AMOR DE PESO - 01X16 - GORDINHO ENCRENCADO - PARTE 2 (FINAL)

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 3669 palavras
Data: 24/09/2016 02:20:55
Última revisão: 22/11/2020 04:51:10

Pai e Mãe,

Vou virar comida de jacaré. Pelo menos, vou morrer ao lado do Zedu. Mas, que morte horrível e impactante. Será que vai doer?

***

Pouco a pouco, os jacarés se aproximavam de nós. O Zedu ficou na minha frente e pegou um graveto para tentar afugentar os animais. Olhei em volta para ver uma rota de fuga e o único jeito era escalando um outro barranco, mais alto do que aquele que caímos.

A forte chuva atrapalhava a nossa visão e enchia com uma velocidade assustadora o local onde estávamos. A água já batia no nosso joelho. O Zedu gritava com os jacarés, achando que assim, os mesmos iam embora, mas eles só se aproximavam de nós, usando a água a seu favor.

— Corre!!! — falei puxando o Zedu para a direção oposta aos jacarés.

Mesmo sem entender, ele me seguiu e tentamos subir o barranco íngreme. Fui primeiro e consegui segurar em uma raiz de árvore, virei para trás e dei a mão para o Zedu. Eu não pude acreditar no que vi, um dos jacarés mordeu o pé direito do Zedu.

Eu nunca estive em uma situação dessa, de vida ou morte, não sou a pessoa mais indicada para tomar qualquer tipo de decisão drástica, porém, quando estava segurando a mão de Zedu e, o vi em dor, pensei rápido. Agarrei um pedaço de ferro, que estava ao meu lado, e taquei na cabeça do animal.

Infelizmente, a mordida no pé de Zedu causou um grande ferimento, mas não tínhamos tempo para ficar parado. Bati pela segunda vez na cabeça do jacaré, com mais força e urgência, ele, finalmente, recuou e se juntou aos outros.

Com uma força descomunal, consegui puxar o Zedu para perto de mim. Ele estava em choque, não conseguia chorar ou gritar, apenas tremia e olhava assustado na minha direção. Tive que tomar a dianteira e o ajudei na subida.

Eu já tive várias ideias de merda durante a minha doce existência, entretanto, essa foi sem dúvidas a pior de todas. Com pressa, devido ao ferimento do Zedu, não olhei para onde estávamos indo, foi quando um pedaço de terra se desprendeu e nos lançou dentro de um igarapé.

Dessa vez não doeu tanto, mas não foi fácil. A correnteza nos levou rio abaixo, para a minha surpresa, conseguia ver vários jacarés no trajeto. Com dificuldade, consegui nadar até Zedu. Bati várias vezes em pedras que estavam no caminho, uma delas me acertou na costela, apaguei por poucos segundos e, quase me afoguei, porém, o Zedu me puxou.

— Nós vamos morrer!!! — Zedu gritou, pela primeira vez, desde a mordida.

— Para com isso! — gritei engolindo um pouco de água.

Estávamos entregues ao rio, ele nos arrastou por um longo trajeto. Me separei do Zedu duas vezes e sempre precisava nadar para perto dele. O rosto dele não conseguia esconder o medo, então, comecei a gritar palavras de encorajamento. "Vamos conseguir", "Tenha fé", "Precisamos ser fortes". Acho que nem eu acreditava naquelas palavras.

***

A chuva só piorava e os raios se faziam presente também. O Guia chegou com dificuldade na administração, a minha tia se assustou ao ver a perna do homem quebrada. Ele sentou e avisou o que havia acontecido. O chefe do Parque ligou, imediatamente, para o Corpo de Bombeiros para avisar a situação. Titia saiu correndo em direção a trilha e foi impedida por Carlos.

— Você não pode ir.

— Carlos, eu preciso ir. É o meu sobrinho. Me solta. — ela pediu chorando e assustando o Richard.

— Pensa direito. A chuva está muito forte, por favor. Eu vou. Fica aqui.

O desespero pode mudar o rumo das coisas. Giovanna e Diogo chegaram com os documentos da tia Olivia. Eles a encontraram chorando no chão e correram para saber o que estava acontecendo.

