Desculpe o sumiço, mas estou enforcado, desculpa não responder os comentários. Segunda-feira deve ter o ultimo capítulo da série. Um beijo a todos.
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Otávio:
- Diz pai, o que eu não aceitaria? – Estava muito estranho os dois conversando, aliás, os dois estão bem estranhos desde a sexta-feira, pareciam esconder alguma coisa.
- Claro que vir morar aqui comigo né! Não queria ficar sozinho.
- Mas o senhor pode ir morar comigo lá na Itália.
- Então você vai morar lá mesmo né? – perguntou ele. Vi na sua cara um pouco de decepção, mas o que ele queria? Que eu largasse tudo pra viver essa loucura com ele? Não dá!
- Sim, fico aqui mais alguns dias e depois volto pra casa.
- Hum... – E disse a sua mãe, que tinha ido ao shopping comigo – Mãe, suas coisas estão prontas? Precisamos ir embora.
- Estão, mas já quer ir?
- Sim, tenho que trabalhar amanhã e estou bem cansado.
- Poxa filho, vou sentir sua falta.
- Não seja por isso, o senhor pode ir me visitar semana que vem... Você também está convidado Otávio, se ainda estiver por aqui.
- Vamos ver...
- Bem, vou arrumar minhas coisas.
Ele subiu e eu fui para a cozinha pegar algo para comer. Não demorou muito e eles já estavam prontos para irem embora. Eu estava envergonhado, sei lá, me sentia estranho em relação a ele, nós tínhamos que conversar antes dele ir embora.
- Bruno, podemos ir no quarto, preciso conversar com você.
- Tudo bem.
- Otávio, eles estão atrasados, não seria melhor...
- Pai, por favor. – E para ele – Vamos. Subimos as escadas e logo estávamos no quarto.
- Fala. – sentia que ele estava triste.
- Quero saber como ficamos.
- Não ficamos Otávio, achei que estava claro já isso. Você tem seu filho pra cuidar, seu casamento pra preparar e é o melhor que você faz mesmo. Vá ser feliz com sua esposa.
- Você sabe que eu só vou ser feliz com você. É você que eu amo.
- Sim, eu também te amo, mas pra ficarmos juntos muita gente tem que sofrer e já basta a gente sofrendo, então vamos deixar como está. Vou tentar acertar as coisas com o Maicon e seguir minha vida.
- Você gosta dele? Ele cuida de você?
- Demais, ele me trata bem.
- Bem, então que você seja feliz com ele.
- Só com você eu vou ser feliz de verdade, mas a vida não quer isso, então... me dá pelo menos um abraço.
Mas eu queria mais que um abraço, o agarrei e o beijei, o nosso beijo, com vontade. Senti um calor delicioso tomar conta de mim, a boca dele era a mais perfeita e gostosa do mundo, como eu queria morrer beijando aquela boca. Mas aquelas circunstâncias não permitiam que nos entregássemos novamente.
- Eu te amo, me perdoa?
- Te perdoar pelo que Otávio?
- Não poder ser teu, esse era o meu maior sonho, poder me entregar a você de novo. Mas não posso abandonar meu filho.
- Eu entendo, não se preocupa, cuida do seu filho e tenta ser feliz.
- E você?
- Vou seguir minha vida.
- Tudo bem, mas a gente ainda se vê.
- Eu espero que não, vai ser mais fácil te esquecer. – disse ele pegando suas coisas e saindo do quarto.
Segurar o choro foi impossível, então permaneci ali no quarto sentado no chão, chorando a escolha que fiz. Pouco tempo depois meu pai apareceu e eu já esperava o sermão dele, mas não, ele apenas sentou ao meu lado, me abraçou e chorou comigo. Não entendi porque ele estava chorando, mas foi reconfortante demais.
