Continuando...
-Tem bicho aqui.-D disse parecendo assustado olhando pra qualquer lugar da fonte.
-Bicho?Onde?-Perguntei enquanto me aproximava mais.
-Aqui garoto mal!-Ele disse enquanto colocava a mão na água.
Cheguei perto o suficiente para ver que bicho era aquele e então ele levantou a mão e jogou em mim molhando meu rosto e minha camisa.
Dei um tapa no braço dele e então D se levantou.Pegamos meu caderno e saímos dali,D caminhava dando pulinhos de alegria e por tudo tinha um ataque de felicidade.Era meio vergonhoso andar com alguém desse jeito,mas não adiantava falar,o D não compreendia.
Chegamos ao mesmo local aonde tinha estado ontem depois da confusão no bar,e eu me sentei no chão.D começou a brincar com um avião de papel e eu abri o caderno,tinha uma longa tarefa de matemática e não tinha nem começado.Pra manter ele distraido enquanto eu estudava fiz mais três aviõesinhos de papel e joguei.
Passou algum tempo o D sentou ao meu lado,brincando com uns pauzinhos.Eu já tinha respondido a metade do exercício e esperava que o D não desse a loca e inventasse uma nova brincadeira.
-Isso é tão chato!-Reclamei achando que meu cérebro estava dando um nò.
-Garoto mal disse que o D é chato?-Ele perguntou me olhando com os olhos cheios d'agua.
-Não...Claro que não,eu tô falando do...-respondi rapidamente.
-Garoto mal não gosta do D...não gosta!-Ele disse enquanto se levantava.
-D eu não disse isso,eu tava falando do...do exercício.-Tentei falar mas era tarde,ele saiu correndo.
Juntei minhas coisas e voltei para casa,o resto da tarde foi infernal.Não conseguia me concentrar e meu pensamento vagava perdido entre o Matheus e o D.Mas eu não tinha culpa se o pirado do D tinha entendido tudo errado,eu não devia nenhuma desculpa pra ele,não devia mesmo.
A noite demorei a pegar no sono e quando consegui,tive vários pesadelos.No dia seguinte acordei só o caquinho do vidro quebrado,e fui pra escola praticamente me arrastando.
Eu nem tive que me preocupar em evitar o Matheus,pois ele decidiu me ignorar totalmente.Apesar de não querer vê-lo e nem falar com ele,confesso que isso doeu bastante.
Voltei pra casa pior do que tinha ido,estava arrasado e só conseguia ver a cena do Matheus no meio das meninas cheio de sorrisinhos.O olhar que o D me deu ontem quando perguntou se eu não gostava mais dele,também martelava na minha mente e me deixava ainda mais pior.
As quatro da tarde minha irmã chegou com o namorado e eu decidi sair,não queria os dois latindo no meu ouvido.Peguei a rua que descia até a minha,ela tinha uma ladeira e decidi subir até lá em cima,quem sabe eu não morria de tanto esforço.
Quando consegui chegar no início da ladeira pareceu que eu estava tento um piripaque.Depois de um tempo comecei a me sentir melhor e resolvi continuar caminhando,mas logo parei pois o D vinha na minha direção.
Mas o que era aquilo que ele estava usando?Quem dava roupas pra ele vestir meu Deus?
Hoje essa criatura estava de moletom branco com uma estampa das meninas super poderosas e uma calça jeans que parecia que tinha ido pra guerra e voltado com cicatrizes.Sinceramente,a minha cueca tinha mais pano que aquela calça.E ele estava calçando...Claro que pantufas e essa tinha até orelhas e era roxa.Meu deus quem foi a criatura imbecil que inventou o demônio das pantufas?
-Oie D!-Eu disse sem graça.
-D não fala mais com você.-Ele disse agora cruzando os braços.
-D ontem eu não disse que você era chato,eu tava falando do exercício da escola.-Expliquei em voz baixa.
-Garoto mal não gosta de D.-Ele disse agora fazendo bico.
-Eu gosto de você D,gosto mesmo.-Menti na cara dura ou será que não era tão mentira assim?
-Garoto mal gosta de D?-Ele perguntou agora abrindo um sorriso.
-Gosto sim e pra provar,hoje vou brincar do que você quiser.-Respondi na impulsividade.
-Ebaa!-Ele disse batendo palmas.
Eu e minha boca grande,não deveria ter dito isso pra ele,tinha certeza que ia me arrepender.
-Garoto mal espera aí.-D disse e em seguida saiu correndo.
