Marcos acordou quase ao meio dia, ao som das risadas e sons alegres que vinham lá de fora.
Bocejou, se ergueu da cama e se arrastou até a janela.
Alana e suas duas irmãs brincavam lá fora, num balanço preso a uma centenária mangueira, que crescia perto da casa.
Priscila e Carolina impulsionavam Alana bem alto no balanço, seus cabelos negros flutuavam ao redor de seu rosto e ela ria com a felicidade genuína de uma criança.
Marcos a contemplava e pensava em quanto isso era estranho. Alana era uma mulher liberal, rodada, mas tinha a aparência de uma menina pura e inocente, parecia uma boneca de porcelana japonesa.
Ao vê - la assim, qualquer um podia jurar que ela era virgem...
Marcos sacudiu a cabeça e foi tomar banho e fazer a barba.
Era dia 24 de dezembro, véspera de Natal.
Marcos comeu uma fruta e correu para fora, ao encontro das garotas
- Bom dia, meninas !
- Bom dia ! responderam as três em coro.
Marcos olhou para Alana, que continuava sentada no balanço e sorria para ele.
- Dormiu bem, Alana ?
- Nossa, caí na cama e apaguei, ela respondeu estendendo os braços graciosamente. - Você prometeu me ensinar a cavalgar... Onde estão os cavalos ?
- Ah, estão ali... Vem cá ver.
Ele a puxou pela mão, enquanto Priscila e Carolina ficaram brincando no balanço.
Bem nos fundos havia uma cocheiras onde meia dúzia de cavalos mastigavam alfafa placidamente.
- Aqui estão eles, disse Marcos. - Você vai montar naquele ali, o Dourado. O mais velho e manso de todos...
Alana chegou mais perto e Marcos sentiu o perfume suave que ela usava. Lavanda de bebê. Tudo nela era suave e delicado e ele estava ficando sem chão.
Alana o olhou de esguelha e curvou os lábios vermelhos e convidativos.
- Estou com vontade de cavalgar outra coisa, disse baixinho.
No mesmo instante Marcos sentiu seu membro se expandir.
- Nem fala isso que eu fico louco e sou capaz de agarrar você aqui mesmo...
Alana sorriu.
- Essa noite... Depois da ceia. Dá uma olhada na cozinha, sua mãe está preparando uma ceia deliciosa. E, sabe ? Vai ser a primeira ceia de Natal da minha vida...
Os dois se olharam longamente. Marcos pegou a mão de Alana, mão delicada e frágil, de dedos finos, e a beijou. Ela estremeceu toda com aquele contato...
As irmãs de Marcos chegaram e quebraram o clima.
A casa estava toda enfeitada para o Natal. Na sala, um pinheiro coberto de luzinhas piscantes, abrigando o presépio e os pacotes enfeitados de presentes sob seus galhos, fascinava Alana. Por mais de uma vez Marcos a surpreendeu parada diante do pinheiro, como se fosse uma criança...
Ela estava linda à hora da ceia, com um vestido cor de rosa e uma flor nos cabelos negros. Chegaram visitas, os avós, tios e primos de Marcos, e todos cumprimentaram o rapaz por ter uma namorada tão linda. Eles riram e ficaram de mãos dadas...
Era a primeira vez que ficavam assim, de mãos dadas.
Como havia muita gente, e a noite estava quente e estrelada , a mesa da ceia de Natal foi armada ao ar livre. Sobre a toalha xadrez, havia peru assado, travessas cheias de rabanadas, farofa, arroz à grega, e muitos doces - pudins, compoteiras com doces de calda e baba de moça. E refri, cerveja e espumante à vontade.
Todos conversavam, riam e se divertiam. Marcos e Alana cercavam a mesa com os pratos na mão.
- Nossa, nem sei o que escolher, disse Alana.
- Recomendo a farofa de passas da minha mãe, é uma delícia ! - disse Marcos muito animado. - E esse peito de chester é dos deuses. E, para a sobremesa, já sei, você vai querer baba de moça !
Alana riu muito e se serviu. Marcos encheu um prato e os dois foram comer um pouco retirados, num banco do jardim.
- Muito bom, dizia Alana enchendo a boca de farofa.
- Não te disse, respondeu Marcos, minha mãe é uma cozinheira de mão cheia...
O tilintar suave do smartphone de Alana, alerta de mensagem. Ela olha e sorri.
- É da Bianca ! - falou. - Está nos desejando feliz Natal, e diz que está sentindo muito a nossa falta !
Marcos fechou a cara.