Luk Bittencourt2: Será que voltou? MUAHAHAHA! 😁... Obrigado pelos comentários, lindo!
Catita: Obrigado! De verdade. Seu incentivo vale ouro!
Cintia C: 💖
AllexSillva: Não é minha intenção, eu juro! Hahahaha! Obrigado pelo comentário, lindo!
Feelos: Nossa, agradeço muito por me colocar em um patamar tão elevado. CDC teve seus momentos de grandiosidade... Contistas maravilhosos e histórias de tirar o fôlego... Fico muito feliz por você achar que estou no mesmo nível!
.
.
CORAÇÃO DE TITÂNIOEstava doente ontem, então? -Aline me perguntou durante o almoço. Ela foi educada e não questionou porque Xavier e eu chegamos no mesmo horário e no mesmo carro. Estávamos só nos três comendo, logo depois que os clientes deixaram o restaurante.
O relógio marcava três horas da tarde em ponto.
-Sim. Febre. Só não fui no médico porque isso acontece direto. -desviei a conversa com a mentira. -Vou ficar direto aqui, de tarde, pra cobrir meu horário.
-Ah... Sim, sim. E que bom que melhorou.
Acenti, sorvendo goles da minha água. Xavier sorriu, escondendo-se atrás de um livro com título estranho. Parecia mania dele ler enquanto comia. Coisa que ele não havia mostrado pra mim, mas via agora.
Ele parecia mais alegre e, reparava agora também, que ele e Aline pareciam ser bons amigos. Riam e conversavam alto, fazendo piadas.
Eu comentava poucas coisas e observava-os.
Era lá pelas três e meia quando Xavier e Aline deixaram-me sozinho no restaurante e eu fiquei rondando pra ver se estava tudo certo.
Encomendei mais massas e mais açúcares, pois vi que o estoque (enorme) já estava vazio.
Fiquei sentado numa das meses esperando a entrega. Havia ligado pro meu pai mais cedo pra saber onde estava e onde havia dormido.
Ele respondeu apenas: na casa de um amigo.
Demorou um pouco até a ficha cair, mas, quando aconteceu, eu ri muito. Pedi mais informações, mas ele apenas riu também e disse que daria outro dia. Me apresentaria quando fosse a hora.
Chocado foi pouco. Uma geração inteira de LGBT's? Quando isso foi possível?
Ainda sorria quando alguém entrou pela porta do restaurante. Franzi a testa... Eu jurava que havia trancado.
Seus olhos eram de um castanho bem forte, assim como seus cabelos. Vestia uma blusa grande, colorida, uma calça e estava com uma touca que escondia a raiz dos seus cabelos... Fiquei com medo de ser um assaltante, mas sua face estava um tanto assustada, como se entrasse num ambiente desconhecido. Além disso, seus cabelos eram grandes e encacheados passando dos ombros.
-Posso ajudar? Infelizmente já fechamos.
Ele levou um susto, virando-se na minha direção. Arregalou os olhos e suspirou.
-Marcos...? -ele sussurrou, mordendo o lábio inferior.
-Oi? -eu franzi os olhos. -Conheço você?
Ele não respondeu.
-Meu nome é Leon e eu sou gerente. Você chegou atrasado pro almoço. Só abriremos pra janta apartir das oito horas.
-Eu quero falar com o Xavier! -ele disse, minutos depois, mais convicto. Balançou a cabeça e, antes de eu responder que Xavier não se encontrava, saiu do restaurante.
Fiquei de pé, ali, vendo-o fechar a porta e sentindo algo estranho. Uma inquietação...
Será que era algo a ver com o restaurante...
E, por que me chamou de Marcos?
Levei um susto quando os entregadores chegaram com minha encomenda de suprimentos. Fui atendê-los e esqueci completamente do guri estranho.
Quando sentei um minuto pra descansar, meu celular tocou. Sorri largamente ao atender.
-Fala, Homero.
-Leon, estou ligando pra saber como você está. -escutei Daniel falando alguma coisa do outro lado. -Dani mandou um beijo.
-Mande outro. E estou bem... Na verdade, muito bem. Não sei se o Dani te contou, mas tive uns problemas com meu affair.
-É... Contou. Mas, então, resolvido?
-Sim. Ou quase. Estamos nos acertando. Queria que vocês o conhecem.
-Ótimo! Esperamos vocês hoje.
-O quê?! -ri baixinho. -Não, não. Saímos tarde daqui do restaurante e não quero dar trabalho pra vocês.
-Trabalho? Nem pensar! Daniel está louco pra conhecer esse tal Xavier. E tenho a desculpa pra beber e transar com meu noivo até amanhã de manhã e não ir pro trabalho pra transar mais.
Ouvi Daniel gritar algo e Homero gemer de dor.
-...não...! Largue esse travesseir...! Ai! -Homero riu baixinho. -Eu só tava brincando. -"Aham, sei!" Ouvi a voz divertida do Dani.
