As aventuras de Romildo - Uma biba madura

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Homossexual
Contém 4138 palavras
Data: 27/10/2016 16:16:57

As aventuras de Romildo – Uma biba madura

Passado o choque de perder o macho que lhe dava segurança e, o trauma de ser abandonado pelo macho que, ante a iminência de não ter mais como extorqui-lo, pactuou para arrancar alguns tostões dos portugueses em troca de um depoimento aleivoso, Romildo tratou de tocar a vida em frente. Com o dinheiro da indenização conseguiu comprar uma casinha térrea geminada perdida entre galpões e construções onde funcionavam pequenos negócios, numa ruazinha sem saída. Poucas semanas depois de haver-se mudado, em meio a uma pintura das paredes que ele mesmo estava fazendo para economizar, Claudete veio pedir para ele a acompanhar até Olinda, pois o pai dela estava nas últimas. Claudete havia abandonado a mais antiga das profissões. Perto de completar cinquenta anos, o corpo opulento havia perdido todo e qualquer encanto que ainda pudesse atrair clientes. Por sorte havia conhecido um americano durante um Carnaval no Rio de Janeiro e, o gringo, sujeito gordo sem profissão definida, que vivia em seu país, entre outras, como vendedor pouco confiável de carros usados, engraçou-se pelas tetas exuberantes e pela bunda volumosa da pernambucana. Mesmo sabendo que a mulher estava longe de ser um exemplo de virtude, tomou-se de amores por ela e veio viver no Brasil. Mesmo porque, em sua terra estava mais sujo do que pau de galinheiro e, se via perseguido pelo fisco e por vítimas de seus negócios escusos. O arranjo foi providencial para Claudete, que agora podia posar de senhora descente e, ainda por cima, com certa estabilidade financeira. Mas, isso longe de Olinda e dos familiares, para quem ela continuava uma quenga. Por conta desse prestígio que gozava junto aos familiares é que ela achou por bem levar Romildo consigo. Alguém que poderia acudi-la, caso a recepção não fosse tão amistosa quanto deveria ser para um ente querido que há anos não se via.

Romildo também nunca mais tinha retornado ao Recife, desde a fuga com a prima. Trocara algumas cartas com a irmã, mas com o tempo elas cessaram sem que ambos soubessem bem o porquê. Essa falta de notícias da família, ele acabou interpretando como conveniente para eles, uma vez que não precisavam dar justificativas ou explicações acerca do filho aveadado. Tal como a prima, ele não sabia como seria recebido depois de tantos anos. A morte de Manoel, no entanto, serviu para que aflorassem em seu peito, saudades e uma vontade descomedida de rever os pais e irmãos. Assim, acabou aceitando a proposta da prima e, uma semana depois embarcaram num avião rumo ao Recife às vésperas do carnaval.

O primeiro destino deles foi o hospital onde o pai de Claudete estava internado havia quase duas semanas. Foi uma luta conseguir um taxi no aeroporto de Guararapes que os levasse até o bairro Casa Amarela onde fica o hospital. A cidade já vivia o carnaval embora, oficialmente, estivesse há quatro dias dele. Mas, como por todos os recantos daquela parte preguiçosa do país, os festejos começavam bem antes e, duravam bem além de seu término, uma vez que aquele povo tinha garantidas as verbas federais que mantinham todos aqueles estados falidos com o dinheiro que entrava generosamente nos cofres públicos, à custa de um pessoal lá do sul. Portanto, não carecia trabalhar muito, já que isso cansava um bocado e deixava aquela gente de mau humor. O taxista resmungava por ter que enfrentar aquele trânsito travado, pelos blocos que entupiam as ruas estreitas com foliões, que pulavam feito pererecas colocadas sobre uma chapa quente, seguindo uns bonecões disformes de gosto e criatividade duvidosos. De vez em quando, ele erguia o braço para fora da janela e recitava um cabedal de palavrões que soavam inúteis, pois nada se modificava a sua volta por conta deles. Mas, para aquele energúmeno aquilo talvez lhe trouxesse algum tipo de alívio e, a presença de passageiros em seu veículo não tinha a menor relevância. O trajeto demorou pouco mais de uma hora para ser percorrido e, alegando não ter troco, ficou com as notas graúdas que Claudete havia lhe dado para pagar a corrida.

