Boa noite queridos. Vou ter que deixar pra responder os comentários para o próximo, estou morto de sono...
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Realmente foi difícil, a princípio ele não me respondia, depois ele foi se soltando aos poucos. Conversávamos sempre, na verdade eu perturbava ele, deixava uma mensagem para ele e ele respondia, mas não com o mesmo ânimo que eu. Via que ele realmente queria distância de mim, mas eu não ia permitir perder meu amigo. Aos poucos fomos nos acostumando com a nova forma de conviver, de se comunicar, de viver nossa amizade. Tudo foi ficando mais natural, uma vez por semana, de quinze em quinze, ou quando algo importante acontecia. Não estávamos nem frio nem quente, mas uma relação morna.
Mas o destino queria dificultar mais as coisas pra mim. Minha mãe, no mesmo ano que foi embora, descobriu um problema no pulmão e ficou difícil estudar, trabalhar e cuidar dela, mas pela minha rainha eu faria tudo, até mesmo sacrificar horas de sono. Nesse período me aproximei ainda mais da família do Otávio, eles realmente foram minha família e ajudaram a cuidar da minha mãe com carinho e solicitude.
Com sua melhora, os médicos propuseram um tratamento em São Paulo, então eu nem pensei duas vezes, fiz minhas malas novamente, agora com minha mãe do lado e voltei pra Sampa. O tratamento era bom, mas derrubava a minha rainha, a deixava fraca e tinha crises a noite, o que exigia mais ainda de mim. Felizmente um amigo do Marcos conseguiu pra mim um emprego, não era lá essas coisas, mas dava pra eu conseguir manter minha mãe e eu. O bom que em meio a essas dores, eu tinha ele.
- E a tia? Como está? – perguntou ele.
- Bem, ainda de cama, mas o médico falou que com os medicamentos aos poucos ela vai melhorando.
- Vai sim, ela é forte... E você? Está bem?
- Estou, mas é horrível ver ela assim. E ainda mais que tenho que acordar várias vezes para dar remédio, ou vigiar para ver se ela está bem... estou cansado.
- Eu imagino, mas ela vai sair dessa.
- Eu sei que vai... E ai? Como está tudo? Faz uma semana que você não fala comigo...
Eu estava com saudade dele! Queria logo ter ele de volta, na verdade estava pensando em como ele era um ótimo namorado, cogitava tentar ter ele de volta como namorado, as vezes achava que seria uma boa ideia. Mas o ano estava quase se completando e ele não voltava, e nem dava sinais disso... Um dia perguntei a ele:
- Tavinho, quando você volta? A gente poderia viajar juntos, faz séculos que não fazemos isso.
- Então Nuno, eu queria mesmo falar isso pra você. Tenho uma novidade incrível!
- Fala logo que está me deixando ansioso.
- Eu consegui uma bolsa aqui, vou conseguir terminar meus estudos aqui na Itália, não é maravilhoso? – Nossa! Que balde de água fria! Eu fiquei arrasado, feliz por ele ter conseguido, mas arrasado por continuar longe dele...
- Nossa! Que incrível!
- Pois é, e você nem sabe, meu professor ainda conseguiu um estágio boladão, onde vou ganhar uma nota. É, seu irmão está crescendo!
- Que bom Tavinho, fico muito feliz por você. Só que eu estava com saudade né... Mas que bom que conseguiu, tenho muito orgulho de você.
- É, isso me impede de ir ao Brasil por enquanto, mas logo logo nós nos veremos.
- É verdade, espero que em breve né. Pow cara, tenho que resolver umas paradas aqui, então nos falamos depois, ok?
- Está certo! É sempre bom falar com você, irmão.
- Pode contar comigo, qualquer coisa só falar, você é meu amigo.
- É verdade, meu melhor amigo. Amo você cara.
- Até mais Brunão.
Aquilo me magoou. Eu estava esperançoso que ele voltaria logo, mas não... sei lá quando agora ele voltaria, pelo menos ficaria por mais dois anos. Mas eu não podia falar nada, não podia reclamar nada, foi tudo culpa minha ele ir embora.
As surpresas do Otávio não parariam por ai. Os meses foram se passando e ele já tinha seu apartamento, agora morava novamente sozinho. Depois de seis meses foi efetivado no estágio e estava ganhando bem mais, agora era bem de vida, tinha um carro, uma casa legal e eu só via as fotos dele nas noitadas italianas, praias italianas, restaurantes italianos; sempre acompanhado, e sempre acompanhado por homens maravilhosos. Eu sentia ciúme, com certeza eu gostava dele ainda, eu adorava conversar com ele, adorava quando ele me dava atenção, adorava quando me elogiava, nada nele me irritava, nada nele me entediava. Talvez fosse carência, já que eu estava a quase um ano sem sair com ninguém. Mas a coisa iria piorar.
- Oi branquinho lindo, o que você manda? – cumprimentei ele via skype.
- Tenho uma novidade pra você, na verdade quero seu conselho.
- Diz ai, se eu puder te ajudar...
- Olha essa menina. – Ele me mandou a foto de uma garota linda demais, era loirinha, olhos verdes, peituda, parecia ter um corpão, parecia modelo. – O que acha dela?
- Como eu vou saber o que acho, não conheço ela, mas é bonita.
