Eu não sabia naquele momento o motivo pelo qual ele também permaneceu ali. Mas eu lembro bem daquela noite. Os seus olhos eram obscuros e pareciam ser uma entrada convidativa para a sua alma. Eu entrei e me perdi. Perdi-me naquela perturbada mente insana. Minha alma já era. Naquelas alturas eu já tinha desistido de chegar em casa. Não tinha nada mais na rua. Não tinha gente. Não tinha bicho. Não tinha carro. Não tinha ônibus. A minha suíte 5 estrelas seria aquela parada de ônibus, e a nossa cama foi aquela banco estreito de concreto. Eu lembro que logo a boca dele procurou pela minha, e era como se meu corpo estivesse sendo tomado por uma carga elétrica. Mas a carga elétrica era ele. Ele era a fonte de energia. Eu só queria me ligar a ele. Provavelmente naquele momento aconteceu um curto circuito, pois os nossos corpos entraram em êxtase. Uma parada cardíaca. Não tinha mais ar em nenhum lugar.
Era incrivelmente cedo para aquele lugar estar tão vazio. Engano meu, pois aquele lugar era um verdadeiro fim de mundo. Mas era o nosso lugar. Eram 19 e alguma coisa. Era dia 1 do mês nove. 19 centímetros. E a minha linha era o 119. Mas pra que voltar pra casa se eu já tinha meu lar ali, eu podia sentia o seu peso e o seu calor. É essa sensação que temos quando estamos em casa não é?
Os movimentos dele me lembravam um terremoto que tinha a capacidade de destruir todo o meu sofrimento e me daria a oportunidade de recomeçar. Ele me destruía ao mesmo tempo em que me reconstruía. Os movimentos do seu quadril se tornavam mais intensos e eu não me importava com o casal que acabara de passar ali. Eu me sentia um pervertido por estar ali, naquela situação, naquele local, sem roupas. Não. Eu estava vestido com ele, e com toda certeza, roupa de marca nenhuma coube melhor. A sincronia era perfeita. A nossa trilha sonora era o barulho das árvores que tinham ali perto. Elas balançavam muito, o vento estava muito forte e o céu estava nublado. Mas nós tínhamos um telhado. De repente a respiração dele ficou mais rápida e os seus movimentos mais grosseiros e intensos. Ele tinha acabado, e seus olhos não haviam mudado nada. Eles ainda eram um mistério pra mim. Mas eu só queria uma resposta naquele momento.
– qual é o seu nome?