A Vida é pra ser Vivida #6 - Por Outro Olhar

Um conto erótico de Hyuuga5
Categoria: Homossexual
Contém 5381 palavras
Data: 23/09/2016 23:00:31

A Vida é pra ser Vivida #6

-Por outro olhar

NARRADO POR JP

Olá, meu nome é João Pedro, mas podem me chamar de JP, é como meus amigos me chamam. Eu sou bastante extrovertido, gosto de sair, rock, meu gênero favorito. Meu quarto que o diga hehehe. Definia minha condição sexual como bissexualidade, pelo menos era o que eu tentava dizer pra mim mesmo. Já tive um relacionamento rápido com um garoto chamado Jonas, foi o meu primeiro em tudo, e atualmente namoro uma garota chamada Amanda.

Minha vida tinha uma rotina bem monótona, mas tudo isso veio a mudar. No meio do ano minha mãe comentou comigo e meu irmão que um primo nosso, do interior, viria para Fortaleza cursar a faculdade de Direito e consequentemente, moraria conosco. De imediato não achei nada demais, nem sequer tive uma opinião formada sobre.

JP: mãe, qual deles? – perguntei curioso.

Mãe: É o Antonio. Você deve se lembrar dele da última vez que fomos à Barbalha!

Não me lembrava desse primo, a última vez que estive no interior foi quando tinha 10 anos, ou seja, oito anos atrás. Fui procurar no Facebook e fui stalkear suas fotos, quem nunca? kkkkkk. Com certeza era um homem que se destacava. Corpo sarado, mas nada exagerado, corte de cabelo estilo samurai (semelhante ao Safadão kkkk), barba por fazer e um sorriso no rosto. Não pude deixar de admitir que ele chama atenção por onde passa. E realmente não me lembrava dele. Acho que não esqueceria um homem daqueles.

Alguns meses se passaram para que finalmente ele viesse morar com a gente. E estava começando a ficar ansioso. Apenas vendo suas fotos, já imaginava que ele seria um cara muito gente boa. Minha mãe deu a ideia de que ele ficasse no meu quarto durante o período, até que ela retirasse a pilha de papeis que havia lá, já que minha mãe o fez de escritório. Não me incomodei, muito pelo contrário.

O dia finalmente chegou; ele já estava na cidade. Ligou avisando que já estava na rodoviária e fomos todos nós buscá-lo. Quando chegamos o avistei de longe e como as fotos mostravam, ele era muito bonito. Alguém que se destaca. Muito talvez pelo seu rosto, sua barba por fazer, cabelo comprido num estilo diferente, músculos ávidos. Chegamos e fomos logo o cumprimentando.

Mãe: Oh meu querido. Quanto tempo, que homem lindo que você se tornou. – falou abraçando-o.

Antonio: Oi tia. Quanto tempo. A senhora continua linda. – disse beijando-a no rosto.

Mãe: Esses são seus primos João Pedro e Miguel.

Ele nos cumprimentou com aperto de mão e quando foi minha vez, ele me olhou nos olhos, por um momento fiquei vidrado naqueles olhos castanhos, e sorriu. Eu sorri de volta. Não sabia o que falar. No caminho pra casa, minha mãe começou a fazer mil perguntas para ele. E eu já estava até com vergonha, pense numa mulher pra querer saber da vida alheia. Pode isso!?

Ele iria ficar no meu quarto. Minha mãe já tinha comprado uma cama anteriormente. Ter aquele homem ali do meu lado, todos os dias, cara seria uma tentação. Mas, nada disso JP, ele é seu primo e, além disso, você está engatando um relacionamento. Já pararam pra pensar que tudo aquilo que é proibido queremos mais? Então, meu desejo quando vi Antonio era conquistá-lo.

Não demorou muito pra arranjamos conversa, ele gostava das mesmas bandas que eu então começamos uma amizade rapidamente. Ele me parecia um pouco fechado, acho que isso acontece quando chegamos a um lugar desconhecido, mas logo foi se soltando, conversando mais.

Depois de dois meses depois eu e ele fizemos o vestibular de uma universidade aqui de Fortaleza. Fizemos para o mesmo curso, pra mesma faculdade. Depois de uns dias o resultado finalmente saiu. Nós dois passamos e eu não poderia ter ficado mais feliz. Iria para a faculdade e ainda iria estudar com meu primo. Estava realmente feliz.