- Linda né?
- Sim, por quê?
- A gente esta pensando em namorar – só ouvir aquilo já fiquei com raiva.
- Tá louco Otávio?! Como você vai namorar uma menina dai? Você daqui a pouco vai vir embora e vai deixar a coitada por ai?
- Isso é verdade, mas sabe, a gente se gosta e já está saindo a um tempo, quero ficar com ela e aproveitar esse tempo que temos juntos.
- Eu acho maluquice, mas já que você quer, quem sou eu pra falar algo contra.
- Você é meu irmãozão! Mas você acha mesmo loucura? – detestava quando ele me chamava de irmão.
- Acho! Ainda mais que você tem um monte de coisas ai pra fazer; tem o trabalho, tem a faculdade, ela vai se sentir meio deixada de lado né?
- Que nada, a gente sabe aproveitar bem o pouco tempo que temos juntos, ela não reclamou e qualquer coisa a gente dá um jeito. Tirando que ela é gostosa demais, você não tem noção.
- Olha a minha cara de interesse por gostosas, Otávio! Você sabe muito bem do que eu gosto. Nem sei porque você está me pedindo conselhos sobre mulheres, porque não pede pra um dos seus amigos dai? Com certeza eles vão te auxiliar melhor do que eu.
- Não estou entendendo porque você está irritado? Você é meu irmão cara, ou eu me enganei? Não posso pedir sua ajuda, seu conselho?
- Desculpa, você tem razão.
- O que está acontecendo? O que está te estressando?
- A solidão talvez, acho que estou carentinho.
- Volta pro seu príncipe encantado, ué! – Fiquei em silêncio. Como aquilo me irritava!
- Como você pode dizer uma coisa dessas?!
- Ué? Pensei que já tinha perdoado ele...
- Por que você faz isso Otávio? Não já chega de me machucar? Quer saber, tchau.
- Não fica assim Bruno, desculpa, peguei pesado.
- É... depois nos falamos.
- Ok. Fica com Deus.
Ele sabia me machucar onde doía mais. Tocar a ferida e fazê-la sangrar novamente. Durante todo esse tempo eu nunca senti o carinho do Otávio novamente, ele sempre se manteve frio, mesmo nas brincadeiras, etc. E agora tinha mais essa... Ele realmente pediu a anoréxica feiosa em namoro. Nossa que raiva eu senti dele e dela, tanto que fiquei uns 15 dias sem falar com ele. Mas eu não conseguia ficar muito tempo sem falar com ele. Mesmo chateado com ele por esse namoro, o qual eu sabia que não ia durar muito, aquela palhaçada, continuei falando normalmente com ele, só fugia quando ele falava da namoradinha dele. Também odiava ver as fotos dos dois, mas fazer o que?! Eu que escolhi isso, agora teria que aturar.
No meio do ano eu já estava uma pilha, tinha o trabalho de fim de curso para fazer, tinha projetos no trabalho para concluir, minha formatura para acertar e ainda tinha o Otávio me infernizando com essa namorada dele. Toda hora ele vinha me contar alguma coisa daquela lambisgóia. Finalmente eu consegui me livrar da faculdade pelo meio de outubro e já estava quase tudo pronto para a formatura. Tirei as fotos, organizamos a festa e por fim colei grau. Foi maravilhoso ter meu diploma nas mãos, uma sensação de dever cumprido, de realização.
A minha formatura chegou e eu estava mais do que ansioso para a vinda do Otávio. Finalmente, depois de quase dois anos nos iríamos nos ver novamente. Aquele dia foi uma loucura, eu arrumei a casa, preparei comida para ele, preparei tudo e quando foi se aproximando o horário dele chegar foi me dando um frio no estômago enorme e eu acabei indo para o aeroporto uma hora antes. Como eu demorei para me arrumar! Todas as roupas estavam horríveis, nenhuma ficou boa, mas eu acabei dando um jeito em tudo. Arrumei o cabelo e finalmente estava pronto para receber ele.
Ele tinha ido no dia anterior para o Rio matar a saudade da família e naquele dia iria para sampa para ficarmos juntos, na verdade, ele iria só para a minha formatura, mas pra mim era pra ficarmos juntos. Eu faria minha parte para reconquistar meu amor, mas tudo dependia dele.
Quando o vôo dele chegou eu fiquei louco. Corri para o desembarque e fiquei olhando, esperando ele aparecer. Demorou uns minutos e eu o vi. Meu Deus, como estava lindo! Aquele menino estava um homem, estava mesmo com cara de gringo, parecia um artista. Eu corri e fui abraçá-lo. Ele abriu um sorrido enorme e veio correndo ao meu encontro também. Finalmente o tinha de novo em meus braços, ali colado a ele nem parecia que tinha se passado dois anos, ele era meu Tavinho, meu gatinho, meu amor.
- Você está lindo maninho - disse ele no meu ouvido.
- Você que está lindo demais, a Europa te fez muito bem!
- Mané eu sempre fui lindo kkk.
- É, contra fatos não há argumentos.
- O que? Você concordando comigo? Quem é você e o que fez com o Bruno?
- Otto, mi hai dimenticato?
Ouvir aquela voz foi um balde de água fria. O que a lambisgoia estava fazendo ali?
