A Vida é pra ser Vivida #14
FELICIDADES E CONFLITOS
Finalmente estava em terras Caririenses. Estava com saudades do Araripe. Do clima. Do sotaque do meu povo. Tudo aquilo me fazia sentir em casa. Na minha verdadeira casa.
Depois de alguns minutos esperando finalmente acho meu pai.
Abracei-o e cumprimentei. Era bom vê-lo de novo. Entramos e fomos direto pra Barbalha. Ele não me fez perguntas algumas e isso já estava me deixando aflito. Será que a tia Ana havia dito algo pra eles?
CONTINUANDO...
O silêncio de meu pai estava me incomodando. Se ele não iria conversar comigo eu também não puxaria mais assunto ué? Sim, eu bastante birrento, reclamão.
Demorou alguns minutos até chegarmos a Barbalha. De Juazeiro do Norte para Barbalha é mais ou menos 30 km. A região em que morava era conhecida como a região econômica CRAJUBA (CRAto, Juazeiro e BArbalha), é a segunda maior aglomeração urbana do Ceará com quase 400 mil habitantes e a terceira região mais rica do Estado perdendo apenas para Fortaleza e Sobral, localizada no Norte do Estado. Bom, mas chega de informações geográficas. Voltemos...
Dentro de 25 minutos estava na frente da minha casinha. A casa onde nasci cresci. Estava sentindo tanta falta daquele lugar. Da simplicidade do povo. Assim que desci meu pai me mandou entrar na frente que ele levaria as malas que trouxe de Fortal. Quando abri a porta surgiu aquele povo todo:
Todos: BEM VINDO DE VOLTA- gritaram ao mesmo tempo.
Eu apenas sorria. Era uma alegria ver todos felizes com minha volta pra cá. Estavam os meus melhores amigos daqui, minha mãe, alguns primos e vizinhos. A primeira coisa que fiz foi abraçar minha mãe. Estava louco de saudades dela. Nem poderia dizer o quanto:
Antonio: Mãe que saudades da senhora. Como é que está? – falei dando o abraço mais apertado que poderia dar.
Mãe: Estou bem Graças a Deus. Meu filho que felicidades ter você aqui. – falava chorando.
Agora tinha entendido o porquê do meu pai não ter falado comigo a viagem toda. Ele apenas não queria contar da surpresa que as pessoas tinham feito pra mim. Meu pai sempre foi um péssimo mentiroso. E eu pensando que a tia Ana tinha contado tudo sobre minha sexualidade aos meus pais. Ufa! Agradeci aos céus por isso. Eu mesmo queria contar tudo a eles sem interferência externa.
Depois que falei de tudo para falar com minha mãe, minha melhor amiga do mundo veio pulando nas minhas costas:
Júlia: Toim meu querido. Não faz nem mais impende da gente né!? Só por que é advogado agora. Bicho nojento. – falava fazendo uma cara de abusada.
Antonio: Júlia sua puta (ops, falei sem querer) – tapei minha boca na mesma hora. – sua Louca, vem cá. – e a puxei para um abraço.
Júlia: Tava com muitas saudades. Não me dou bem nesse lugar sem ti. Tu sempre foste meu parceiro nos meus crimes.
Antonio: Aposto que tu realmente está sentindo minha falta.
Passei alguns minutos falando com a Júlia. Ela sempre foi minha parceira na vida toda. Claro que ela é uma mala, sempre ficou com todos os garotos que achava bonito, mas eu nunca a contei que era gay. Então não tenho rancor contra ela. Estava conversando com ela quando Ela apareceu.
Jéssica: Oi Antonio tudo bem? – falava sem jeito.
Antonio: Oi Jéssica. Tudo sim e com você? – falei mais sem jeito ainda.
Jéssica foi a última garota com quem namorei antes de ter realmente certeza do que queria pra minha vida. Fiquei com ela durantes alguns meses, nem lembro ao certo. Acho que ela era uma das últimas pessoas que queria ver ali. Aposto que era ideia da minha mãe.
Conversamos algumas amenidades, ela me contou que estava namorando alguém que estava fazendo o curso de Zootecnia no Crato e tudo mais. Apenas respondia suas perguntas rapidamente. Eu não queria estar lá, com ela. Ela me lembrava de alguém que eu matei há algum tempo: o “eu hétero”. Eu jamais voltaria a ser aquela farsa. Estava decidido. Vendo meu desespero Hugo e Júlia vieram me “salvar”.
Júlia: Puta garota chata do caramba. Nam. O que essa baranga quer contigo? Não basta estar pegando um riquinho do Crato. – falava olhando feio pra Jéssica.