Giovanna e Diogo chegaram, viram a tia Olivia chorando jogada no chão e correram para ver o que havia acontecido.

— O que aconteceu com o Richard?

— Não foi o Richard. — explicou Carlos tirando uma das blusas e saindo para encontrar os outros guias do Parque.

— Quem? — perguntou Giovanna para tia Olivia, quase chorando.

— Yuri. Ele caiu em um rio cheio de jacarés. — tia Olivia disse tirando os óculos e enxugando às lágrimas.

Sim, não tem como manter a calma em um momento de desespero. Zedu e eu, tentávamos alcançar a margem, porém, não conseguíamos enfrentar a correnteza. Depois de um tempo, a água ficou mais tranquila e conseguimos chegar ao leito do rio. Ficamos deitados na lama, descansando, quando o Zedu levantou e tentou correr com medo dos jacarés.

Levantei, pois, a adrenalina ainda estava correndo pelo meu corpo e o ajudei. Acho que ele ficou traumatizado por causa da mordida, mas quem não ficaria?

— Yuri, vamos sair daqui, por favor, por favor. Estou implorando. — soltou Zedu chorando e andando com dificuldade.

— Zedu, estou aqui. Vamos para uma parte mais alta.

Chegou uma parte cheio de pedras e, devido ao ferimento, o Zedu não conseguia andar. Ele ainda estava assustado por causa dos jacarés, então, o segurei no colo e atravessamos o terreno acidentado.

As mãos dele envolveram meu pescoço, os nossos olhos se encontraram por alguns segundos. Tentava ser a pessoa mais corajosa do mundo para acalmar o Zedu. Achei um rochedo enorme e o coloquei em cima para verificar seus ferimentos.

— Ele fez um estrago. Vai embora. Antes que apareçam outros. — pediu Zedu tremendo de frio.

— Não fala merda, José Eduardo. A gente vai ficar bem. O guia já deve ter falado com as autoridades e vão vir nos resgatar.

O jacaré conseguiu deixar uma grande mordida no pé dele. A força foi tanta, que o tênis do Zedu não estava mais lá. As marcas estavam mais na parte de trás da perna, mais conhecida no Amazonas como a "batata da perna".

Achei que ficar ali poderia ser perigoso, pois, o leito do rio não estava tão longe e os jacarés poderiam aparecer. O Zedu levantou com muita dificuldade, deu dois passos e caiu no chão.

— Zedu! — gritei e sai correndo para o ajudar. — Vem. — o levantando.

— Eu não vou conseguir andar, Yuri. Eu não quero parecer frouxo, mas tá doendo muito. — ele disse chorando.

— Ei. — falei pegando delicadamente do rosto do Zedu. — Você já viu o meu tamanho? Eu consigo te carregar fácil, José Eduardo. Só precisamos cobrir seus ferimentos. — tirei minha blusa e arranquei às mangas para fazer um torniquete.

Cara, sério. Nunca mais vou falar mal das aulas de educação física. Lembrei de todos os ensinamentos sobre torniquete e consegui fazer um meia boca. Usei o tecido da minha camisa, gravetos e folhas. Vi, de relance, o Zedu mordendo a mão para não gritar e chamar atenção de animais.

Tentei ser forte, juro, mas, enquanto fazia o torniquete, lágrimas desciam pelos meus olhos. Aquilo estava fora da minha realidade e, graças a Deus, não esqueci de coisas importantes como, por exemplo, a aula de sobrevivência.

Não sou uma pessoa forte, no quesito emocional, mas ver o Zedu sofrendo, de certa forma, me machucava também. Ele tentava passar uma segurança que não existia. Se pudesse trocar, de verdade, seria eu a pessoa mordida.

Os bombeiros chegaram para realizar as buscas. O Carlos já havia olhado o local que caímos, porém, os jacarés continuavam lá. As águas já haviam tomado de conta da área, mas os bombeiros conseguiram encontrar o tênis do Zedu boiando.

— Vocês conhecem aquele tênis? — perguntou o bombeiro para Carlos e Diogo, que acompanhavam o trabalho dos bombeiros.

