CAPÍTULO – 08
Ao ver a arma na mão do homem, Rômulo começou a traçar todas as estratégias possíveis para que o velho não o atingisse, visualizou a janela, porém lembrou-se de que estava a muitos andares do chão, a porta estava fora de cogitação sendo que Humberto estava muito próximo dela.
- O que isso significa? – Rômulo perguntou parecendo calmo, resolveu que mesmo que fosse morrer aquela noite não daria àquele verme o enorme prazer de lhe ver implorar.
- Eu descobri o seu segredinho... – O velho levantou do sanitário de forma patética, provavelmente ainda machucado demais da transa de mais cedo.
- Que segredinho? – Ele quis saber, ganhar tempo.
- Ora, não se faça de burro... Roger! – Rômulo entendeu de imediato que o velho devia ter mandado mexer em seu carro enquanto o guardavam e que a diferença de nomes o fez desconfiar.
- Então você descobriu... – Rômulo virou-se para o espelho e deixou a toalha cair no chão, nu em pelo e ainda molhado da ducha ele deixou o velho tentando entender de onde vinha aquele excesso de confiança.
- Porque mentiu o nome? – Humberto perguntou apontando a arma para o rapaz.
- Já viu michê usar o nome verdadeiro? – Perguntou ainda sem olhar para o homem.
- Não, nunca. – Humberto estava perdendo a convicção e isso era muito bom para o rapaz. – Mas se é assim, porque você disse que não estava à venda!
- Porque eu não ia te cobrar, mas agora... – Rômulo sorriu de lado – Ajoelha de novo, vai velho! – Humberto pareceu confuso, olhou para Rômulo ainda segurando a arma em punho, ele não era homem de se deixar comandar. Aquele jovem estava muito enganado se pensava que o dominaria.
- Você acha que vou te obedecer? – Perguntou altivo.
- Acho, porque estou vendo você salivar por isso – Com a mão direita segurou o pau e o saco. Humberto olhou e em seguida voltou a olhar o rosto do rapaz.
- Está muito enganado garotinho... – Ele foi calado por um tapa no rosto.
- Vai logo puta, antes que eu desista de te fazer gozar! – Rômulo vociferou, deu dois passos na direção daquele homem, Humberto não sabia o que estava acontecendo, seu cérebro gritava sonoros “Nãos”, mas seu corpo...
Ele foi se abaixando, quando se percebeu estava ajoelhado.
- Me dá a arma! – Rômulo mandou e o velho o olhou de forma submissa, como se aquela ordem não pudesse ser desobedecida jamais, ele estava sob a influência da beleza estonteante do michê. Considerou um pouco e colocou a arma no chão. – Eu disse pra me dar a arma! – Rômulo falou ameaçador.
- Mas... – Humberto estava reduzido a um borrão medroso naquela situação, mas seu corpo inteiro respondia às ordens do rapaz, o corpo arrepiado, o pau extremamente duro e o cu piscando descontroladamente.
- Entrega nas minhas mãos, mostra que você é um bom submisso. Vai logo, putinha! – Aquelas palavras jamais haviam sido usadas por nenhum de seus acompanhantes, nunca se permitiu ser chamado assim, aliás, nunca abriu mão do controle, mas ali, no chão daquele banheiro sentindo o cheiro de sabonete e pau que emanava daquele macho, ele só pensava em agradar. Então contra todas as expectativas entregou a arma na mão do rapaz, Rômulo segurou o revólver, travou a arma e apontou para o velho – Muito bem, por isso eu vou te dar o que você quer... – Olhou novamente a arma, os olhos frios e sem nenhuma emoção. – Abre a boca! – O velho o obedeceu de imediato, o rapaz se inclinou na sua direção e bem perto da sua boca ele cuspiu, quando o velho ia se limpar – Deixa aí, vadia! Deixa essa boca aberta e me olha! – O rapaz então fez algo que deixou Humberto completamente sem chão.
- O que você vai fazer? – Perguntou com medo.
