ela, desse jeito, de ninguém.
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Agradeço: K-elly,magus,Atheno ,shacka,VALTERSÓ ,Marcos Costa,nayarah ,lugrey ,carlinhosbey ,Pyetro_Weyneth,Martines,Tavinho568 ,Hello 👌,Sr.Malfoy ,garafão,Vi-nícius... ,Rafa Azevedo ,henrinovembro,Augusto 2016 ,Haryan ,gabs ,C0NT4D0R , Monster,Diego21,FlaAngel,Zhane,lekvo ,Plutão.
Plutão: point of vision...aprendi num site de histórias americano. obg!!! bjs.
Diego21:infarento? haha bjs
gabs: n sei haha eu adiciono os contos que gosto aos favoritos do navegador e acesso quando da...assim q faço! bjs!!!
Martines: não...é Eduardo msm...nunca coloquei Marcelo no conto hahaha ve lá no 1 capitulo! obg e bjs!!!
Augusto 2016: ótima ideia...sempre quis fazer isso, mas nunca achei alguém. vamos tratar disso! obg pela leitura, bjs!
Obrigado por tudo mesmo pessoas. Vcs são demais msm!!! espero que gostem!!!!
P.s: não consigo fazer cap. mais longos porque estou o dia todo fora de casa e só tenho a noite pra digitar e estudar pra faculdade.n dá pra ser maior mesmo...talvez nos sábados e domingos eu expanda o tamanho, mas em dia de semana vai ser por essa faixa mesmo.
