14.
Enquanto isso:
Jimmy: pronto! Melhor dessa forma mesmo, ele pensar que ficamos amigos...
Matt: que bom que você entendeu!
Jimmy: isso não quer dizer que eu vou desistir dele, sou capaz de qualquer coisa pra tê-lo do meu lado, e isso inclui essa história esfarrapada que você inventou!
Matt: eu inventei isso pra poupá-lo de toda essa guerra, você fica se fazendo de bom moço mas eu te conheço muito bem e sei do que você é capaz pra conseguir seus objetivos!
Jimmy: você ainda não viu nada! É bom você ficar esperto mesmo!
Matt: eu sempre estive muito ligado em tudo o que você faz! “mantenha os amigos perto e os inimigos mais perto ainda!” esse sempre foi meu lema! Só não esquece que quem tá comprometido com o Tomas sou eu, então é bom você correr atrás do prejuízo!
Jimmy: e não esqueça que o Tomas confia 100% em mim enquanto o bad boy da história é você!
Porém eu não sabia de nada do que se passava do lado de fora, contudo a guerra estava declarada. Mas não tinha como saber disso nesse momento, em minha cabeça eles tinham se resolvido e estavam me dando espaço para decidir. O Renan acabou voltando para me fazer companhia.
Renan: não vou voltar hoje pra Jundiaí, vou aproveitar e ficar esses dias com você, se não for atrapalhar...
Eu: imagina, vou adorar a sua companhia aqui. Vou aproveitar meu motorista particular para comprar as coisas para o apartamento he he he he
Renan: quer abusar de mim é? Abusa do meu corpinho então!
Eu: esse corpo de frango? Prefiro um galo mais encorpado do que um franguinho que nem você! – eu sabia que isso ia mexer com ele e ele ia querer revidar, então eu falei e corri pro banheiro me trancando lá. E não deu outra, ele correu atrás de mim para tentar me pegar.
Renan: eu te pego moleque e te mostro quem é frango viu! Uma hora você vai ter que sair daí, aí tu vai ver o que é bom... eu espero, não tenho pressa! – falou ameaçador!
Eu enrolei o máximo dentro do banheiro pra ver se ele esquecia da vingança, mas eu sabia que quando ele metia uma coisa na cabeça não tinha jeito! Então peguei uma toalhinha branca de rosto, amarrei no meu dedo fazendo meio que uma “bandeira da paz”, então coloquei só o meu braço na sala e o balancei e disse EU ME RENDO!
Renan: então apareça e renda-se como um homem!
Eu: pronto, tô aqui! Eu me rendo...
Nisso ele se levantou e veio até mim, pegou a “bandeira” e colocou sobre o ombro direito. Abriu o sorriso da vitória e começou a andar ao meu redor com as mãos para trás. E eu ali só de toalha, meio molhado ainda, de pé no meio da sala.
Renan: quer dizer que você se rende e quer paz? – falou com uma voz rouca e grave.
Eu: sim eu me rendo. – não sei porque mas aquele joguinho estava me dando tesão.
Renan: do que tu me chamou mesmo? – falou isso bem baixinho, quase que sussurrando no meu ouvido.
Senti um arrepio correr minhas costas inteiras, um frio na barriga e meu pau começava a dar sinal de vida. Aquele sotaque carioca estava me deixando doido.
Eu: chamei você de franguinho... – disse meio mole.
Nisso ele me jogou contra a parede, a minha toalha caiu e ele se encaixou na minha bunda. Parecia uma barra de nervo duro, sendo pressionada contra minha nádega esquerda. Ele pegou meus braços e os segurou também contra a parede, chegou mais uma vez no meu ouvido e disse com uma voz bem tesuda.
Renan: sente agora quem é o frango, sente. – e rebolou o quadril me fazendo sentir seu pau duro pressionando contra minha bunda.