Bruno:
Ao chegar em casa, não demorou muito e recebi uma mensagem do Maicon perguntando se estava tudo bem, se poderia ir me ver. Eu pensei duas vezes em aceitar, mas aquele fim de semana já tinha sido uma merda, então uma merda a mais outra a menos não faria muita diferença. Eu já sabia que depois daquela conversa eu estaria solteiro novamente, mas era preciso, eu ia tentar manter meu namoro, mas seria difícil. Ele chegou na minha casa sem a alegria de sempre, pois sabia que aqueles dias não foram dos melhores.
- Oi amor, você está bem? – Ele chegou me abraçando e me beijou, mas eu pedi para conversarmos.
- Não Maicon, aconteceu algo grave e eu preciso conversar com você. Vamos para o quarto.
- Nossa, o que houve pra você ficar desse jeito? Está mal pela dona Ceci ainda? – perguntou ele ao chegarmos no quarto.
- Maicon... – meus olhos já encheram de lágrimas, só de pensar em magoar meu menino, mas não conseguiria seguir em frente mentindo pra ele. – Eu gosto demais de você, você sabe não é?
- Acredito que sim, o que você fez?
- Eu já te dei provas de que gosto de você de verdade, não foi?
- Bruno, por favor, para de enrolar! O que houve?
- Eu nem sei como dizer isso... Mas eu acabei dormindo com o Otávio lá no Rio.- Nem consigo descrever a cara que ele fez. Ele arregalou os olhos e fechou a cara, mostrando o ódio que estava sentindo. – Nós dois bebemos, estávamos fragilizados, acabou rolando... me doi muito contar isso pra você, seria muito mais fácil seguir como se nada tivesse acontecido, mas não consigo... Você sempre foi maravilhoso comigo e não tem como eu te enganar assim. Eu cometi um erro e te peço perdão... e deixo nas suas mãos o futuro da nossa relação.
- Eu sabia que você não tinha esquecido ele! Eu sabia que você ainda amava aquele filho da puta!
- Não é isso...
- Vai negar? Você não ama ele? Não sente mais nada por ele?
- Não, não posso negar, eu ainda sinto, mas é você que eu quero.
- Eu amo você Bruno, mas não quero você pela metade. De que adianta nós ficarmos juntos se sua cabeça e coração vão estar nele? Eu até admiro sua coragem e sua honestidade em me contar dessa putaria que você fez comigo, mas de você eu não quero mais nada. – disse ele levantando.
- Maiquinho... – nem preciso falar que se estava na merda antes, ali já estava numa merda pior ainda.
- Não, nem vem, eu estou com uma raiva de você que eu nem sei se consigo me conter mais, minha vontade é quebrar sua cara e daquele viado do caralho!
- Me desculpa por te magoar, você não merece passar por nada disso.
- Mas me magoou! – e saiu do quarto.
Ainda tentei ir atrás dele, mas não adiantou, ele foi embora sem dizer nenhuma palavra a mais comigo. Bem, eu sabia que isso poderia acontecer e até que ele me tratou bem para a cagada que eu tinha feito...
Enfim, estava eu solteiro novamente, sozinho novamente, e sem ele novamente. Fui para o quarto, deitei na cama e lá eu voltei a chorar, não só pela minha separação, mas foi o resultado de todo um fim de semana acumulando tristezas em meu peito. Acabei adormecendo ali em meio aquela onda de dor. Achei realmente que acordaria melhor, mas não, aquela segunda-feira eu me arrastei para cumprir minhas tarefas, e foi assim a semana toda.
E dessa forma, um mês se passou...
- Nossa apareceu heim! Onde o senhor estava? - Meu pai tinha acabado de chegar na minha casa, duas horas depois do combinado. Eu ligava pro telefone dele mas só chamava e ninguém atendia.
