Bruno:
A minha vida tinha virado um inferno. Desde o ocorrido eu não conseguia voltar a viver em paz, pois eu vivia com medo. Nem eu sabia direito medo de que, mas eu sentia medo, na verdade pavor de ficar sozinho. Nos primeiros dias, ainda no hospital tudo bem, mas quando fui pra casa, pedia pra minha mãe ficar comigo o tempo todo. Coitada, ela conseguia me dar atenção, mas era só sair do quarto que eu já começava a suar, meu coração acelarava, e algumas vezes eu até via vultos nas janelas, como se estivessem me observando, o que era loucura, já que estávamos no sexto andar.
Mesmo depois de algumas semanas, depois de saber que o Philipe havia tomado aquela surra monumental, mesmo assim meu medo não passava. O pior de tudo é que minha mãe tinha que voltar pra casa, já que ela tinha que trabalhar. Eu sabia que não conseguiria ficar sozinho, só tinha uma coisa a fazer:
- Você tem certeza Bruno?
- Não mãe, mas o que eu posso fazer? Sei que pra você é difícil entender o que eu sinto, mas eu não consigo ficar aqui sozinho, já tentei, mas não consigo.
- Eu entendo filho, mas e sua vida? Vai largar tudo?
- A faculdade eu vou trancar e o trabalho vou ver se consigo adiantar as férias ou então eu largo ele.
- Oh meu menino, sua vida vai parar... E mais como você vai resolver tudo isso ai, de cama?
- Vou dar um jeito.
- Ainda bem que aquele filho da puta teve o que mereceu por deixar você assim.
- Eu também estou tendo mãe, por não dar valor a quem me amava de verdade.
- E o Otávio? Será que já sabe?
- A senhora contou pro pai dele?
- Claro ué! Eles são quase da família.
- Então o Otávio sabe, o pai dele não deixa passar nada.
- Ele é apaixonado pelo filho, as vezes acho que até mais que pela esposa.
- Por que? Ele tá tratando ela mal?
- Não, mas é meio frio com ela as vezes.
- Nunca tinha reparado... Mas ele não deixaria de falar disso com o Otávio.
- Ele é um menino de ouro...
- É.
Depois de resolver o que podia ser resolvido, eu fui com minha mãe para o Rio. A vida ali era mais tranquila, talvez pela casa ser diferente eu não sentia tanto medo durante o dia, então minha mãe pôde trabalhar e eu passava o tempo na internet ou a dona Cecília, mãe do Otávio, ia ficar um pouco comigo, era tanto tempo juntos que já chamava ela de mãe e ela me chamava de filho. Ela parecia ainda meio avoada com relação a tudo o que se passou entre o filho dela e eu, mas era melhor assim.
Um bom tempo se passou e eu estava quase 100%, só as costelas que doíam um pouco as vezes, mas nada demais. Já podia fazer quase tudo, mas claro, pegando leve. Mesmo estando melhor eu não queria voltar, por mais que tivesse meus amigos, emprego e faculdade, não conseguia não ter medo ainda. Então nesse meio tempo eu pedi transferência para a unidade do Rio de Janeiro e completaria meu estudo ali. Também passei a procurar emprego, mas estava difícil de encontrar.
Toda essa mudança me causava muita tristeza e eu, por causa disso, quase não saia de casa. E para piorar a situação, ainda teve aquela ligação do Otávio que foi a pá de cal. Quando ele desligou o telefone eu não consegui não chorar. Eu realmente estava arrependido de trata-lo como se ele não fosse importante para mim... Talvez se eu tivesse voltado ali para o Rio nós estaríamos juntos... O pior de tudo era saber que ele me amava, que eu o amava, mas ele nunca voltaria pra mim, e eu nem pediria isso.
Um dia eu acordei com uma música alta que vinha da casa dos vizinhos. Estranhei na hora, já que o Sr. Marcos e a dona Cecília nunca faziam tanto barulho assim. Mascom certeza a fofoqueira da minha mãe sabia kkk.
- Boa tarde, mãe.
- Oi dorminhoco, boa tarde. Tudo bem, são 2 da tarde, isso são horas de acordar?
- Tudo sim, a senhora levantou e eu nem vi. Não consegui dormir...
- Tomou seu remédio?
- Não, devo ter esquecido... Mãe que bagunça é essa ai do lado?
- Nada, só um churrasco que eles estão fazendo.
- Ah maravilha! Estava com saudade de comer churrasco. Mas engraçado, a dona Cecília não comentou nada.
- Foi porque nós não fomos convidados.
- Desde quando precisamos de convite? Não estou entendendo. – minha mãe estava estranha, como se me escondesse algo.