- Eu quero te ver chupando o cano desse revólver como se fosse o melhor pau do mundo, ou seja, o meu! – Sorriu de lado e apesar do desespero estampado no rosto de Humberto, ele apenas fez o que lhe foi mandado.
Chupou o cano com esmero e vontade, ele queria agradar aquele homem à sua frente, seu corpo inteiro estava empapado de um suor gelado. Rômulo estava gostando de ver o quanto aquele homem era patético, o quanto aquela entrega era verdadeira e lembrou-se do que ouviu uma vez “Todo senhor de escravo, tem um escravo dentro de si!”, foi aí que ele viu que a sua vingança se concretizaria.
- Agora os meus pés! – Falou em seguida, o velho pareceu considerar um pouco, seu corpo doía, afinal de contas aquela posição não era confortável sequer para pessoas jovens, para ele então estava um suplicio, mas obedeceu, lambeu os pés do rapaz, Rômulo precisava se conter a todo momento para não esmagar a cabeça do homem que lhe vendeu tantos anos antes para um velho desprezível, o homem que lhe batia sem nenhum motivo e que tornou sua existência miserável por tanto tempo... Sorriu por ver o empenho que aquele homem empregava em lhe agradar. “Você vai pagar tão caro” pensou e se abaixou, segurou a gravata do velho e o puxou como a um cachorro na coleira. – Vem cadelinha! – Falou friamente, encostou o homem na cama, com cuspe ele meteu dois dedos de uma vez.
- Ai... – Humberto gemeu manhoso.
- Nem tá fechado, deixa de frescura! – Rômulo repreendeu o homem.
- Mas tá inchado... – O homem tentou.
- Amanhã tu nem senta se depender de mim! – Encapou o pau e meteu de uma vez. O velho gritou de dor, sentiu como se estivesse sendo rasgado, mas depois de algumas investidas já gemia descontroladamente, tentava agarrar Rômulo pelo pescoço para que os dois ficassem mais colados, porém o rapaz sempre o empurrava, para que seu rosto ficasse colado ao colchão. O fodeu com força, demoradamente já que era a segunda vez que faziam sexo, sua pélvis doía um pouco por conta do contato excessivo com o tecido da calça do velho.
Quando terminou percebeu que o ânus de Humberto ostentava uma cor avermelhada como se em algum momento tivesse sangrado, deu um tapa forte na bunda do velho e voltou ao banheiro, mas desta vez lavou o pau na pia, quando saiu viu o homem deitado na cama afrouxando a gravata.
- “Tô” de saída... – Vestiu a cueca e a calça sob o olhar atônito de Humberto.
- Mas... – Sentou-se na cama de um pulo e ficou olhando para o rapaz sem saber se poderia perguntar alguma coisa, lhe olhava com desejo e medo. – A gente se vê de novo? – Perguntou por fim.
- Claro, cadelinha! – Rômulo falou colocando a camisa.
- Não me chama assim...
- Chamo, porque é isso que você é! – O rapaz se aproximou lentamente da cama onde Humberto estava sentado com aquele olhar confuso. – Não se preocupa, só aqui dentro desse quarto é que isso vai acontecer – Ficou na frente do velho que lhe olhava de uma forma suplicante – Agora eu tenho que ir, será que o teu motorista pode me deixar lá na frente do casarão?
- Porque você não dorme aqui? – Humberto falou esperançoso.
- Tem outro quarto? – Rômulo falou de pronto e a expressão decepcionada de Humberto era risível, mas ele já estava acostumado à maneira como os homens o tratavam, a diferença é que Rômulo sequer fazia questão de fingir.
- Sim, tem! – O homem levantou e acompanhou o rapaz ao outro quarto, decorado de forma sóbria e impessoal.
- Serve! – Humberto o olhou imaginando em que espécie de pocilga o rapaz vivia e mesmo assim era capaz de reclamar daquele quarto.
