POV Marcos
Acordei vagarosamente. Era sexta-feira. Havia um sol lindo do lado de fora, onde seus raios penetravam dentre as janelas sem cortina. Silêncio total ainda. Movo-me na cama de casal, sendo impedido por um Yuri dengoso que dormia quase totalmente em cima de mim. Enquanto ele tomava banho ontem a noite, deitei em sua cama, de costas pra cima, e depois de ele vestir uma cueca, se deitou quase totalmente em cima de mim e depositou um selinho de boa noite na minha bochecha.
Estávamos assim à semana toda. Eu dormindo com ele, abraçado com ele...ou seja, um grude. Eu tinha medo de perguntar o porque daquilo e ele simplesmente parar. Prefiro ficar quieto e aproveitando o carinho e atenção, que Mauro se negou a me dar...e sem desmerece-lo (mas já desmerecendo aquele fdp), Yuri é muito mais atencioso que ele.
Desde ontem tenho pensado em algo que tem me angustiado um pouco. Eu sempre tive aquela queda (penhasco) por ele, mas e se ele estiver fazendo isso só porque não está namorando e quando achar uma garota vá parar de agir assim comigo. Ele não é gay Marcos. Ahhhh eu preciso falar com ele. Pra gente parar com isso...me preservar.
POV Yuri
Flashback On
- Esse teu irmão é uma decepção Yuri!- falou Roger, enquanto voltávamos da aula. Estávamos no 3º ano do ensino médio, eu com 17 anos.
- Nem me fala velho! Da até um nojo de viver na mesma casa- falei angustiado
- Teu pai não deu uma surra nele ainda? Pra ver se endireita e vira homem?- perguntou ansiando por resposta
- HAHAHA meu pai defende as viadagens dele. Disse que é pra mim ficar na minha e deixa-lo em paz- estou com vontade de sair daquela casa...isso sim!
2 meses depois de falar com Roger, saímos pra uma balada com umas garotas que estávamos trassando na época. Eu tinha duas e ele duas. Nessa balada, meu irmão viadinho tava lá. Foi uma surpresa, porque não sabia que ele estaria...e ainda mais acompanhado. Tava com ele um cara ruivo e um travesti...só pode.
Roger viu para onde eu estava olhando e cochichou no meu ouvido:
- Que tal a gente dar um jeito nesse seu irmão? Dar uma surra que está faltando pra ele gostar de buceta!- disse sorrindo
- Vamo!- exclamei alegre- eu o ameaço se ele quiser contar que foi a gente- disse
- Espera na saída...mas só nele. Deixa as outras bichas de fora.
E assim foi feito. Caímos na porrada com meu irmão. Depois de deixarmos ele roxo, saímos rapidamente com o carro de Roger, antes que a polícia chegasse.
Flashback Off
Ontem, antes de adormecer com Marcos, permiti-me pensar no que está acontecendo na minha vida. Se eu dissesse que sou 100% hetero, estaria mentindo descaradamente. Será que ainda sou?
Eu sempre maltratei meu irmão Thiago. Quando ele contou pra gente que era gay, a casa toda ficou em silêncio por uma semana. Eu, que até então tinha uma relação normal entre irmãos (uma briga vez ou outra, mas nada sério) comecei a trata-lo como um alienígena. Nunca desconfiei que ele fosse assim.
E depois daquela noite na balada, quando eu e Roger o espancamos senti um alivio e vingado. Mas vingado do que? Logo isso passou e eu queria saber urgentemente como ele estava, coisa que não sentia desde que éramos amigos ainda.
Machucamos tanto ele, que o mesmo ficou 5 dias no hospital. E quando meus pais descobriram que foi eu e Roger, eles nos denunciaram na polícia, com a testemunha do namoradinho do Thiago (o ruivo) e a travesti que os acompanhavam.
Ficamos 2 meses limpando os banheiros da escola todas as noites, como pena. Depois de fazer aquilo, não tenho nojo de mais nada. Mas o que mais me atingiu foi o silêncio. Ainda sim, uma semana depois do acontecido, quando estava saindo da escola com Roger a noite (nós limpávamos os banheiros a noite) e umas 2 garotas, 3 caras grandes e uns 4 travestis deram uma surra bem dada na gente. Xingaram muito. Eu nem revidei. Já tinha me arrependido mesmo.
