A VIDA É PRA SER VIVIDA #2
Descobertas.
Já faz dois meses que estou morando com minha tia e meus primos em Fortaleza. Estou adorando, principalmente por que eu passei no curso que queria e ainda teria a companhia do meu primo JP na mesma turma que eu. Estava tudo indo bem.
Eu já conheci a cidade, bom, uma pequena parte dela, já que minha tia trabalhava manhã e tarde e não dava pra usar o carro. Então, apenas íamos a poucos locais.
A minha rotina atualmente era: acordar, tomar café da manhã, ir deixar o Miguel na escola, que ficava perto de onde moramos, e ouvir músicas. Sim, eu ainda não tinha muita agitação na vida, mas era isso por enquanto. E não, eu não tinha arranjado um emprego, pois minha tia disse que não seria necessário, pois estava ajudando bastante com o Miguel, pois ela não gastaria dinheiro com uma “babá”. Então eu sou uma babá.
Por falar em Miguel. Cara pense num moleque difícil. Desde que vim morar com eles, este garoto tem uma implicância comigo. Quando estamos só eu e ele em casa, JP no colégio (sim, ele ainda está concluindo o 3º ano) e a tia Ana no escritório, ele não deixa eu ver nada na televisão. Fica alternando entre canais, apenas pra me irritar. Se eu não tivesse me controlado eu teria mandado esse garoto pra Júpiter. Mas, sou contra violência, ainda mais com crianças e apenas relevo.
Mas, até que de vez em quando ele acaba cedendo, pois sempre toco no assunto das bandas de rock e ele meio que se abre comigo. Mas é apenas um pequeno disfarce. Acho que na verdade ele não curte muito ter um “irmão” novo dentro de casa. Deve ser alguma birra de criança.
Na parte da manhã fico com Miguel, JP estuda pela manhã e tarde. Já pelo começo da tarde estou num tédio tremendo. Estava ouvindo “So far away” do Avenged Sevenfold e lembrando de tudo que tinha deixado pra trás: família, “amigos” e bateu uma saudade imensa. Fiquei um pouco triste.
Já pelas 16 hrs decido dar uma limpada na casa. Começo limpando a sala, logo Miguel começa a reclamar, pois estava vendo algo na TV. Depois vou dar uma limpa do quarto do JP. Ouvindo “Beija-flor” do Jota Pê, danço com a linda letra desta música. Vou limpar os guarda-roupas, começo, mas algo chama minha atenção.
Antonio: Ué? O que é isso?
Era uma caixa de madeira escondida atrás das roupas do JP.
Antonio: não. É melhor não abrir. Deve ser pessoal. – penso.
Mas, minha curiosidade é maior do que qualquer coisa. Sério, eu não costumo fazer isso. Tenho horror a gente bisbilhoteira, mas ali não me contive. Então abri. Eram revistas com várias mulheres peladas.
Antonio: Nada demais. – pensei.
Havia algumas camisinhas e fui remexendo algumas revistas vi uma especifica: uma revista gay. Uma revista gay. Uma revista com Adam Killian na capa. Pra quem não sabe quem é Adam é um ator pornô gay, gostoso demais, corpo escultural, um cara foda de verdade, sonho de consumo, um versátil fantástico. Tá parei. Tipo, eu fiquei intrigado. Por que JP teria uma revista com conteúdo destinado ao público gay!?
Antonio: Será que... o JP... é...? Não Antonio. Para de pensar bobagens.
Enquanto eu folheava a revista do Mr Killian, me perco no tempo e quando dou por mim, JP estava atrás de mim.
Antonio: JP?- falo assustado.
JP: cara o que tu tá fazendo bisbilhotando minhas coisas?- fala bravo, pegando a revista de minhas mãos.
Antonio: Desculpas, cara. Não foi minha intenção.
JP: não era tua intenção? – fala com ódio nos olhos. - Sai daqui. Vaza daqui cara.
Antonio: calma cara. Não precisa ficar nervoso. Qual é?
JP: cara, se tu contar alguém que viu aqui eu quebro tua cara.
Saio do quarto por que percebi que ele estava muito nervoso e estava com sangue nos olhos. Nem de longe lembrava aquele garoto sorridente de dias atrás. Me senti triste e sujo, pois tinha feito algo que não era de costume: invadir a privacidade alheia. Odeio isso.
Fiquei chateado com aquilo. Pensei na mesma hora pedir desculpas, mas ele estava muito nervoso e eu ainda não tinha intimidades para mexer em suas coisas, então, eu era o errado neste caso.
E daí vem uma coisa na minha mente: Ele também é gay. Eu fiquei pensativo. Se ele não fosse gay, ele poderia ser bissexual, tipo, na caixa tinha revistas de mulheres também. Então, ele deveria ser bissexual. Mas, que também não “se assumia”. Eu fiquei tranquilo. Mas ainda sim, minha consciência pesava.
