-OBESO. -Gritei de volta. Comprei os pastéis e quando tava voltando tive a impressão de ver David com aquela mulher que ele disse ser tia dele. Mas acho que não era não, já que ele já tinha ido embora. Voltei até Logan que tava terminando os cachorros quentes. Entreguei os pastéis dele e ficamos conversando, o mesmo de sempre, ele me perguntando as coisas, oque tinha, as cores e tudo. Na hora de ir embora chamei um táxi, e mesmo que passasse em minha casa primeiro, tive que levar ele até a dele, que insistiu pra mim dormir lá novamente, mas falei que não. Ele pagou já toda a corrida do táxi. Quando voltava pra casa, pensava em tudo que aconteceu. Só me restava sorrir.
Cap 11
-Não Vovó, eu passei o dia em um festival ontem, fui mas um amigo, o David. -Falei.
-E cadê seu patrão? -Perguntou Vovô. -Gostei muito dele.
-Tá em casa, ontem nos perdemos de todos os outros, e ficamos só nos dois, David não pôde ficar então tive que vir com Logan. -Falei lembrando de ontem.
-Hum, tá certo. Então meu amor temos que abrir a padaria. -Falou Vovó. -E você também tem que ir pro seu trabalho né. Então tenha um bom dia, e hoje à noite ligue pra nós. Nos despedimos e eu fui pra casa de Logan. Chegando lá, estava totalmente diferente do normal. -Logan e seus pais estavam sentados no sofá conversando e rindo muito.
-Bom dia. -Falei envergonhado.
-Bom dia Benji. -Falou Senhor Robert.
-Bom dia Querido. -Falou Senhora Camile.
-Bom dia. -Disse Logan. Todos sorriam, mas o de Logan era o maior sorriso de todos.
-Logan estava nos contando aqui sobre seus avós. -Falou Senhor Robert. -Ele disse que foi convidado pra ir na competição entre vizinhos do seu bairro. Quando eu era pequeno, tinha no meu bairro, mas papai nunca deixou eu ir. Ele dizia que era coisa de desocupados. -Seu olhar era Vago, lembrando do passado.
-Já eu, ia em todas. -Falou Senhora Camile. -Eu participava mais da corrida dupla em sacos, ia eu e minha irmã. Era muito bom, e as comidas, nem se fale, cada gostosura melhor que comidas dos restaurantes mais chique que tem. -Ela lembrando tinha um sorriso no rosto.
-Pois é, é muito bom mesmo. -Se vocês quiserem ir, estão convidados. -Falei, que tolice a minha convidar os patrões ricos pra essas coisas simples. Mas já que já fiz. -Tem espaço pra todos na nossa casa lá.
-Se pudermos ir vamos sim querido. -Falou Sra Camile. -Então vamos Amor, temos que trabalhar. Se despediram e foram trabalhar.
-Então, o Senhor já tomou café? -Perguntei.
-Sim, tomei com meus pais hoje. Senta aqui. -Falou batendo no sofá. Sentei ao lado dele. -Sabe, ultimamente eu tô vendo umas coisas ficando diferentes. Depois do acidente, eu sentia tanta raiva por isso ter acontecido comigo, que descontava em todo mundo, não tinha respeito por ninguém, eu já era meio bruto antes, porque eu tinha sido criado um tempo pelo meu Avô e ele era muito rígido. Então cresci sendo bruto com as pessoas, mas ultimamente eu me sinto mais calmo e feliz, e meus pais falaram que eu estou mais quieto. -Falou sorrindo. -Se eu passe um dia sem tranzar ficaria bem maluco, mas agora eu nem tô sentindo muita vontade. Acho que tô ficando doente.
-Talvez seja porque você tenha percebido que a vida de vadiação não seja tudo. E resolveu mudar. -Falei sorrindo.
-Pode ser, eu só sei que quero logo voltar a enxergar. -Falou colocando as pernas em cima das minhas.
-Desculpa Senhor. -Falei saindo do sofá. -Você vai precisar de mim agora? -Perguntei. Lembrei dos limites e mesmo com tudo que vivemos eu ainda sou só o empregado.
-Não. -Falou um pouco sério demais.
-Ok, então eu estarei lá na cozinha. Se precisar de mim me chame. -Sai de lá. O resto do dia foi normal, David me ligou falando que teria que viajar pra cidade natal dele. Já Logan e eu não tivemos mais muitas conversas, ele ainda tentava brincar um pouco mas eu não abria espaço.
*
*
Passou-se uma semana, eu e Logan finalmente estávamos do jeito que eu queria no começo de tudo. Funcionário e Patrão, apenas, ele não me maltratava mas também não éramos amigos, eu não gostei, mas era oque tinha que acontecer, quando ele voltasse a enxergar, eu pararia de trabalhar pra é e com certeza a "Amizade" não continuaria. Era sexta feira e eu iria viajar pra minha cidade, pensei que com esse afastamento Logan não iria querer ir, mas ele quis.
