Contrariando minhas expectativas, cheguei no Hotel Milano em poucos minutos. Novamente reli a mensagem ao saltar do táxi. O relógio me alertou que faltavam poucos minutos para o início do próximo dia. Eu só podia estar completamente maluco. Eu estava no centro da cidade, num horário completamente inapropriado atendendo aos pedidos de um homem que mal direcionava um palavra a mim. Sorri ao empurrar as enormes portas de vidros que me deixariam dentro do grandioso hall de entrada do hotel. Atravessei o ambiente gelado e dourado propositalmente por causa das luzes e, alertado por Alexandre, novamente apenas mencionei o número do quarto à recepcionista.
Quando seus olhos, enfim, pararam de mirar a tela muito clara do computador, percorreram meu rosto e desceram pelo meu corpo. Ela estava me julgando com aquele par de olhos negros. Ela claramente sabia o que estava acontecendo naquele momento. Ela sabia o porque da minha presença. Por um segundo eu quis me esconder daquele olhar ou sair correndo para fora do ambiente que não me cabia. Eu estava sofrendo na pele o que muitos sofrem pela cidade afora.
Por fim sua voz foi dura ao me responder:
- O Sr. Milano lhe espera no bar.
Sem detalhes, sem coordenadas. Apenas um recado repassado. Nada mais.
Eu ainda queria sair dali, é claro. Provavelmente diante da minha expressão vazia novamente ele se impôs, mas dessa vez ainda mais dura e sarcástica:
- Elevador! Rooftop, ou melhor, terraço. Conhece essas palavras?
“Abusada. Prepotente.”
É claro que as palavras foram barracas pela minha boca que continuava fechada. Saí dali o mais rápido possível.
O bar estava praticamente vazio. Para o seu tamanho, podia-se considerar uma noite calma. O bar ocupava todo o terraço do hotel. A iluminação absurdamente baixa, o som ambiente quase inaudível e os tons escuros usados na decoração davam um ar sombrio e sensual ao local. Paredes de vidros nos permitiam ter uma visão panorâmica da cidade iluminada aos nossos pés. Eu estava em êxtase. Por um segundo esqueci o intuito da minha presença ali e caminhei despreocupado em direção ao vidro. As luzes e as várias composições que elas formavam na distância eram convidativas demais para alguém tão curioso.
- Elas também me hipnotizam.
Assustei com a voz rouca e familiar que vinha do meu lado direito. O susto me fez lembrar de duas coisas: o nome do hotel e o sobrenome de quem me esperava. “Sr. Milano”, eu relembrei a voz da antipática recepcionista. Só poderia ser coincidência.
Girei meu corpo enquanto colocava uma mexa atrevida do meu cabelo levemente cacheado atrás da orelha e lá estava ele ancorado ao balcão. Suas costas largas, seus ombros espaçosos, sua nuca exposta e seu cabelo bem penteado. Vestia o que parecia ser um blazer escuro e muito bem cortado, perfeitamente colado em seu corpo enxuto. Pousei meus cotovelos sobre o balcão também escuro e observei as várias bebidas a minha frente. Quando vi que ele se preparava para pedir algo por mim tomei sua voz me direcionando ao barman:
- O mesmo que o dele, por favor.
Alguns segundos do mais puro silenciou reinou no espaço que nos dividia.
- Você não sabe o que estou bebendo – sua voz era ainda mais sedutora de perto. Eu tinha esquecido disso.
- Black Russian, o famoso Belga. O aroma do café é inegável.
Eu estava me divertindo, é claro. E não esqueceria de agradecer Alexandre por ter me apresentado o drink algumas semanas antes.
- Não fique surpreso. Bebidas não estão disponíveis apenas para vocês.
- Eu sabia que deveria ter chamado outra pessoa – sua voz saiu tão baixa quanto a própria música do ambiente. Tive que me esforçar para ouvir o que ele dizia.
- Eu posso ir, se quiser.
Ensaiei um levantar dramático quando sua voz rouca e repito, sensual demais, me barrou:
- Você já está aqui. Fique!