Nossa convivência era boa. Ele era um cara legal. Sempre falava sobre animes, séries, ele via Bates Motel. Eu amo essa série. Freddie Highmore e Vera Farmiga arrasam na atuação e poucas pessoas assistem (pra quem não conhece, assistam não vão se arrepender). Mas um dia ele algo que me irritou bastante. Saí mais cedo da aula, pois não estava muito bem. Chego em casa mais cedo. Vou direto pro quarto e quando entro vejo a cena. Antonio estava mexendo nas minhas revistas. E não qualquer uma ele estava vendo a minha revista de conteúdo gay. Essa era meu segredo máximo. Nunca contei a ninguém que gostava de homens e daí vem o cara e fica bisbilhotando minhas coisas? Fiquei furioso com a atitude dele.

Um tempinho depois estávamos de boa de novo. Eu contei a ele que era “bissexual”, fiquei com medo, mas achei que depois dele ver minhas revistas, eu não tinha desculpa para dar. Ele pediu desculpas e eu aceitei. Mas não quer dizer que não fiquei com raiva. Fiquei sim e com razão.

Naquele mesmo dia resolvo investigar a vida de Antonio. Relembrando as stalkeadas que dei nas fotos dele no Facebook nunca o vi com nenhuma namorada ou com alguma peguete. Héteros adoram tirar fotos com as namoradas pra esfregar na cara de todos. Estranhei de cara. Alguma coisa me dizia que ali tinha coisa. Fiquei imaginando que ele poderia ser gay, mas olhava para ele e de nada tinha características. Sim, eu sei que nem todo homossexual tem trejeitos femininos, mas ele era muito machão para ser gay. Não tinha nada a perder. Então pergunto se ele já havia ficado com algum homem. Ele disfarça e diz que não, mas sua resposta não me convenceu. No entanto, deixei pra lá. Afinal, nem todo mundo que não namora é necessariamente gay. Acho que nossa sociedade meio que pensa dessa maneira, temos que parar, mas esse não era um caso desses.

Houve um dia inclusive que entrei no quarto e ele estava nu procurando uma roupa. Claro que eu não perderia esta oportunidade de ver aquele homem pelado. Então fingi que estava vendo algo no notebook e fico olhando. Aquela bunda redondinha e empinada. Cara, nossa família tem bundas muito bonita, mas a dele... Provavelmente por conta da academia. Ele tinha pelos nas pernas, um pouco na bunda e alguns pelos na barriga. Na boa, fiquei excitado na mesma hora. Desculpem-me aqueles que não gostam, mas pra mim, homem tem que ter pelos sim, é legal um cara depilado, sim, mas nada mais sexy que um cara gostoso com pelos. Infelizmente não deu pra ver seu membro direito (droga). Estava na cara dura mesmo olhando, já nem disfarçava, quando o percebo ficando animadinho com a minha presença. E então brinco com a cara dele:

JP: tem alguém animadinho aí. – dou o meu sorriso mais malicioso. Kkkkkk

E termino com:

JP: Bela bunda. – ele se veste rapidamente e apenas sorri envergonhado.

Pela noite resolvi ver um filme com ele. Resolvi investir. Deitei-me em suas coxas esperando algum sinal de vida do seu membro, mas percebo que ele se controlou. Então terminou o filme e fomos dormir. Ele se deitou e eu o encarei. Ele ficou desconcertado. E então eu fiz a pergunta. Saiu sem querer, quando vi, já tinha falado, já era.

JP: Antonio, tu curte homem?

Ele ficou extremamente envergonhado. Mas, com naturalidade e envergonhado, ele diz que SIM. Eu fiquei tão feliz, mas tão feliz que comecei a rir na mesma hora. Ele ficou bravo com isso, mas me defendi dizendo que era pela situação: dois primos com medo de revelar sua sexualidade ao mundo.

Insisti. E perguntei se já havia ficado com algum homem e ele confirmou que nunca. Antonio tinha um problema muito grave: ele tinha muito medo da exposição de sua sexualidade. Ele tinha medo. Eu também tinha, mas já havia ficado com alguns garotos. Claro que ainda não estou preparado pra dizer minha mãe, mas mesmo assim, ele ainda é meio paranoico com isso.

A resposta NÃO a minha pergunta me fez fazer algo que nem mesmo eu tinha pensado na possibilidade. Levantei-me fui até ele, peguei suas mãos, sentei em suas pernas e encostei meus lábios nos dele, passado o susto inicial, ele cedeu, me beijou de vez, me conduziu ao melhor beijo que dei em toda minha vida. Ele pegou minha cintura e juntou meu corpo ao seu. Foi algo mágico. Foi o primeiro beijo gay da vida dele. Eu queria ser seu primeiro, era algo que queria e fiz.

