-Olha Benjamin. -Falou Logan chamando nossa atenção. -Desculpa aí se fui arrogante com você. Foi todo educado aí me chamando pra sair e eu te dando patada. Olha, se você quiser, eu vou com você nesse parque. -Falou. Como assim? Será se ele não ouviu que eu convidei David, eu já ia falar mas David de adiantou;
-Você ta louco Logan. Não viu que ele acabou de me convidar? -Perguntou. -Eu hein, além cego tá surdo é. Além do mais você acabou de humilhar o cara.
-Desculpa Senhor. -Falei. -Mas já chamei David.
-Tá tá. -Falou. -Nem prestei atenção que você chamou ele. Foi mal.
Terminou de comer, e disse pra eu ir pra dentro que ele queria conversar com David, e qualquer coisa ele o levava. Fui conversar com Maria, mas toda hora pensando nessa ida para o parque. "Nossa que ansiedade" pensei.
Cap 6
Combinei com David de nós encontrarmos na entrada do Parque. Quando cheguei ele já estava lá mexendo em seu celular, e olha, ele tava mais lindo que o normal. Seu cabelo preto curto estava penteado pro lado, ele usava uma camisa preta com um moletom cinza por cima, uma calça jeans e um tênis preto. Já eu tava com uma camisa manga longa azul escuro com um desenho de um pêssego, que Vovó fez pra mim, uma calça amarelo queimada e um tênis branco. Ele me viu e sorriu;
-Olá, uau. -Falou me olhando de baixo pra cima. -Você tá lindo demais, essa camisa tá muito fofa. -Falou rindo.
-Você tá debochando? -Perguntei desconfiado.
-Oque? Não, claro que não. -Falou rápido. -Oh, admito que a roupa que você estava usando na primeira vez que te vi, eram bem, como posso dizer, exageradas. -Falou. -Agora essa aí ta bem fofa, combinou com você. Pêsseguinho.
-Ei. -Falei zangado. -Foi minha Vó que fez essas roupas.
-Calma ae Pêssego. -Falou rindo. -Eu só dei minha opinião. Agora vamos entrar porque quero aproveitar o máximo de tempo que tiver com você. Pegou em minha mão e me levou pra entrarmos, só a soltou quando o cara lá precisou carimbar nossos braços, indicando que tínhamos passe livre.
-Iae, qual vamos primeiro. -Perguntou David. Lá tava lotado, tinha gente de todos os tipos, não gosto muito de tumulto, mas nem prestei atenção, David não parava de falar e eu gostava muito disso nele, aliás, eu também gosto muito de falar.
-Então, você faz oque da vida além de cuidar do cego?. -Perguntou, estávamos na roda gigante um de frente pro outro.
-Eu vou começar o curso de odontologia. -Falei olhando em volta. -Por isso tô nesse trabalho. Até aí o passeio estava ótimo, não tenho medo de altura nem nada. Mas do nada, a cabine que estávamos parou lá em cima, não no topo, mas quase. O pânico subiu no meu corpo esquentando todo.
-Você tem medo de altura? -Perguntou rindo.
-Claro que não. -Falei. -Se tivesse, eu nunca que andaria em uma roda gigante.
-E porque você tá se tremendo tanto? -Perguntou debochado.
Olhei meu braço e estava mesmo tremendo. Nem tinha percebido.
-Nem percebi. -Falei. -É só que parou de repente, aí fiquei um pouco assustado mas não foi nada.
-Ooun Pêssego. -Falou me olhando. -Você é muito fofo. -Comentou.
-Obrigado. -Disse. -Mas vamos voltar ao assunto que estávamos. Fala um pouco de você, faz oque da vida? -Perguntei
-Bom, é. -Exitou. -Minha família tem uma linha de empresas em outro estado, onde eu nasci.
-Ah, então você é um riquinho sustentado pelos pais? -Perguntei.
-Basicamente sim. -Falou. -So que eu também ajudo lá com oque posso.
Nesse momento a roda gigante voltou a andar, e descemos. Andando pelo parque e vendo aquelas crianças e adultos brincando, lembrei da minha infância, acabei sorrindo.
-Do que você tá rindo? -Perguntou David.
-Nada demais, só me lembrando aqui, quando eu era pequeno, meu Avô não deixava eu pisar no chão de jeito nenhum quando íamos em um parque. Ele sempre me colocou nas costas e me levava por todo canto assim. -Falei com saudade.
-Bom, tecnicamente você ainda é pequeno. -Falou isso e riu. -Então anda, sobe nas minhas costas.
-Você tá louco? -Perguntei. -Vamos passar vergonha.
-Que besteira. Ninguém aqui tá ligando pra gente. Anda, sobe logo. -Falou isso e se agachou.
Resolvi entrar na brincadeira e subi em suas costas, botei os braços em volta de seu pescoço, e ele segurou as minhas pernas, começamos a andar assim. Riamos que nem dois bocós, muitas pessoas em volta riam de nós também, mas não estávamos nem aí. Fomos comprar pipoca, e eu pedi pra ele me descer, só que ele falou que não precisava, enquanto andávamos, eu comia e também dava pipoca em sua boca.
Aproveitamos bastante o passeio, eu me diverti muito. David é um verdadeiro palhaço. Tava tendo uma competição de cabo de guerra. Dois de cada lado. Só aí ele me colocou no chão;
-Vamos lá Pêssego. -Chamou animado. -Você se garante? -Perguntou.