Uma ordem? Um pedido? Independente do que fosse saiu junto de um olhar espontâneo e direto. Seu rosto era um deleite para mim. O queixo marcado ainda coberto pela mesma barba rala e aparentemente macia, os mesmos lábios cruéis e duros, a pele branca que pedia um toque, os mesmos olhos verdes amarelados e o cabelo preto, quase camuflado na luz escura do ambiente. Ele era bonito e clássico demais. Por um segundo me senti inseguro diante de sua presença. Claramente ele não precisaria pagar por um acompanhante e contrariando isso eu estava lá, como um típico garoto de uma noite só. Tudo isso ainda era um mistério para mim.
Ele esboçou um sorriso convidativo e me arrancou dos meus pensamentos, provocando-me:
- Você não quer ir embora – ele me disse convencido.
- Você corre um perigo desmedido quando vira sua nuca para mim.
Eu que bebericava meu drink fui obrigado a sorrir.
- Como? Assim?
Provocante, coloquei meu cabelo desgrenhado atrás da orelha e deixei a lateral do meu pescoço livre para ele. Estávamos há tempos conversando. Ele não me entregava nada sobre sua vida, dessa forma me dei o direito de não falar muito sobre mim também. Cada palavra que saía de sua boca tinha força suficiente para fazer meus joelhos tremerem. Eu queria urgentemente aquele homem entre minhas pernas. Sutilmente ele colou seus dedos gelados em minha pele após a minha entrega. De tão grandes quase preenchia todo o espaço livre do meu pescoço. Tremi ainda mais quando ele se aproximou e respirou em minha orelha. Seus lábios finalmente estavam a poucos centímetros de mim. Seu cheiro amadeirado e confortável me abraçou por inteiro. Não tinha mais volta.
- Estou me segurando. Eu poderia lhe atacar aqui mesmo – ele disse enquanto cheirava a pele arrepiada do meu pescoço. Seu hálito quente preenchia todos os meus poros.
- Eu juro que não reclamaria, meu corpo inteiro está pedindo por isso – eu disse de olhos fechados, em êxtase.
- O que ele diz? – Sua boca agora estava na sobra de pele dos meus ombros descobertas pela gola da camiseta.
- Ele diz que há tempos nada o fez arrepiar tão intensamente e... violentamente. Que sua voz é tão afrodisíaca quanto o coquetel servido essa noite.
- Ele disse tudo isso de mim?
- Disse. E disse mais.
- Diga-me! – Sua voz estava mais dura, assim como meu membro dentro da calça apertada.
- Ele disse que quer você. Agora. Aqui. Com força.
Ainda no bar, após entrarmos com pressa no banheiro, ele fechou a porta violentamente atrás de nós. Seus músculos estavam rígidos, seu rosto contraído e sua boca ainda era cruel. Ele me empurrou cuidadosamente até me fazer colar numa das bancadas do espaçoso banheiro masculino e sorriu quando me viu, apreensivo, segurar o vaso que repousava ali antes que caísse. Estávamos eufóricos.
Já sentado, abri minhas pernas e permiti que seu corpo grande se encaixasse ao meu. Suas mãos curiosas logo estavam em minha cintura por baixo da camiseta. Antes de permitir que me beijasse, eu segurei seu rosto. Eu precisava memorizar cada mínimo detalhe daquele rosto. A volta das bochechas, os olhos fundos, o nariz perfeitamente desenhado, tudo era bonito e orgânico demais. Ele sorriu ciente do que estava acontecendo antes de dizer, ainda eufórico:
- Eu quero beijar você.
- Eu vou deixar. Tenha calma, preciso lhe guardar no cérebro.
- E no corpo? Você me guardará no corpo? – Ele sorria sensualmente e isso era demais pra mim.
- Veremos!
Colamos nossos lábios num beijo forte. Inicialmente senti apenas o gosto da vodca ainda presente, mas logo sua saliva se misturou a minha e finalmente pude sentir o gosto forte de sua boca e seu beijo. Sua língua áspera encontrou a minha e a chupei com desejo. Suas mãos subiam por minhas costas e com elas minha blusa ia sento erguida. Seus dedos fortes eram capazes de deixar minha pele marcada e isso era deliciosamente excitante. Numa pausa para respirar, arrastei meus lábios por seu queixo e o senti puxar o ar que faltava aos seus pulmões. Eu beijava cada pedacinho de sua pele e ele suspirava suavemente, desci meus lábios para seu pescoço grosso e pude jurar que o suspiro que saiu mais parecia um gemido. É, ele estava gemendo para mim.