ALGUNS DIAS DEPOIS...

Eu o beijei, não conseguia parar de pensar no momento. Se continuasse com aquele sentimento seria um caminho sem volta. Mas, já era tarde demais, eu estava apaixonado por ele. Não tinha pra onde correr.

O nosso beijo nunca mais foi tocado em nossas conversas. Eu decidi não falar isso e Antonio decidiu respeitar meu silêncio, já que também não tocou no assunto. Depois disso, ele tentou fazer com que continuasse tudo como era antes, mas a verdade era que nada continuava como antes. Eu o desejava, eu o queria, eu queria beijá-lo novamente. E aquilo não daria certo. Tipo, ele veio para estudar, é meu primo de primeiro grau, nossas mães são irmãs. É quase impensável. Eu sei que existem milhares de héteros que casam com suas primas e vice e versa, mas quanto você está nessa situação as coisas são outras. São dois pesos e duas medidas. Não era possível algo acontecer entre nós. O que minha mãe iria dizer em relação a isso? Provavelmente sua reação seria péssima. E foi isso que fez me afastar aos poucos do Antonio.

Em outro momento...

O dia da minha formatura de ensino médio estava chegando. Estava muito ansioso. Sabe, era quase a minha libertação, minha transição entre a fase adolescente e a fase adulta. Tá, eu já sei que já tenho 18 anos, mas ainda estava no colégio (tudo pq eu repeti um ano no fundamental). E já ter ingressado na faculdade seria minha porta para o “mundo adulto”. Um pouco mais de liberdade, de autonomia. Quem sabe minha mãe poderia alugar um apartamento pra mim próximo à faculdade. Sei lá. Já estava fazendo planos.

Antonio me levou pra escolher minha roupa da formatura. Eu não queria que ele fosse comigo, mas como minha mãe não poderia ir, e ele tem habilitação, não tive escolha. Indecisão é meu sobrenome. Não sabia a cor da minha camisa: branca não, amarela muito chamativa, cinza meio mórbido, azul, definitivamente não. Então Antonio pega um camisa que já tinha provado. Era uma preta. Realmente linda. Vou contar algo: sim, a camisa era linda e amo a cor preta, mas estava de olho numa cor de vinho linda. Tinha combinado com Amanda que iríamos combinando, ela com o vestido e eu com a camisa na mesma cor. Mas quando ele me mandou experimentar a preta, eu não pude negar.

A camisa ficou ótima em mim. Gostei bastante. Ele ainda me disse que eu era lindo. A minha vontade naquele momento era beijá-lo, tocá-lo. Apenas poder abraçá-lo. Nos encaremos por alguns segundos mas as ele desconversou e esse foi o basta para que eu voltasse a razão. Ele era meu primo e querê-lo como homem não pode acontecer. Só que, estava apenas me enganando, eu já o queria como homem, ele já estava nos meus nos meus sonhos. E confesso que ele era o alvo dos meus pensamentos quando me masturbava. Ele já tinha me conquistado!

Eu não queria sentir aquilo. Eu sempre achei que era bissexual, mas nenhuma mulher poderia me fazer esquecer o Antonio. Nem mesmo Amanda, minha atual namorada. Isso me irritava, pois eu já começava a evitá-la. Não que eu não gostava dela, sim, eu gostava, mas não o que sentia por Antonio. Sentia-me sujo por estar enganando-a dessa maneira. Mas eu apenas queria fugir deste sentimento. Sentimento? Por que não digo logo amor? Eu o amo.

Antonio estava cada dia mais sorridente, procurando conversa comigo a todo o momento, parecia que ele também estava gostando de mim, ou algo do tipo. Eu estava sendo correspondido? Era isso? Sim. Porém, não podia me permitir sentir aquilo. Acabaria me prejudicando e prejudicando Antonio ainda mais. Ele morava na minha casa, caso acontecesse e engatássemos num relacionamento minha mãe provavelmente o mandaria embora de casa. Ele não conhece a cidade bem, a minha família era sua base aqui em Fortaleza. Como ele poderia viver sozinho? Meus medos e a incerteza me levaram a tentar esquecer meu amor por meu primo.