-Tá tudo bem aí? -eu ri, ouvindo a voz dos dois.
-Sim! Meu noivo só está atirando tudo que consegue achar na minha direção.
-Enfim, se vocês fazem tanta questão, podemos dar uma passada aí pra dar um oi e beber algo. Saímos daqui às quinze pra meia noite. Provavelmente chegamos aí a meia noite.
-Tá ótimo!
-Só não vamos ficar muito, ok?
-Ok! Só uma social rápida.
-Tchau, Homero!
-Tchau, Leon!
...
Sentia as mãos dele deslizando na direção do meu pau... Deixei-o chegar até lá e apertá-lo duro por cima da calça. Gemi contra seus lábios e o pressionei mais na parede do banheiro.
-Será que vão sentir nossa falta? -Xavier sussurrou, deslizando seus lábios pelo meu pescoço.
-Foda-se! -eu rosnei, pegando-o no colo e roçando-me duro na sua bunda. Ele riu e gemeu ao mesmo tempo.
Quando o vi chegar às sete e meia no restaurante, puxei-o pro banheiro e nos tranqui ali. Enlouqueci com seu sorriso assim que o vi e não consegui me controlar.
-É uma boa ideia mesmo você me apresentar ao seu irmão tão cedo? -ele pausou os beijos e apertou-me com força.
-Não sei... Mas eu quero. Isso iria acontecer de um jeito ou de outro. Quero que eles saibam de nós e que estamos juntos. Eu quero você do meu lado... E você?
-Nada me faria mais feliz...
Pulamos de susto ao ouvirmos uma batida no banheiro. O silêncio foi sepucral.
-Xavier? Leon? -Aline chamava do outro lado da porta, divertida. Ela baixou o tom de voz. -Seus safados tarados, deixem isso pra depois do expediente! Já vamos abrir.
-Já sairemos! -Xavier riu, agarrado no meu pescoço. Ele olhou pra mim, depositou um beijo na minha bochecha e desenrolou as pernas da minha cintura.
Soltei-o no chão e ajeitei o volume na minha cueca.
-Parece que sua greve de sexo está torturando mais você que eu. -ele debochou, olhando pra mim através do espelho, enquanto lavava as mãos.
Eu ri, baixinho, indo na sua direção.
-Você sabe que está sofrendo mais.
-Nem você acredita nisso. -e saiu do banheiro gargalhando ignorando meu dedo do meu meio pra ele.
...
Saímos um tanto mais tarde do restaurante. Uma cliente havia tido uma intoxicação alimentar por causa do cogumelo num dos pratos. Xavier havia ficado possesso quando descobriu que o ingrediente não fazia parte do prato e que alguém, de puro descuido, deixou cair ali sem perceber.
Tudo resolvido, a fera acalmada, a mulher já bem (muita querida, brincando que votaria pra uma sobremesa de pagamento), saímos, Xavier e eu pra visitar meu irmão.
Cada qual no seu carro.
Ele teria que correr pra cidade vizinha logo de manhã, então não quis passar aquela noite comigo pra não me acordar antes que o necessário. Entendi, mas fiquei triste. Era maravilhoso dormir com ele.
Dirigi à frente pra mostrar o caminho... E enquanto dirigia, olhava-o no carro de trás... Tão pensativo e compenetrado...
Ainda não havíamos discutido que pé estávamos com nosso relacionamento... Mas no fundo sabíamos que era um nível abaixo de um "namoro" altamente sério.
E também não discutimos o que eu era nessa "coisa" que tínhamos. Tinha medo do que eu poderia escutar, então deixaria a poeira abaixar e curtiria sem raiva e sem ressentimento. Estava disposto a esquecer certas coisas pra fazer dar certo.
Estacionei à frente da casa de Homero, assim como Xavier e, juntos, fomos recepcionados por um Homero sorridente e muito galante.
-Olá! -ele comprimentou, educado. -Prazer, sou Homero. Xavier, não é?
-O prazer é meu, Homero! -ele sorriu, um tento sem graça. -Desculpe a demora, mas tivemos uns contra tempos.
-Não se preocupe! Acontece! Entrem!
O seguimos até a sala, onde Daniel estava com um copo em sua mão rindo de alguma coisa que Fernando havia dito.
Dani franziu levemente os olhos, mas logo abriu um sorriso, aproximando-se devagar de nós. Deu um olhar muito sugestivo pra Homero e voltou seu olhar pra mim.
-Leon, que bom te ver! -ele equilibrou-se com o copo e abraçou-me com um braço apenas. Senti o cheiro de álcool misturado com o seu cheiro.
Homero tinha um sorriso de Gato do Alice no País das Maravilhas em sua face ao olhar pro namorado. Quando notou que eu o olhava, inclinou-se e sussurrou safadamente um "Adoro ele bêbado!"
Eu ri baixinho. Fiquei mais tranquilo com esses ataques tarados do meu irmão com seu noivo. Isso significava que tudo estava bem.