— É. — Diogo não conseguia formular uma frase, pois, sabia o que ela podia significar. — Esse tênis é do meu colega. É um tênis de corrida. Ele...

— Senhor! — gritou um outro bombeiro chamando a atenção de todos. — Ouve um deslizamento naquele barranco de trás, conseguimos encontrar marcas de pegadas. Acho que eles subiram, mas devem ter sido arrastados pelo barro e caído no rio. Já acionamos auxilio aquática.

— Ok, obrigado. Vamos preparar pessoal! — gritou o bombeiro que estava ao lado de Carlos e Diogo.

— Tem algo que podemos fazer? — quis saber Carlos.

— Fé. Mas, apenas o fato deles escaparem dos jacarés já é algo positivo. Com licença. — pediu o bombeiro falando em um rádio portátil. — Atenção, quero aquele tênis que está na água, verifiquem a área para outras pistas. Ah, liguem para o Ibama, parece que tem um macaquinho com uma das patas quebradas.

A tia Olivia avisou aos pais do Zedu sobre o desaparecimento do filho. Ulisses e Teodora ficaram em choque ao verem o tênis do filho caçula.

— Comprei esse tênis ontem. Eu... — Teodora não conseguia falar e foi amparada pela titia.

— Calma, amor. Por favor. — pediu Ulisses tocando no ombro da esposa.

— Ter calma, Ulisses. Como eu posso ter calma? O nosso filho está perdido nessa floresta.

***

Notícia ruim chega rápido, né? Ramona e Letícia voltaram do salão e decidiram lanchar na padaria. A Dona Helena, proprietária do local, avisou sobre o nosso desaparecimento e elas seguiram para o Parque do Mindu. Nem se importaram com os cabelos que acabaram de fazer.

A chuva prejudicou o início das buscas, os bombeiros estavam tendo cautela para que outros acidentes não acontecessem. Enquanto isso, a gente se abrigou dentro de uma parte fechada da floresta. Pela primeira vez, senti frio em Manaus. O Zedu tremia também, então, ficamos protegidos de baixo de uma árvore.

— Yuri, quero me desculpar com você. — soltou Zedu encostando a cabeça no meu ombro.

— Porquê?

— Por ser um babaca contigo. Por não ter sido mais duro com o Brutus. Por não evitar que as pessoas te machucassem. Eu sinto muito. Desculpa, por ser fraco.

— Bem, pelo menos, você não se afastou de mim.

— Eu não poderia. Você é o meu melhor amigo. — Zedu segurou minha mão e nossos dedos se entrelaçaram.

— Zedu...

— Oi, Yuri?

— Estou com medo. — falei apoiando minha cabeça sobre a dele, que continuava repousada no meu ombro.

— Eu também. — ele respondeu.

Os jornais começaram a noticiar o desaparecimento de dois estudantes no Parque do Mindu. O Brutus ficou chocado quando viu nossas fotos na televisão, porém, decidiu não ir até o parque.

Naquela tarde, ele havia combinado de jogar com os colegas da escola. João ficou feliz quando viu a notícia do meu desaparecimento.

— Os gays merecem morrer. — ressaltou João. — Pena que o Zedu está no meio.

— Credo, João. — disse Lucas, repreendendo o amigo. — Nem parece que é da igreja.

— Verdade, o Yuri é uma boa pessoa. — Brutus também me defendeu.

— Vão ficar do lado do maricas? — perguntou João deixando o controle no chão.

— Não. — falaram Lucas e Brutus, ao mesmo tempo.

— Uma pena se ele morrer. Nem vamos fazer o trote. — João falou, pegando o controle de volta e chamando Lucas para uma disputa de futebol.

A culpa é um sentimento que cresce aos poucos. Brutus seguiu para o banheiro e ficou olhando seu reflexo. Ele lembrou da conversa que tivemos no dia que dormimos juntos na minha casa.

— Ei, grandão. Acha que essa roupa tá legal para seduzir a Ramona? — ele perguntou mostrando a peça.

— Não. — respondi rindo.