Seu volume pulsava entre meus dedos mesmo por cima da calça. Soltei o cinto com pressa e em seguida o botão, desci o zíper e sua cueca preta ficou à mostra. Ele olhava para minhas mãos sorrindo. A silhueta do membro que eu já conhecia apareceu perfeitamente e eu o segurei com força. Era meu. Tudo aquilo era meu. Desci da bancada, girei nossos corpos e com ele encostado ali me coloquei de joelhos em sua frente. Ele queria aquilo tanto que eu. Imediatamente seus dedos estavam inundados por meus cabelos, meus lábios colados em seu volume, minha saliva sendo despejada no tecido esticado. Servi liberdade: o tirei dali e novamente, como um flashback da última noite juntos, ele pulou em meu rosto. Segurei o pedaço de carne completamente duro e beijei, cheirei e arrastei em meus lábios até que enfiei em minha própria boca. Ele gostava. Não, ele delirava. A cada chupada e cada centímetro mais fundo seus gemidos se intensificavam. Ele não estava preocupado se faria muito barulho. Eu muito menos. O chupei sem vergonha ou preguiça, o fiz se alojar confortavelmente em minha garganta enquanto minha saliva molhava meus lábios gulosos. Eu não queria que ele gozasse. Não naquele momento.
Levantei e deixei que ele nos guiasse, deixando-me colado novamente na bancada. Ele desceu o zíper da minha calça com calma enquanto admirava meus lábios vermelhos e molhados.
- Eu tenho gosto de quê? – sussurrou sem pressa.
- Prove!
O beijei enquanto ele descia minha cueca e revelava meu pau pulsante. Seus dedos grandes envolveram meu membro. Eu estava sendo manipulado por um homem poderoso e isso elevava meu tesão a um nível estratosférico.
- Eu quero entrar em você – disse-me sussurrando em meus lábios.
- Eu preciso disso. Agora!
- Vira pra mim. Anda, vira pra mim!
Eu só poderia obedecer. De costas, suas mãos cravaram em minha cintura e seu pau logo estava entre minhas nádegas. Gemi para o vazio. Ele me apertou mais, seu pau pressionava minha entrada violentamente. Ele queria logo estar dentro de mim.
- Anda, me come! – Minha voz já estava falhada.
Assustei com seu dedo molhado em minha entrada. Ele estava me preparando para o que vinha à seguir.
- Agora. Me fode agora!
Eu implorei pressionando minha testa contra o espelho à minha frente. Eu já estava suando. Novamente ele abriu minha bunda e sem pena alguma me mostrou o quão poderoso ele era. Metade de seu pau estava dentro de mim. Eu soltei um gemido ainda mais alto e ele cravou os lábios em meu pescoço em meio ao furacão de cabelos úmidos. Num segundo movimento ele estava completamente dentro de mim. Grosso, quente, violento e viril. Seu membro era uma chuva de sensações. Ele abraçou meu corpo, unindo-me a ele e iniciou uma dança máscula. Cada estocada fazia ele ir mais fundo e meu interior era preenchido por sua energia. Com seu queixo ancorado em meu ombro mirando meus olhos através do reflexo no espelho, ele me fodia com um verdadeiro macho deveria foder outro. Ele não tinha pena do que poderia me fazer. Eu não tinha medo do que poderia causar nele quando rebolava forte em meu membro. Seu gemido era cada vez mais rouco e grosso. Meu gemido era cada vez mais implorativo e manhoso. Ele queria isso, claramente.
- Isso, me dá tudo isso!
A voz dele era precisa e rude.
- Mais forte, vai. Eu queria tanto isso!
Minha voz era fraca e falhada.
O senti pulsar. Seus olhos se apertaram, seus lábios vermelhos estavam entreabertos. Ele estava prestes a gozar dentro de mim. Ainda grudados com dois animais sedentos, ele gozou. Seu urro poderoso em meu ouvido me fez gozar sem ao menos tocar em meu pau. Ele explodiu dentro de mim. Era sua posse. Eu era completamente dele naquele momento.
- Meu... Deus... – eu gemi.
- Não clame por Deus agora.
- Não... Você é o Deus que chamo. – Eu sorri olhando seu reflexo suado pelo espelho.
- Acho que precisamos sair daqui não é?
- Só se for para o quarto. Não há outro lugar para nós agora.
Ele sorriu e pelo sorriso percebi que ele ainda me queria tanto quanto eu queria ele. Nosso tesão não cabia dentro do banheiro de um bar. Não mesmo!