-Dani, só fica mais bonito a cada dia que passa. -beijei seu rosto.
-São seus olhos! Aposto! -ele deu uma risada gostosa. Não parecia bêbado, só estava levemente feliz.
-Fernando. -eu dei um leve abraço nele e ele sorriu-me por um segundo pra voltar a seu olhar pensativo, levantando-se e apresentando-se pra Xavier... Esse era o jeito dele. Não se abria pra estranhos, mas era educado.
-Olá. -disse, somente.
Sentamos em um dos sofás e, surpreendendo-me, Xavier encostou-se todo em mim pegando na minha mão livre e conversando animadamente com Daniel. Os dois se entendiam muito bem e sorriam largamente.
Logo o pouco álcool fez efeito e então estávamos todos conversando e rindo. Meu namorado e eu paramos logo em seguida... Iríamos dirigir e não podíamos nos arriscar em beber mais.
Quase uma da manhã que Xavier levantou-se elegantemente, sorriu largamente e desculpou-se por ter que ir embora. Contou os seus motivos, despedindo-se de todos abraçando um de cada vez.
-Foi um prazer e espero que nos encontremos novamente! -ele desejou, acenando.
-O prazer foi nosso e iremos, com certeza! -Homero acenou também.
Levei-o até a frente da casa, de mão dadas com ele, deixando que a luz do luar nos desse uma vibe de encontro romântico às escondidas. Só alarguei meu sorriso ao pensar isso.
-Nossa... Que queridos! Adorei conhecê-los! -ele ainda sorria quando inclinou-se pra me beijar levemente nos lábios.
-Que bom que gostou deles! -eu ri, segurando-o. -Eles com certeza te adoraram.
-Obrigado por me apresentá-los...
Nos beijamos apaixonadamente, mas por pouco tempo. Soltei-o logo porque se não não iria mais soltá-lo! Ele pediu desculpas novamente por ter que partir tão cedo. Eu disse que ficaria mais um pouco e logo o vi virar a esquina com seu carro.
Entrei a passos largos na casa, com um sorriso enorme e perguntando logo de cara:
-O que acharam dele?!
Daniel riu alegremente e saltitou até mim, pulando em meu abraço. Rimos, com o incentivo do álcool.
-Ele é muito lindo e muito querido. Inteligente sem ser arrogante... E ele gosta muita de você.
Lembramos, por olhares, o dia que fiquei bêbado e chorei por medo dele não gostar de mim...
Homero e Fernando confirmaram, sorrindo também.
Sabia que ele gostava! Havia um caminho maior a percorrer pela frente... Fazê-lo me amar como eu o amava... Eu teria tempo! Todo o tempo do mundo e as melhores pessoas pra me dar suporte.
-Vocês são incríveis. -olhei-os de um por um. -A melhor família do mundo!
Quando percebi, estávamos nos quatro, abraçados...
Isso que era uma família de verdade! A que te apoia e te ama... E eu agora tinha muito mais amor que um dia pudesse ter sonhado.
...
Era duas da manhã, passado, quando realmente cheguei em casa.
Dei um graças a Deus depois de tomar um banho e sentar no sofá vestindo apenas um calção velho...
Não estava bêbado... Deixei o efeito do álcool passar totalmente antes de pegar no volante.
O dia passou como um filme na minha cabeça...
Sorri.
Me sentia feliz... Me sentia completo.
Havia coisas que Xavier e eu não tínhamos discutido... Coisas que não falamos. Como o fato de ele amar o pai morto e ficar comigo.
Era doentio eu ficar com ele? Talvez! Mas, se era errado, por que eu me sentia tão bem?
Liguei a televisão no mesmo instante que a campainha tocou.
Levantei confuso, perguntando-me quem seria essa hora. Olhei pelo olho mágico e não vi ninguém.
Sorri e então lembrei que a única pessoa que faria isso seria...
-Xavier... -disse, quando abri a porta e vi alguém escorado ali no batente.
-Quase, grandão. Muito perto. -uma voz debochada me recepcionou.
O guri daquela tarde estava ali.
Ele vestia a mesma roupa que aquela tarde, só não estava com sua touca. Seus cabelos estavam bem a mostra, mostrando-os grande e chamativos. Havia um cigarro em sua boca e o cheiro da fumaça me chegou ao nariz logo depois do cheiro de menta do seu hálito.
Mascava um chiclete e olhava pra mim com indiferença. Parecia muito à vontade ali, como se ir ao apartamento de pessoas desconhecidas às duas da manhã fosse coisa normal pra ele.
-Não vai me convidar pra entrar? -ele coloco as cinzas do cigarro ali mesmo, no corredor.
Me senti num dejà-vu!
-Não. -eu estreitei meu olhar pra ele. -Não conheço você!
-Ah! Claro! -ele sorriu, sem humor ou amistosidade nenhuma. -Meu nome é Victor. Irmão do Xavier. É um prazer conhecer você, clone do meu pai.