— Tú vai é assustar a menina. — afirmou Zedu jogando um travesseiro na direção de Brutus. Assim tú vai assustar a menina.

— Não, Brutus. Deve ter algo no teu guarda-roupa que não te deixe com cara de caminhoneiro.

— Olha, o meu Instagram. Tenho roupas maneiras. — Brutus pegou o celular e mostrou suas fotos mais recentes. — É muito complicado esse negócio. Ela devia gostar de mim pelo o que sou.

— Brutus. Você é o cara mais legal que eu conheço. Não precisa mudar nada. Vai de coração aberto e chama a Ramona para sair.

— Obrigado, Yuri. Você é um bom amigo. — Brutus me agradeceu.

***

Eu também queria voltar ao passado e evitar que eu me metesse nessa confusão. Cinco horas já haviam passado. A adrenalina não existia mais dentro de mim, mas, pelo menos, a chuva não era mais uma ameaça. O Zedu estava sofrendo por causa da perna, então, decidi traçar um plano.

— Subimos o rio pela margem. Não devemos estar longe. — sugeri para o Zedu, que achou o plano arriscado, principalmente, pelos jacarés.

— Deve ter outro jeito. — falou Zedu.

— Os jacarés são perigosos, mas se a gente seguir pela floresta podemos nos perder, tipo, mais ainda.

— Eu sou um peso morto. Se você me deixar...

— Para! — gritei assustando o Zedu. — Eu não dou te deixar, isso não é uma opção, Zedu.

— Olha para mim, Yuri. — ele disse chorando. — Não posso te ajudar. Eu… eu…

Não sei o que deu em mim, porém, dei um tapa no rosto do Zedu. Ele tocou na bochecha que estava vermelha, respirou fundo e, para minha surpresa, me agradeceu. Tive a ideia de deixar sinais no caminho, como se fosse João e Maria.

Desci até a margem do rio, onde a gente chegou naquela região, peguei um graveto e escrevi no barro: "ESTIVEMOS AQUI. FOMOS PARA ESSA DIREÇÃO". Desenhei uma seta enorme para que a ajuda pudesse nos rastrear. Em seguida, finquei o graveto no chão e coloquei meus óculos escuros.

***

A entrada do Parque do Mindu estava lotada de pessoas, entre curiosos, imprensa e bombeiros, a Letícia e Ramona, tiveram que usar a criatividade para entrar. Elas encontraram o Diogo na entrada da administração do Parque. Ele explicou tudo o que aconteceu.

As minhas amigas encontraram o Richard e Giovanna sentados em um banco, enquanto, aguardavam novidades. Emocionada, elas se aproximaram e abraçaram os dois.

— Meu irmão vai morrer. — disse Giovanna abraçando Letícia.

— Calma. Vai dar tudo certo, querida. — Letícia tentou tranquilizar Giovanna.

Depois de um tempo, os bombeiros decidiram começar as buscas pela água. Desesperada, a tia Olivia queria ir, mas pensou nos meus irmãos. Por sorte, Letícia e Ramona, se ofereceram para cuidar deles. Diogo tentou ir com o grupo formado pelos bombeiros, porém, não conseguiu uma vaga.

— Diogo, você pode leva-los. Juro que vou te manter informado. — pediu tia Olivia pegando nas mãos do Diogo.

— Claro, Olivia. Por favor, qualquer informação me avisa.

— Pode deixar. — ela garantiu. — Crianças. — virando para Giovanna e Richard. — Vocês vão com as meninas, por favor, se comportem.

O grupo formado pelos bombeiros contou com a ajuda da tia Olivia, Carlos e os pais de Zedu. Eles partiram em um pequeno barco. No coração deles, a esperança continuava forte, naquele ponto, desistir não era uma opção.

Dentro da floresta, Zedu e eu, caminhávamos em passos lentos. Ele estava muito debilitado, pedia para parar de tempos em tempos. Eu agradecia, pois, conseguia descansar um pouco, afinal, carregava dois pesos, o meu e o dele.

— Sabe. Você é a única pessoa que eu queria passar por uma situação desse. — Zedu falou rindo e chorando, ao mesmo tempo, o que me fez rir e chorar também.