- Vejo que por aqui tudo continua na mesma! Eu já tinha me desacostumado dessa gente mesquinha e, bastou pisar em terras nordestinas para constatar que isso está entranhado nelas. – disse Romildo, divagando um pouco.

- Nem eu me lembrava mais disso. Cabra safado, filho duma égua, extorquiu a gorjeta que eu nem pensava em lhe dar. – revidou Claudete, sentindo-se lesada.

Não era horário de visitas no hospital, mas Romildo, vendo uma bichinha no balcão da recepção, entre os poucos funcionários que haviam ido trabalhar devido o carnaval, entrou num entendimento com a figura, que os deixou entrar ignorando os protocolos estabelecidos. O pai dela estava numa unidade semi-intensiva. Por conta de seu estado terminal já não valia dispender os exíguos recursos do sistema público de saúde com um velho canceroso, que ainda fazia hora extra nesse mundo. O velho caquético que estava sobre o leito em nada se parecia com o homem cheio de soberba e falsa moral que a expulsara de casa havia mais de vinte anos. A face já antecipara seu aspecto cadavérico. No nariz fixaram-lhe um tubo que ajudava o velho a conseguir o ar que ele próprio já não tinha mais capacidade de inalar. Um par de olhos mortiços estava cravado no fundo das orbitas e, foi com eles que ele reconheceu a filha perdida.

- Quenga dos infernos! Veio festejar a minha morte, sua puta? – rosnou o velho, já sem forças.

- Ai meu Deus painho! Eu vim te visitar. Pedir a benção de meu painho querido. – balbuciou Claudete, chorosa e comovida.

- Não dou benção para filha quenga! E também trouxe esse veado pra me ver morrer. Quero que vocês ardam no fogo do inferno seus degenerados. – as forças do velho se extinguiram nesses insultos e ele teve um ataque de tosse que quase o matou.

- Eu hein! Você me desculpe ‘Dete’, sei que é teu pai, mas esse velho já vai tarde. Foi perda de tempo e dinheiro vir ver esse desgraçado. – sentenciou Romildo, que nunca gostara daquele tio.

- Ave Maria, Romildo! Tenha piedade. Ele está nas últimas e nem sabe mais o que está falando. – censurou a prima.

- Não sabe é? O caduco está com o mesmo ódio que te mandou para fora de casa, sem nenhum arrependimento. – disse Romildo.

O esforço de proferir aqueles impropérios contra a filha foi demasiado para os pulmões podres daquele velhaco fumante inveterado. E, antes do médico, que fora chamado às pressas por uma enfermeira, entrar no quarto, o velho deu seu último suspiro. Deixando a boca arreganhada como se ainda estivesse maldizendo a filha que o desonrara.

Em poucas horas a parentada estava toda lá em volta do defunto. A viúva era a mais chorosa, mulher de pouco intelecto, vivera escorada em seu homem, aniquilada pelas vontades do marido e resignada com seu destino. Claudete, por fim, não conseguira verter uma única lágrima sequer por aquele infeliz, mas estava contente por ter vindo antes dele morrer, isso, de certa forma, apaziguava seu espírito e ela se sentia bem consigo mesma. As duas irmãs de Claudete, torceram o nariz pela presença da irmã desvirtuada no velório e enterro do pai. Atuaram exemplarmente como enlutadas e, recebiam as condolências de parentes e amigos numa consternação teatral, como se aquele pai tivesse tido ao longo de sua vida mais do que um mero desgosto por ter sido agraciado apenas com rachadas.

