Capítulo 1 - Capturada
-Enfermeira! Enfermeira! Preciso de ajuda! -Chamou de seu leito uma das mais tediosas pacientes do hospital, dona Editi.
-Sim? -Respondi calmamente, revirando os olhos e me voltando pra ela em seguida. A verdade é que eu não havia dormido bem esta noite. Um certo par de olhos claros, vinham tirando meu sono, noite, após noite.
-Preciso de morfina... Oh, sinto tanta dor! -Falou fazendo cena. Eu já conhecia seus esquemas.
-Não, não e não -Tentei negar, afinal, dona Editi havia viciado em morfina.
-Ah! Isabella... -Falou cruzando os dedos e me chamando pelo nome. Não me lembro de ter lhe dado tanta ousadia! -Por favor? -Pediu sorrindo.
-Não...-Falei suavemente, para não soar tão mal.
-Agora eu sei por que o doutor Henrique não tem coragem de falar com você! -A velha sabia ser chantagista.
-Do que a senhora está falando? -Perguntei já sabendo do que se tratava.
-Ora, do doutor Henrique! Ele é afim de você, apesar de vc ser bem sem graça -Falou apontando pra mim e então pude dar uma olhada em como estava vestida: O jaleco branco do hospital era tamanho G e ficava absurdamente grande em mim, cobrindo parte da saia da mesma cor até os joelhos que eu usava. A meia calça completava tudo, me deixando puritanamente feia. Se não bastasse, meus óculos de descanso de armação preta, deixavam minha pele ainda mais pálida. O coque no cabelo conferiam aos meus dezenove anos, pelo menos, trinta anos a mais. -Mas de qualquer forma, ele não chega em você, por que você nunca cede. -Disse a velha fazendo careta.
-Bem, o doutor Henrique já não irá mais trabalhar aqui e por isso não teremos esse problema. -Falei enquanto ajeitava o soro dela.
-E você perdeu, sua bobona! Ah, se fosse eu! No meu tempo eu já tinha rolado o hospital com o médico bonitão! -Disse de olhos fechados como que imaginando a cena.
-Pensei que a senhora fosse religiosa. -Perguntei incrédula.
-E eu sou, mas também não estou morta.
Depois de atender dona Editi, cuidei de um paciente que havia machucado o braço e então pude sair do hospital, onde fazia estágio e como de costume, por volta das seis da tarde, fui pro ponto de ônibus.
Esperei por cerca de dez minutos e quando ouvi um barulho, este não foi de carro, mas sim de sirenes.
Duas viaturas haviam parado em frente o ponto de ônibus e de imediato pensei que iriam me perguntar algo.
-Coloque as mãos pro alto e levante devagar.
Uma sensação de pânico tomou conta de mim. Não sabia o que estava acontecendo e não havia feito nada. Por esses motivos, colaborei com a polícia.
Dois policiais me algemaram e me colocaram na viatura.
-Você está presa por assassinato e ocultação de cadáveres. -Disse um dos dois policiais que estavam na viatura.
Meu estômago prontamente embrulhou e senti uma sensação horrível tomar conta de mim e sair pela minha boca.
-Que droga, sua vaca! Você sujou o carpete do carro e os meus sapatos! -Gritou o policial que estava ao meu lado.
Depois do vômito veio o choro e o desespero.
-Eu nunca fiz isso! Nunca matei ninguém! Por favor, acreditem em mim... -Falei desesperadamente, enquanto chorava.
-Olha aqui, todos vocês dizem o mesmo e no final sempre são culpados. Além do mais nós estamos investigando o seu caso faz tempo. Você finge que é enfermeira e sai do hospital vestida assim, mas na verdade é uma assassina que matou a própria vovózinha que te criou. Não é mesmo Milena Souza?
-Mas isso não é verdade! Eu nunca matei ninguém, esse não é meu nome! -Agora eu tinha certeza de que haviam me confundido.
-Fala isso pra delegada.
continua...
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