- Então é todo seu! – Ele não se atreveu a questionar o rapaz. Deixou-o ali e voltou ao seu quarto sentindo as dores do sexo selvagem e maravilhoso. “Esse rapaz é um tesouro!”, finalmente entrou embaixo do chuveiro e deixou que a água morna lavasse o seu corpo cansado. Saiu do chuveiro e se olhou no espelho, admirou a sua figura, seu corpo há muito tempo havia perdido o viço, seus olhos estavam rodeados por pequenas linhas de expressão, o cabelo antes cheio agora estava mais ralo e há muito tempo não se podia chama-lo de grisalho, era branco mesmo.
Viu então o terno que estava arruinado pela força do rapaz, as calças rasgadas na retaguarda com uma fenda enorme, a cueca cara e sem costuras estava da mesma maneira, arruinada, mas mesmo assim gostou das lembranças daquela noite. Ele sempre fora dominador, apesar de passivo, estava habituado aos corpos jovens dos garotos que contratava, até mesmo dos lutadores que conseguia aliciar em troca de dinheiro, drogas e alguns sob falsas alegações de liberdade. Porém, ele não os respeitava, tinha por eles um tesão passageiro, algo que morria logo depois da primeira transa, porque eram como brinquedos que uma vez conseguidos perdiam o valor, mas aquele jovem... Não, esse rapaz é diferente, ele não precisava de ninguém, pelo jeito nem dele, havia algo na sua expressão que era bastante familiar, mas mesmo assim não conseguia se lembrar, a névoa do sexo maravilhoso e bruto lhe turvava a visão e os sentidos.
A jovialidade, o corpo, a sagacidade de Roger o deixaram totalmente dominado, nunca havia se dado a oportunidade de enveredar em um relacionamento fetichista como aquele, mas o prazer que sentiu ao abrir mão do controle que sempre manteve com mãos de ferro lhe era estranho e extremamente atrativo.
No outro quarto, porém, Rômulo que de Roger só tinha a documentação falsa, aliás, uma de muitas carteiras de habilitação frias que possuía, estava no banheiro colocando para fora até a bílis de tanto nojo que sentia de si mesmo por deitar com aquele verme asqueroso, os engulhos eram violentos e ele sentia que seu esôfago estava machucado de tanta força empregada naquele ato.
Deitou-se na cama e ficou encarando o teto, pensando em todas as formas que poderia maltratar aquele velho, mas ainda não era hora, já que ainda não havia nenhum sentimento para que a dor fosse maior, não queria causar apenas uma decepção, queria causar uma dor forte, uma humilhação tão profunda que o velho quisesse morrer ao invés de tentar se vingar. Enquanto estava naquele estado contemplativo lembrou de Beto e de Ricardo, com o franguinho tudo estava acertado, depois daquela conversa no Skype os dois entraram em termos e ficou combinado que assim que pudesse entraria em contato com ele.
Agora era saber se poderia contar com Beto, ao menos o bilhete havia sido entregue...
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“Falei com o Ricardo, ele está avisado. Não faz nada precipitado, dessa vez sou eu que vou te libertar!”
Beto havia engolido aquele pequeno bilhete, mas as palavras estavam gravadas em sua cabeça a ferro e fogo, ele tinha que ficar quieto e tentar resolver as coisas com calma, uma vez ele caiu por estar mal preparado, mas isso não aconteceria novamente, seus oponentes de verdade, Cristóvão e Humberto, não possuíam a sua força, mas tinham armas mais poderosas como contatos, muita influência e nenhum escrúpulo.
Por mais de um mês ele continuou a lutar, sua invencibilidade era total dentro da casa, quando lutava com os rapazes com quem dividia aquela estranha moradia, pegava bem mais leve, mas sempre os deixava inconscientes para que não implorassem por suas vidas e por isso mesmo não despertassem a ira dos espectadores e dos magnatas que assistiam àquelas lutas clandestinas e acabassem mortos, na verdade todos ali eram joguetes nas mãos dos que podiam mais.