— Eu também.

— E o Diogo? — Zedu perguntou sem fazer contato visual.

— Zedu. O Diogo não é você. Não sei o que acontece dentro de mim, mas quando se trata de você... eu não sei explicar. Você é a minha pessoa. — falei passando o braço em volta do pescoço de Zedu.

— Vou descansar um pouco. — Zedu se apoiou em mim, de repente, lembrei do Richard e comecei a chorar. — O que foi? — ele se virou para mim.

— E se o Richard morreu?

— Não. Como você mesmo disse, o Richard é inteligente. Ele está bem.

— Espero que sim. — baixei um pouco a cabeça e fiquei perto demais do Zedu.

— Vai dar tudo certo. — Zedu se aproximou também e nossas testas se encontraram, conseguia sentir a respiração ofegante dele.

Distrair os meus irmãos não é uma missão fácil, ainda mais durante uma crise. Letícia, Ramona e Diogo tentavam achar maneiras de evitar que meus irmãos olhassem os noticiários. Giovanna foi a mais fácil de lidar, enquanto Richard, o meu irmãozinho, deu trabalho para Diogo.

O Richard se sentia culpado por me colocar em uma situação de perigo. Olhando para os seus brinquedos, ele pensava em uma forma de ajudar no resgate, porém, nenhuma ideia chegava. Além de tudo, o Richard estava com fome e nessa circunstância, ele não conseguia bolar nada.

***

À noite chegou e a floresta ficou mais escura. Graças a Deus, conseguimos encontrar uma velha estrutura de madeira e nos abrigamos nela. Parecia ser uma espécie de ponte velha, porém, para nós se tornaria um abrigo. Esvaziei os bolsos da minha bermuda e encontrei alguns bolinhos. Dei dois para o Zedu e comi outro, guardei dois para comermos em outro momento.

— Obrigado. — Zedu soltou me fazendo rir. — Qual é a graça? — ele perguntou encabulado.

— Quando você não se desculpa, você agradece. Esquece, besteira da minha cabeça. — expliquei passando a mão nos cabelos dele.

A floresta ficava cada vez mais escura e barulhos estranhos começaram a nos deixar assustados. Nossos celulares estavam mortos, eu torcia que fosse a bateria, pois, não queria comprar outro telefone. O Zedu tirou do bolso um MP3 que era do seu pai, aqueles antigos que também eram pen drive.

— Será que ainda funciona? — ele perguntou balançando o MP3.

— Zedu. Se nossos celulares estão mortos, então, acho que isso também. — terminei a frase e o MP3 ligou.

— O que você disse? — Zedu me provocou e pude ver seu sorriso graças a luz azul que saia do visor do MP3. — Quer ouvir música?

— Deixa eu ver na minha agenda. Claro, tenho um tempo livre. — estava deitado ao lado do Zedu, mas me aproximei um pouco mais dele. — Nossa. Você tá quente. Amanhã a gente precisa se livrar dessa floresta.

— Pode apenas aproveitar a música comigo?

— Tá, papai. — brinquei pegando um dos lados do fone e colocando no ouvido.

— 1, 2, 3 e já. — Zedu falou como se estivesse contando a decolagem de um foguete da NASA.

***

Te vejo errando e isso não é pecado

Exceto quando faz outra pessoa sangrar

Te vejo sonhando e isso dá medo

Perdido num mundo que não dá pra entrar

***

O Zedu sempre foi especial para mim, desde o primeiro momento, um verdadeiro anjo na minha vida, apesar de tudo. Lembrei da primeira vez que o vi, ele estava balançando na corda do slackline no CSU. O seu sorriso conseguia despertar uma porção de Yuris que existam dentro do meu peito.

— Zedu. — falei ficando de lado e olhando para o Zedu. — Eu, eu sempre gostei de você.

— Eu também. — ele respondeu se virando para mim.

— Não, Zedu. Eu sempre gostei de você, tipo, de outra forma.

— Yuri. — Zedu soltou chorando. — Eu também. — ele se aproximou e ficou olhando para mim.