Certo dia percebi que ele iria entrar no quarto e resolvo conversar com Amanda. Finjo estar feliz, a chamo de amor. Fiz uma cena para que Antonio acreditasse que eu estava realmente apaixonado pela minha namorada. Não pude deixar de ver sua decepção. Doía estar fazendo aquilo, mas tinha que dar falsas esperanças a ele. Falsas? Não, essa não é a palavra certa. Ele teria todas as chances comigo, mas, eu estava protegendo-o. Pelo menos era isso que tentava me dizer. Ele ficou muito triste e não conseguia disfarçar. No momento em que disse que Amanda iria cursar Filosofia na mesma universidade que nós, ele ficou incrédulo. Impaciente. Provavelmente ficou chateado.

Uma grande verdade é que Amanda só fez o vestibular para filosofia por que eu iria pra faculdade de Direito. Queria ficar perto de mim. Pense numa garota que não tinha medo de arriscar. Quem não gostou da escolha dela foram seus pais. Eles queriam que ela fizesse Administração ou Finanças numa universidade particular, já que eles tinham uma empresa e tinham muita grana. Pra quem tem grana pra dar e vender, Filosofia é um curso que não condizia com a realidade daquela família.

O DIA DA FORMATURA

Estava numa ansiedade que só vendo. Aquela seria minha deixa para a minha nova vida. E lá em casa tava todo mundo feliz por mim. Até mesmo o Antonio. Ele já não demonstrava tanto que me queria, não aparentemente, me entristecia, mas minhas atitudes levaram a pensar isso. Era isso que realmente eu queria? Definitivamente não.

Estava me arrumando no quarto, modéstia parte, estava muito lindo. Eu me sentia muito bem. Toda vez que olhava para a camisa, eu sentia que Antonio estava mais perto de mim. Sei lá, coisa da minha cabeça. Eu achava que eu estava bem vestido, mas quando saí do quarto dei de cara com Antonio.

Cara, que homem. Ele estava simplesmente lindo. Vestido com uma blusa branca dobrada até o antebraço, essa blusa realçava seus braços, calça colada ao corpo e um tênis branco cano longo. Ele definitivamente sabia se vestir de uma forma simples, mas nem um pouco desleixado. Aparou sua barba que já estava um pouco grande e, naquele momento, o que mais queria fazer era dar um beijo nele, sentir sua barba roçar nos meus lábios. Eu fiquei encarando ele e ele também me encarou. Nossos olhos se encontraram e só paramos quando minha mãe nos chamou pra irmos.

Chegamos ao salão e estava tudo perfeitamente lindo. A escola onde eu estudo é um dos melhores colégios privados de Fortaleza, então não era pra menos. Estava tudo lindo. Assim que chegamos fui direto para onde Amanda estava.

A primeira coisa que fiz foi beijá-la. Eu sabia que Antonio estaria vendo. Esse foi um dos passos para que ele fosse viver a tão sonhada vida dele. Era engraçado até. Ele sempre tem essa história de “quero viver a vida”. Pergunto-me o que seria isso, pois até agora ele não fez absolutamente nada desde que chegou à Fortaleza. Mas, era apenas um pensamento meu. Não posso falar por ele.

Nem preciso dizer que Amanda reclamou bastante comigo sobre o nosso combinado.

Amanda: JP tu tá de sacanagem comigo ne? Cadê a porra da camisa cor de vinho? – falava estressada.

JP: não tinha essa cor na loja que fui. – dei a desculpa mais esfarrapada que encontrei. E nem liguei.

Ela ia começar a reclamar de novo, mas não queria que minha família percebesse a nossa pequena discussão, principalmente Antonio, e apenas a beijei e a fiz fica quieta com aquilo. Ainda bem, por que eu não aguento muito mimimi não, quer dizer, dos outros né. Já estava acostumado com esses excessos de pití dela, ela era muito mimada, mas naquele dia, não.

Finalmente consegui acalmar Amanda. Estava tocando uma música eletrônica depois que acabou a parte formal da cerimônia e a festa começou. Dancei muito mesmo, eu merecia. Bebi um pouco de champagne que estava sendo servido aos convidados. Dancei mais ainda.

Decidi apresentar Amanda a minha família. Levei ela contra vontade, pois ela disse que não estava na hora de apresentações formais e tals. Tanto que ela nem me levou pra conhecer os pais dela, não que eu quisesse, mas deixa pra lá. Apresentei a minha mãe. A garota que não queria ser apresentada estava ali se fazendo de melhor pessoa do mundo. Essa garota tem futuro na política, isso sim. Quando chegou à vez do Antonio. Meu Deus. Nunca passei um constrangimento tão grande, não que eu me lembrasse no momento.