Os meses foram passando sem muitas novidades, a saudade de Ricardo aumentava gradativamente a cada dia, a dor da separação só não era maior que a raiva que nutria pelo avô e por Humberto. No sétimo mês em que estava naquele casarão viu Rômulo assistindo mais uma de suas lutas, a diferença é que agora ele estava sentado ao lado de Humberto, Betão terminou a luta rapidamente e quando nocauteou o oponente deixando-o inconsciente viu Rômulo cochichar algo no ouvido de Humberto. Depois da luta seguiu para o seu quarto como sempre fazia, mas dessa vez ia pensando que tipo de engenho Rômulo estaria aprontando, seria ele algum tipo de “braço direito” do homem, pois antes nunca havia visto ninguém sentado ao lado do velho.
Tomou o seu banho calmamente, se enxugou e então deitou-se naquela caminha estreita que lhe era designada. Olhou para os ferros que continham o colchão de cima e adormeceu, duas semanas após ver o rapaz na companhia do velho ele foi chamado ao escritório, andou ao lado de Daniel que estava taciturno e calado, seguiram calados pelos corredores e escadas daquele lugar, finalmente entrou no escritório e o velho estava sentado na grande cadeira, com alguém ao telefone.
- Senta aí! – Falou friamente e Beto sentou, depois com um movimento de mão Daniel foi dispensado. Beto aguardou que o velho finalizasse a compra, ao que parece era mais um de seus escravos, seu íntimo se revirou de nojo daquele tipo de coisa.
- E aê... – Beto falou desanimado ao ver o velho a lhe olhar depois de desligar a ligação.
- Mais negócios, ao que parece teremos em breve um novo “gladiador”... – Deu uma risada forçada, mas havia algo diferente nele, Beto não foi capaz de entender naquele momento.
- Entendo... – Estava aguardando para saber se ele teria que lutar novamente.
- Tenho uma missão pra você!
- É pra aleijar ou matar o pobre coitado? – Beto falou impaciente.
- Nada disso, eu estava lembrando de que quando te comprei – Aquela forma de falar revirava o estômago de Beto – O Cristóvão me disse que você tinha vários treinamentos diferentes, eu quero que você investigue uma pessoa pra mim! – Falou encostando-se ao espaldar da cadeira.
- Certo – Beto falou sem empolgação.
- Você já deve ter visto um rapaz sentado ao meu lado nas últimas lutas... – Naquele momento Beto sentiu que o que emanava do homem à sua frente era vergonha – Quero que você o investigue bem...
- Sabe que vou ter de sair do casarão para fazer isso, não é? – Beto se animou, mas tentou não demonstrar.
- Sim, sei. Vou te deixar usar um carro com GPS pra você não se perder na cidade e vou dar algumas informações para começar... – O velho mexeu em algumas coisas na sua gaveta e soltou a chave de um carro em cima da mesa – Vou te liberar das lutas e...
- Me diz logo uma coisa – Beto sentiu o homem se retraindo e estranhou aquilo – O que você quer saber desse rapaz? Quer uma coisa bem completa ou só informações superficiais?
- Quero que você descubra até onde ele compra as cuecas! – Humberto falou rapidamente. – Relacionamentos, pais, escolas, se fez algum curso, em que trabalhava... Tudo isso!
- Ok! – Beto se encostou à mesa. - E o que eu ganho com isso?
- Nada, você é meu! – Humberto respondeu de pronto, mas algo havia mudado, aquela frieza e aquele sentimento de onipotência não estavam mais lá e Beto pensou que seja lá o que Rômulo estivesse fazendo, estava funcionando bem!
- Sou por tempo limitado... – Beto respondeu rapidamente – Isso vai diminuir o meu tempo aqui?
- Podemos negociar, mas eu tenho que te devolver ao teu avô quando o nosso contrato terminar. É isso mesmo que você quer? – Humberto perguntou mais próximo de Beto.
- É, é isso sim! – Beto levantou, segurou a chave do carro e da porta ele falou – Três meses dos dois anos, fechado?
- Ok! – Humberto falou e voltou aos seus afazeres. Beto correu ao seu quarto, tirando a época em que conheceu Ricardo nunca as coisas foram tão fáceis pra ele como agora. Sim, ainda era um escravo, mas por suas habilidades ele sairia um pouco daquele casarão, investigaria Rômulo e daria somente informações frias, Humberto se envolveria cada vez mais com o garoto, seja lá qual fosse o tipo de relação dos dois e isso contava a seu favor. Queria ligar para Ricardo, queria contar a ele as novidades, agora sim ele tinha certeza que era uma questão de tempo para os dois estarem juntos novamente.