***

Você está saindo da minha vida

E parece que vai demorar

Se não souber voltar

Ao menos mande notícia

Cê acha que eu sou louca

Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo

Antes que isso aqui vire uma tragédia

***

Meus irmãos não conseguiam dormir. A culpa ainda estava dentro do coração de Richard. O meu irmão caçula foi ao quarto de Giovanna que chorava lembrando das vezes que foi grossa comigo.

— Giovanna. — ele disse entrando e abraçando a nossa irmã.

— Ei, não chora, por favor. — pediu Giovanna se emocionando. — Richard, a culpa não é sua.

Nos meios de comunicação, a única coisa que se falava era dos garotos que desapareceram na floresta. Brutus assistia ao noticiário que relatava as buscas e viu uma imagem minha e do Zedu. João e Lucas começaram a fazer comentários gordofóbicos, então, Brutus saiu da sala e entrou no banheiro.

— Desculpa, amigos. — disse Brutus se olhando no espelho e chorando. — Eu sou fraco, não consigo.

***

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

***

Tia Olivia estava cansada, mas encontrou o suporte necessário em Carlos. O responsável pela operação avisou que eles iriam acampar para descansar, ou seja, pelo menos naquele momento, as buscas estavam canceladas.

— Precisamos ter fé. — Teodora abraçou tia Olivia, que chorava e lamentava.

— Eu tenho. Eu tenho.

— Vai dar certo. — Carlos pegou no ombro de tia Olivia. — A gente vai encontrar esses meninos.

— Eu sei... — titia não conseguiu terminar a frase e desmaiou, sendo amparada por Carlos e Teodora.

***

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem

Dessa vez eu já vesti minha armadura

E mesmo que nada funcione

Eu estarei de pé, de queixo erguido

Depois você me vê vermelha e acha graça

Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo

Antes que isso aqui vire uma tragédia

***

Naquele momento, eu já não me importava com nada. Se eu fosse morrer eu faria aquilo que sempre sonhei. Aproximei minha boca da boca de Zedu, esperei ele recuar, mas não, pelo contrário. Nos beijamos, pela primeira vez, e aquilo não era um sonho ou fantasia.

Começamos a intensificar os beijos. Ele passou a mão no meu corpo, eu o beijei no pescoço, além de explorar cada parte daquele deus grego que eu tanto amava.

— Yuri... Yuri... — Zedu soltava entre um beijo e outro.

— Não, não fala nada. Apenas me beija. — pedi o beijando.

— Você não sabe o quanto eu esperei por isso. — ele confessou me abraçando e chorando.

***

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver

***

Após um dia estressante, Diogo precisou dirigir até sua casa. No caminho, ele encontrou Alicia que estava na frente da casa de Zedu. Ela explicou que não havia ninguém lá e não conseguia pedir um carro pelo aplicativo.

— Entra. Vou te dar uma carona até em casa.

— Obrigada. — ela disse entrando no carro e colocando o cinto de segurança.

— Você mora onde?

— Dom Pedro.

— É o meu caminho. — Diogo falou.

— Diogo. — Alicia parecia muito tensa e preocupada. — Será que eles estão bem?

— Estão sim. Eles são amigos, eles vão conseguir. Precisamos ter esperança.

***

Só por hoje não vou tomar minha dose de você

Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam

E essa abstinência uma hora vai passar

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 12 estrelas.
Incentive Escrevo Amor a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Sensacional, continue o conto por favor; e se não for pedir muito, leia meu conto.

0 0
Foto de perfil genérica

Forte e profundo! Devia escrever novela ou seriado! Aguardando por mais!

0 0
Foto de perfil genérica

Nossa, que capitulo !!! Ancioso pra ver o desemrolar de tudo mtooooo bom !!!!

0 0
Foto de perfil genérica

UAU. SENSACIONAL. FOI PRECISO UM DESASTRE PRA YURI E ZEDU SE DECLARAREM. MAS VALEU A PENA. ESSE CAPÍTULO FOI EMOCIONANTE. NEM TEM MAIS O QUE COMENTAR.

0 0