Bem agora eu poderia fazer igual a coelho de mágico e desaparecer mas não seria justo com ele,poxa ele tinha ficado tão sentido ontem,agora eu tinha que recompensar.
Depois de algum tempo o D voltou puxando uma coisa por uma corda e eu me afastei para ver o que era.Quase cai duro,não acreditei que ele vinha puxando uma tábua com rodas.
-Onde você arrumou isso criatura?-Perguntei nervoso.
-As crianças emprestaram pra eu brincar com você.-Ele respondeu com um sorriso enorme.
-Brincar?Como?-Perguntei assustado sem entender aonde ele queria chegar.
-D e garoto mal vão descer o escorrega.-Ele disse apontando para a ladeira.
Eu merecia levar uns tapas daqueles de deixar marcas,como eu poderia ter dito pra alguém com o juízo virado que a gente podia fazer o que ele quisesse?
-D isso é muito perigoso...-Tentei falar.
-Garoto mal disse que brincaria do que o D quisesse...D quer descer o escorrega.-Ele interrompeu.
-Eu falei,mas...-Tentei falar meio agoniado.
-Garoto mal mentiu pra D...Mentiu.-Ele interrompeu com cara de choro.
Ver um homem daquele tamanho com lágrimas nos olhos era demais pra o meu coração tapado,então acabei concordando com aquela loucura.
D se sentou naquela tábua e eu sentei na frente,entre suas pernas.Ele deu um grito e fez impulso.
Meu Deus eu não tinha nem feito testamento ainda!
Aquela tábua desceu numa velocidade absurda e a única coisa que eu conseguia pensar era que ia doer,ia doer muito.Fechei os olhos com força e segurei nas pernas do D como se a minha vida dependesse disso,e então aconteceu.O carrinho improvisado bateu em algo e girou,me arremessando num lugar duro.
Abri os olhos e percebi que tinha caído na calçada.Alem da raladura em um dos meus braços,eu tava inteiro e VIVO!Me levantei rápido e vi o D em pé do outro lado,dando pulos de alegria.Pelo menos alguém tinha se divertido.
-FELIPE?-alguém me chamou e parecia bem irritado.
Procurei e logo vi dois rapazes em pé e outro no chão bem perto da onde eu estava.
-Oi Matheus!-Disse sem graça.
-Porra Felipe o que você estava fazendo?-um dos rapazes perguntou em tom sério.
-Você acertou o Matheus em cheio cara.-O outro disse enquanto se abaixava e ajuda o Matheus a se sentar.
-Foi mal...tá doendo muito aí?-Perguntei com um sorriso sem graça.
-VOCÊ VAI SABER QUANDO EU TORCER ESSE SEU PESCOÇO DE FRANGO.-Matheus respondeu em fúria.
-Tô vendo que tá inteiro.-Respondi no tom mais tranquilo que eu podia usar.
-VOCÊ ME PAGA SEU FILHO DA PUTA,VOU FAZER PICADINHO DESSA TUA CARA SEU FRANGO DE PADARIA.-Ele gritou ainda mais alto.
-Nunca te ensinaram que não se deve atravessar a rua sem olhar?Fica ai pagando de machão e foi atropelado.-Falei sentindo um gostinho de vitória.
Sem esperar por mais uma ameaça dele,fui até o D que estava abaixado a um canto.
-Carrinho quebrou.-Ele disse triste.
-Eu sei,mas depois conseguimos outro.Agora vamos embora daqui.-Disse enquanto colocava a mão no ombro dele e puxava.
D ficou meio resistente mas logo se levantou e saímos caminhando sem rumo.No meio de uma rua que estávamos,ele pegou na minha mão e saiu me puxando.
Entramos e saímos de várias ruas até parar na entrada de uma mata que havia ali.D olhou em volta e continuou me puxando até uma trilha e aí subimos mata a dentro.
Onde ele estava me levando? Será que ele ia fazer igual ao Edward de crepúsculo e dizer que era um vampiro?Dizer que gostava de mim mas também me queria como a refeição? Credo,será que ele ia mostrar que brilhava no sol?
Aí Felipe volta pra terra que agora viajou legal na maionese.
O pior é que bateu um medo agora,será que o D ia me machucar?O D era um louco inofensivo ne?
Continua...
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Olá pessoal,mas uma vez obrigado pelos comentários,vocês me incentivam bastante.Espero que gostem desse capítulo.
E parece que o D já tá ganhando fãs!
Bem,obrigado a todos que leram e até a próxima pessoal.