A volta de Romildo ao seio de sua família também não foi muito acolhedora. Ao contrário da parábola do filho pródigo, a recepção que Severino dedicou ao filho não passou de um aperto de mãos formal e seco. A presença do filho veado abriu uma cicatriz que todos tentavam manter escondida. A mãe de Romildo seguiu, como sempre, sob o cabresto do marido, a mesma conduta fria e distante. No fundo, ela se punia por ter gerado aquela criatura bizarra, não dando ao esposo outro varão que honrasse a pica que tinha entre as pernas. Os dois irmãos mais velhos guardavam o mesmo escárnio dos tempos de moleque para com aquele fedelho adamado. Tinham agora suas esposas e pousavam de genitores zelosos e preocupados com o futuro de suas crias. O mais velho orgulho do pai Severino, continuava militar e conseguira colocar uma estrela sobre o ombro. Criava um primogênito que não carregava nenhum dos seus genes, pois na época em que andava metendo a pica na primeira xoxota que encontrava, encontrara a atual mulher, que já embuchada por um ex-namorado, esquecera-se de avisar ao idiota que estava prenhe e só tratou de assegurar um pai para seu rebento. Tiveram também duas filhas, essas sim, sangue de seu sangue. O outro irmão de Romildo, que tinha ido à Brasília e servira no Batalhão da Guarda Presidencial, teve que abandonar a carreira depois de ter desvirginado uma das filhas de um coronel e se engraçado com a irmã dela. Como engravidou as duas, o coronel o jurou de morte. Foi preciso que Severino acudisse o filho para não vê-lo num caixão aos vinte e quatro anos, mandando-o, por uns tempos, para um retiro espiritual no sertão, na fazenda de um compadre. Quando a ameaça já não pairava tão iminente sob sua cabeça, voltou e se amasiou com uma mulata, mãe de dois mulatinhos e, dona de uma lanchonete em Jaboatão dos Guararapes, da qual a família vivia. Berenice, a irmã de Romildo, outrora tão achegada a ele, confidente e amiga, agora estava casada com um sujeito sem eira nem beira. Tinham dois casais de filhos e, o quinto estava a caminho, fazendo com que Berenice, que nunca fora nada nem parecido com uma beldade, se transformasse numa leitoa donde pendiam a flacidez e a lezeira.

Com o fim da hegemonia militar no país e, a prole se deturpando numa vida medíocre, Severino viu cair por terra os seus sonhos de grandiosidade e glória. A tão propalada profissão do futuro tornara-se objeto de repúdio nacional. Todas as mazelas do país eram creditadas aos militares por conta de seu regime autoritário. E, aos poucos, eles foram se recolhendo e se enfurnando em seus quartéis, execrados e odiados pela sociedade. Ele e a mulher viviam agora numa apartamentinho de quarto e sala, tudo que seus soldos lhe permitiram comprar depois que se aposentou, sem nunca ter conseguido colocar uma estrela gemada sobre os ombros. Por conta disso e, talvez, por que Severino não queria que os vizinhos soubessem que tinha um filho abichanado, Romildo ficou uns dias na casa de Berenice e do cunhado, cujo caráter, de longe, lhe cheirava a coisa podre. Os sobrinhos que nunca souberam da existência daquele tio, se divertiam com a viadagem de Romildo. Apaixonaram-se pela figura estrambólica, de voz esganiçada, que contava uma porção de aventuras vividas no sul do país. Uma semana depois, ele ouvia a irmã e o cunhado conversando na cozinha, já tarde da noite, depois de todos terem se recolhido. Falavam dele e, o cunhado, impunha seu desejo de que Romildo deixasse a casa deles o quanto antes, sob a alegação de ser uma má influência para as meninas e, quem sabe não fosse um pedófilo que abusaria dos meninos. Berenice horrorizada com pensamentos libidinosos e, influenciada pelas palavras do marido, pediu que Romildo fosse passar uns dias na casa do irmão mais velho.

- Sei que você está me mandando embora por ordem do seu marido. Lamento que pense isso de mim, quando fomos tão unidos enquanto crianças. E, é só por conta dessa antiga benquerência que eu te dou um conselho. Abra o olho com esse mau caráter, pois tenho certeza que ele anda aprontando nas tuas costas. – disse Romildo ao se despedir dela, mal contendo o choro.

- Você volta depois de tantos anos, fazendo sabe-se lá que pecados e, ainda quer me colocar contra o meu marido. Bem que o pai diz que você não vale nada. – despejou zangada. Sem saber que naquele exato momento, enquanto lhe doíam as pernas cheias de varizes, mal se aguentava das pontadas nas ancas e, sentia a criança chutando seu ventre, o marido estava com a rola enfiada nas carnes tenras e firmes da vizinha, no mínimo, dez anos mais jovem que ela.

