Quando eu tinha quatorze anos, a primeira penugem sobre meu peito começou a surgir. Se antes disso, eu tirava a camisa raramente, a partir de então ficou impossível aparecer de peito nu. Trancado no meu quarto, entretanto, eu roubava o rímel da minha mãe, passava sobre os pelos e me punhetava diante do espelho, imaginando que eu tinha o peitão cabeludo. Enquanto eu batia com uma mão, eu beliscava os mamilos com a outra. Hoje, tenho 20 anos. Já consigo andar sem camiseta dentro de casa, mas deixo os pelos bem aparados, quase invisíveis. Estou no quarto período de Engenharia Civil, o que me toma bastante tempo. Passo as manhãs e as tardes na faculdade, e as noites eu reservo para revisar a matéria e resolver exercícios, especialmente de Mecânica dos Fluidos, que é a pedra no meu sapato.
Minha rotina é basicamente chegar em casa, tomar um banho, jantar e enfiar a cara nos livros. A cada dois dias bato uma punheta, e só. Não tenho uma vida social que cause inveja. A coisa toda começou numa quarta-feira, por volta das vinte horas. Minha mãe chegou do trabalho (ela é enfermeira e faz turno de 12 horas) e bateu na porta do meu quarto.
— Raí — ela gritou antes mesmo que eu pudesse abrir. — O Jonas perguntou se você pode dar uma passadinha lá pra olhar o computador dele. Parece que tá com um problema.
O Jonas é o nosso vizinho desde sempre. Quando crianças, costumávamos brincar juntos, mas depois da adolescência fomos nos afastando, até que nos tornamos completamente estranhos. Às vezes, nos cumprimentávamos com um boa noite, um bom dia, e nada mais. Meu gosto por computadores, no entanto, era conhecido da vizinhança inteira. Havia sempre alguém precisando que eu formatasse uma máquina ou instalasse um programa. Era meio chato, confesso, mas, de certa forma, eu gostava de ser útil àquelas pessoas. Vesti uma roupa qualquer e saí. Toquei a campainha e Jonas apareceu usando apenas uma bermuda de tactel colorida. Ele estava descalço e sem camisa. Para minha surpresa, ostentava um peito musculoso e peludo. No pescoço, tinha pendurado um cordão com um pingente de Yin-Yang que se perdia entre os pelos.
Ao me ver, Jonas abriu um sorriso de dentes perfeitamente alinhados e brancos. Eu poderia jurar que algum dentista os arrumou, já que eu não me lembrava de serem assim tão corretos. Tinha uma barba um pouco maior que por fazer, quase desgrenhada, mas que lhe emoldurava bem o rosto. As sobrancelhas eram grossas e negras, tão negras como os cabelos, que estavam bem amarrados em um coque no alto da cabeça.
— E aí, rapaz, beleza? — ele disse, colocando a lata de cerveja na outra mão, para me estender um cumprimento. — Será que você vai me salvar hoje?
— Vamos dar uma olhada pra ver, né? — eu respondi, tentando não parecer tão encabulado e torcendo para que meus olhos não me denunciassem. Era quase impossível ignorar aquele peito moreno, volumoso e peludo diante de mim. — O que é que tá acontecendo?
— Entra aí — entrei e ele foi andando na frente e falando. As costas em V eram bem marcadas e bronzeadas, os músculos dançavam conforme ele andava. Olhei de relance para bunda redonda sob o contorno da calça. — De uma hora pra outra, ele simplesmente começou a desligar sozinho e, quando eu tento ligar, ele apita como um trem.
Durante o caminho, senti o sangue começando a pulsar para o meu pau. Sabia que estava ficando ereto. Por sorte, entramos no quarto onde estava o computador e vi uma garota loira, com uma enorme camisa que ia até o joelho. Ela sorriu ao me ver e me cumprimentou.
— Essa é Lorena — disse Jonas —, minha namorada.
Fiz um aceno tímido com a cabeça e dediquei minha atenção ao computador. A essa altura, o pau já estava mole. Não deixei de prestar atenção à cama bagunçada. Sem dúvida, eles estavam fazendo sexo quando cheguei, ou, no mínimo, nas preliminares. Eu podia sentir a tensão sexual, uma coisa que você aprende com o tempo, naturalmente. O problema com o computador não me tomou muito tempo. Era algo com a memória, como eu já desconfiava. De vez em quando, eu me virava para Jonas para explicar o que estava fazendo e tranquilizá-lo de que não era grande coisa. Ele estava deitado com a cabeça sobre as coxas de Lorena. O peito peludo parecia me encarar.
— Isso acontece por diversos motivos — expliquei. — Mas não precisa se preocupar. É bom levar a um técnico pra dar uma olhada geral, talvez formatar. Com o tempo, toda máquina precisa de uma manutenção.