Lá pelas 21 horas, minha tia nos levou ao shopping para comermos alguma coisa na praça de alimentação, fomos ao Mc Donalds. No caminho fico sem falar com o JP e isso já estava me irritando. Não gosto de ficar brigado com ninguém. Tentei puxar assunto, mas ele era monossilábico. Sim, não. Era tudo que ele respondia.
Minha tia percebeu o clima estranho.
Ana: aconteceu algo, rapazes?
Assim que eu ia abrir a boca, ele tomou a frente na conversa.
JP: não mãe. Apenas rolou algumas coisas na escola e por isso estou chateado. – falou olhando criminalmente pra mim. Acho que se eu pudesse ler mentes, não gostaria nada do que ele estava pensando.
Antonio: é isso!- apenas enfatizei.
Acabamos de comer e antes que fossemos embora, JP pediu pra conversarmos. Dirigimos-nos ao banheiro. Eu estava apreensivo com o rumo que a conversa tomaria. Ainda bem que o banheiro não tinha ninguém, aparentemente.
JP: olha cara, o que tu fez foi sacanagem! Tu não tinha o direito de mexer nas minhas coisas, sem a minha permissão.
Antonio: cara, mil desculpas. Eu não tinha a intenção. Quando vi, já estava vendo.- tento me retratar.
JP: vacilão. - falou dando um soco na porta do banheiro.
Antonio: cara. Para com isso. O que tu tem medo? Que descubram algo de ti?- olha só quem fala!
JP: “descubram algo de ti”?- falou repetindo. O que tem pra descobrirem de mim? Que eu gosto de mulher e de homem? Que eu gosto de pessoas e não tenho preferência?
Antonio: então é isso mesmo.
Ele saiu de um das cabines do banheiro com lágrimas no rosto, mas calado.
Antonio: O que foi JP?
JP: cara, por favor. Não conta pra minha mãe não!- falou envergonhado!
Antonio: O que?- falei olhando ele chorar. – Relaxa cara. Não precisa nem dizer. Não vou falar nada, prometo.
Vejo-o passar água no rosto na pia para limpar os olhos.
Antonio: está tudo bem entre nós?
JP: Sim cara. Só não fica pensando que eu vou te atacar na madrugada, viu!?- falou tentando ser engraçado.
Antonio: Não seria má ideia. - apenas penso. – Relaxa cara. Eu sei me cuidar. Hehehee
Saímos, entramos no carro e fomos pra casa.
MAIS TARDE.
Já passava da meia noite e estava respondendo algumas coisas no whatsapp, fazendo uma longa migração entre facebook, instagram e twitter. Quando percebi que JP olhava pra mim, na escuridão do quarto.
Antonio: Desculpas cara. Te acordei com o brilho do celular Né!?
JP: não. Não tava conseguindo dormir mesmo.
Apenas olhei de volta pro meu celular. Depois de algum tempo ele começa novamente.
JP: Toim? Tu já ficou com algum homem?
Me engasguei com nada. Tomei um susto com a pergunta.
Antonio: o que? Não! - tentei enfatizar e ser realista, mas acho que não deu muito certo.
O caso é que EU nunca fiquei com nenhum homem. Sim, eu nunca pensei na possibilidade de ficar com algum cara da minha cidade. Sabe, né, cidade pequena, fofocas correm que nem o the flash. E a última coisa que queria era que meus pais soubessem que sou gay através de fofocas e não por mim mesmo.
Ele permaneceu em silêncio. Eu me perguntei talvez o porquê dele me perguntar isso. Será que ele também está desconfiando que eu seja gay? Será que o “gaydar” realmente funciona? Ué? Pensei que isso era mito.
Você deve estar pensando: “pq vc não disse a ele que era gay?”. Bom, eu sou um covarde. Quando se trata de sexualidade, de falar sobre sexualidade, eu sou um merda.
NO DIA SEGUINTE...
Era sábado de manhã, eram exatamente 7 horas da manhã. O despertador do JP começa a tocar...
JP: que droga. Porra. Esqueci de desligar o alarme. - fala ainda de olhos fechados. Finalmente consegue desligar.
Acordo com o alarme... Irritado com aquilo, mas não deixei transparecer. Decido ir tomar banho pra me acalmar. Tipo, num sábado, acordar cedo, é o fim. Nam. Demoro uns 10 minutos no banheiro. Saio apenas de toalha. Não tem ninguém no quarto, então decido trocar de roupa ali mesmo. Fico totalmente nu, quando de repente JP chega.
JP: Oh, cara. Me desculpa. Não sabia que estava trocando de roupa.
Antonio: Relaxa, rapaz. Nada demais um homem ver outro homem nu.
Ele entra no quarto fingindo estar mexendo no notebook, mas, pelo espelho, percebo que ele estava me observando. Não posso deixar de dizer que eu gostei daquilo. Demorei pra pegar a roupa. Eu já estava ficando excitado quando percebo que “alguém” estava acordando, olhei rapidamente e vesti uma cueca e um short rapidamente. Acho que ele percebeu.