Amanda: Nossa JP, beleza vem de família ne!?

Antonio: obrigado. Você é muito linda Amanda. JP soube escolher bem.

Quando ele terminou aquela frase, Amanda começou a rir incessantemente. Deixando todos constrangidos. O sotaque de Antonio foi o motivo. Ela não sabia que os cearenses do Sul do estado tem sotaque semelhante ao dos pernambucanos e achou que ele estivesse brincando. Ela finalmente se calou. Ufa! Quando ficamos a sós eu fui duro com ela:

JP: Amanda o que foi aquilo? – falei bravo!

Amanda: Qual é JP. Achei que o cara tava zoando. Qual cearense fala daquele jeito?

Decidi apenas ficar em silencio, por que se falasse alguma coisa eu a mandaria tomar no... Bem, deixa pra lá. Tinha que me desculpar com Antonio pelo acontecido.

Às vezes olhava para Antonio. Ele parecia impaciente, visivelmente não estava curtindo aquilo ali. Não sei se da música, da comida, da festa, mas provavelmente, de me ver ali com Amanda. Meu coração se partia, mas era algo necessário.

Mesmo me sentindo mal por Antonio, aproveitei bastante. Dancei demais com meus amigos, com Amanda. Então anunciaram a valsa com os pais. Fui buscar minha mãe, que estava linda. Quer dizer, ela já é linda, mas estava mais ainda. Dancei mais ou menos, não sei dançar muito bem, mas acho que cumpri o papel. Kkkk

Continuei dançando com a galera da minha turma, bebendo. Me desliguei um pouco e percebi que Antonio não estava mais na mesa com minha mãe e Miguel. Estava tentando ir perguntar minha mãe, mas Amanda não me largava. Depois de meia hora alternando entre dançar, beber e conversar com meus amigos consegui ir à mesa perguntar do Antonio.

JP: Oi mãe. Cadê o Antonio? Ele não está aqui?

Mãe: Ele disse que ia dar uma espairecida. Queria um pouco de calma e saiu lá pra fora.

De imediato não quis ir até ele. Queria deixar ele só um pouco. Muito provavelmente minha ideia de expor minha “felicidade” na cara dele, deu certo. Infelizmente, ou felizmente, sei lá.

Depois de uns vinte minutos, mais ou menos, fui lá fora atrás dele. No pátio em frente ao salão de festas ele não estava. Estranhei. Fui verificar na área próxima ao estacionamento. E foi lá que vi uma das cenas que mais me machucaram em minha vida. Antonio estava beijando Jonas. Aquilo foi demais pra mim. Passei uns três minutos, paralisado com aquilo que meus olhos estavam vendo. Não podia ser verdade. Isso não podia estar acontecendo. Saio dali. Volto para o salão.

Mãe: João Pedro o que houve? Que cara é essa? – estava pálido.

JP: Nada não. Vou falar com a Amanda e já volto.

Mãe: Espera! Vai chamar o Antonio de volta que já estamos de saída. Já é mais de meia noite, amanhã de manhã preciso trabalhar. Temos que ir.

Não queria rever aquela cena novamente. Mas, engoli seco, ignorei o misto de tristeza e raiva que estava sentindo e fui. Pensando que não podia ficar pior, quando chego para chamar Antonio, Jonas estava pegando no pau dele por cima da calça. Quando me viu, fez questão de olhar pra mim com uma cara de deboche. Pronto! Entendi tudo.

JP: Filho de uma puta, desgraçado! Ele apenas usou o Antonio para se vingar de mim. – pensei. Jonas nunca aceitou que eu tenha terminado com ele. Ele guardou durante tempos, um rancor de mim. Eu sei, eu também merecia esse rancor, mas o meu primo não merecia estar naquele jogo sujo. Senti nojo do Jonas.

Decido interromper.

JP: Antonio, estamos de saída. Minha mãe mandou chamar você. – quando ouviu minha voz, assustou-se.

Depois do aviso saí de lá o mais rápido que pude. Andava rápido. Antonio me chamava, mas não queria ouvir nada, naquele momento. Não ali, não queria saber de nada, não queria desculpas. Eu sei que ele, muito provavelmente, foi usado pelo Jonas para me machucar, mas Antonio também foi idiota de ficar com alguém sem ao menos saber. Idiota.

Ainda continuava andando em sua frente e sem respondê-lo. Sinto ele puxar meu braço. Mas me solto!

JP: Tu é um idiota. – falei.

MAIS TARDE...

