Pelo canto do olho eu via o predador me encarando.
Eu - o que foi pô? (falei olhando pra ele).
Predador - se eu ti fizer uma pergunta você não me leva a mal?
Eu - faz. (falei apreensivo).
Predador - tu tem cara que curte uma pegada com outro macho ou é impressão minha?
Eu - ...
Predador me olhava com um olhar indecifrável.
Eu - por que essa pergunta mano? (perguntei terminando de engolir a pipoca).
Predador - é só uma pergunta pô. Não me leva a mal.
Predador continuava me olhando me deixando intimidado.
Predador - Precisa responder mais não bundinha. Não quero te deixar sem graça. (disse ele finalizando a conversa).
Eu não respondi nada. Aproveitei que ele não insistiu, e mudei o sentido da nossa prosa.
- vou pegar mais ''refri'' pra nós. (falei levantando).
Predador - hey. (disse ele segurando minha perna).
Eu - oi. (respondi nervoso).
Predador - trás uma geladinha pra mim.
Eu - beleza.
Fui ate a cozinha e de longe observava Predador vidrado na tv. Não queria que o predador tivesse algum preconceito em relação a mim. Meu maior medo era ser expulso de sua casa, já que eu estava empolgado morando ali.
Eu - aqui. (falei retornando e colocando a cerveja em sua mão).
Predador - valeu. (disse ele simpático).
Sentei e voltei a ver o filme.
Predador - fatos reais? (disse ele olhando para a tv).
Eu - o que? (perguntei, também, olhando para a tv).
Predador - esse filme.
Eu - sei não mano. Mas a historia dos imigrantes é verídica.
Predador - se fosse minha mulher eu matava esses caras ''tudin''. (ele referia-se a uma cena de tortura contra os imigrantes ilegais).
Eu - como matava pô se tu estaria amarrado?
Predador - eu dava um jeito. Quebrava essas algemas em dois tempos.
Eu - tu é ''fodão'' mesmo. (falei rindo).
Predador - claro pô. Vou deixar uns manés desses fazer isso com mulher minha? Nunca!
Eu - aposto que você ia matar os caras ''tudin''.
Predador - tiro de fuzil na cara desses covardes. (disse ele rindo).
Ele falava com veemência, e aquilo me fazia rir.
Predador - óh. Acabou! (disse ele fazendo feição de bebe).
Eu - quer mais?
Predador - se tu puder fazer.
Eu - posso sim mano. (disse pegando a tigela das mãos dele).
Predador deu pausa no filme, levantou-se e me acompanhou ate a cozinha.
Coloquei óleo na panela; Predador tirou um pacote de pipoca da dispensa e o depositou sobre a mesa.
- e tua família? (perguntei colocando o conteúdo do pacote na panela).
Predador - o que tem? (perguntou ele sentado na cadeira).
Eu - uai. Isso que to perguntando. Tu vive sozinho aqui?
Predador - e tem coisa melhor? (disse sem muito humor).
Eu - não sei. Nunca morei só.
Predador - é a melhor coisa do mundo.
Eu - to ligado. E a família?
Predador - porra! Tu é insistente pra caralho hen!?
O cara levantou, chutou a cadeira para longe e foi, ligeiro, para o quarto.
Eu fiquei sem entender o motivo daquela fúria. Sem pensar duas vezes, fui atrás dele.
Eu - hey. (falei entrando no quarto).
O cara não me respondeu.
Eu - me desculpa. (falei sentando na cama). Eu não sabia que essa pergunta ia te deixar desse jeito. Eu não fiz por mal.
O cara estava deitado na cama, mas não me olhava nos olhos.
Eu - eu não vou mais te encher o saco. (disse levantado da cama).
- Volta aqui. (disse ele antes de eu passar pela porta).
Eu - oi. (disse eu retornando).
Aproximei-me da cama, e finalmente o cara me observou. Porém ficou ali mudo.
Predador - eu... (ele tentava falar, mas travava).
Sentei novamente na cama.
Eu - hey pô. Relaxa. Não precisa falar nada não. Eu entendo e respeito tua intimidade.
Predador levou as mão a cabeça.
Predador - não tenho família. (ele disse baixo, mas o suficiente para que eu ouvisse).
Tentei falar algo, mas naquele momento minha voz ficou embargada.
Predador - sei nem o que significa essa palavra: Família.
Eu o ouvia atentamente.