JP: Hehehehe acho que alguém tava pensando besteira!
Apenas sorri. Mas ele começou a insistir:
JP: bela bunda. – falou dando aquele sorriso que me conquistou.
Antonio: Valeu. - falei sem reação.- ele ri.
JP: cara, relaxa, eu já disse que não vou te atacar apenas por eu ser bi.
Antonio: nem estava pensando nisso.
JP: não estou dizendo isso. - fala pausadamente- Até pq alguém tava ficando animadinho aqui.
Eu fiquei com vergonha. Por que era verdade. Eu acabei ficando excitado com ele ali me olhando. E o cara ainda disse que gostou da minha bunda. E eu tinha mesmo. Uma bunda bem redondinha e grande, meio peludinha, nada exagerado, não gosto de depilar. Eu estava começando a pensar besteiras. Te aquieta Antonio, pensei.
A tarde passou rápida. Minha tia ligou dizendo que estaria em casa apenas pela noite, pois estaria resolvendo uns assuntos no escritório em que ela trabalha. Resolvi assistir televisão. Tava passando só programa chato, era melhor assistir o canal do Boi, estaria mais interessante. Quando de repente JP veio até mim.
JP: vamos assistir?- ele segurava um DVD de filme de terror- É “A morte do Demônio”.
Antonio: Opa! Esse é dos bons. Bora. - falei animado. Terror é meu gênero favorito.
Ele colocou e começamos a assistir.
O filme era o remake do antigo de 1981, mas era tão bom quanto o original. Levei alguns sustos, claro. Enquanto o JP ria de mim.
JP: cadê o machão que adorava filmes de terror?
Antonio: continua aqui. Hehehe
Então ele deitou com a cabeça no meu colo. Confesso que fiquei apreensivo. Mas deixei e continuei a ver o filme. Ele sorria a cada susto que eu levava. Sério. Eu não levo susto assim. Será que era a situação? Eu ali, com um garoto puto de lindo nas minhas coxas, deitado e sorrindo de um jeito malicioso pra mim? Sim, era isso. Estava dando meu máximo pra não ficar excitado.
Dei um suspiro quando filme acabou. Fui para o quarto e pensei o que tava acontecendo ali. JP obviamente estava dando em cima de mim, descaradamente ainda. Não que eu não estivesse gostando, mas é que ele é meu primo. E não podia imaginar ele como homem. Ele era como um irmão pra mim.
Ele entrou no quarto e deitou olhando pra mim.
Antonio: O que foi?- pergunto.
JP: nada. Só acho que vc não precisa ficar nervoso toda vez que olho pra ti. Tá escondendo alguma coisa?
Antonio: Eu? Nervoso? – Escreve logo na testa nervoso, idiota- pensava eu.
JP: Toim, tu também curte homens?
Aquela pergunta me pegou de jeito. Falava ou não falava? Poxa cara. Ele estava apenas atrás de uma confirmação minha para tentar algo mais, perguntando se eu gostava de homem? Será que conto a verdade ou continuo neste armário empoeirado e escuro? Tomei uma decisão:
Antonio: Obviamente, eu sou gay- tentei passar o maior ar de naturalidade que pude.
Ele começou a rir, igual a uma hiena. Incessantemente.
Antonio: qual é porra, tá tirando onda com a minha cara!?- falei bravo.
JP: calma cara. Eu não estou rindo de você. Estou rindo de nós dois. Dois caras, primos, que estão num armário escuro durante anos e nem sequer temos coragem de conversar sobre isso.
Antonio: pois é. Não é algo fácil de conversar. – sorrio, sem graça.
JP: tu já ficou com algum homem?
Antonio: que nada. Ainda não fiquei com nenhum. Apenas garotas. - falo tentando passar naturalidade, mas aquela conversa tava me matando. Não é fácil falar sobre isso, pra mim, é algo muito íntimo. Mas JP era como eu, ou quase, então resolvi que ele seria o primeiro, a saber, da minha sexualidade.
JP: quer dizer que tu ainda é bv gay?
Antonio: o que?- levei dois segundos pra entender- Ah sim, sou!
Eu fiquei em silêncio enquanto eu mexia no celular. Quando de repente, ele chega até mim me faz sentar na cama. Eu olho surpreso vendo ele encostar seus lábios nos meus, ele continua a querer invadir minha boca e sedo espaço e acabamos nos beijando com força, pressa e vontade.
Nos beijamos. Sim. Nos beijamos. E eu gostei!
CONTINUA.
Bom galera. Segundo capítulo postado.
Espero que estejam gostando. Se não tiverem, podem me dar dicas, reclamações, podem elogiar também. Como sou novato aqui, tenho muito a aprender.
Peço paciência. Pois descreverei tudo nos mínimos detalhes. Eu gosto de saber de tudo o que ocorre. Então, não liguem se eu descrever uma mosca pousando na pia da cozinha, heehehe
Obrigado pelos comentários do primeiro capítulo. <3
É isso.