Durante a volta pra casa, fui no banco da frente com minha mãe enquanto Antonio foi no detrás com Miguel. Em nenhum momento olhei pra ele ou sequer ousei a dirigi-lo a minha palavra. Estava com raiva, decepcionado. Por algum motivo, eu me sentia traído. Nem mesmo entendia o que estava sentindo. Só não queria ouvir nada do Antonio naquele momento.

Quando chegamos em casa ele tenta saber o que aconteceu. Estava trocando de roupa.

Antonio: JP, qual foi daquela reação no estacionamento? Eu já te disse que sou gay, e eu ficar com homens vai acabar acontecendo!

JP: Cara na boa, não fala comigo hoje não, por favor!? – disse sendo ríspido.

Sabe àquela sensação de vazio, que você perdeu algo que não pode ser recuperado? Estava sentindo ali naquele momento. Eu não entendia aquilo. Será que ver o Antonio beijando outro homem, me fez sentir ciúmes? Eu estava com ciúmes? Era aquilo? Não sei a resposta.

JP E JONAS

Antes de continuar vou falar um pouco sobre meu relacionamento com o Jonas.

Jonas estudou comigo no primeiro no do ensino médio. Fomos bons amigos durante aquele período. Fazíamos tudo juntos: trabalhos escolares, esportes, tudo. Éramos bons amigos. Porém, eu me apaixonei. Sabe aquela paixão de todo gay tem com o melhor amigo? Sim, essa era a minha. Tinha 17 anos, Jonas 16, mas ele sempre foi mais fortinho que eu, acho que sua descendência negra fazia jus. Jonas era um negro muito lindo. Seu sorriso conquistava, era muito popular com as garotas, mas nunca o vi ficando ou namorando nenhuma.

Passei mais de um ano guardando meus sentimentos para com Jonas, até que no segundo ano do Ensino Médio, resolvi investir. Ficava olhando seus olhos, fazia carinho em seu cabelo, dava beijos em sua testa quando estávamos a sós. Até que um dia, demos nosso primeiro beijo. Foi incrível. O primeiro beijo sempre marca claro que não foi o meu primeiro beijo realmente, eu já havia ficado com muitas garotas, mas ele foi o primeiro homem que beijei.

E tiveram inicio as pequenas “brincadeiras” de adolescentes descobrindo sua sexualidade. Começamos a nos masturbar na frente um do outro, nos beijávamos com mais frequência quando estávamos sozinhos. Ali surgiu mais que uma amizade.

Demorou pouco para que nós já nos víssemos com frequência. Eu já frequentava sua casa, quando seus pais não estavam em casa. E então aconteceu. Minha primeira transa aconteceu com um homem. Nunca tinha tido relações sexuais com nenhuma garota. Jonas foi o cara que decidi me entregar por completo. Transamos em sua casa, em sua cama. A partir dali eu fui uma nova pessoa que via o mundo de maneira diferente. Claro que a primeira vez de alguém nunca é realmente boa, ainda mais para dois sem experiência alguma, mas eu senti prazer, eu dei prazer a Jonas, nós dois fomos realmente bem naquele momento.

Depois da nossa primeira transa Jonas me pediu em namoro. Eu prontamente aceitei. Ficamos juntos uns meses. Decidi romper no momento em que ele quis dizer para todos que estávamos juntos. Eu não estava preparado para dizer que estava namorando um homem, ainda mais eu, que era constantemente visto ficando com as garotas mais lindas do colégio. Eu tive medo. E decidi terminar nosso relacionamento.

Depois do rompimento, Jonas se afastou de mim. E eu também me afastei dele. Não nos falávamos mais nem na sala de aula. Continuei levando a minha rotina. Ficava com garotas, mantinha minha fama de “pegador” dentro da escola. Mas nunca cheguei a transar com mulheres. Pra mim, eu dizia que era bissexual, eu gostava de homens, minha primeira vez foi até com um, mas também curtia mulheres, mas nunca tive o desejo de transar com nenhuma, não conseguia dar o segundo passo. Essa foi uma mentira que alimentei durante anos na minha vida. Eu sabia o que sempre fui: Gay.

Depois de alguns meses, Jonas decidiu se “assumir” para todos na escola. Ele foi corajoso realmente. Senti inveja dele, pela sua coragem. Logo comecei a ficar com Amanda, a maior patricinha da escola, mimada, rica, esnobe. Não sei o que me deu, mas eu achava que estava gostando dela. Permanecemos apenas ficando, até que resolvi pedi-la em namoro. Depois dali, foquei meus pensamentos nela. Evitei pensar em homens, mas de nada adiantou, acabei comprando uma revista de conteúdo gay para satisfazer meus desejos mais secretos.