Fazia muito tempo que eu não transava, então estava subindo pelas paredes. Tinha perdido a razão e não me dava conta do que estávamos fazendo, aquela brincadeira estava indo muito longe, se ele baixasse a bermuda e colocasse o pau pra fora, ele me comeria ali mesmo, de pé. Empinei a minha bunda e senti um tapa contra ela, soltei um gemido abafado, estava com muito tesão.
Renan: assim que eu gosto, bem entregue, submisso. Isso é pra você aprender quem manda aqui! – e do nada me soltou e foi pro banheiro. Pensei que ele fosse deixar a porta aberta, como se fosse um convite para me juntar aa ele, mas não. Ele trancou a porta à chave. Senti toda sua virilidade, e me surpreendi com sua pegada. Mas eu não sabia se aquilo era somente pra me dar uma lição ou se realmente rolaria algo mais entre a gente.
Eu nunca o vi com outros olhos, ele era só um amigo. Continuava de pau duro, como olharia na cara dele depois daquilo tudo? Fui para o meu quarto me vestir, quando saí ele estava em pé na sacada olhando a vista. Me aproximei e fiquei do seu lado.
Renan: é linda a vista dos prédios né? – disse quebrando o silêncio.
Eu: sim eu gosto muito. – respondi.
Renan: e aí vamos comprar as coisas para o ap?
Eu: lógico, vamos.
Não tocamos sobre oque tinha acontecido na sala, acho que tinha sido só parte do castigo mesmo pois ele voltou a ser o mesmo Renan de antes, todo surfista, brincalhão, falante.
Ele me ajudou bastante naquele dia, escolhemos vários móveis, o básico dos eletrodomésticos, somente o essencial para começar a me instalar. Com o tempo eu iria organizando aos poucos, dando a minha cara ao novo ap.
Os dias foram se passando e nem sinal dos 2, Mateus e Jérémy. Estava até estranhando o sumiço dos dois. Renan se fazia cada vez mais presente, ele estava se mostrando um grande amigo, estudávamos juntos e nos ajudávamos na matérias nas quais um era melhor que o outro. Eu entendia muito de regulamentos de tráfego aéreo e aerodinâmica/teoria de voo. Já o Renan entendia muito de motores de aeronaves e navegação aérea. Tínhamos que fazer a banca da Anac em breve, para poder tirar nossa habilitação, só assim poderíamos seguir com as horas de voo, na prática mesmo. O mínimo inicial seria de 40 horas, e depois faríamos um check em voo.
Nos empenhamos muito nos estudos, compramos juntos o FLIGHT SIMULATOR pra PC juntamente com um joystick e quando não estávamos pilotando virtualmente, estávamos debruçados sobre os livros estudando. Não tinha tempo para pensar em mais nada! Um certo dia, fomos até o aeroporto de Congonhas na Zona Sul de São Paulo para comprar apostilas de simulado da prova da ANAC. Me encantei com o que eu vi, além das apostilas e livros, tinha uma prateleira cheia de maquetes de avião, bonés de pilotos, óculos estilo aviador, uniformes, berimbelas, ternos, quepes, etc. Comprei uma daquelas asinhas que os pilotos e aeromoças usam no uniforme, na verdade comprei duas, uma pra mim e uma pro Renan. Foi uma época em que compartilhamos, sonhos, dificuldades, alegrias, desânimo, esperança e mais um misto de sentimentos. Nos aproximamos pela afinidade dos nossos objetivos.
Marcamos a prova, seria em um domingo. Mais uma vez Renan dormiu em casa, e vocês devem estar se perguntando onde ele dormia, pois só tinha um quarto. Mas, não dormíamos juntos. Ele tinha comorado um colchão de ar desses que se enche usando uma bomba manual. E toda vez que ele dormia em casa, ele o enchia e jogava na sala e por lá ficava.
No dia da prova, estávamos muito ansiosos. Não ficamos na mesma sala, mas combinamos que quem saísse primeiro esperaria pelo outro. Era a hora da verdade, a primeira habilitação de muitas que seriam necessárias até me tornar um piloto de linha aérea comercial. Ambos queríamos voar em empresa aérea: TAM ou GOL pois eram as maiores empresas aéreas do setor, já que VARIG, VASP e TRANSBRASIL tinham quebrado.