-Você sismou com essa história de pêssego ein. -Falei. - E claro que eu me garanto. É capaz de eu ser mais forte que você. -Ele só sorriu. Eu sou pequeno e muita gente pensa que eu sou frágil, não gosto disso. Tivemos que competir com um pai e um filho, dois broncos enormes;
-Ei coisinha fofa -Falou o Pai, tentando me desconcentrar enquanto a corda era disputada. -Você devia tá brincando no carrossel, isso é brincadeira pra homem.
-E oque um cavalo como você tá fazendo aqui então? -Perguntei com raiva. -Mete a mão aqui na minha bermuda e vê se eu não sou homem. -Ele não gostou, e ficamos nesses ataques, cada vez com mais raiva, ate que nos desconcentramos e ficou praticamente só o filho dele com David. Como David era mais forte, ganhamos. O pai do garoto ainda queria me bater mas eu fui pra cima também, as pessoas nos afastaram. Pegamos nosso prêmio e fomos andar mais. O prêmio era 50 reais de compras em uma lojinha que tinha lá. Fomos lá;
-Caramba, eu não sabia que você era valente assim. -Falou comigo já em suas costas novamente. Admito que tinha gostado, só que foi ele quem pediu. Não falei nada com o seu comentário, só fiquei vermelho de vergonha. Já na loja, fiquei impressionado com o fato de não ter nada menos de 50 reais, a não ser um porco bem grande e redondo de pelúcia. Rimos muito disso, porque fomos comentando oque iríamos comprar tanto e acabou só dando pra comprar uma coisa.
-Esse foi o melhor passeio que eu já fui na vida. -Falou David enquanto íamos embora.
-Ah conta outra seu mentiroso. -Falei. -Tenho certeza que você já foi em mil parques melhores que esse.
-Sim. Mas esse é o primeiro que eu vou com você. -Esse comentário me deixou tão vermelho, que quando ele virou a cabeça pra me olhar pensou que eu tava passando mal. Ele insistiu pra me levar em casa, mesmo eu falando que não precisava, ele queria. Dentro do carro;
-Iae, você pretende trabalhar pro Logan até quando? -Perguntou.
-Bom, até ele fazer a cirurgia e resolver o problema dele. -Falei. -Mas ainda tem uns meses até lá.
-Hum. -So fez isso.
-Hum oque? -Perguntei.
-Hum Nada. -Falou sorrindo. Olhei pra ele com cara de raiva e dei um soco em seu braço.
-Ai Pêssego. -Falou rindo. -Vou ter que mudar seu apelido pra Raivoso.
-Que nada. -Ja tinha me acostumado com essa história de Pêssego.
-E ai, oque vai fazer no resto da noite? -Perguntou.
-Dormir? -Fui irônico.
-Eu posso ir também? -Perguntou olhando pra frente. Se eu tivesse bebendo água tinha engasgado.
-Oque? Você quer dormir comigo? -Perguntei.
-Sim, mas não se preocupa, é do dormir. -Falou rindo. -Eu não vou tirar sua virgindade não. Ao menos que você queira. -Mordeu os labios.
-Ai aí. -Falei. -Que tempo é esse que você tá? Eu não sou virgem, e nem lembro de ter te falado isso. -Falei nervoso.
-Não é? -Olhou pra mim surpreso. -Ah, é que pelo seu jeito parece. Desculpa. Mas então melhora ainda mais, agora você não tem nenhum motivo pra não me deixar dormir com você.
-Tenho sim. -Falei. -A noite foi ótima, mas não tem nem uma semana que eu não lhe conheço. Não vai rolar.
-Ah, qualé pêssego. -Falou. -Vamos, só dormir, abraçadinhos, nesse frio, é bom demais.
-Não David. Hoje não vai rolar não. -Falei enquanto via minha casa se aproximando;
-É aqui. -Falei apontando. Ele parou na frente;
-Então, não vai querer mesmo que eu durma com você? -Perguntou. -Nos podemos passar a noite assistindo. -Falou.
-Não da David. Amanhã eu acordo cedo pra ir trabalhar.
-Se você quiser eu falo com Logan, pra ele te liberar amanhã. -Insistiu.
-Claro que não, Deus me livre. -Falei. -É bem capaz dele me demitir. Mas olha, vamos fazer o seguinte. Esse resto da semana a gente conversa melhor, e sábado você pode dormir aqui. -Falei sorrindo.
-Não. -Ficou nervoso de repente. -Domingo eu tenho compromisso então não vai poder ser sábado.
-Que tal na sexta então? -Perguntei estranhando sua atitude.
-Na sexta tá ótimo. -Sorriu. -Nem invente de se esquecer.
-Bom, então, obrigado pelo passeio, e até a próxima. -Falei saindo do carro. Do lado de fora, acenei pra ele, que acenou de volta. Fui indo no caminho de grama que tem até chegar na porta. Quando uma mão para no meu ombro. David me vira e me dá um selinho. Ainda assustado e sem reação não falo nada enquanto ele volta correndo e sorrindo pro carro. Fico um pouco lá parado, olhando ele sair e entro em casa.
-Eu hein, que loucura. -Pensei sorrindo. Que noite ein, fiquei tão cansado que nem liguei pros meus avós, amanhã vou levar bronca. Fui dormir feliz da vida.
CONTINUA
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