— Valeu, cara — ele falou, estendendo a mão outra vez. — Não quer ficar aí e tomar uma cervejinha com a gente?
— Eu não bebo.
— Pô, eu não tenho refrigerante — ele disse, em tom de ironia e sorriu. Dei uma olhada rápida para Lorena. Ela estava sorrindo também, mas parecia displicente.
Aceitei a cerveja, mesmo que internamente eu soubesse que havia sido um convite educado e que a educação também mandava recusar. Porém, eu queria ficar olhando para aquele corpo, imaginando minha língua passando por cada parte. De vez em quando, eu sentia meu pau pulsando dentro da calça e me posicionava de modo que nenhum dos dois percebesse. Minutos depois, lá estava eu tomando cerveja direto da lata. Jonas gargalhou quando fiz careta no primeiro gole.
— Você está desvirtuando o menino — disse Lorena.
— Que nada. Já tá mais do que na hora do Raizinho aí sair do casulo.
Meia hora depois eu, ainda estava começando a segunda lata, mas o gosto da cerveja já não parecia tão amargo. Lorena decidiu que estava tarde e que precisava ir embora. Jonas protestou, pediu que ela ficasse, que ele a levaria depois, mas não houve conversa. Fiquei no quarto e ouvi uma pequena discussão ecoando pela casa. Mesmo com pouco álcool, minha cabeça já começava a pesar e os objetos dançavam. Jonas reapareceu na porta do quarto, apoiando seu braço no batente.
— Acho melhor eu ir embora — falei. — Desculpa, eu devia ter me tocando e saído antes, né?
— Não, cara. Fica de boa. Tá massa a nossa conversa.
Eu só conseguia prestar atenção aos desenhos que os músculos dele formavam. O bíceps contraído, com o cotovelo apoiando todo o peso do corpo. A axila firme, com cabelos aparados. O peito grande, peludo, levemente suado, com mamilos redondos e brilhantes. O abdômen sarado, mas não tão rasgado, tendo por cima do músculo uma discreta, bem discreta camada de gordura.
— Vai deixar criar peixe nessa lata? — ele disse, quando viu que eu enrolava bastante para beber. — Pode ir com calma, mas não tanto.
— Eu tô sem graça, cara. Tenho certeza que atrapalhei alguma coisa entre você e sua namorada.
— Ah, relaxa — ele disse, sentando em frente ao computador já consertado. — Você não sabe como salvou a minha vida. Eu tenho um trabalho pra entregar amanhã, e já estava todo salvo. Se eu tivesse que começar do zero, iria preferir ficar sem nota. Tô sem saco pra essa merda.
— Você faz jornalismo, não é?
— Aham.
Tomei um gole de cerveja e ele me lançou um olhar que me deixou tão sem jeito a ponto de quase engasgar. Olhava de um jeito que parecia enxergar por baixo da roupa, mas é claro que não me passava pela cabeça que ele tivesse qualquer interesse no meu corpo.
— Você deve achar que nós somos um idiotas, né? — ele disse.
— Por que pensa isso?
— É o que a galera de exatas pensa da galera de humanas. Aliás, é o que o mundo pensa da galera de humanas.
— Claro que não — desviei o olhar e ele riu. — Tá, eu confesso que a gente tem umas piadas na manga sobre vocês. Mas, no fundo, a gente tem uma baita inveja. As festas de vocês são muito mais legais.
— Isso eu não posso negar mesmo. Tem gente de todo tipo, música de todo tipo, às vezes rola uma rapidinha por trás das árvores da pracinha e, você sabe... — ele fez um gesto com o indicador e o polegar na frente dos lábios, como se estivesse dando um tapa.
— Você usa?
— Às vezes — ele respondeu com uma careta desdenhosa. — Mas eu prefiro uma boa breja.
Passamos o resto do tempo bebendo e conversando sobre coisas da infância, relembrando as brincadeiras e os momentos divertidos. Chegou um momento em que eu já tomava a cerveja como se fosse acostumado há muito tempo. Jonas era diferente do que eu imaginava. Era engraçado, desinibido e falava sobre qualquer assunto, mas as mulheres estavam no topo dos seus assuntos preferidos. Às vezes ele passava a mão pelo peito e aquilo me deixava louco.
— Caralho, já são quase onze horas — falei.
— Tem hora pra voltar é?
— Acordo cedo amanhã. Aula em período integral.
— Deixa eu te mostrar uma coisa antes.
Ele começou a digitar na barra de endereços do navegador. Abriu um site proibido para menores. Homens e mulheres apareciam por todos os lados fazendo exibição do corpo completamente nu. Paus eretos e bocetas abertas piscando na tela.