Hugo: Eeeh Toim, arrasando corações como sempre né garanhão. Vem cá e me dá um abraço meu irmão. – falava todo sorridente.
Hugo era meu primo. Tinha a mesma idade que eu, 21. Cabelos pretos, alto, forte, o que mais se destacava eram as pernas e a bunda. Ele é filho do meu tio Armando que mora em Floresta Bela, uma cidade do norte do Ceará. Não entendi o que ele estava fazendo por aqui. Floresta Bela pra cá eram quase 300 km. Fazia muito tempo que não o via. A última vez foi quando meu tio Armando veio nos visitar aqui na cidade.
Antonio: Cara o que tu tá fazendo por aqui? – falava sorrindo.
Hugo: Soube que tu estava vindo pra cá e vim te ver. – falava sorrindo. – Mentira. kkkkkk Vim para um Encontro de Estudantes de Economia que está acontecendo no Crato. Mas ainda bem que dei a sorte de te ver.
Antonio: Sorte tua mesmo. Cara tu mudou demais. Só te reconheci pelo teu sorriso. Andou malhando um pouquinho né? – falava rindo.
Hugo: É só um pouquinho mesmo. E tu também né, tá bem gostosinho pro meu gosto. – morri de vergonha. Adeus povo. – Só precisa cortar esse cabelo feio aí.
Júlia: Cala boca seu chato. Deixa o Toim como ele está. Seu cabelo está lindo, ótimo. Só concordo com o gostosinho. – falou de um jeito safado depois caindo na risada.
Tinham outros amigos do tempo de ensino médio. Estava lá a minha paixão adolescente, meu amigo de infância, mas que com o tempo fomos aos poucos nos afastando, seu nome era Joe. Estava falando com o pessoal quando ele veio falar comigo.
Joe: E ae Antonio tudo bem? Quanto tempo não é? – falava rindo sem graça.
Antonio: Olha só quem resolveu aparecer! Meu antigo amigo de infância. – Não podia deixar de passar na cara dele o abandono que ele fez comigo quando adolescentes. Joe nunca foi o homem mais lindo do mundo, mas sua simpatia conquista. Ele foi minha primeira grande paixão adolescente. Sabe aquelas paixonites que com um mês esquecemos? Então.
Joe: Pois é. Quanto a isso...
Antonio: Para cara... – o interrompi. – não vamos viver de passado. Vem cá. – falei dando um abraço nele.
Minha mãe havia feito uma pequena festa e reunido alguns primos, amigos meus, vizinhos. Tinha de um tudo, parecia uma festa de aniversario: salgadinhos, refrigerantes, bolo, alguns doces e claro para os adultos, em sua maioria, churrasco e cerveja. Meu pai ficou tomando conta do churras.
Já estava anoitecendo quando finalmente todos foram embora. Júlia, Hugo e Joe ficaram de voltar amanhã para sairmos a noite. Era bom ter companhia. Sabe Júlia sempre foi minha melhor amiga, mas nunca contei a ela que era gay. Sempre tive um medo enorme do que todos pensariam de mim. Hoje, tanto faz como tanto fez. Eu deveria contar a eles sobre minha sexualidade.
Decidi que não contaria nada sobre eu ser gay hoje aos meus pais. Todos estávamos cansados, principalmente eu. Isso poderia ficar para amanhã. Afinal eu ficaria ali até começar a faculdade. Tempo era que não iria faltar.
Fui para meu antigo quarto. Estava tudo do mesmo jeito que deixei. Minha cama com uma coberta do Sauron de Senhor dos Aneis. Minha estante com meus DVDs de filme de terror, filmes clássicos e de aventura. Meus livros de ficção, de terror, de romance. Eu deveria levar todos eles quando voltasse pra Fortaleza, pensei. Deixei minhas malas no quarto, tomei um banho rápido e me joguei na cama. Desmaiei, literalmente.
NA MANHÃ SEGUINTE...
Dormi como uma pedra. Quando acordei de manhã já eram quase 10hrs da manhã. E ainda assim fiquei deitado mexendo no meu celular, olhando mensagens. Fui ver meu instagram e vejo que Fernando havia postado uma foto nossa lá de Paracuru. Eu fiquei feliz, ele não havia me esquecido. Afinal, nosso amor de amizade nunca acabaria com a distância. Fiquei ali vendo aquela foto por alguns minutos. Quando recebo uma ligação do JP.
Antonio: Alô?
JP: Oi Antonio é o JP. Liguei pra saber como você está!