- É besteira, deixa pra lá, me ajuda a colocar a mesa.
- Mãe, essa história está muito mal contada...
- Quer esquecer isso?
- O que a senhora está me escondendo?
- Nada.
- Então eu vou até lá ver o que está acontecendo. – Levantei da mesa e já ia para lá.
- Não! Pode sentar aí! Não estraga a festa dos outros... É o Otávio, ele embarca hoje para a Itália e é melhor você ficar aqui.
- Ele falou pra eu não ir?
- Não, mas nós achamos melhor.
- Hum... Eu não vou poder me despedir dele?
- Pra que Bruno? Ele não quer saber de você, melhor ficarmos aqui.
- Eu preciso me despedir dele.
- Essa hora ele já deve ter ido pro aeroporto, o voo dele sai às 15:30 hs.
- Porra mãe, a senhora ia mesmo deixar ele ir embora sem falar comigo?
- Mas ele quer assim. – Eu nem quis ouvir mais nada, peguei as chaves do carro e fui saindo. – Aonde você vai? – mas não respondi. – Volta aqui menino! Você não pode dirigir!
Continuei ignorando e sai correndo com o carro. Eu precisava me encontrar com ele, como eu queria dizer pra ele que ele era meu melhor amigo e eu amava ele, e também queria que ele fosse feliz. Eu estava desesperado, iria perder a oportunidade de falar com ele, então corri igual um maluco no transito, com certeza levaria algumas multas. Chegando lá eu precisava saber onde seria o embarque dele, que loucura! Fui correndo e quando cheguei perto eu vi a família dele parada acenando, ele estava entrando no portão de embarque. Ao chegar lá o vi andando de costas, como ele não olhava eu o chamei.
- Tavinho! – não só ele, mas algumas outras pessoas olharam para minha cara nessa hora, nem liguei, queria que ele viesse falar comigo.
Mas ele apenas se virou e ficou me olhando. Estava sério e seu olhar fixo em mim me mostrou que ele não estava entendendo o que eu estava fazendo ali. Ele desviou os olhos e mim e olhou para seus pais, abriu um sorriso e acenou para eles e disse que os amava. Depois olhou novamente para mim, o sorriso se desfez e deu pra perceber a tristeza em seu olhar, e entrou. Eu fiquei paralisado ali, queria muito chorar.
Otávio:
Eu não acreditei que ele estava lá. Quando o vi, tive que raciocinar bem para ver se era ele mesmo. Eu já estava conformado por não ter podido vê-lo antes da viagem e que não o veria mais por um ano, mas a vida me deu esse presente, lá estava ele: suado, esbaforido, cansado, desalinhado, contudo lindo! Só que, o que ele estava fazendo ali? Eu não tinha falado sobre a viagem, será que foi sua mãe? Será que tinha se arrependido de verdade? Mas isso não me importava mais, eu estava começando vida nova, uma vida sem ele.
Bruno:
Eu consegui pelo menos vê-lo, andando lentamente, eu vi meu amigo indo embora e não consegui não chorar.
- Meu filho, que bom que conseguiu chegar. Ele deve ter ficado muito feliz em te ver aqui. – Disse a mãe do Tavinho. – A amizade de vocês é muito bonita. – Alguns se entreolharam e eu percebi, principalmente Marcos, me olhando daquele jeito.
Ele não falava muito comigo desde que eu havia terminado com o Otávio e eu não insistia muito, mas depois do acontecido, e vendo como eu estava ele voltou a se aproximar, até seguiu a onda da esposa e passou a me chamar de filho também e claro, eu o chamava de pai.
- É sim Ceci, é bonita mesmo. – disse o pai dele, e para mim: – Filho, vai ser bom para ele estudar fora, arejar um pouco; e um ano passa rápido, quando ele voltar, tudo vai estar diferente. – Ele sabia de toda a história, o Otávio não escondia nada do pai.
- Vamos Bruno – disse a mãe dele, e foi me tirando de lá. Como doía a ausência dele, por mais que eu não estivesse falando com ele. – Porque você está chorando?
- Eu não pude falar com ele mãe. Vou sentir tanta saudade!
- Liga para ele amanhã. Eu vou pegar o telefone e você liga para ele, vocês conversam e tudo fica bem.
- Mas ele está longe mãe, vai ficar um ano fora, um ano sem ver ele.
- A vida tem dessas coisas Bruno...
Aquela semana foi difícil. Além de não conseguir falar com o Otávio, eu só consegui falar com ele no final da semana. Disquei pela milésima vez o número dele lá na Itália e a tal prima dele atendeu, o chamando logo em seguida.