— O que é isso? — falei, parecendo mais assustado do que eu gostaria.
— Isso aqui é uma mina de ouro, cara — ele parecia bem animado. — Só esse mês ganhei quase mil dólares.
— E o que você faz?
— Mostro o que o pessoal quer ver. Não sei se você percebeu, mas eu sou meio peludo — (como se eu fosse ignorar esse fato) —, e a maioria dos caras que se exibem nesse site parecem umas barbies depiladas. Acaba que conquisto meu público fiel e faço um relativo sucesso, modéstia à parte.
— Você não sente vergonha de ter um monte de gente te vendo aí?
— Besteira. Olha só. Cuidado pra não ficar no foco da câmera.
Jonas fez o login no site e ligou a câmera. Seu peito peludo apareceu em close no monitor. Parecia mais forte do que realmente era. Aos poucos o chat começou a ser bastante frequentado. Vi os números subirem. Primeiro três usuários, depois vinte, depois sessenta, e, em menos de dez minutos tinha cerca de duzentas pessoas assistindo ao peito gostoso do Jonas. Apenas o peito na tela, e ele respondendo aos comentários.
“DANÇA PRA GENTE”, disse um usuário.
“VOCÊS PRECISAM COMEÇAR A MOSTRAR QUE ESTÃO INTERESSADOS EM VER MAIS”, Jonas respondeu. Às vezes ele olhava pra mim e sorria. As pessoas começaram a oferecer moedas pelo show que queriam. Quando completou cem moedas doadas, Jonas pegou o controle remoto do aparelho e de som e pôs uma música para tocar. Era Fly Away With You. Lembrava vagamente dessa música tocando na minha época de criança. Jonas começou a se mexer sensualmente, como se eu não estivesse ali. Primeiro, fixei o olhar na tela do computador. Eu via seu corpo como todas aquelas outras pessoas estavam vendo, mas depois me dei conta de que ele estava ali na minha frente e que eu tinha uma visão exclusiva. Suas costas cintilavam, seus músculos pareciam seguir uma coreografia cuidadosamente planejada ao som da música. Meu pau, já rijo, pulsava contra a cueca.
No chat, as pessoas enlouquecidas pediam que ele mostrasse mais. Às vezes, ele dava uma volta e deixava as costas voltadas para a câmera, mas a maior parte do tempo era o peito que ficava virado para lá e ele chupava o dedo e voltava com a saliva para o mamilo. O bico do seu peito já estava eriçado. De repente, colocou a mão dentro da bermuda e fez movimento de masturbação. Eu estava quase perdendo o controle. Meu pau pulsava cada vez mais forte, eu estava sentido que poderia gozar a qualquer momento, mesmo sem tocá-lo. Vi que as pessoas já tinham dado quinhentas moedas e, embora eu não soubesse quanto aquilo valia em dinheiro real, sabia que era muita coisa. Nessa hora, Jonas colocou o pau duro pra fora.
Era um pau grande, chutaria uns dezenove centímetros, circuncisado, com veias salientes em todo o seu cumprimento e uma cabeça rosada e latejante. Ele baixou a câmera e levou o pessoal do chat à loucura, sem saber que eu estava morrendo atrás. Minha boca salivava. Eu já bati uma punheta pra ele tempos atrás, mas não conhecia seu corpo, muito menos seu pau. E agora estava ali diante de mim. Ele não parava de bater. Eu vi seu pau babar, a pouca distância de mim, e não podia fazer nada. Jonas começou a gemer, ergueu a cabeça para o teto, de olhos fechados, e gozou, um jato bem forte que espirrou na direção da cômoda. Ele ficou ali, respirando forte, e o pau, ainda duro, subido e descendo em movimentos ritmados, foi perdendo a força devagar. Ele desligou a câmera, saiu do site, e me estendeu um braço.
— Pega papel no banheiro pra mim, por favor — ele disse, com a voz fraca, cansado.
Peguei o papel e lhe entreguei. Ele limpou o pau, passou pela virilha e se sentou, ainda com o membro para fora. Eu precisei de muita força de vontade para tirar o olhar.
— O que achou? — ele disse.
— É uma loucura — falei, sem jeito.
— É claro que a Lorena não sabe disso. E eu conto com a sua discrição.
— Eu não vou falar nada.
Ele sorria, me olhava de um jeito estranho, que eu não sabia interpretar. Era provável que, depois daquilo que vi, estivesse condicionado a achar que ele me jogava indiretas, mas não. Era tudo fruto da minha imaginação. Era provável que eu voltasse pra minha casa e nós voltássemos a ser os desconhecidos de sempre.
[CONTINUA???]