Trocou de roupa, olhou-se no espelho e gostou do que viu, com o tempo seu corpo tinha adquirido a estrutura titânica de antes, ainda ostentava as cicatrizes das várias surras, mas usava roupas mais fechadas cobrindo-as, voltou ao escritório naquele momento e entrou sem bater, alguma coisa na atitude de Humberto lhe fez fazer isso, sorriu ao ver que o homem não o repreendeu e parecia até um tanto assustado.
- Que é que você quer? – Humberto perguntou.
- Me passa o endereço do boy, vou montar guarda lá essa noite! – Beto falou sem sentar na cadeira.
- Mas hoje? Já? – Engoliu em seco.
- Quanto antes eu começar melhor pra você, não? – Falou de forma mais desafiadora.
- Sim, verdade... O endereço é XXXXXXXXX – O homem falou vagarosamente como se estivesse decepcionado ou triste por algo.
Betão saiu do casarão sozinho sob o olhar atento de Daniel, pegou o carro que estava no pátio e se dirigiu ao local, apesar de não sair dali por muito tempo o seu treinamento junto com o GPS do carro lhe deixaram mais seguro, logo estava a frente de um pequeno prédio ficou observando até anoitecer e foi então que viu Rômulo descendo com uma sacola de lixo, nem fez questão de se esconder, desceu do carro e o alcançou antes que ele entrasse no prédio.
- Ei... – Betão falou olhando para Rômulo que vestia apenas uma bermuda jeans.
- Caralho! – Rômulo se assustou ao ver o amigo ali, lhe sorriu e o chamou para entrar, antes de fechar o portão olhou para os dois lados da rua. Entraram na pequena kitinete de Rômulo, estava bem arrumada, apesar de ter alguns pontos de poeira no local. – Senta ai cara e me conta o que aconteceu...
- O Sampaio quer que eu te investigue – Falou rindo – Tá comendo o velho por acaso? – Perguntou divertido e sentando no sofá. Rômulo se calou, o nojo que sentia de si mesmo por fazer isso o deixava desconcertado, ele não soube o que responder nem para onde olhar – Porra cara, foi mal... – Beto falou imediatamente.
- Eu prometi que ia te libertar! – Rômulo falou ainda em pé.
- Eu sei, mas... – Beto engoliu em seco ao ver a expressão de seu amigo.
- O velho deve tá querendo que eu vá morar com ele, é por isso que te mandou me investigar! – Falou rápido tentando mudar de assunto.
- E tu vai?
- Quero que ele sofra, muito! – Cerrou os dentes ao falar.
- Cara, tu não precisa fazer isso por mim... – Beto ficou desconcertado pensando no tamanho da gratidão de seu amigo.
- Não é só por você, aquele velho me deve e muito! – O rapaz se virou, por um momento – Foi ele que me vendeu pro teu avô quando eu era menino... – Falou quando se virou e seus olhos estavam marejados – Foi ele que desgraçou a minha vida, foi por culpa dele que eu passei o que passei...
- E do Cristóvão também! – Beto cerrou os punhos ao falar aquilo.
- Eu sei, mas eles dois vão pagar com juros e correção! – Rômulo falou.
- Ah se vão... – Betão sorriu.
- Escuta, já que tu tá de tocaia pra mim. Tenho que te mostrar uma coisa! – Falou rindo e limpando os olhos.
- O que?
- Vem aqui! – Rômulo o chamou e os dois sentaram na frente de uma escrivaninha. Rômulo ligou o notebook, abriu o Skype e mandou uma chamada de vídeo – Te prepara – Beto ainda não tinha juntado dois mais dois, mas foi então que Ricardo atendeu a chamada, ele estava lindo...