Fazia já um mês desde que a morte da dona Cecília tinha abalado nossas vidas e meu encontro com o Otávio abalou meu coração. E poucas pessoas tinham presenciado o quão mal o Marcos tinha ficado com tudo isso. Passou praticamente uma semana em casa, sem colocar a cara na rua. Eu ligava todo dia pra falar com ele e sempre estava desanimado, triste e as vezes chorando. Eu tentava consolá-lo de qualquer forma, mas à distância era quase impossível. Queria muito ir pra lá, ficar com ele, ou busca-lo pra ficar esse tempo comigo, mas o filho dele permaneceu em sua casa por quase duas semanas. Quando finalmente o Otávio voltou para o buraco de onde tinha saído, ele veio me visitar e essas visitas foram se repetindo esporadicamente, principalmente aos fins de semana. Era muito bom ter ele comigo, bem, isso quando ele dava um jeito de sair com o “amigo” que tinha em Sampa, claro que ele ia atrás do Jeff.
O Otávio... eu pensava nele, mas minha preocupação era como ele estava com a morte da mãe. Eu sempre perguntava para o seu Marcos sobre ele, se tinha aceitado bem, e ele sempre respondia que estava sendo difícil ele se acostumar, sempre estava triste de saudade da mãe. Aquilo me doía também, pois eu queria muito poder ajuda-lo de alguma forma, mas com a noiva dele não dava, eu realmente cumpriria a promessa que tinha feito a ela e depois a mim mesmo, não faria nada para afastá-lo do filho, consequentemente dela, o que era o melhor pra todo mundo.
- Ah filho, desculpa. – Disse ele envergonhado. – Eu fui atrás do Jeff, mas ele não facilita.
- Aim Pai, que ladainha essa de vocês heim!
- Deixa isso pra lá. Cadê a Soninha?
- Batendo perna com umas amigas... E o senhor? Como está?
- Bem, na medida do possível... Tenho uma coisa pra te contar.
- Ai Deus! O que houve?
- O Otávio se separou da menina.
- O que??? Mas pai, ele ia se casar semana que vem!
- Exato. Parece que ele não quis se amarrar pra sempre.
- Mas e o Augusto? Ele vai voltar?
- Vai ficar com a mãe, e ele vai ficar perto do filho.
- Hum...
- Só isso que você vai dizer?
- Ué? O senhor quer que eu fale o que?
- Deixa pra lá.
Ele mudou de assunto e eu continuei fingindo que não me importava. Realmente eu não queria me importar, mas era impossível não ficar feliz por ele ter decidido se separar da lambisgóia, também fiquei feliz por achar que ele teria se separado por minha causa. E meu pensamento viajava: “Será que ele sabia que eu estava solteiro? Será que ele me procuraria? Ele pode voltar e visitar o filho...”. Ficamos conversando ainda sobre outros assuntos, mas por fim fomos dormir.
Aquela notícia me deu um pouco mais de alegria, então os dias que se seguiram foi cada vez mais pensando no Otávio, como ele estaria, como estava essa separação, como estava assimilando isso com a ausência da mãe... Enfim, minha cabeça não parava e só de pensar nele meu coração batia mais forte. Teve um dia que eu não resisti, aquele fim de semana que nos entregamos um ao outro foi intenso demais, e agora ali, sozinho, não consegui ficar longe de fato.
Durante a noite eu acordei de um pesadelo com o Otávio que me fez despertar chorando. Eu não me lembrava o que tinha sonhado, mas eu sabia que eu precisava ouvir a voz dele, lembro só que o pesadelo era terrível e eu perdia ele pra sempre... eu precisava saber se ele estava bem. Peguei o telefone e disquei. Assim que começou a chamar eu vi a loucura que estava fazendo, mas já era tarde, ele havia atendido.
- Ciao, Ottavio parlando. – Por alguns segundos eu pensei em desligar, pensei no que diria, como diria, como começar a conversa. – É do Brasil? Oi, alô? Pai?
- Sou eu. – ambos ficaram em silêncio. – Você está ai?
- Oi Bruno. Aconteceu alguma coisa?
- Eu que pergunto, aconteceu alguma coisa?