Romildo foi instalado na casa do irmão, pela cunhada capciosa, no quarto do filho que ele nem sonhava não ser seu. O garotão era um belo exemplar de macho, aos vinte e um anos tinha um corpo atlético e músculos bem definidos. Romildo não deixou de por reparo naquele peitoral largo e no volume que a benga fazia dentro do jeans apertado. Maurício era o único dos sobrinhos que sabia da existência de um tio veado que tinha fugido ainda jovem para São Paulo com a tia quenga. Ter a oportunidade de dividir seu quarto com aquele tio, além de lhe parecer excêntrico, aguçou seus sentidos e seus hormônios, pois ele era do tipo que sabia tirar o máximo proveito do dote com o qual fora agraciado entre as pernas. Para ele, aquilo servia tão somente como uma fonte de prazer e, como obter esse prazer dependia apenas de sua capacidade de seduzir. Assim, entre ambos, logo se formou uma amizade insuspeita, da qual cada qual estudava a melhor maneira de tirar proveito. Romildo se fazia de desentendido quando Maurício aludia a algum gracejo de cunho sexual ou pornográfico, mas em seu íntimo sentia o tesão aflorar com as palavras estudadamente calculadas do sobrinho, visando justamente vencer a barreira para se achegar ao tio, cujo corpo ainda se mantinha agradavelmente cobiçado, apesar de quarentão. Em poucos dias dividindo o mesmo quarto e, com esse clima ao mesmo tempo tenso e sensual, não demorou a que a ousadia e a concupiscência na troca de olhares os levasse à cama e à conjunção das carnes afogueadas pelo tesão mútuo.

Maurício desfilava, propositalmente, pelo quarto, nu em pelo, com a jeba avantajada e o sacão peludo, livres e disponíveis. Enquanto Romildo lambia os lábios provocativamente, demonstrando seu interesse em saborear aquele falo suculento. O mormaço da noite abafada entrava pela janela do quarto, deixada aberta para aliviar aquela sensação opressora, impregnada com o aroma das murtas floridas que dominavam o quintal dos fundos. Mas, o calor que devassava os corpos de Romildo e Maurício era de outra natureza e, foi ele que fez com que Maurício se aproximasse da cama do tio, recostado à cabeceira, segurando com uma das mãos a benga excitada e sedenta por aqueles lábios ávidos. Romildo lambeu e acariciou com a ponta da língua aquela glande que reluzia com o pré-gozo que a molhava. Maurício soltou um gemido visceral quando sentiu a jeba sendo engolida e se aprofundando na goela do tio. A boca experiente e gulosa de Romildo degustando seu membro foi o melhor sexo oral que Maurício já experimentou e, incontrolavelmente excitado acabou gozando fartamente sua porra cremosa na garganta do tio. O vigor e a intempestivamente do sobrinho deixaram o cuzinho de Romildo desejoso de tesão e, mesmo bastante usado, a entrada daquele cacete grosso provocou uma dor prazerosa que há muito ele não sentia com outro homem. Inebriado por essa percepção erótica, deixou-se arrombar pelas estocadas afoitas e brutas do sobrinho. Romildo não se sentiu abalado pelo que julgava ser sua primeira experiência incestuosa, tratou de usufrui-la ao máximo, embora ainda não soubesse que nada havia de incestuoso naquela relação, uma vez que o suposto sobrinho não era filho de seu irmão. Essa notícia ele só recebeu durante a viagem de regresso a São Paulo, quando a prima, desconfiando do entusiasmo com que Romildo se referia a Maurício e de que algo havia acontecido entre os dois, revelou a perfídia da mulher do primo. Ela descobrira a verdade quando conheceu uma quenga também vinda de Pernambuco e que conheceu bem o passado nebuloso da virtuosa esposa do primo. Ela revelara que o ventre daquela biscateira já estava grávido de outro quando conseguiu levar o marido ao altar. E, por hora, o segredo ainda circulava por bocas discretas que guardavam aquela informação como um trunfo diante da arrogância daquele militar que se julgava um garanhão sem limites. Agora Romildo também guardava esse segredo e, não deixou de se deleitar com a verdade que abalaria as estruturas daquele irmão que sempre o desprezara por sua homossexualidade.

