Meu nome é Lúcio e vou contar a vocês como eu conheci meu atual namorado. Não sou um espetáculo de beleza como a maioria dos personagens dos contos desta casa e naquela ocasião passava por uma fase de baixa autoestima terrível, entretanto as coisas acontecem quando menos esperamos. Tenho 170, 80 quilos, barba cerrada, cabelos encaracolados e bastante pelos. Passei o final de semana na casa dos meus pais, numa cidade turística no interior de Goiás. Quando cheguei na sexta-feira, abri o Grindr e poucos instantes depois recebi uma mensagem dele. Isso me surpreendeu, considerando a autoestima.
A foto de perfil mostrava um garoto lindo. Estava de pé, sobre um barco. Quase só de sunga, se não fosse o colete salva-vidas cobrindo peito e abdômen. Como a foto era distante, não conseguia ver seus olhos. Pele clara, braços e pernas definidos, cabelo cortado bem curto e rosto redondo e sem barba. Respondi e ficamos conversando aleatoriedades sexta, sábado. Não conseguíamos combinar de nos encontrar, então pensei que ele estava apenas me enrolando.
Marcelo, este era o nome dele, estava com a irmã. Eles moravam no nordeste e tinham vindo passar as férias aqui. Viajariam de volta na segunda-feira, porque terça pela manhã pegariam o voo para casa em Goiânia. E como estavam só os dois ele não queria deixar a irmã sozinha, por isso não nos encontrávamos.
No domingo nos vimos, por acaso. A cidade tem uma praça cheia de bares e eu fui pra lá. Estava passando por um deles quando ouvi meu nome. Não conhecia aquela voz, olhei ao redor procurando quem tinha me chamado. Poderia ser várias pessoas, já que eu sou bastante conhecido. Quando, de repente, me deparo com aquele par de olhos verdes.
A irmã dele estava sentada de costas para as pessoas que passavam e ele de costas para o bar, de modo que ficamos frente a frente com ele sentado. Marcelo vestia uma camiseta polo branca e uma calça jeans escura. Ambas apertadas, ressaltando seu corpo. O cabelo estava maior que na foto que eu tinha visto.
- Oi Marcelo. Tudo bem? – ele disse se levantando e me dando um beijo no rosto. – Essa é minha irmã Marcia. – me apresentou à irmã. – Vai encontrar mais alguém?
- Tudo joia e você? – respondi quase corando. Não esperava encontra-lo, ainda mais com a irmã, num espaço tão cheio. – Oi Marcia. Sou o Lucio. Não, não encontrarei ninguém. Na verdade tava só passando por aqui.
- Então senta com a gente. – ele disse já puxando uma cadeira para que eu sentasse do seu lado.
- Claro – respondi rapidamente.
Minha cabeça ficou uma loucura. Quando ele beijou meu rosto a vontade era ter desviado e beijado aquela boca pequena. Eu não era grande, mas ele era ainda menor que eu. Cabia perfeitamente no meu abraço, a cabeça se encaixaria perfeitamente no meu peito. Era um pedacinho de mal caminho.
Nenhuma das três pessoas na mesa estavam bebendo naquele dia, então ficamos assim. Eu já tinha jantado, portanto fiquei só conversando e tomei um suco. Falamos sobre nós, contamos um pouco de nossa vida e eu soube que Marcelo era analista da justiça federal. Sua irmã era médica e eu ali, um mero estudante de mestrado esperando me tornar professor um dia.
Nos trânsitos da conversa é que descobri que eles iriam embora no dia seguinte para a capital, para pegar o voo de volta pra casa. Tinham inclusive que pegar ônibus dali até lá. Acontece que eu também faria essa viagem, interior capital, no dia seguinte. Mas eu ia de carro.
- Uai, gente. – falei. – O voo de vocês é que dia mesmo?
- Terça – respondeu a Márcia.
- Hmmm. Eu viajo amanhã para a capital, vou de carro e to sozinho.... se quiserem ir comigo. Acho que é mais confortável que de ônibus.
- Bem – respondeu Marcelo – é que a gente vai no último ônibus pra chegar tarde na capital. Daí vamos deixar as coisas no aeroporto e vamos pra balada lá.
- ta bom, vocês que sabem. – finalizei o assunto.
Começamos a conversar sobre outras coisas e Márcia se levantou para ir ao banheiro. Meus olhos brilharam e rapidamente pude ver que os de Marcelo também. Sentados lado a lado não demoraria para nos beijar se quiséssemos. Algo que eu não tinha dito. Ao longo da noite a mão dele acariciava minhas coxas e eu as dele em alguns momentos.
Aproximei meu rosto do dele e perguntei. – Posso? - ele sequer respondeu, cobrindo meus lábios com os seus. No primeiro toque foram apenas lábios contra lábios. Um pequeno selinho, mas longo nossas bocas se abriram. Comecei a procurar pela língua dele, acariciando-a com a minha. Arrepiei todo com aquele toque. Só que não dava pra ir adiante. O bar estava muito cheio, além disso, naquele local se esquentássemos demais seria complicado. Além de tudo, Marcia voltou.
- Olhem só. Pensei que esse beijo não rolaria - ela disse sorrindo. - To querendo ir embora pro hotel, Marcelo. vamos?
Putz. ela achou que o beijo tinha demorado e ia empatar foda? Um beijo só e me deixariam assim? O meu garoto respondeu.
- Eu vou também, Lúcio pode nos levar no hotel, aí não precisamos pedir táxi.
Quando ele disse isso me arrepiei. Poderia tê-lo comigo? Márcia pediu a conta e enquanto esperavamos continuamos nos beijando. Em poucos minutos estava tudo pronto, a caminho do hotel deles. Estacionei na porta e ao descer, ela disse.
- Vou ficar na piscina, meninos, se quiserem ir pro quarto. - virou as costas e saiu.