CAPITULO 6: MARINA
Enquanto estávamos ali naquele carro abraçadas várias coisas começaram a se passar em minha mente. Eu não sabia ao certo o que estava acontecendo comigo. Se fosse a alguns dias atrás eu jamais abraçaria uma pessoa como estava abraçando a Maria Clara e pior, eu jamais me preocupei assim com ninguém antes. Era como se a dor dela e o medo estampados em seus olhos tivessem em mim. A fragilidade e o apavoramento daquela mulher me comoveu de uma forma que ninguém jamais conseguiu.
Quando ela parou de chorar e sorriu pra mim foi como se o mundo parasse. Aquele sorriso iluminou todo o carro e fez meu coração acelerar. Era a primeira vez que ela sorria pra mim. Me deu uma vontade enorme de beija-la e eu não reprimi o meu desejo. A beijei. Pensaria nas consequências mais tarde. Foi um beijo bom, pelo menos pra mim. Após o beijo a Maria Clara se fez de indiferente e ficou distante. Ligou o carro e me levou pra casa em silêncio. Recusou meu convite para entrar e foi embora. Não sei porque mais fiquei incomodada com aquela rejeição dela. Ninguém nunca tinha me rejeitado antes. Eu precisava urgentemente desabafar com alguém por isso liguei para as pessoas mais próximas a mim: André e Jade.
Marquei com eles na minha casa. Falei que era um assunto urgente e então em menos de uma hora os dois estavam sentados na minha sala perplexos com o que eu tinha acabado de lhes contar.
Ela te rejeitou? Quem é Sandro? Porque saiu com ela? Porque beijou ela? Eram muitas perguntas e pra maioria delas eu não tinha resposta. Em vez de me ajudar eles estavam me confundindo ainda mais.
- Então a baranga está se fazendo de difícil?
Não sei porque mais o modo que a Jade se referiu a Clara me incomodou. Porém, preferi ficar quieta.
- Quem diria não é mesmo?! Marina Augusto Ferraz sendo rejeitada por uma qualquer. Você merece coisa melhor meu amor. - debochou André.
- Eu sei que mereço coisa melhor meu bem. Só não compreendo como ela pôde ter rejeitado uma pessoa tão magnífica como eu.
- Vai ver ela não curte mulheres ou você não faz o tipo dela.
Gargalhei da barriga doer com o comentário da Jade antes de responder:
- Eu faço o tipo de qualquer pessoa!
- Não o dela. Aposto que não conseguirá nada com ela.
- Quanto?
- Quanto o quê?
- Quanto vale a aposta? Eu aceito.
- Eu estava brincando Marina. Você ta falando sério?
- Estou. Aposto uma garrafa de whisky Chivas Regal Royal Salute que consigo leva-lá pra cama.
- Fechado. Mas você tem um mês.
- Um mês? É muito pouco tempo.
- Sim, um mês. Você não se garante?
- Você sabe que sim.
- Vocês não valem nada. Eu também to dentro.
A Maria Clara tinha ferido o meu ego e eu não iria deixar barato. O plano era leva-lá pra cama e depois desaparecer. Ela iria ter o que merece.
Depois de inúmeras gargalhadas o André e a Jade foram embora. Ficou apenas eu e meus pensamentos. Pensamentos esses que tinham nome, sobrenome e um lindo sorriso. Eu precisava evitar ficar sozinha. Meus pensamentos estavam começando a me assustar.
Não fiz nada de interessante pela noite. Fiquei apenas navegando na internet de bobeira. Acabei dormindo super cedo.
Passou-se uma semana e nada da Maria Clara dar sinal de vida. Será que ela não iria me procurar? Eu ia acabar perdendo a aposta. Eu sempre odiei perder. Não consigo lidar com a derrota. Mas também não iria me humilhar para aquela mulher indo procura-la. Meu orgulho nunca me permitiria.
Até que numa ensolarada manhã tudo mudou. Foi entregue em minha casa um buquê de flores acompanhado de um cartão que dizia: "Me desculpe. Podemos tentar de novo?". Não tinha assinatura, porém eu tinha certeza quem era o remetente. Em seguida, chegaram-se em minha casa vários buquês de flores, um atrás do outro. Finalmente eu estava de volta ao jogo, tinha menos de três semanas para o fim da aposta. Quando o último buquê de flores foi entregue meu celular vibrou, era uma mensagem.
"Espero que tenha gostado das flores. Vamos jantar hoje? Vou passar para te buscar às 19h:30min."
Audaciosa demais essa mulher. A ideia de mandar flores era clichê demais. Porém, ela conseguiu me surpreender. Quem diria, não é mesmo?! Maria Clara era uma mulher cheia de cartas na manga.
Às 19h:15min a Clara chegou em minha casa. Eu já estava pronta a sua espera. Quando a olhei fui mais uma vez surpreendida por ela. A Srt. Bertolazzo... Isso mesmo que você leu, Srt. Bertolazzo estava em trajes a sua altura. Não era mais a "Clarinha" sem graça e sim a Srt. Bertolazzo. A mulher estava elegantíssima, cheia de glamour. Com cara de rica, cheiro de rica, jeito de rica,... Vestida com um vestido longo de cor preta que só de olhar dava pra ver que tinha custado uma fortuna, também estava muito bem maquiada e o cheiro... Meu Deus... O cheiro dela era maravilhoso. Admirei-a por longos segundos. Porque ela não se vestia assim sempre? Ficava tão linda! Ela estava tão radiante que até meus pais ficaram boquiabertos ao olha-lá. Sensacional!!