Antonio: Eu? Eu estou ótimo para falar a verdade, como não me sentia há muito tempo. E você como está?
JP: Livre. – enfatizou. – você já está em Barbalha?
Antonio: Estou sim. Como sabe que estou aqui? – perguntei curioso.
JP: Minha mãe me disse. Antonio, não fique com raiva da minha mãe, ela falou muitas bobagens pra você por que ela estava de cabeça quente. Você sabe que ela adora você. Miguel e Eu também.
Antonio: Olha JP não vou dizer que as palavras da tia Ana não me machucaram, pois estaria sendo falso e odeio falsidade. Machucaram bastante, mas não irei julgá-la por aquela atitude deplorável. Não se preocupe vocês continuarão sendo importantes para mim.
JP: Entendo. Quando você volta?
Antonio: Ainda não sei ao certo. Provavelmente em março quando iniciarão as aulas da faculdade.
Falamos mais algumas coisas sem muita importância e nos despedimos. Era dezembro. Estava quase no Natal. Aquele clima natalino já me deixava feliz, apenas por estar perto da minha família. Família é a base de tudo. Sou grato à minha por tudo que minha mãe e meu pai me ensinaram. Tive muita sorte de ter uma mãe como a minha.
*NARRADO POR JP*
Há alguns dias atrás...
Era noite e eu estava num restaurante com Amanda e João Felipe. Convidei Antonio, mas ele recusou instantaneamente. Não há coisa mais chata que sair com o mala do João Felipe. Ele nem sequer interage comigo e fica a todo o momento com aquela cara emburrada. Haja paciência. Depois que terminamos de jantar fomos bater perna no shopping. Amanda logo quis comprar as lojas inteiras. Passava em uma comprava, passava em outra comprava mais ainda. Sério, se eu fosse os pais dessa garota eu já tinha cancelado o cartão de crédito dela. Eles falirão apenas com ela. Bom a minha função como namorado era apenas ser o carregador das sacolas de compras dela. Pronto.
A minha relação com Amanda era mais de amigos cúmplices que verdadeiramente namorados. Durante meses de nosso relacionamento transamos apenas duas vezes: a primeira vez no meu quarto, naquele fatídico dia, que nem quero lembrar, e outra no final de semana que passamos em Paracuru. Eu não sei dizer, eu não diria que odeio transar com mulheres, mas eu não me sentia completo dormindo com ela. Parecia que faltava algo. Mas nem de transa vive um relacionamento.
Eu lembrava sempre do Antonio quando ele estava com o Fernando em Paracuru. Foi bastante incomodo ver eles dois juntos e em tão pouco tempo. Foi triste mais ainda que ele tinha transado com o Fernando. Sim, eu já sabia, pois o João Felipe bêbado contou a todos que estavam ali. Não dei importância, aparentemente, mas no fundo eu queria ter sido o primeiro homem na vida de Antonio. Com muita maturidade, nem sei se essa é a palavra certa para ser usada, eu me contive e respeitei as decisões de Antonio. Afinal, não tínhamos nenhum relacionamento. Nada passou de dois beijos.
Ainda estávamos no shopping. Na praça de alimentação. Estava beliscando minhas batatas quando João Felipe começa a puxar assunto comigo. Um assunto, no mínimo, esquisito vindo dele:
João Felipe: Não sei como tu aguentas essa minha irmã mala. Ela é mó patricinha.
JP: Nada. Ela é uma guerreira por me aguentar também.
João Felipe: E por onde andas aquele teu primo. Como é o nome dele? Pedro... José... Antunes... – Antonio, o interrompi. – É esse mesmo. – completou.
JP: Ele está em casa. Até convidei ele pra vir, mas ele recusou. – falei olhando-o com desconfiança.
João Felipe: Entendi.
Não entendi qual era a dele, mas deixei pra lá. Não queria dar confiança para esse cara. Essa foi uma das primeiras vezes em que ele falou comigo. E olha que faz tempos que conheço este cara. Sempre foi assim: carrancudo, ignorante. Uma pena por que ele é muito bonito. Mas beleza não quer dizer caráter né?
Amanda voltou logo e então fomos embora. Eu não imaginava o que viria a seguir quando chegasse em casa. João Felipe me deixou em casa. Só foi eu entrar dentro de casa que vi minha mãe chorando.
JP: O que houve mãe? – perguntei aflito.
A sua única reação foi me dar um tapa. Eu fiquei ali paralisado, em choque. Não entendi a razão daquilo tudo. Ela chorava e ria ao mesmo tempo.