Quando Antonio chegou do interior para morar em minha casa, o meu desejo por homens foi direcionado a ele. Ele já estava em meus pensamentos. Eu o imaginava nu, imaginava ele deitado em cima de mim transando, imaginava absolutamente tudo relacionado a sexo com ele. Quando ele me revelou que era gay fiquei muito feliz. Eu tinha chances com ele, pois percebia que ele me correspondia. Depois de mais de dois anos, eu voltei a beijar outro homem. Foi o melhor beijo que dei em minha vida. Eu o estava amando...

NO DIA SEGUINTE À FESTA DE FORMATURA

Acordei com o Antonio me remexendo na cama. Já estava irritando com tudo o que aconteceu ali e daí ele vem me acordar cedo! Não deu.

JP: qual é porra. – falei irritado!

Levanto e percebi que estava de pau duro, estava excitado, nem sei por que, mas acho que apenas pela presença de Antonio, ali me tocando foi o suficiente. Percebi que ele estava olhando e num momento de raiva:

JP: Tá olhando o que? Nunca viu um homem de pau duro na vida? Não viu o do Jonas ontem a noite? – ele apenas me mandou se foder. Eu merecia aquilo.

Só que minha dose de babaquice não parou por ali. Eu estava possesso, repensando naquilo tudo, não conseguia acreditar em minhas atitudes. Então começo o ataque novamente:

JP: Antonio, onde tu estavas ontem, sumiu da festa e ninguém te achou? Tava com alguma garota? – perguntava ironicamente. Não recebendo resposta, continuei.

JP: diz aí, qual a foi das garotas que tu pegou? Rolou alguma coisa a mais?

Eu sei, fui um completo idiota com essas atitudes, não sei o que deu em mim. Ele havia me confessado seu maior segredo (que ele é gay) e eu estava perguntando se ele tinha ficado com alguma garota, tentando pressionar para que ele dissesse que era gay. Mantendo a calma, Antonio não respondeu nenhuma das minhas perguntas.

MAIS TARDE NAQUELE MESMO DIA

Eu realmente estava louco naquele dia. Não conseguia parar de pensar no Antonio beijando, tocando o pau de Jonas, aquilo me dava asco. Sentia nojo. Eu que deveria fazer isso com ele. Eu quem ele deveria beijar, era o meu pau que ele deveria chupar, era o meu corpo que ele deveria possuir. Tudo isso estava me matando. Percebendo meu desejo a flor da pele, decidi ligar pra Amanda e a mandei vir aqui na minha casa.

Quando ela chegou fomos logo pro meu quarto. Tirei sua roupa apressado, ela não reclamou. Eu queria provar pra mim mesmo que eu não poderia ser gay, eu me conformava em ser bissexual. Fui tirando minha roupa, deitamos na cama e acabou rolando. Eu estava transando com ela. Quando Antonio chegou de repente no quarto. Amanda não percebeu, pois estava de olhos fechados, mas eu o vi. E o encarei e continuei o que estava fazendo. Ele percebendo o que estava acontecendo apenas saiu.

Quando acabei de transar com Amanda, a mandei embora imediatamente. Ela protestou, mas não dei bola. Deitei na cama, ainda nu, e chorei. Acho que não me lembro a ultima vez que chorei daquela maneira. Sentia-me sujo, imundo. Fui tomar banho e passei mais de vinte minutos ensaboando minha pele e ainda me sentia sujo. Voltei ao meu quarto chorei novamente e acabei dormindo.

Acordo com Miguel me chamando:

Miguel: João Pedro? – falava enquanto me balançava de um lado pro outro- até que acordo.

JP: o que foi moleque, vai encher o saco de outro!

Miguel: JP, o Antonio saiu e ainda não voltou! – fala num tom preocupado.

JP: o que? E pra onde ele foi?

Miguel: Não sei. Ele veio aqui em casa e depois saiu correndo e ainda não voltou.

Imediatamente lembrei-me dele abrindo a porta e me vendo transar com Amanda. E saindo dali. Comecei a ligar pra ele, mas nada dele atender. Chamava, chamava mas nada dele atender. Eu só pensava no pior: ele foi assaltado e roubaram seu celular, ele foi morto, ele foi atropelado, ele se perdeu pela cidade. Pensava apenas no pior.