Em casa continuava um silêncio insuportável. Eu não existia. Só os três (nessa época minha irmã já não morava com a gente). Mas foi ela, minha irmã, que me ajudou a mudar. Ela já era psicóloga na época. Me colocou pra participar de uns grupos de discussão LGBT e lá, muitos relatavam suas vidas sofridas e até mesmo os que não eram assumidos falavam da aflição. A única que me dava atenção era ela...minha irmã.
Aquele meu ódio e repulsa aos poucos foram passando. Fazíamos até uns eventos de conscientização pela cidade com esse grupo. Vendo a minha melhora da doença chamada homofobia, aos poucos tudo foi voltando ao normal. Fazia de tudo pro meu irmão me perdoar...até cheguei a me ajoelhar, pra pedir perdão. Graças a minha irmã tudo foi entrando nos trilhos e voltei a harmonia com minha família, que não tínhamos desde que Thiago assumiu sua homossexualidade.
Hoje, ele estava no Rio de Janeiro, fazendo Medicina...segundo ano. Tínhamos voltado a ser como antes. Mas eu não gosto de pensar no que fiz antigamente...tenho vergonha.
Sinto algum movimento na cama, vou acordando. Marcos estava acordado. Acho que já era hora de levantarmos.
- Oi- digo baixinho, ele vira-se, ainda deitado ficando cara a cara comigo
- Oi- sorri simples- dormiu bem?
- Muito- digo trazendo o mais perto para um abraço, onde ali, mergulhei minha mão em seus cabelos loiros, acariciando-os. Ele fechou os olhos e ficou quietinho de novo. Deus...esse garoto está mexendo comigo. Acho que não é normal apenas amigos sentirem o que eu sinto- A gente podia faltar e ficar aqui né? Dormindo...
- Yuri- disso num tom de aviso- apesar de 99% de mim querer ficar, nós precisamos ir...- fiquei vermelho quando ele disse que queria ficar. Ainda bem que ele não pôde ver.
- Você está certo maninho. Vou levantando pra fazer meu café e seu chá...vai levantando aí- disse saindo, sem antes dar um beijo na sua testa.
- Não precisa fazer meu chá...deixa que eu faço- falou ainda na cama
- Deixa... eu faço pra você amor- falei saindo do quarto. Quando cheguei no granito da piá interpretei o que falei anteriormente...fiquei uns segundos assimilando aquilo. Foi totalmente involuntário....apenas....saiu!
POV Marcos
Foi isso mesmo que ouvi?
Amor?
Gelei e paralisei na hora.
Eu preciso contar isso pras meninas...preciso de conselhos. Será que ele está no mesmo barco que eu?
Levantei, arrumei a cama de Yuri e fui pro meu banheiro tomar um banho rápido. Vesti minha roupa e fui tomar o café da manhã.
Comia alguma coisa, enquanto o homem se arrumava.
- Você parece um adolescente com esse boné Yuri- comentei terminando meu chá
- Mas fico lindo né?- piscou
- HAHAHAHA se achando!- exclamei indo escovar meus dentes.
O mesmo me esperava ainda na sala, com um outro boné em mãos, além daquele que já estava em sua cabeça.
- Olha- disse me parando e colocando o boné cinza, com aba preta em minha cabeça, virado pra trás. Confesso, ficou ótimo!- Pode ficar! É seu!
- Sério!? Vlw...ficou ótimo!!!
Elevador vazio, Yuri tira seu celular do bolso:
- O que vai fazer?- perguntei
- Foto!- tiramos uma foto nos espelhos do elevador.
Ficou perfeito. Ele com seu peitoral forte numa camiseta branca, calção jeans até o joelho e com seu boné azul de aba vermelha e eu parecido, só que com o boné de cor diferente e camiseta também (ambos com a aba virada para trás). Ele colocava seu cotovelo na minha cabeça, numa comparação de estaturas. Yuri sorria satisfeitamente e eu com um olhar de “ah meu Deus, não acredito que ele tá fazendo isso”. Antes de postar no face ele escrever na descrição:
“Meu garoto favorito!!”
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Luciel: nop..só por aqui msm! abraço
Raf@: q ótimo! continue por aqui ;) ! abração!!!
Ufa! acho que tds foram hahah! Obrigado a vcs msm <3...espero que gostem...quando vcs menos esperarem, eles vão se beijar hahaha até amanhã ;)