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Depois da conversa que teve com Rômulo onde este lhe prometeu que iria resgatar Beto custe o que custasse a vida de Ricardo entrou num espiral de trabalho, estranhamente por essa época ele começou a dormir melhor, sabendo que Beto estava vivo e assim continuaria lhe deu uma calma que ele não conhecia há muito tempo.
Ele então começou a pesquisar muitas coisas sobre lutas clandestinas nos diversos estados do Rio de Janeiro, falou com colegas a respeito sempre fazendo parecer que era algo relacionado aos casos que investigava, chegou a um nome: Humberto Sampaio. Viu que o homem era rico, descobriu onde morava, com quem se relacionava e que tipos de trabalhos desempenhava.
Três meses depois de fechar com Rômulo aquela promessa os dois voltaram a se falar.
- Rômulo, eu descobri tudo a respeito do velho que mantém o Beto cativo agora! – Falou nervoso.
- Eu já o conheci! – Rômulo respondeu comendo um sanduíche, durante esse período uma amizade incomum floresceu entre os dois.
- Eu sei que sim! – Ricardo respondeu de pronto. – Foi ele que te vendeu, né? - Sem rodeios ele perguntou.
- Sim, foi – Rômulo colocou o sanduíche no prato e o jogou ao lado do notebook.
- Então eu vou acabar com a festa dele esses dias, tenho contatos ai no Rio e... – Ricardo começou a falar empolgado.
- E vai mandar prendê-lo? – Rômulo perguntou impaciente.
- Sim, é o correto! – Ricardo falou de pronto.
- E quando ele comprar os policiais, os advogados e os juízes, a gente faz o que? – Rômulo falou cruzando os braços sem paciência.
- Nem sempre essas coisas acontecem, você sabe que o sistema judiciário muitas vezes funciona e...
- Sim, funciona quando é um pobre coitado que não tem nem onde cair vivo, o que dirá morto! – Rômulo falou ainda com raiva – Eu sei que deve ser estressante pra você ficar parado enquanto as coisas acontecem à sua revelia, mas eu e o Beto vamos resolver isso logo!
- Logo quando? – Ricardo se calou frente ao que foi dito, pois sempre soube de casos que precisavam de mais atenção, mas quando o dinheiro entrava em cena eram esquecidos rapidamente.
- Olha Ricardo, eu estou conseguindo a confiança do Humberto, ele logo vai estar nas minhas mãos, não duvide e quando isso acontecer eu liberto o Beto e nós vamos cuidar do Cristóvão.
- Aquele maldito! – Ricardo sentia ódio de Cristóvão, um ódio tão forte e visceral que sentia medo de si mesmo caso lhe fosse permitido cuidar de um caso como aquele.
- Sim, aquele velho maldito não escapa também!
- Rômulo, me desculpa, mas são quase nove anos que eu não o vejo e...
- Eu vou resolver isso também, me dá um tempo?
- Rômulo eu nem sei como te agradecer...
- Nem precisa Rick, eu estou feliz de estar orquestrando a derrubada deles dois...- Falou com convicção.
Os dois ainda conversaram bastante naquela, depois de um tempo conseguiram até rir um do outro. Foi naquela noite a primeira vez que ele falou de Sarah com alguém, Ricardo percebeu que Rômulo também sofria calado por amor e o pior é que no caso dos dois havia mais um agravante, ela fora vítima.
Nos dias que se seguiram Ricardo ficou inquieto pensando na vida de Rômulo e como a boa alma que era passou a procurar mais informações sobre Sarah e sua família, encontrou-a nas redes sociais e viu que a garota era envolvida em vários projetos filantrópicos, passou então a “vigiá-la” mais de perto, numa oportunidade foi até a sua cidade e sob o pretexto de ajuda-la ele passou a frequentar os locais em que a moça trabalhava.
Com o passar dos dias começou a nutrir respeito e admiração por ela e uma amizade surgiu entre os dois, os meses iam passando e agora dirigia ao menos uma vez por semana àquela cidade vizinha para ajudar Sarah em seus afazeres, viu então que ajudar aos mais necessitados trazia um tipo de bem estar maravilhoso e aquilo se tornou viciante para ele. Numa noite de sexta ele convidou Sarah para comerem algo juntos, a moça parecia considerar.