- Ciao, Otávio parlando.- o sotaque dele italiano estava muito fofo.
- Tavinho, é o Bruno. – Ele ficou em silêncio, mas logo falou.
- Olha só! Bruno? É você mesmo?
- É ué. Não está reconhecendo mais minha voz?
- Bem, meses sem ouvir ela deu nisso.
- Me perdoa... Aquele dia no aeroporto eu queria só ter falado isso pra você mais uma vez: Me perdoa? Eu fechei meu coração e acabei afastando uma das pessoas mais importantes da minha vida.
- Quem? Eu?
- Claro né. É sério Tavinho. Como a gente deixou nossa relação chegar nesse ponto?
- Você não foi o melhor dos namorados e você sabe disso, ainda disse que não me amava...- ele suspirou - A nossa relação esfriou, na verdade nem sei se dá pra dizer que tem relação.
- Vamos deixar ficar fria?
- Como esquentar Bruno? Não tem motivo pra isso...
- Lembra da nossa amizade, lembra de como a gente era, lembra...
- Como vou esquecer? Bem, na verdade eu quero esquecer.
- Não Tavinho, o que a gente viveu foi lindo, foi maravilhoso, só foi uma pena eu não ter percebido isso. Mas a nossa amizade, poxa, nós crescemos juntos, nós passamos por um monte de coisa, nós ensinamos muito um ao outro. Um sempre foi apoio do outro.
- Como cara? Eu te amo e a melhor forma de esquecer esse amor é não me aproximando mais de você. Isso tudo me faz mal cara, sabe, ver você com esse filho da puta que te tirou de mim, foi doloroso demais, saber que ele te machucou quase me enlouqueceu... Eu queria você pra mim, mas não tenho, o que me resta? Resta minha carreira, agora na universidade, talvez o boxe, mas não tem mais espaço na minha vida pra você.
- Não fala isso...
- Sabe, só de conversar com você aqui eu já me sinto um idiota. Eu preciso me libertar de você. Vamos deixar como está, deixa, deixa tudo isso assentar, eu te procuro.
- Não Otávio, não vou ficar esperando você aparecer. Eu vou continuar falando com você, se você quiser responder, você responde. Você é meu amigo.
- Tudo bem... eu preciso desligar.
- Está certo... Até mais.
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Red: Quando a gente se apaixona é uma merda, e o Otávio é apaixonado... Mas ele não vai ser bobo assim sempre. Obrigado lindo.
Monster: kkkk gosta de porradeiro. Vai ter mais ainda, só esperar kkkk Abraço queridão.
William26:Sim, o Bruno cresceu e continua crescendo, agora vamos ver se vai ser suficiente para o Otávio perdoar ele ou não.
Flor de Maio:Obrigado querida. O Bruno está mudando, vamos ver se vai ter reconciliação. Bjão.
DanielMG: Obrigado queridão, faço o melhor pra vocês. Talvez esse tempo fora amadureça mais ainda o Brunão. Forte abraço, obrigado por comentar.
VALTERSÓ: Quando estamos apaixonado fazemos as maiores burrices não é mesmo meu amigo. O Bruno está aprendendo. Forte abraço queridão.
Plutão: Até que enfim alguém torcendo pelo Bruno kkkk. Mas as marcas foram profundas né, tomara que essa mudança do Bruno seja suficiente. Forte abraço.
Haliax: Realmente, ele precisava dar essa oxigenada na vida. E veremos os frutos. Abração querido.
Chria: kkkk Italiano gostosão kkk. No caso foi uma gostosona, o Otávio ama o Bruno, mas sua sexualidade ainda é complexa pra ele. Bju.
Rodrigopaiva: Ah coitado, matar ele não! kkkk. Obrigado pelo comentário. bju.
Safadinhogostosoo: Otávio é um bobão apaixonado, tem que aprender muito a se valorizar ainda. Abraço gostoso.
Regi1069: Também espero isso. Forte abraço.
Cintia C: Ele é demais né? É um lindão apaixonado.
Isaac.I. Também espero que ele cresça cada vez mais querido. Quem sabe isso não seja o bastante para o Otávio. Abraço.
Rogean: kkk foi ótima! também gosto de sangue kkk.
Negagata78: Acha que o Otávio ia deixar isso barato? Jamais! bju linda.
FlaAngel: Ta seguindo nessa linda, linda.
Gik: Me lembrou uma música: " olha o que amor me faz, fiquei tão boba fiquei assim, oh oh oh oh" kkkk O Otávio é um bobão apaixonado, por isso faz algumas idiotices. Abração querido.
Todos torcendo pelo italiano gostosão kkkk. Obrigado por estarem comigo queridos, e até amanhã.