Como não estava conseguindo falar com ele pelo celular saiu pelas ruas próximas. Nada d’eu encontrá-lo. Fui à praça que havia no bairro, fui a um hospital próximo onde moramos, fui a algumas lojas, mas nada de encontrá-lo.

Cada minuto que passava eu estava ficando louco, sempre pensando na pior hipótese. Minha mãe chegou em casa lá pelas 21 hrs. Falei o que estava acontecendo e ela começou a ligar pra ele. Nada. Apenas chamava e nada dele atender. Começamos a ficar em pânico pensando que tinha ocorrido algo de grave com o Antonio. E provavelmente a culpa era minha. Eu o machuquei como nenhum outro. Sentia culpa.

Minha mãe começou a ligar para os hospitais dos bairros próximos para saber se algum paciente com o nome de Antonio chegou ali. Falou com um delegado da polícia, mas ele aconselhou que esperássemos 24 horas para o caso ser considerado desaparecimento.

Andávamos de um lado pro outro. Eu já chorava e minha mãe também. Miguel apenas olhava apreensivo, mas demonstrando nervosismo também. Já passava da meia noite e ainda não tínhamos noticia dele. Estávamos sem chão. Quando alguém liga pra minha mãe.

Mãe: Antonio? Oh meu Deus garoto. Você quer me deixar louca de preocupação? Onde você estar?

Antonio: Desculpe tia. Acabei perdendo o rumo.

Pego o telefone das mãos da minha mãe e falo.

JP: Antonio, você está bem cara? – pergunto preocupado.

Antonio: ... Sim.

Mãe: filho me diz onde você está que irei te buscar.

Minha saiu depressa e foi ao encontro de Antonio. Passou quase 1:30 quando escuto o carro chegando na garagem. Antonio entra dentro de casa.

A minha reação foi imediata: o abracei e chorei. Chorava de alegria por nada de ruim ter acontecido, por ele estar vivo. Ele me abraçou de volta.

Minha mãe passou uns trinta minutos brigando com Antonio. Dava pena até, mas ele realmente mereceu. Porra se vai encher a cara num bar, pelo menos avisar né! Mas, eu tive metade dessa culpa. Foram minhas ações que fizeram sair de casa sem rumo.

Apenas o esperei voltar pro quarto. Ele entrou calado, quieto. Não falou nada e nem eu quis dizer nada naquele momento. Eu estava tão feliz por ele estar bem. Foi um alivio. Quando ele estava prestes a pegar no sono, levantei-me e depositei um beijo em seus lábios. Eu quis aquilo, eu fiz por que era uma forma dele saber que estaria ao lado sempre, independente de tudo. Dormi tranquilo.

No entanto, tenho que mudar, não posso continuar brincando com ele assim. Vai ser melhor pra nós dois.

CONTINUA...

Façam uma ótima leitura. Se tiver erros graves depois corrijo. Um abraço apertado <3

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Hyuuga5 a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Obrigado pelos comentários. Que bom que estão gostando ❤

0 0
Foto de perfil genérica

Adorei o capítulo! Se JP queria proteger realmente Antônio, que abrisse o jogo com ele! Agr, fica fazendo o garoto sofrer! Jonas é outro idiota! Continua logo!

0 0
Foto de perfil genérica

DESCULPEM: LEIA-SE "MAIS" ONDE SE LÊ "MASI". DETESTO ESCREVER ERRADO.

0 0
Foto de perfil genérica

JP É UM GRANDE BABACA. MERECE SOFRER MUITO E LOGO. QUEM DISSE QUE ANTONIO PRECISA DA SUA PROTEÇÃO. VC É UM COVARDE ISSO SIM. O JONAS TB MAU CARÁTER MASI SAIU DO ARMÁRIO. JP E JONAS USARAM O ANTONIO ISSO NÃO SE FAZ. VÃO PRECISAR PAGAR PELO QUE FIZERAM. ANTONIO PARTE PRA OUTRA E SEJA FELIZ DEIXA O JP SER DOMINADO PELA PATRICINHA DA AMANDA. ELES SE MERECEM. SE FOR O CASO SAIA DESSA CASA E VÁ VIVER A SUA VIDA. VC MERECE SEER FELIZ. QUANDO O JP RESOLVER SUA IDIOTICE SERÁ TARDE DEMAIS PRA ELE.

0 0
Foto de perfil genérica

JP e Antônio estão muito confusos e isso é um saco, espero que tudo se resolva entre eles! Abç

0 0