Quando voltou a São Paulo, Romildo começou a procurar emprego. A indenização que recebera por conta do trabalho na padaria do ex-macho português, não seria suficiente para sustenta-lo indefinidamente. Logo percebeu que as portas não estavam abertas para quarentões como ele. Depois de cansar de ouvir negativas, resolveu seguir o conselho de outra bicha velha que encontrou num sábado no bailão dos arredores do Largo do Arouche. Começou uma busca incansável por concursos públicos. Não demorou a descobrir que as repartições públicas estavam cheias de cargos subalternos e figurativos para pessoas como ele, onde uma precária instrução básica seria suficiente para o desempenho de funções medíocres. Dedicou-se de corpo e alma, debruçando-se sobre umas apostilas de um cursinho preparatório e, ao final de ano e meio, conseguiu o tão almejado cargo. Arquivista num fórum regional em um bairro próximo de sua casa. A capacidade intelectual para o desempenho da função se limitava a, saber ler a capa dos processos, conhecer a sequência do abecedário e, ter o discernimento suficiente para colocar os milhares de processos que atulhavam as decrépitas salas do fórum em ordem numérica. Pelo menos o nome do cargo era pomposo, assessor técnico de serviço judiciário. O salário estava bem acima daquele que o setor privado pagaria para um reles arquivista quase analfabeto, mas era compatível com o do perdulário setor público. O que lhe permitia viver uma vida sem sobressaltos. Afora que, ao aposentar-se, Romildo teria uma pensão equiparada a de alguém na ativa.

Se, por um lado, a vida profissional estava arranjada, a sentimental, por outro, atirara-o na solidão. Não era raro, ao chegar em casa e encontrar a casa mergulhada no silêncio e cair numa depressão de fazer dó. Nesses momentos, lembrava-se saudoso da pica grossa e assanhada do velho Manoel e, ia deitar-se lamentando a carência do cu solitário. Não lhe bastavam as noites dos finais de semana em que costumava perambular pelas ruas próximas à Praça da República, a procura de um cacete que sublimasse o fogo que ardia em suas pregas anais. Era vital providenciar um parceiro mais constante. Desde que o sobrinho o enrabou no Recife, não conseguia deixar de sentir o tesão aflorando toda vez que via um mancebo avantajado. Acabou encontrando um. O garotão parrudo, com pouco mais do que a metade da sua idade, cheio de vitalidade e músculos que brotavam da camiseta regata, veio instalar o serviço de TV por assinatura que Romildo havia adquirido. Era março e o verão parecia não querer se despedir. Sob um calor que passava dos trinta graus, o rapaz se movia com uma destreza felina, subindo e descendo da escada que lhe permitia alcançar o telhado. A medida que o corpo do garotão ia ganhando o brilho luzidio do suor, Romildo não conseguia desviar o olhar cobiçoso daquele macho jovem. Começou a sentir calafrios, o cuzinho piscar alucinadamente, o tesão consumir suas entranhas. Era preciso agir. Se havia algo nessa vida que Romildo dominava com maestria, isso era saber como seduzir um macho. Algumas frases de duplo sentido, alguns copos de suco gelado e, aquele seu caminhar peculiar em trajes sumários, foram o bastante para que a testosterona começasse a circular pelo corpo do jovem instalador. Também colaborou bastante o fato da garota com a qual estava ficando, ter ido visitar uns parentes no interior. Alguns dias sem aquela buceta sempre disponível estava o deixando com a mente tumultuada e a rola constantemente melada na cueca. Buraco por buraco, por que não aplacar sua sanha num cuzinho. Não era uma carne tão tenra e firme quanto a da garota, mas a possibilidade de realizar uma fantasia que há tempos o vinha assanhando, comer um cuzinho, era mais do que tentadora. E, Romildo estava ali numa sofreguidão inconteste oferecendo o seu deliberadamente. Findo o serviço, não demorou meia hora para que os dois se entregassem à devassidão libidinosa que saciaria o desejo que ardia em seus corpos. A pica do molecão era imensa, calibrosa e muito bem constituída, um objeto de desejo que Romildo soube satisfazer plenamente. A bundinha empinada e branquinha tinha uma pele sedosa e firme a revestindo e, o cuzinho era, surpreendentemente, apertado para uma bicha com aquela idade, o que fez o garotão experimentar um prazer incomum que se revelou grandioso durante a abundante gozada. Nasceu dali uma parceria que mudaria a vida de ambos.

Poucos meses depois o garotão se mudava para a casa de Romildo em definitivo. Levou seus poucos pertences e uma gana imensa pelo cu prazenteiro do anfitrião. Amasiaram-se. A solidão de Romildo se evaporou como o sereno de uma manhã de inverno. E, o garotão, Joaquim, viu-se repentinamente cercado de mordomias que seu instável salário jamais poderia custear. Tudo que ele precisava fazer era galar regularmente aquele cuzinho devasso e carente, o que para ele havia se tornado algo mais do que prazeroso, algo quase sublime.