Mãe: Então quer dizer senhor João Pedro que você e Antonio andavam fazendo esse lar num antro de perdição e sem-vergonhice. Transando em tudo que é canto dessa casa. Como vocês podem fazer isso? E você seu moleque. Onde eu errei contigo pra tu dar teu cu ao primeiro que aparecesse nessa casa e ainda com teu primo de sangue?
Eu nem tinha reação pra aquilo tudo. Eu a olhava e não a reconhecia.
JP: Mãe o que você está falando. Pelo amor de Deus. Olha essas palavras que você está usando? – eu nem conseguia raciocinar direito.
Mãe: Eu vi tudo no seu celular e no seu notebook. Fotos do Antonio de cueca na cama, pelado no chuveiro. Vocês acharam realmente que iam fazer tudo isso na minha cara e eu não ia perceber. Antonio me enoja e você mais ainda. Meu próprio filho um viado. Como pode meu Deus!?
Eu não estava com vontade de discutir com minha mãe. Aquelas palavras estavam me machucando horrores. Eu sei que fui infantil demais em tirar fotos do Antonio enquanto ele dormia, enquanto ele tomava banho, mas sei lá o que eu pensava naqueles momentos.
E então fui ao quarto falar com o Antonio. Quando cheguei não encontro absolutamente nada dele ali. Guarda-roupa vazio. Não havia seu computador, tablet, livros. Tudo havia sumido. Aí eu entendi tudo que estava acontecendo.
JP: Mãe o que você fez com o Antonio?- falava enfurecido.
Mãe: Eu o mandei sair de casa. E ele foi, simples assim.
JP: Eu não acredito que você fez isso. Você sabe que ele não conhece ninguém nessa cidade. Você tem ideia pra onde ele foi?
Mãe: Não quero saber pra onde aquele viado foi. Eu não o quero novamente dentro dessa casa, jamais.
JP: Mãe eu não acredito no que você está falando. Viado? Você noção do quanto você esta sendo preconceituosa? Do que adianta graduação, especialização e mestrado e continuar sendo uma ignorante dessa? Hã, me diga mãe?
Nesse momento ela voltou a chorar.
JP: Você quer saber mãe: Eu nunca tive absolutamente NADA com o Antonio, mas era a minha maior vontade de ter tido algo a mais com ele. Ele é um cara lindo por dentro e por fora, estudioso, esforçado, um cara que todas as mulheres e homens queriam para si. Infelizmente eu o machuquei demais e ele continuou sua vida sem mim. E se você quer saber eu também sou um VIADO. Eu dou sim meu cu para outros homens. Eu gosto de homens. Só estou com a Amanda por que Antonio não quis nada comigo. Eu estou cansado de esconder tudo sobre mim. Esse sou eu mãe. Seu filho mais velho dá o cu para outros homens. Eu já até mesmo namorei um homem mãe. E você nada sabe sobre mim. – chorava sem parar.
Eu desabafei tudo o que estava preso em mim. Acabei deixando para trás toda o meu achismo de que eu era bissexual. Eu mesmo me enganei todo esse tempo achando que também poderia ser feliz ao lado de uma mulher. Resolvi acabar com isso de uma vez. Depois que disse aquilo tudo eu me tranquei no quarto e chorei até não aguentar mais.
Depois de alguns minutos minha mãe bateu na porta do meu quarto para falar comigo, mas naquela hora, era tudo que eu menos queria. Suas palavras me batiam na cara. Suas palavras doeram mais se ela tivesse me dado diversos tapas ou socos. Ouvir aquilo de sua própria mãe é cruel. Imagino que o Antonio estivesse sentindo-se da mesma maneira.
Resolvi ligar para o celular do Antonio, mas ele não atendia. Estava muito preocupado com seu paradeiro. Ele não conhecia absolutamente ninguém por aqui. Ele poderia ser assaltado, baleado morto. Só me vinham pensamentos negativos.
Já era quase meia noite quando resolvi sair de casa para procurá-lo pelas redondezas. Eu poderia ter pegado o carro da minha mãe, mas resolvi ir a pé mesmo. Não queria usar nada dela naquele momento. Dei voltas no quarteirão e nada de encontrá-lo. Já não tinha onde procurar naquele bairro. E não podia procurar na madrugada, poderia ser perigoso.
Quanto voltei pra casa minha mãe me perguntou onde eu estive e apenas a ignorei. Não queria falar com ela. Não naquela noite.
Resolvi me deitar, mas o sono não vinha. Depois de tudo que ocorreu ali dormir não era opção. Virava-me de um lado pro outro na tentativa que o sono viesse e acabei lembrando-me do Joaquim. Joaquim morava em Fortaleza, era irmão do Fernando e meu amigo. Como não pensei antes. Ligava... Ligava... Ligava... E nada. Depois de muitas tentativas finalmente ele atendeu.