- Que loucura é essa? São 4 da manhã ai no Brasil, porque você me ligou?
- Eu não sei, sei que precisava falar com você, está tudo bem? – ele pediu para alguém voltar depois porque ele estava em uma conversa importante.
- Olha, quem mandou você me ligar?
- Ninguém, eu só estou preocupado com você. – então ele deu um suspiro profundo.
- Estou bem.
- Não mente pra mim... eu quero saber como você está. – quase suplicava pra ele deixar eu fazer parte pelo menos um pouquinho de sua vida.
- Eu estou tão triste Nuno. Não consigo me alegrar com nada, só com o Augusto.
- Mas como assim Tavinho? Você tem tudo o que você precisa ai, eu sei que você vive bem, seu emprego é bom, seu filho é maravilhoso, seu pai está bem...
- Eu não tenho minha mãe mais, meu pai só briga comigo, não tenho meu melhor amigo, meu emprego quer me engoli, eu me separei da Giulia e ela não me deixa ver meu filho... Eu estou em parafuso!
- Ela não pode fazer isso! Que loucura! O que essa piranha tem na cabeça?
- Calma! Não é pra tanto, de certa forma ela tem razão de estar com raiva. O casamento seria daqui a quinze dias, está tudo comprado, não só ela está com raiva, mas a família dela também. O pai dela me proibiu de me aproximar de sua casa...
-Eu entendo que ela esteja irritada, triste, etc, mas te tirar o filho não dá pra entender!
- Bem, piorou a situação quando eu contei pra ela do que rolou entre a gente.
- Sério?
- Bem, eu não contei que foi com você, até porque ela já te odeia e poderia querer te fazer mal, mas disse que era gay e que estava tendo um caso com um cara aqui da empresa.
- Mas porque você fez isso? Porque abriu mão do casamento?
- Tá de brincadeira né bruno? Eu te amo porra! Eu só vou ser feliz com você e se eu não posso ter você, não vou ter mais ninguém, muito menos me casar.
- Eu também te amo. Não vou esconder que eu fiquei muito feliz pela sua separação, mas agora não tanto, por causa das consequências.
- Isso eu vou resolver, eu tenho direito legal de ver meu filho e de ficar um pouco com ele. Vou ver judicialmente o que pode ser feito... Como eu queria um abraço seu! Como eu queria ao menos seu olhar agora... Minha vontade é largar isso tudo e pegar um avião agora... Mas não posso, eu amo meu filho.
- Você disse que só tem uma alegria aí, e essa sua alegria que deve nortear a sua vida. O Augusto vai ser um homem maravilhoso e para isso precisa ter seu pai por completo.
- Eu sei... não vou te pedir pra me esperar, não faria isso com você...
- Vou deixar rolar e ver o que acontece. – senti que ele começou a chorar.
- Isso não é justo! Eu preciso mesmo perder tudo o que eu amo? Preciso passar por tudo isso na minha vida? Você, meu filho, minha mãe... Não sei se vou aguentar Bruno. As vezes até a janela aqui do escritório parece uma solução...
- Não fala besteira! Se jogar da janela ia resolver o que?! Se é pra deixar seu filho sozinho volta e fica comigo! Mas não, você nunca seria completo sem ele, eu sei. E eu não serei completo sem você, mas a vida quis assim, então honre esse saco grande e delicioso que você tem! Seja homem! Qual foi lutador? Vai desistir? – Ouvi alguém o chamando.
- Você é incrível sabia? Obrigado por me ligar.
- Não precisa agradecer. Acho que eu estou mais feliz que você por ter te ligado.
- Vou precisar desligar agora, mas não queria.
- Você está trabalhando né?
- Sim, tenho que resolver algumas coisas aqui... e você menino, volte a dormir, vá descansar.
- Sim, vou tentar... Eu te amo Tavinho.
- Eu também te amo bobão. Até a próxima.
- Até.