Quando saí, ele já me esperava do lado de fora.
Renan: e aí brother como foi?
Eu: acho que me saí bem, só demorei um pouco mais nos cálculos de navegação, mas de resto fui bem, eu acho. E você?
Renan: cara, se eu não gabaritei essa prova, eu fiquei muito perto viu... tô tão feliz que te daria um beijo na boca agora! – falou isso e me agarrou no meio da rua.
Eu: pode parar, já quer se aproveitar de mim... eu hein! E outra vamos esperar pra conferir o gabarito, daqui a pouco eles liberam. Você fez o gabarito das suas respostas né?!
Renan: lógico mané, acha que eu sou trouxa?!
Nem acreditei quando conferi o meu gabarito. A prova era dividida em 5 blocos e cada bloco tinha 20 perguntas. Tínhamos que acertar pelo menos 16 questões de cada bloco.
Meu resultado:
Bloco 1: 20
Bloco 2: 19
Bloco 3: 20
Bloco 4: 18
Bloco 5: 17
Esse bloco 5 era o que eu menos gostava: MECÂNICA E MOTORES DE AERONAVES.
Resultado do Renan:
Bloco 1: 18
Bloco 2: 19
Bloco 3: 20
Bloco 4: 20
Bloco 5: 20
Nos abraçamos ali mais uma vez e choramos de alegria pelo resultado do nosso esforço e dedicação. Lógico que faltava sair o restado oficial no site da ANAC, mas sabíamos que tínhamos passado na prova. O Renan se saiu muito bem, estava impressionado com a postura séria e dedicada dele pelos estudos, apesar desse jeitão dele de moleque, todo surfista, ele sabia o que queria pra vida dele e corria atrás dos objetivos. Ele me contou depois o real motivo das lágrimas dele, até então eu pouco sabia sobre a vida do Renan. Fui descobrindo as coisas sobre ele aos poucos, taí outra característica que destoava da aparência dele, normalmente as pessoas achavam que ele era todo “dado”, pela forma despojada de se vestir e falar, mas ele era muito reservado.
Renan: eu vou te contar algo que me machucou muito... e hoje eu me sinto vitorioso, mas isso é apenas o começo! Meus pais são muito ricos, família emergente do Rio de Janeiro, moramos na Barra da Tijuca de frente pro mar, por isso que gosto tanto de praia e amo surfar. Meu pai ralou muito e hoje levamos uma vida confortável, porém ele sempre quis determinar aa profissão dos filhos. Meu irmão mais velho está cursando direito, a do meio cursando medicina, e eu fui o único que optei por algo fora dos padrões do meu pai! Ele me disse que ele não tinha se matado de trabalhar pra nos dar uma boa educação pra me ver como “motorista de avião”, pois na cabeça dele é isso que eu seria. “Quero que você seja dono do seu avião e não empregado dos outros!”. Mas eu sempre fui apaixonado por avião, aviação no geral pra falar a verdade. Quando meu pai começou a fazer as viagens de negócio, eu ia pro aeroporto pra buscá-lo e ficava horas vendo os aviões taxiando, pousando e decolando. E me imaginava um dia ali, exercendo aquela profissão. Lembro da primeira vez que vi uma tripulação no aeroporto, os comandantes imponentes, as aeromoças sempre impecáveis, lindas e bem alinhadas puxando suas malas e sumindo no meio da multidão, naquele vai e vem de pessoas. E por conta desse sonho eu saí de casa brigado com meu pai, e é graças a minha mãe que eu consigo pagar meu curso e me manter em Jundiaí. Nunca mais nos falamos e eu nunca mais vi minha mãe. – falou cabisbaixo.
Senti um nó na garganta, mas não iria chorar pra não deixá-lo triste. Como um bom amigo, tentei colocá-lo pra cima, e fazer ele ver um futuro promissor.