JP: Oi Joaquim é o JP? Por acaso o Antonio te procurou?
Joaquim: Oi JP. Ele está aqui comigo no apartamento do Fernando. No momento ele está dormindo. Quer que eu o chame?
JP: Não. Não. Só queria saber se ele está bem! – falava aliviado.
Joaquim: Sim ele está bem. Nada aconteceu com ele. Só que ele está muito chateado com o que aconteceu aí na sua casa.
JP: Entendo. Obrigado Joaquim.
Joaquim: Espera JP. Espera não desliga. Antonio está voltando pra cidade dele do interior. Ele parte amanhã de manhã.
JP: Eu sabia que ele ia voltar pra lá, mas não sabia que tão rápido. Ok, obrigado Joaquim.
Estava aliviado em saber do paradeiro do Antonio. Fiquei feliz em saber que ele estava com um amigo. Fiquei triste em saber que ele estava voltando para o Cariri. Mas aquilo era necessário. Minha mãe foi horrível com ele. Antonio ainda estava se descobrindo e ouvir aquilo tudo, deve ter sido um soco no estômago.
Finalmente consegui dormir. Já eram mais de 3hrs da manhã.
Acordei era mais de 9hrs da manhã. Sentei-me na cama com esforço. Acho que se eu tivesse apanhado de uns dez caras eu não me sentiria tão quebrado como estava ali. Fiquei com medo de ir lá fora e encontrar minha mãe, mas naquele horário ela já deveria ter ido para o trabalho. Estava errado. Assim que fui na cozinha dei cara com ela.
Mãe: Filho, temos que conversar. – falava de olhando pra mim.
JP: Mãe eu não quero brigar com você novamente.
Mãe: Filho eu só queria me desculpar com você. Eu não deveria ter dito tudo aquilo, aquelas palavras feias para você. Me desculpa filho. Eu nunca pensei que poderia ser tão preconceituosa com você, com o Antonio. – falava chorando.
JP: Mãe, você é a pessoa mais importante na minha vida. Desde que meu pai morreu você não deixou que nada faltasse pra mim e Miguel. Eu devo tudo que sou a você. Mas eu não escolhi ser gay, eu não escolhi gostar de homens. E não escolhi ser julgado por outras pessoas. Mas você me machucou bastante mãe. Isso não pode ser apagado de uma hora pra outra.
Mãe: Eu sei meu querido. Eu fui uma péssima pessoa, fui preconceituosa. Não consegui reagir ao saber de vocês dois. Fiquei louca.
JP: Primeiro não houve nada entre eu e o Antonio (achei melhor não citar os beijos). Não houve sexo. Não houve nada. Eu queria que tivesse sim algo entre nós dois, mas eu o respeitei você, Miguel, a mim mesmo. Sabia que nunca daríamos certo nós dois juntos e resolvi deixar pra lá. Ele seguiu a vida dele, conheceu alguém importante, mas perdeu novamente. Mas ele perdeu algo mais importante que um cara de um final de semana: ele perdeu você.
Nesse momento ela começou a chorar novamente. Eu sei que fui duro nas palavras, mas não me arrependi de dizer aquilo tudo. Ela tinha que ouvir tudo. Para que não errasse novamente.
Mãe: Filho eu sei que errei, mas estou disposta a concertar meus erros. Vou me desculpar com Antonio, vou resolver tudo isso agora mesmo. Meu Deus. Eu nem sequer sei onde ele foi depois que brigamos. – falava colocando a mão na cabeça.
JP: Agora não dá mais. Ele foi pra Barbalha agora pela manhã. Não adianta tentar concertar os erros de hora pra outra. Deixe-o resolver suas coisas com sua família. Ele precisa desse momento só dele. Não devemos atrapalhá-lo.
Mãe: João Pedro você ama o Antonio? – falava olhando pra mim.
JP: Não sei. – falei olhando pra minha xícara de café.
CONTINUA...
Nossa que pesado isso. Galera é isso. Espero que estejam gostando do conto. Se quiserem criticar: critiquem. Hahaha
Bom, estou pensando em algumas coisinhas aqui e vou ver se da certo. Algo bem legal até... Ah vou postar esse capítulo 14 e daqui a pouco posto o Terceiro capítulo do conto “PRECISAMOS DE AJUDA”.
Acompanhem esse também é pra quem ama terror.
Qualquer erro de digitação e concordância, corrijo depois.
Tenham uma boa noite <3