O COBRA ATACA [INTRODUÇÃO - A CAÇA]

Um conto erótico de Cobra
Categoria: Homossexual
Contém 959 palavras
Data: 29/10/2016 15:58:33
Última revisão: 30/10/2016 16:53:36
Assuntos: Homossexual, Gay, Caça

Estava morando em uns containers postos no terreno de uma construção de residencial com cinco edifícios. Trabalhava ali como construtor, auxiliando e fazendo as coisas mais complicadas e braçais da obra. Eram dias carregando material de um lado para o outro, preparando massas, suando, num esforço da porra. À noite muita bebida; eu e meus parceiros saíamos pros bailes, íamos caçar mulher gostosa pra aliviar o cansaço do trabalhão pesado.

Com oito filhos espalhados pela cidade, meus 32 anos se resumiam em trabalhar muito, beber, comer mulher, jogar futebol ou baralho com meus parceiros, fumar baseado e visitar eventualmente minha esposinha e duas filhas na favela da Rocinha, do outro lado da cidade, onde eu morava na real.

Um tarado, por buracos e por grana, busco sempre tirar vantagem de qualquer situação; me rende muito lucro meus serviços como maridão de aluguel. O trabalho na construtora é só um serviço de fechada pra ficar longe da família e poder usar minha melhor ferramenta – uma estrovenga de 25cm. Galera rica é faminta por um pauzão de pobre e por isso eu, malandramente, nunca alivio.

Feriado de natal todo mundo vaza das construções, voltam só dia 2. Todos os parceiros viajaram. Minha esposa também viajou; foi à casa da mãe, levou as filhas. Pude dar-lhe um tchau, uma socada rápida, mas, infelizmente, segundo ela, não eu, não passaríamos juntos. Eu menti da falta de grana, era falta de vontade.

Construção vazia, só eu ali, tratei de encher a geladeira velha do alojamento de cerveja, renovar meu estoque de maconha e ficar de boa. Perto da noite, eu me sentei no portão da área da construção; deixei metade da porta aberta e coloquei uma cadeira ali. Me instalei com um rádio velho a pilha do meu lado, um maço de cigarros, uns baseados bolados e cerveja, observando as presas.

O movimento estava baixo, mas muitos dos que passavam a pé e de carro estranhavam um pouco a imagem de um cara truculento, de quase dois metros, os peitos e braços à mostra, enormes, sentado na entrada de uma construção. Logo olhavam para e mim e para o local e entendiam. Outros passavam menos indiscretos, olhavam e ficavam olhando, algumas mulheres, uns veados chamativos e outros não. Quando eles se afastavam eu dava uma risada sacana, falando pra mim mesmo “É disso mermo que eu preciso!” e balançava a cabeça no funk conhecido que tocava na rádio.

Depois que anoiteceu eu resolvi dar uma volta no quarteirão. Saí só segurando uma lata de “loira” e o meu baseado atrás da orelha. Andei devagar analisando aquele bairro praticamente residencial, cheio de prédios e casas enormes, quase todos quietos – um bando de patricinha. O calor fazia com que, só de caminhar, o meu peitoral inchado e grande brilhasse, meus braços também. A cobra tatuada em um deles, cuja cabeça terminava na minha mão e o corpo se iniciava em meu pescoço, realçava seus traços com a umidade. A cerveja ajudava a manter o corpão fresco, e o beckzão que eu acendi deixava rastros de cheiro pelas ruas e ia me pirando o cabeção.

A uma altura da caminhada um carro preto de cujo formato parecia um Porche passou devagar, vinha a minha direção. Reparei antes de chegar perto que o vidro estava aberto e, quando passou, um rapaz me encarava inteiro, sem discrição, e só parou depois de me perder do seu campo de visão. Olhei pra ele, me virei e, pelo retrovisor, vi seu rosto me olhando ainda.

O incomum disso é que geralmente acontece, mas são homens muito velhos ou veadinhos efeminados. O rapaz que me intimou com os olhinhos de gata faminta era um cara de barba, cabelo comprido amarrado em coque sobre a cabeça. Eu ri sozinho e voltei a caminhada, reacendendo o baseado que apagou na ocasião.

Mais à frente, o mesmo carro voltava em direção contrária e passava agora em velocidade mais alta; só reconheci quando passou por mim. Parou em um portão elétrico, vi que enquanto o portão se abria, ele abriu o vidro do carona para me olhar novamente. Fui chegando mais perto consequentemente, e percebi que se tratava de um cara talvez empreendedor, advogado, alguém com um bom cargo, pois vestia-se, pra mim, com trajes de gente cheia da grana: relógio, óculos, terno, carrão...

Ele entrou; quando cheguei perto o portão já havia fechado. A única coisa que senti foi um leve cheiro de perfume e carro novo no ar, o que me deixou na vontade de conhecer aquele luxo. Olhei o prédio: coisa de primeira, sacadas enormes, tudo bem feito. “Quem construiu teve altas trabalheira”, pensei.

Parei em um posto para comprar cerveja na conveniência, e fiquei um tempo lá bebendo uma e fumando tabaco. Flertei gostoso com um veadinho e a amiga, parados próximos a mim, me olhando e dando risadinhas. Ainda adolescentes, eu via a fome no olhar daquelas duas eguinhas. A amiga foi ao banheiro. Daí o guri atacou: demorou um pouco mas chegou perto. Era louro, magro e muito mais baixo do que eu, perfume gostoso, “loirinha bonita”, pensei, “dá pra se divertir”. Ele me passou um papel que tirou da mochila pra anotar algo. Era o número do celular seguido de “tô indo pra casa, é aqui perto, me liga”.

Eu ri e puxei meu lábio sacana pro lado, olhei ao redor e guardei o bilhete dentro de minha cueca, cujo elástico saía da bermuda tactel frouxa. O veadinho entreabriu os lábios, engolindo a seco, e se não fosse a amiga chegar logo depois, eu teria ouvido o gemido sair em homenagem à cena que viu.

Saíram, olhou pra trás e eu pisquei ainda repuxando a boca. Depois voltei pra outra cerveja e refiz a mesma rota bebendo a loira.

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Comentários

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Adorei q vc fuma um bec. Adoro ver um homem fumando um antes de ficar comigo.

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