Selado o pacto entre ambos, a década seguinte viu passar muito rapidamente as fases de um casamento qualquer. A tórrida paixão inicial fez com que Romildo rejuvenescesse e voltasse a se encher de vida, enquanto Joaquim ia amadurecendo mimado pelos presentes cada vez mais polpudos do amado. Seguiu-se um período de estabilidade e cumplicidade no qual eles já não eram mais duas entidades distintas, formavam um ser único que conhecia todas as misérias e alegrias de que era constituído. E veio a fase da rotina, onde parecia que as novidades demoravam de um tanto para surgir e, quando vinham, já não tinham aquela criatividade dos primeiros tempos. Foi aí que Joaquim, agora bem apessoado, sempre com algumas notas graúdas a forrar sua carteira, equilibrando-se sobre uma motocicleta cheia de cilindradas, passou a ser alvo da cobiça de mulheres e bibas. Sem nenhuma preocupação maior em sua vida, esse assédio constante fez com que ele mesmo se idolatrasse. Enquanto Romildo cumpria sua jornada insossa entre as pilhas de papel velho do fórum, Joaquim se esbaldava entre as tetas de algum rabo de saia ou, mergulhava seu cacetão nalgum moleque aveadado de pregas apertadas.

Romildo começou a estranhar aqueles cansaços frequentes, aquelas dores de cabeça que pareciam coincidir com as necessidades de seus esfíncteres anais e, a redução das carícias que outrora Joaquim lhe dedicava quase exageradamente. Como ele mesmo nunca fora um santo, não foi difícil compreender o que estava acontecendo. Sabia que estava no humilhante papel de bicha corna. Revoltou-se a princípio, e as brigas com o amado passaram a fazer parte do cardápio, mas depois, foi-se fingindo de cego como qualquer ser apaixonado. O que fazer aquela altura do campeonato se o amor por Joaquim era maior do que seu próprio orgulho? Cinquentão, onde iria encontrar outro macho como aquele? Pela primeira vez sentiu as dores de um coração aviltado pelas traições, algo que ele próprio havia semeado ao longo de sua vida pouco ortodoxa. Optou por conviver com aquilo, pois a solidão lhe pareceu muito mais tenebrosa e sofrida.

Joaquim tratou de ser discreto em seus voos fora do casamento. Não valia a pena incitar o parceiro ao ódio, uma vez que Romildo era sua galinha dos ovos de ouro. Mesmo por que, ele não desgostava do parceiro, apenas aquele amor tranquilo e a serenidade dos dias ao lado de Romildo não eram suficientes para o ardor que corria em suas veias. Uma buceta aqui e acolá ou um cuzinho descompromissado não lhe pareciam um pecado tão grande assim. Eram como uma canja de mãe quando se está doente, não cura, mas trás um bem estar enorme.

Foi assim que Romildo viu seus fios de cabelo se esbranquiçando, dia após dia. Veio a aposentadoria e os dias se tornaram longos. O cuzinho já não ardia e nem se inquietava tanto quando via um bofe que outrora não lhe passaria incólume. Dedicava-se a um jardinzinho nos fundos da casa, e a um vira-latas, que uma tempestade numa tarde verão trouxe ao seu portão. Passou a acompanhar com avidez os programas culinários da TV, o que o fez tentar resgatar o interesse de Joaquim por ele. Se já não era tão habilidoso na cama, ao menos satisfaria o amado pelo estômago. Parece que deu certo. Ainda hoje, os vizinhos que passam diante da casinha de cores suaves e floreiras nas janelas acenam para a bicha velha que sustenta seu macho, enquanto ela retribui o aceno com um sorriso generoso. E, quem não os conhece, nem desconfia que, entre aquelas paredes, vive um casal de homens com os mesmos problemas e felicidades que qualquer outro casal deste mundo.

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Comentários

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Kherr, mestre dos contos que estou maratonando, como te disse em outras ocasiões, infelizmente tenho que me alinhar ao conteúdo do comentário do leitor i!want!you!P@#&%!!!, abaixo.

Há muito preconceito nessa série, assim como eu já havia notado no "À Sombra da Paixão" e "Reencontrando o Amor", quando falava dos moradores das favelas como se todos fossem marginais, sendo que o próprio personagem principal é exemplo do oposto a isso.

