Galera, parei já de pedir desculpas pela demora pra postar porque é difícil manter o combinado de postar sempre, mas me esforço. Não se preocupem que não vou abandonar o conto e inclusive tô correndo um pouco pra finalizar sem enrolar muito. É difícil selecionar os detalhes, mas tá indo... Comentei hein?! Abraços
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- Eu tô namorando!
- Nossa. Que notícia boa! Parabéns.
Nos abraçamos, mas ela parecia constrangida.
- Então, a questão é que... Ai, nem sei como contar.
- Começa do começo uai. Pra quê esse drama todo?
- É que eu fui pedida em namoro há poucos dias, nem sei se devia criar tanta expectativa, mas estou nas nuvens. Mesmo assim, preciso da sua benção.
- Engraçadinha você... Tô longe de ser um padre.
Rimos juntos.
- Vou falar de uma vez. É que eu tô namorando o Ricardo!
O susto foi grande e a resposta foi rápida:
- O Ricardo? Que me processou?
- É... o estressadinho. Eu fiquei pensando se devia te contar, mas achei melhor falar antes que você descubra por outras pessoas.
- Fico feliz por você. Boa sorte!
Meu constrangimento agora tava maior que o dela, sem dúvidas. Dei um abraço forçado e me despedi.
Fiquei pensando se Julia era realmente minha amiga, afinal ela sabia do mal que Ricardo havia me feito e mesmo assim aceita namorar com ele. E que namoro estranho! O cara havia dito no dia anterior que era gay e agora essa... O certo a se fazer era eu me desvincular dele o mais rápido possível.
A estadia no hospital serviu para que eu o entendesse, mas acabou! Minha autoestima precisava se reerguer e as coisas já estavam passando da hora de entrar nos eixos. Fui pra casa do André disposto a retomar tudo, pedir desculpas para ele e esquecer as coisas ruins dos últimos meses. Cheguei no prédio e toquei o interfone, após ter sido liberado pelo porteiro.
- Já teve alta...
- Tive, Dé. Achei que você fosse me buscar lá no hospital.
- Uai, o Ricardo não foi?
Respirei fundo e ignorei a cutucada.
- Eu vou poder entrar?
Estávamos ainda na porta discutindo.
- Entra. Vai fazer suas malas?
- André, eu quero ficar aqui. Eu quero ficar com você.
- Dani, você sabe o tamanho de carinho que eu tenho por você. Não só pela nossa amizade, mas por tudo que já rolou entre a gente. Mas eu não vou ficar nesse joguinho. Não com o Ricardo no meio. O cara é desprezível, magoou a pessoa que eu mais amo e eu não posso lidar com isso. Sinto muito!
- Eu não quero te envolver em jogo nenhum.
- Não é o que parece. Ele é bonito, rico, interessante, mas é um idiota. Não quero ficar nessa competição. Ele não te merece.
- Você tá com essas coisas na cabeça porque nos viu abraçados, mas não tem nada disso. Aliás, ele tá namorando a Júlia.
- Julia, sua amiga?
- É. Ela me contou isso agora há pouco.
- E por isso você me procurou? Perdeu as chances com o Ricardo e veio pro prêmio de consolação...
- André, para com isso! O Ricardo jamais me daria o que eu tenho com você.
- E o que você tem comigo, além de moradia?
- Você é muito mais do que moradia. Você é meu melhor amigo, um dos poucos que não me viraram as costas depois disso tudo. É o meu porto seguro. É em quem eu tenho me apoiado nessa confusão toda. Entende isso?
- Entendo que eu quero ser mais que isso...
- Como assim?
- Daniel, eu te amo, cara.
- Eu também te amo, meu amigo. Vamos parar com essa briga e...
- Não. Você não entendeu. Eu te amo como homem. Eu quero namorar com você, quero ser seu, ficar com você.
Paralisei. Claro que percebi que ele estava mais carinhoso nas últimas semanas, mas achei que fosse para me consolar.
- Você deve estar confuso...
- Sem confusão nenhuma. Há semanas eu tenho pensado em te dizer isso, mas quis esperar esse inferno passar.
- André, nós somos amigos. Até ficamos as vezes, mas você sempre deixou claro que não é de namorar e que prefere a curtição.
- Tudo mudou. Por sua causa. Ah, se tem algo que o idiota do Ricardo fez de bom foi me aproximar mais de você com essa confusão toda. Eu tenho certeza que te amo e sua estadia aqui em casa só me fez desejar uma vida de casal, como eu nunca desejei antes.
- E o que a gente faz agora?
- Eu preciso saber se você pensa o mesmo.
- Eu não tô conseguindo pensar direito. Preciso pensar em você de outro jeito.
- Eu vou te dar esse tempo... A gente vai ficando e vendo no que dá. Já estamos quase casados mesmo.