Eu: sabe o que eu vou fazer? – ele fez que não com a cabeça. – vou dar um jeito de conseguir um holerite de um comandante e mandar pro seu pai, aí ele vai mudar de ideia depois de ver quanto que os caras ganham. – consegui abrir um sorriso nele.
Renan: não seria uma má ideia, pois é só com o que meu pai se importa hoje: DINHEIRO. Queria que ele tivesse orgulho de mim por estar fazendo aquilo que eu gosto, honestamente!
Eu: um dia ele vai ter muito orgulho de você! Eu tenho muito orgulho de você sabia?!
Renan: ah é? E por que?
Eu: porque você é um cara muito bom Renan, você poderia muito bem ter ficado no conforto da sua casa e acatado as ordens do seu pai só pra não perder o bem bom. Depois se formaria, ganharia um consultório ou um escritório do seu pai e seria infeliz pelo resto da sua vida. Mas você fez tudo diferente, tá correndo atrás do seu sonho e lá na frente quando você conquistá-lo, você dará o real valor pois foi com sacrifício, não foi algo que caiu do céu, como tá sendo pros seus irmãos.
Renan: fico feliz em saber que você me admira!
E assim voltamos pra casa, felizes! Cantávamos dentro do carro:
MY DREAM IS TO FLY OVER THE RAINBOW SO HIGH.
MY DREAM IS TO FLY OVER THE RAINBOW SO HIGH.
Aprendi um pouco mais sobre a vida do Renan e fiquei pensando que nós nos parecemos nisso também: ambos largaram a família e amigos e começaram uma nova vida em uma nova cidade em busca de um objetivo. Porém eu tinha o apoio dos meus pais, a compreensão da minha mãe, falava com eles sempre que dava, porém o Renan não, ele estava praticamente sozinho no mundo.
Ao abrir a porta do elevador tive uma surpresa, e que surpresa! O Mateus estava sentando no chão ao lado da porta do meu apartamento me esperando.
Matt: oi amor, que saudades! – veio e me beijou. Me senti meio estranho de ver que ele estava me beijando na frente do Renan, sei lá.
Eu: também estava... você sumiu! – falei tentando demonstrar que estava feliz de revê-lo afinal ainda éramos namorados.
Matt: como eu disse que quis dar um espaço pra você poder se organizar, estudar, e sei que o Renan tava auxiliando você por aqui, então fiquei sussa, pois sei que ele é parça! – e deu um soquinho no ombro do Renan que riu sem graça. – PARABÉNS! E me estendeu uma caixa vermelha que ele segurava.
Dentro da caixa tinha uma maquete do Airbus A330 nas cores antigas da TAM, tinha um chaveiro que era uma fita vermelha escrito REMOVE BEFORE FLIGHT e mais um identificador de mala escrito CREW. Amei os presentes! Corri e o abracei, agradeci muito. E ele me falou que era somente o início. Disse que tínhamos que sair pra comemorar o resultado.
Matt: vem conosco também Renan, afinal você ajudou seu irmão aqui a estudar que eu sei! É por minha conta... – falou.
Renan: valeu brother mas tenho que voltar pra Jundiaí...
Eu: pensei que você fosse dormir aqui hoje! – exclamei.
Renan: vô não, acho que tu entendeu errado, vou lá arrumar minhas coisas.
Eu já conhecia o Renan suficientemente pra saber que ele tinha decidido ir embora agora por causa do Matt. Ele não ia querer ser o empata-foda, certeza!
Matt: já que ele não vai ficar pra dormir, eu vou ficar então, assim matamos a saudade e namoramos um pouquinho. Vamos estrear a cama também, nossa já tô excitado só de imaginar transar com você na sua cama. – veio me agarrando e ele estava realmente excitado.
Eu: para com isso que o Renan tá aí...
Matt: tá bom, mas depois a gente continua... ah e já vamos passar no shopping e fazer uma cópia das chaves daqui pra mim, pois já que eu vou morar com você, eu vou ter que ter uma chave também né?!
Nisso o Renan vinha voltando pra sala e falou: vocês vão morar juntos? Você não me disse nada...
(Continua...)