-Quais roupas eu ponho na sua mala Senhor? -Perguntei.
-Qualquer uma. -Falou sentando na cama. -Venha aqui Benjamin. -Chamou. Fui até ele. -Olha, quando seu Avô me convidou pra ir, estávamos no início de uma amizade, que eu pensei que só ficaria mais forte, só que você do nada mudou. Então se não quiser que eu vá é só me dizer.
-Claro que não Senhor, eu quero que você vá. -E eu queria mesmo. -Mas Senhor, eu acho que não devemos ser amigos, você é meu patrão, rico, isso não acontece. Quando você voltar a enxergar nós nunca mais nos veremos.
-Que história é essa? -Falou Logan. -Não sabia que você era preconceituoso com isso, no começo de tudo eu nunca pensaria que seria amigo de um empregado, porque pra mim era um absurdo, uma enorme diferença, mas você é diferente, eu gosto de verdade de você e quero uma amizade pra vida toda. Então pare com essas besteiras, e mesmo trabalhando pra mim, podemos ser amigos. No começo eu briguei falando que você deveria me chamar de Senhor, mas não precisa mais, a partir de hoje sou Logan. -Falou sorrindo.
-Ok Sen... Logan. -Falei rindo de volta.
-Bom agora vamos logo, que eu tô ansioso pra essa viagem. -Falou. -Como é lá? -Perguntou.
-Bom, é uma cidade pequena, cercada de montanhas, então faz muito frio, tem vezes que neva, mas nesse período não vai ta nevando. As pessoas de lá são bem simpáticas, você vai gostar. -Continuamos a conversar enquanto eu arrumava as coisas, parece que um peso tinha saído das minhas costas. Os pais dele não puderam ir, mas levaram a gente até o aeroporto, era a segunda vez que eu andava de avião, a primeira eu vim pra cá e quase desmaiei, fico muito nervoso;
-Você não tem medo de voar de avião? -Perguntei.
-Eu não, tinha quando eu era pequeno, mas hoje em dia se me der um paraquedas eu pulo de qualquer avião. -Falou.
-Exibido. -Falei baixo mas ele deve ter ouvido, porque sorriu.
-E você? -Perguntou.
-Eu oque?
-Tem medo de voar de avião?
-Oque? Pruft, claro que não tenho medo. Eu hein. -Menti. -Vamos logo. Após nos despedirmos dos seus pais, fomos pro avião, ele ia do lado da janela e eu ao lado dele.
-Oque você tem? Ta tão calado. -Comentou.
-So estou pensando mesmo. -Falei, mas na verdade eu tava me concentrando pra não desmaiar.
-Sei. -Falou, depois Riu. A aeromoça falou algumas coisas que eu nem prestei atenção, e o avião decolou.
-Você tá bem? -Perguntou Logan.
-Estou ótimo. -Respondi.
-Pois não parece, você tá quase rasgando a minha camisa. -Falou sorrindo. Aí me toquei que estava segurando na camisa dele.
-Desculpa. -Falei, isso so me fez ficar mais nervoso.
-Se acalma, respira fundo e relaxa. -Falou segurando minha mão e apertando. Fomos de mão dadas até chegar lá. Chegamos já estava anoitecendo, meu Avô e minha Avó estavam lá, com Meus tios e primos. Apresentei Logan pra todos e eles se deram bem de cara. Vovó chorou e Vovô faltou me carregar no colo até o carro. Logan e eu fomos no carro do Vovô.
-Querido, pelo computador você já era lindo, agora pessoalmente Meu Deus, parece um ator de filme. -Falou Vovó.
-Obrigado dona Maria. -Falou envergonhado.
-E você faz oque? -Perguntou Vovô.
-Eu sou médico, mas tô parado por causa da falta de visão. Mas quando voltar a enxergar eu vou pro pique novamente. -Falou sorrindo. Logan conversava com eles e eu prestava atenção no caminho, lembrando de tudo;
-Benji. -Falou Vovô me tirando dos meus pensamentos. -Os quartos de hóspedes estão todos ocupados então Logan terá de dormir em seu quarto. Você não se importa não é Logan? -Perguntou Vovô.
-Claro que não. -Falou.
-Então pronto, faremos uma cama improvisada pra você no chão e Logan dorme na sua, vai dar tudo certo.