A felicidade dele tava quase contagiante. Quase, porque eu ainda não conseguia parar de pensar no namoro entre Julia e Ricardo. Saí do transe quando André começou a me beijar de um jeito bem safado. Confesso que sentia tesão nele, afinal ele era um cara lindo e sabia como conquistar. Foi assim desde a primeira vez...
Mas dessa vez era diferente. Enquanto ele tava com total ânimo, eu estava confuso. Tive que parar:
- Calma, Dé. Eu preciso de um banho. Ainda tô com cheiro de hospital.
- Vamos junto então, amor.
André tava bem precoce, mas decidi não atrapalhar o clima. Poderia ser boa essa situação. Apesar de parecer cruel da minha parte, eu precisava tirar Ricardo da cabeça e essa situação não seria melhor.
Foi só chegar no banheiro e ele retomou os beijos enquanto tirávamos nossas roupas. Sua boca parecia sedenta e fui contagiado pelo clima. Não só correspondi às investidas, como também investi.
Foi um sexo delicioso, que me fez esquecer a confusão que a minha vida estava. Mais do que isso, foi o sexo que me deu um ânimo para dar um basta.
Já na cama, com ele aninhado no meu corpo:
- Eu aceito! Eu quero ficar com você.
- Dani, você já é meu!
- Sou. Sou seu agora.
Ficamos juntos curtindo o começo do relacionamento, ainda que nada oficial. Inclusive, André me contou que arrumou uma entrevista de emprego pra mim numa organização conceituada de Belo Horizonte. Não gostava muito da área de recursos humanos, mas precisava dar um tempo da clínica e seria a oportunidade perfeita, inclusive para ajudar André com as despesas da casa. Não era bom ser tão dependente.
Fui pra entrevista e passei! Começaria na segunda-feira. Aproveitei para fazer uma arrumação nova no apartamento do André. Aliás, nosso apartamento. Agora era nosso quarto, nosso guarda-roupa... tudo nosso!
- O que tá fazendo, amor?
- Colocando minhas roupas nas suas gavetas. Espero que não se importe.
- Claro que não. Fique a vontade. Ah, hoje vamos sair pra jantar, pode ser?
- Preferia que a gente saísse assim depois que eu receber meu primeiro salário...
- Não se preocupe com isso. E é só hoje. Ocasião especial.
- Ok. Me orienta então sobre minha roupa.
Ficamos brincando no quarto e nos arrumamos pra sair. André estava se saindo um ótimo namorado. Um carinho ímpar e, com a vida nos eixos, estava me acostumando bem depois das mudanças que precisei passar.
Sobre Julia e Ricardo, vi pelo facebook dela que já haviam terminado. Por conta desse namoro, não confiava mais nela e, por isso, nem conversamos mais depois daquele encontro. Já os demais amigos, não só sabiam do relacionamento como apoiavam.
Fomos pra um restaurante japonês numa área nobre de BH. Já havia ido algumas vezes lá com amigos, várias com André.
Sentamos numa mesa mais reservada e o clima estava tranquilo, até que vejo ele entrando no restaurante com outros dois caras. Se eu vi, André também.
- O que esse porra tá fazendo aqui?
- Calma, Dé. O estabelecimento é aberto, uai. Qualquer um pode vir aqui.
- Não hoje. Não na nossa noite. Esse merda só pode estar nos seguindo. Não tem cabimento.
- Você tá nervoso à toa. Vamos continuar aqui como se ele não estivesse. A presença dele não me importa.
Disse uma mentira enorme! Me importava sim. Olhava toda hora pra ele para saber se ele tinha nos visto, mas não conseguia saber. O papo com os colegas parecia profissional, sem risos, sem ânimo. Pude perceber que ele estava bem sério, talvez abatido.
- Concorda, amor?
- Oi. Desculpa. O que você disse?
- Tava prestando atenção naquele cara neh... Pode assumir.
- Não, Dé. Só desviei o olhar. O que você disse?
- Disse que nosso namoro tá uma delícia, mas falta uma coisa.
- O que falta, André?
- Primeiro, falta você me chamar de amor! Mas não era disso que eu tava falando. Falta o pedido oficial!
Ele tirou a caixinha do bolso e se levantou, me levantando junto com ele.
- Me segurei para que tudo fosse perfeito. Daniel, quer namorar comigo?
Enquanto a aliança brilhava na caixinha e eu preparava meu sim, começava uma gritaria na parte da frente do restaurante. Sem entender nada, André e eu nos aproximamos da parte da frente para entender o que parecia um choro compulsivo e tentativas de consolo.
- Não pode ser. Não é possível!
Os gritos eram altos.
Era Ricardo!
André me olhava sem entender nada e eu me segurava para não ir até ele.
Os acompanhantes do Ricardo tentavam acalmá-lo, mas nada adiantava. Uma garçonete foi se aproximando e não
aguentei de curiosidade:
- Moça, o que houve com aquele rapaz? Parece bem transtornado.
- Ele recebeu uma ligação. Parece que a mãe foi vítima de um roubo seguido de morte.
Continua...