Tua maestria na estruturação da história e no desenvolvimento das tramas, sem falar na forma tesuda com descreve os momentos de putaria, são ímpares. Contudo, fica a dúvida: até que ponto as ideias apresentadas racistas e preconceituosas são apenas dos personagens ou são reflexos do coração do autor que, usando o enredo, dá voz ao que, de fato sente?

😔

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Prezado e dileto Indo_por_aí! Sou um cara que se propõe a relataram estórias o mais próximas da realidade possível, alguns contos são reais e vivenciados por mim ou por alguém muito próximo. Ao dar vida a personagens, ou mencionar a personalidade de pessoas reais, não me cabe censurar ou fazer juízo de valores, por mais que venham de encontro daquilo que acredito e tenho como parâmetros próprios de vida. A um autor cabe citar o que vai nos personagens tal como se apresentam na vida real, com seus preconceitos, seus defeitos e maneiras de pensar, é isso que os torna plausíveis. O cidadão Kherr é um mero descritor nesse momento, colocando palavras no papel e estruturando um conto. Portanto, não é ele quem deve ser analisado segundo os valores intrínsecos de cada leitor, e sim os personagens de seus contos. Leitores revoltados e inconformados com o que leem são sinal que o autor conseguiu atingir seus objetivos, tirar as pessoas de sua zona de conforto. Super abração meu querido, e obrigado por seus comentários!

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Por isso sou seu fã!!!!

Estou louco para continuar no kherrverso.

De fato um autor que desestabiliza nossas emoções é sinal de que fez muito bem o seu trabalho. Ler sua obra é entrar em uma montanha russa.

Por isso, caríssimo, você é dos grandes!!!!

Cabe explicar meu questionamento, pelo fato de alguns autores valerem-se de seus personagens para fazerem apologias de suas ideias, normalmente não defensáveis publicamente.

Sigo em frente, mergulhando no universo de sua obra.

Obrigadão!!!!

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Eu coloco muito de mim nos contos, mas em mensagens construtivas que valorizem os homossexuais, que tirem o preconceito sobre as minorias, que façam as pessoas refletirem e agirem para que tenhamos uma sociedade melhor, mais plural e harmoniosa. Aí sim, você vai enxergar muito do Kherr cidadão nos conceitos e valores que exprime!

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Tô falado!!! É o cara!!!! 👏👏👏👏👏👏👏

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Certamente não sou o cara, Indo_por_ai! Tenho muito a trabalhar para me sentir mais digno da vida que foi presenteada. Tanto que, como você pode comprovar, não me dignei a responder ao i!want!you!P@#&%!!! que chegou a conclusões a meu respeito sem saber absolutamente nada de mim e, despejou seus conceitos recriminando os que ele acha que eu tenho. Quando um roteirista escala um personagem perverso e assassino que mata sem dó nem piedade, não saímos do cinema acusando-o de conivência com assassinos. Quando um autor de novela cria uma personagem malévola não se questiona a índole dele e do artista que o interpreta. Sabemos que aquilo é um recurso cênico, sabemos que aquele artista vestiu o papel. Quem se propõe a escrever um livro ou contos, usa do mesmo recurso cria pessoas a partir de personalidades que todos sabemos existir. Aí vem um sujeito como esse leitor, e se revolta contra o autor e não contra o que todos sabemos que pode ser encontrado facilmente na sociedade em que vivemos. Vale á pena dar uma resposta? no meu entender, é perda de tempo e glossário!

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Quem é você? como eu li todos os seus contos e não quis enxergar o ETILISTA que você é, e preconceituoso com os próprios gays e condições sociais. você é uma decepção total...

***como por todos os recantos daquela parte preguiçosa do país, os festejos começavam bem antes e, duravam bem além de seu término, uma vez que aquele povo tinha garantidas as verbas federais que mantinham todos aqueles estados falidos com o dinheiro que entrava generosamente nos cofres públicos, à custa de um pessoal lá do sul. Portanto, não carecia trabalhar muito, já que isso cansava um bocado e deixava aquela gente de mau humor.***

***Eu já tinha me desacostumado dessa gente mesquinha e, bastou pisar em terras nordestinas para constatar que isso está entranhado nelas.***

***apertado para uma bicha com aquela idade***

*** TRISTE CONSTATAÇÃO ***

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Kherr, você é o cara. Que saga interessante a de Romildo. Gostei muito, icnlusive do final bem realístico. Um abraço carinhoso,

Plutão

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Adorei o desfecho pra Romildo. Parabéns, o conto foi do caralho de tesudo!

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