Chegamos em casa, depois de três meses, eu volto aqui, que saudades eu sentia, segurei no braço de Logan, meu Avô e ele carregavam as malas, a casa era bem grande, subimos as escadas e fomos direto pro meu quarto;
-Chegamos. -Falei. Estava do jeito que eu deixei, era bem grande, a cama ficava no centro do quarto, meu guarda roupas era embutido na parede, tinha uma TV em frente à cama, umas prateleiras com livros e uns bonecos que eu colecionava, tinha um visor bem grande de vidro, quase do tamanho da parede, e uma mureta onde eu sentava pra estudar olhando a rua. Botamos as malas no canto;
-Bom, a Maria vai fazer a janta, e como vocês devem estar cansados da viagem, então descansem aí e quando estiver pronto venho chamar vocês. -Beijou minha testa e saiu.
-Bom, você vai dormir nessa cama, então fique vontade. -Falei levando ele até a cama.
-Você não precisa dormir no chão, dividimos a cama. -Falou.
-Oque? Você tá louco, nunca que eu faria isso. -Falei. -Você é visita e ainda é meu patrão.
-Que besteira, deita aqui que eu sei que você está cansado. -Falou já deitado.
-Mas só agora, pra descansar um pouco. -Falei deitando. -E eu vou fazer uma cama aqui com edredons, vai ficar supimpa.
-Que história é essa de supimpa. -Falou rindo.
-Oxe, é super normal falar supimpa. -Falei ofendido.
-Só se for em seu mundo. -Falou sorrindo, dei um peteleco em seu braço, cochilei. Acordei com meu Avô nós chamando, quando olhei pra frente, tava com a cara no sovaco de Logan.
-Depois que terminar de cheirar o sovaco de Logan, desça pra jantar meu filho. -Falou meu Avô sorrindo, Logan se juntou nas risadas e ficaram os dois zombando da minha cara.
-HAHAHAHAA muito engraçado. -Falei saindo, voltei porque tinha que descer o Logan também. Na hora da Janta, estávamos todos à mesa, eu fiz o prato de Logan, e dei a comida dele. Ninguém questionou nem nada, todos ali sabiam que eu trabalhava fazendo aquilo, comia um pouco e dava um pouco pra ele, enquanto falavamos sobre o campeonato.
Após a janta, levei Logan pra sala, pra ficar conversando os outros, e fui ajudar Vovó limpar a cozinha.
-Esse garoto não fazer oque você dizia no começo meu filho. -Falou.
-Pois é Vó, ele está tão diferente, ele era tão grosso e agora, falou que queria que fôssemos amigos. -Ri lembrando.
-Vocês são só amigos? -Perguntou Vovó.
-Sim, porque? -Perguntei. -Ele é hétero Vovó.
-Mas o jeito que vocês agem, parece um casal, mesmo ele cego parece que tá olhando diretamente pros seus olhos. Eu acho que vocês formariam um belo casal. -Falou Sorrindo.
-Vovó para de Caô, eu hein. -Falei.
-Parar de que? Que é isso menino, mal foi pra cidade já tá se achando é. -Falou me dando um tapa. Eu só ria. Na hora de dormir, fiz minha caminha no chão, botei vários panos no chão e alguns travesseiros.
-Pronto. -Falei deitando.
-Para de coisa Benjamin, tem espaço pra nós dois nessa cama. -Brigou Logan. -Anda logo pra cá, tá fazendo frio, o chão vai ficar gelado, você pode ficar doente.
-Eu to acostumado com o frio daqui, não tem problema não. Agora deite aí é durma. -Levantei, desliguei a luz e deitei. -Boa noite e até amanhã.
-Boa noite e não se espante quando eu te carregar pra cá pra cima. -Falou. Dormimos.
Acordei de madrugada, bem que ele tinha falado, o chão tava muito gelado, meus dentes faziam barulho de tanto bater, eu tentava parar pra não acordar ele mas tava difícil;
-Benjamin eu tô ouvindo seus dentes bater. Venha pra cá agora. -Falou com voz de sono.
-Nã não tá ba ba tendo, é só só coisa da su sua cabe beça. -Falei gaguejando, estava muito frio. -Dur urma.
-Você é muito teimoso. -Derrepente ele se levantou, eu pensei que ele ia mesmo me pegar e botar na cama, mas ele puxou o pano da cama, pegou o edredon que se cobria, e deitou ao meu lado no chão.
-Nossa, você tá muito gelado. -Falou me abraçando e nos cobrindo, ficamos agarrados um de frente pro outro. -Você é um cabeça dura mesmo. -Não falei nada, apenas sorri. Tinha ficado bem quentinho, adormeci.
CONTINUA
***Oi gente. Obrigado por lerem e comentarem, continuem. Olha, eu tô achando que vou parar de postar um tempo, amanhã eu vou ver, por causa de umas coisas aí. Espero que gostem desse capítulo, e até o próximo. XAU ;)