- Vamos, eu não tenho interesses escusos... – Ricardo falou.
- Não é isso, é que recentemente eu terminei o namoro com um rapaz daqui e ele é meio complicado. Não queria que ele me visse com alguém.
- Vamos a um lugar discreto, podemos ir em outra cidade próxima daqui! – Ele tentou, mas viu que a recusa da moça era genuína. Então desistiu, por enquanto. Mas na outras vezes ele passou a insistir e ela viu que Ricardo não lhe oferecia e sendo ele promotor de justiça o ex-namorado pensaria duas vezes antes de tentar algo contra ele.
- Você quer beber alguma coisa? – Ricardo perguntou quando o garçom deixou os cardápios na mesa.
- Não, eu estou com fome mesmo – Admitiu constrangida.
- Não precisa ter vergonha, foi pra isso que te convidei... – Ela sorriu em retorno.
- Seu Ricardo, eu...
- Só Ricardo é o suficiente! – Ele a corrigiu sorrindo.
- Ricardo. Tudo bem – Ela sorriu – Eu só queria deixar claro que neste momento eu não tenho interesse de me envolver com ninguém. - Ela disse tímida.
- Não se preocupe minha querida, eu também não. Quero apenas a sua amizade! – Ele tranquilizou a moça.
- Você deve ser casado, não é? – Ela tentou.
- Não, mas sou comprometido. – Ele falou sorrindo.
- Olha só, que legal... – Ela sorriu. – Há quanto tempo?
- Quase nove anos... – Ricardo sentiu a pontada no peito que lhe era costumeira. Nove anos de espera, nove anos de abnegação e nessa época nem sabia ainda quando aquela espera acabaria...
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* neterusso: Rsrsrs, tomara que você goste da saída que dei pra eles nesse capítulo! Olha aí a Sarah reaparecendo, será que ela ainda gosta do Rômulo? Vamos ver, né? Hahaha, já quanto ao Ricardo... Aguarde! Rsrs, abraços! ^^
* Monster : Hahaha, espero que goste deste! Abraços! =D
*Henryvp : Opa meu querido, bom saber que está curtindo! Sim, essa história está cheia de altos e baixos, acho que nunca escrevi nada assim! Abração! =)
* Catita: Hahaha, eita eu acho que deixei todo mundo passando mal de curiosidade! Veja aí o que aconteceu com eles, estamos chegando aos capítulos mais felizes. Te garanto! Beijão! ^^
* Atheno : Ainda não... Só digo isso... Rsrsrs, Abraços! ^_^
*Hello 👌: Opa, cacete... Rsrsrs, as suas perguntas foram todas respondidas nesse capítulo, espero que goste! Cheguei como prometi na quarta e sábado vai ter mais um! Beijos, minha flor! <3
* Docinho21 : Rsrsrs, eu sei que esse conto tá muito cheio de caminhos, espero que goste! Beijos! ^^
* Ninha M: Oi minha linda, hahaha, fico feliz de ver que a história está agradando! Pois é, todas as suas suposições foram respondidas nesse capítulo, né? Cheguei com esse e agora é até sábado! Beijão, minha linda! S2
* K-elly : Rsrsrs, pois é eu sei que deve dar uma agonia... Rsrsrs, mas que bom que está gostando! Beijos! ^^
* Loiiriinha : Hahaha, sorvete de Ovomaltine... Certo... Vou ver como faço, mas se você gostar desse capítulo eu vou querer um de castanha ou côco! Hahaha, beijos linda! =D
* baixinhaaa: Ow minha linda, obrigado! Hahaha, bom saber que você curtiu tanto assim! Beijos, lindona! <3
* Pyetro_Weyneth: Hahaha, não ele estava apontando a arma por outro motivo... Estão se organizando pra resolver logo essa situação, não se preocupe! Abraços, querido! ^^
* Arthurzinho : Hahaha, tá bem complicada a situação, né? Ainda não decidi quando vou terminar, mas esse sendo o oitavo capítulo não está assim tão longe! Beijos! =)