Predador - eu vi com esses olhos aqui. Ele não podia ter feito aquilo com ela. Não tinha esse direito.
Predador, nervoso, falava coisas desconexas.
Eu - eu não entendi mano. Ele quem?
Predador - ele poderia ter ido embora. Poderia ter nos deixado em paz. Mas não. Ele preferiu acabar com a nossa vida.
Uma lágrima escorreu de seus olhos.
Eu continuava sem entender.
Eu - quem é esse cara mano?
Predador me olhou, sério.
Predador - o animal que dizia ser meu pai. Pai porra nenhuma. ( ele se levantou da cama, e começou a esmurrar a parede do quarto).
Eu - calma pô. Tu ta muito nervoso.
Predador - como tu pede pra eu ficar calmo porra? Não foi você quem viu sua mãe sendo morta sem poder fazer nada... E pelo cara que era o seu maior orgulho.
As peças começavam a se juntar em minha cabeça.
Eu - eu sinto muito.
Predador - Não! (disse ele ao mesmo tempo balançando a cabeça) Você não sente. (dizia ele lentamente). Você não me conhece, não sabe de onde eu venho.
Eu - Mas eu passei parte da minha vida vendo minha mãe sendo espancada. Eu não consigo imaginar minha vida sem ela.
Nessa hora, comecei a chorar.
Predador me olhava serio. Seus olhos estavam marejados. Suas mãos estavam sangrando.
Aproximei-me dele.
Eu - eu não sabia que tu havia passado por tudo isso. Eu não queria vasculhar teu passado assim.
Predador - mesmo que eu não lembre, ele vai sempre existir. (o semblante do predador era de tristeza).
Eu - é... (falei lamentando). Não da pra mudar o passado, mas da pra fazer um futuro diferente. Você tem um filho e pode dar a ele o orgulho que o seu pai não pode te dar.
Predador - podes crer. (disse ele secando as lágrimas). Ta sentindo um cheiro de queimado?
Tentei usar o faro.
Caralho. Esqueci das pipocas. (falei no susto e saí correndo de volta pra cozinha).
Chegando lá as pipocas haviam queimado de forma que ficaram grudadas na panela. Imediatamente, apaguei o fogo e abri a tampa pra fumaça sair.
Predador - caralho bundinha. Ficou tostadinha.
Eu - porra. Eu achei que tivesse apagado o fogo.
Predador - ta tranquilo, tem problema não.
Fiz menção a limpar a panela, mas o predador me impediu.
Predador - deixa isso daí pô. Amanha a diarista vem aqui e limpa tudo.
Eu - beleza. (disse enxugando as mãos em um pano de prato).
Predador - bora bater retirada que o dia hoje foi cansativo.
Eu - nem me fala velho. To muído.
Predador - então vamos cair na cama. (disse ele indo na frente).
Desliguei a tv, e também fui ao quarto; O Predador já estava deitado apenas de cueca.
Parei na frente da cama, e pensei em conversar com ele sobre minha procura por um apartamento.
Predador - vai dormir em pé? (disse ele irônico).
Eu - não!
Predador - então deita!
Tirei a camisa, e deitei no canto da cama. Não demorou muito e eu já estava dormindo.
xxXXXX
Senti algo alisando meu corpo, como na noite anterior. Uma mão forte passeava de cima pra baixo sobre minhas costas. Aquele movimento parou assim que chegou em minha bermuda. A mão, lentamente foi adentrando a minha cueca e a abaixando. Eu tinha medo de reagir e ser mal interpretado.
A respiração do predador era de uma pessoa que estava dormindo. Movimentei-me e a mão, rapidamente, saiu do meu corpo. Pouco tempo depois a mesma mão voltou a me acariciar. Predador passou a mão por volta da minha cintura e subiu sobre meu corpo, apoiando seu membro, ereto, na minha bunda.
O cara tentava não fazer muito peso. Talvez não quisesse me acordar.
Um movimento começou encima de mim, e eu sentia uma respiração acelerada por trás do pescoço.
Minha bermuda foi abaixada até o o joelho, e eu senti uma cuspida em minha bunda. Uma mão do predador servia de apoio e a outra levou sua rola até o meu traseiro. Aquele pau entrava lento, mas eu conseguia sentir cada centímetro.
Eu tinha que decidir se iria continuar fingindo que estava em um sono profundo ou então, acordar e encarar o predador. Nenhuma das duas possibilidades eram fáceis.
Continua...
